Página de comentários e registros do cotidiano de Luiz Aparecido, sua familia e amigos. Opiniões sobre o que ocorre no Brasil e no Mundo e claro, com as pessoas!
quarta-feira, agosto 31, 2011
O drama do jogador Zé Elias é vivido por outros milhares de cidadãos!! Ex-mulher rancorosa é fogo!!!
Um problema que atinge milhares de brasileiros, homens de bem, que são aviltados e vilipendiados por rancorosas ex-esposas. Para pensar e lutar para mudar este quadro!!!!
Zé Elias diz não dormir após prisão e alerta jovens jogadores sobre marias-chuteira
Bruno Thadeu .do UOL Esportes
Zé Elias ficou preso por 30 dias por não pagar pensão de R$ 25 mil à ex-esposa, com quem teve dois filhos. Libertado no dia 19 de agosto, o ex-jogador afirma não conseguir pegar no sono. A rotina na cela, a distância dos filhos e da atual esposa e o sofrimento de outros presos ficam martelando na cabeça. Ele sugere a reformulação do sistema aplicado pela Justiça para casos de pensão alimentícia, transformando em pena alternativa dependendo da ocasião.
ZÉ SUGERE PENA ALTERNATIVA A PRESOS POR ATRASO NO PAGAMENTO DE PENSÃO
“Até hoje não durmo. Vejo a janela na minha casa e acho que tem polícia. É difícil para um pai poder se recuperar. Acho que a forma de cobrança deveria ser mudada. Nossos magistrados poderiam transformar essa cobrança de forma mais humana”, declarou Zé Elias ao UOL Esporte.
O ex-atleta do Corinthians alerta os jogadores que se casam ainda jovens, pois entende que o ambiente do futebol favorece o surgimento de aproveitadores, sejam homens ou mulheres.
“Às vezes você não consegue discernir se ela está por interesse ou não. Sentimento é uma coisa meio complicada. Mas tanto homens quanto mulheres se aproveitam disso. É histórico”.
A pouca instrução e o deslumbramento os tornam mais vulneráveis a marias-chuteira, relação que, dependendo do caso, pode prejudicar o jogador dentro e fora de campo. Zé Elias se casou aos 19 anos.
“Até então você não ganhava dinheiro, mal tinha condição de pegar ônibus. De uma hora para outra, a mulher da capa que você via na Playboy te liga para sair. Nas ruas todos passam a te conhecer. No restaurante você não precisa pagar mais. Se você não tiver estrutura pode acabar te prejudicando”.
Sobre a ex-esposa Silvia Regina Corrêa de Castro, Zé Elias evita comentários, destacando apenas que trabalhará para pagar a dívida de R$ 1 milhão conforme determinou a Justiça.
Zé Elias lamenta não poder ficar perto dos dois filhos frutos da relação com a ex-esposa e avalia que não tinha como arcar com pensão de R$ 25 mil. O ex-jogador deu uma mansão localizada em Barueri à ex-esposa. A dívida atual com sua ex-mulher é de R$ 1 milhão.
OS RISCOS DE UM FUTEBOLISTA: FAMA, BEBIDAS, MULHERES E MUITO DINHEIRO
Durante o tempo em que esteve preso, a advogada de Zé Elias conseguiu reduzir a pensão para um salário mínimo para cada um dos dois filhos.
“Justo acho que não é [pensão de R$ 25 mil]. Quais são as crianças que vivem com isso hoje? E quem é que ganha isso? A não ser tirando 3 ou 4 jogadores que ganham esse valor. Mas pretendo trabalhar, arcar com meus compromissos trabalhando bastante”, declarou Zé, que estuda convites para voltar a ser comentarista esportivo.
Rotina na cadeia
Dentro da prisão houve distribuição de funções. Zé Elias revezava na limpeza das áreas internas e externas da cela, cuidando também da cozinha do 33º DP de Pirituba. Essas ocupações serviam também para quebrar a monotonia dentro do recinto, esquecendo momentaneamente as tensões.
Os casos mais agudos foram quando um preso cego entrou em colapso de madrugada e quando outro homem entrou em transe ao ouvir que seria libertado.
“A prisão de um pai apenas piora a situação de todos envolvidos. Seria melhor botar o pai para trabalhar na escola, pintar o muro que está pichado, varrer e limpar a cidade, mas não o impossibilite de ver o filho. Se deixar o pai preso, acaba com a vida dele, que tem várias pessoas dependentes dele”.
Ele lamenta a morosidade da Justiça na análise de recursos e relata casos de pais de família que dividiam cela e que teriam sido presos injustamente.
“Conversei na prisão com um pai que cuidava há dois anos das filhas porque a mãe era drogada. E ele estava preso porque ela deu baixa, mas ninguém encontrava [a mulher] porque ela estava mundo afora. Ele ficou 30 dias preso. Outro ficou preso porque a esposa havia falecido. Ele ficou preso por um processo de 2006. Bem antes de morrer, ela deu baixa dizendo que o marido já havia resolvido. Mas ele ficou 8 dias preso. E ele era o único que cuidava dos filhos. E como ficam essas crianças?”, indaga.
ZÉ ELIAS AFIRMA TER AJUDADO NAS TAREFAS NA PRISÃO E EXPLICA GÍRIAS
Zé Elias não esconde sua torcida pelo Corinthians e entende que a revelação de que Kleber torcia para o time do Parque São Jorge não interfere em seu desempenho em campo. "O Kleber provou que é ídolo no Palmeiras por jogar sempre o máximo que pode. Isso é o que interessa. Se ele torce para outro time, não faz diferença".
O ex-jogador aponta Flamengo e Corinthians como favoritos ao título do Campeonato Brasileiro, mas diz que Tite tem pecado pela falta de ousadia.
"O Corinthians e o Flamengo despontam como favoritos, mas eles poderiam estar mais à frente dos outros se fossem mais competentes.O Corinthians precisa mudar mais a forma de jogar. Acho que o Tite poderia ser mais ousado, principalmente quando joga em casa. O São Paulo, Vasco e Botafogo também estão bem. Vamos ver como o Vasco reage depois desse problema com o Ricardo Gomes".
terça-feira, agosto 30, 2011
Sergio Porto, o "Stanislau Ponte Preta", um homem e uma lenda!
Conforme havíamos prometido, aqui esta o maravilhoso texto de Roberto Ponciano, sobre Sérgio Porto!
Que falta nos faz seu humor fino e sensivel, suas frases imortais!!!
Alto, forte, bonito, inteligente, bem falante, bom copo sem beber muito. Profundo conhecedor da música popular brasileira. Amante de samba, sambão do morro de crioulo da favela, e de jazz (amantes de belíssimas mulheres, também, é grande verdade). Culto, engraçado, pândego, boêmio, simpático sem ser servil. Ele conseguiu transitar livremente pela esquerda sem nunca ter sido de esquerda, embora seu temperamento lembrasse muito aquela figura anarquista do tipo, se hay gobierno soy contra. Sérgio Porto, Stanislaw Ponte Preta e mais um dos nomes que ficam apagados para a nova geração sem memória de um país que a cada dia vai substituindo seus grandes vultos por personagens histéricos e constrangedores.
De um tempo em que para fazer humor se necessitava de inteligência e de cultura, Sérgio chegou a trabalhar com o mestre dos mestres, Aparício Toreli, nosso querido Barão de Itararé. Viu que tinha verve para a coisa e desandou a escrever, criar, divertir e se fartar de trabalhar, até o dia em que teve de pedir demissão de um seguro emprego no Banco do Brasil para cair na roda-viva do mundo da então iniciante mídia. Sagaz, num tempo em que a TV ainda tinha alguma qualidade, Sérgio aí já cunhou uma das suas frases imortais que mais parecia uma previsão: “A televisão é o maior invento da humanidade a serviço da imbecilidade humana”. Naquela roda-viva que era a TV, Sérgio conseguia sobreviver, fazer graça com humanidade, dignidade, fazendo a crônica crítica humana desta cidade que ele amava.
Tia Zulmira, Primo Altamirando, Stanislaw Ponte Preta, seres mitológicos que deveriam ser recuperados para nossa atual geração yuppie, para incorporar um pouco de graça, inteligência e humanidade à essência desta nova geração. De um tempo em que a noite ainda não estava loteada entre os “promoters” (como estes imbecis se autodenominam), Sérgio é cria de uma geração onde era possível cruzar com Tom Jobim, Vinícius, Antônio Maria, Elizeth Cardoso, Aracy de Almeida, entre outros, livremente pela noite do Rio, tocando, fazendo graça, dando sentido à boêmia e escrevendo o itinerário poético de uma cidade que ainda teima, em alguns cantos como a Lapa, em tecer e conservar um pouco da poesia que é marca de sua verve.
Esquecido pelos céticos e sectários, Sérgio todavia, foi um dos intelectuais que, a sua maneira individual, anarquista, mais ridicularizou a ditadura. Seu imortal FEBEAPÁ hoje, no mundo das celebridades semianalfabetas viraria enciclopédia Barsa... Afinal, que frase cunharia o mestre ao assistir o show de atrocidades da TV, ele que imortalizou outra, atualíssima: “Se você acha que a programação da semana da TV é ruim, é porque ainda não assistiu a do fim de semana”...
E assim seguia sua vida, este homem incomum, poesia em pessoa, aqueles anjos redivivos laicos, como Vinícius, capaz de acordar já batucando seus textos na sua máquina de escrever ao som de um samba ou de um jazz de Armstrong, do qual falou, “se o jazz fosse o sistema solar, Armstrong seria o sol!”. Excepcional frasista, quiçá o melhor do Brasil e um dos melhores do mundo, que frases cunharia ele para esta fase catastrófica de nossa música, ele que foi capaz de ironizar a Tropicália nestes termos: “Quanto mais eu escuto a moderna música baiana, mais eu gosto de Dorival Caymmi”. Que diria ele então da atual Bunda Music?
Politicamente incorreto, língua ferina, mordaz e picante, Sérgio era capaz de atos de desprendimento incríveis para ajudar um amigo caído, reza a lenda que ele fora o redescobridor de Cartola, no mitológico Zicartola. Era um amor de pessoa, embora com seu porte de atleta, era incapaz de cometer uma grosseira, embora seu biógra fo nos fale de um tiro na bunda de um marido traído, depois de tomar a arma do corno enfurecido. Uma história não confirmada, mais uma das lendas que cercam o mito do homem que encantava as mais belas mulheres do seu tempo, mais com sua inteligência, fineza, delicadeza, encantamento do que propriamente por sua aparência.
Capaz de arrancar graça até de um Botafogo X Fluminense, zero a zero (Sérgio era tricolor), jogo sem graça, onde um arquibaldo pulava, xingava, arrancava os cabelos, enquanto o resto da torcida nem bola dava para o jogo. Sérgio saiu com esta. “Este é capaz de fazer psiquiatra se masturbar de alegria”.
Leve, humano. Odiava poucas coisas, que eu tenha tido notícia, racista (que ele dizia, um racista devia ficar amarrado a outro até aprender a ser gente) e a Ditadura Militar (que dizem, teve influência na saída dele do Banco do Brasil), é de se pensar que frases e textos geniais Sérgio poderia criar no nosso Brasil de hoje... Com certeza daria um FEBEAPÁ 100, a saga da imbecilidade continua, com governadores tirando dinheiro da saúde para comprar voto com um copo de café da manhã; prefeito que troca calçada do município de quatro em quatro anos só para ganhar eleição e se elege só para dar porrada em camelô; deputado carioca que quer criar Associação de Ex-Gays, nos moldes dos alcoólatras anônimos, como se homossexualismo fosse doença; Presidente que virou ator exclusivo da rede globo de televisão (Bem que Sérgio disse que “Ninguém chega a Presidência da República impunemente)...
No meio de tanta imbecilidade na mídia e na política, com certeza Sérgio ia ter farto material para nos brindar com sua genialidade ímpar, que conseguia fazer da desgraça, graça; do infortúnio, material para o riso; da imbecilidade, o ridículo, e nos armava com o sarcasmo para rir daqueles que se acham por cima da carne seca, mas que no alto da falta de talento deles, são extremamente des cartáveis em sua fama sem talento. Que falta nos faz, Sérgio Porto, nosso único e inigualável Stanislaw Ponte Preta. No nosso Brasil de hoje, se vivo nosso querido Stanislaw ia nos dar orgasmos múltiplos de risos.
Que falta nos faz seu humor fino e sensivel, suas frases imortais!!!
Alto, forte, bonito, inteligente, bem falante, bom copo sem beber muito. Profundo conhecedor da música popular brasileira. Amante de samba, sambão do morro de crioulo da favela, e de jazz (amantes de belíssimas mulheres, também, é grande verdade). Culto, engraçado, pândego, boêmio, simpático sem ser servil. Ele conseguiu transitar livremente pela esquerda sem nunca ter sido de esquerda, embora seu temperamento lembrasse muito aquela figura anarquista do tipo, se hay gobierno soy contra. Sérgio Porto, Stanislaw Ponte Preta e mais um dos nomes que ficam apagados para a nova geração sem memória de um país que a cada dia vai substituindo seus grandes vultos por personagens histéricos e constrangedores.
De um tempo em que para fazer humor se necessitava de inteligência e de cultura, Sérgio chegou a trabalhar com o mestre dos mestres, Aparício Toreli, nosso querido Barão de Itararé. Viu que tinha verve para a coisa e desandou a escrever, criar, divertir e se fartar de trabalhar, até o dia em que teve de pedir demissão de um seguro emprego no Banco do Brasil para cair na roda-viva do mundo da então iniciante mídia. Sagaz, num tempo em que a TV ainda tinha alguma qualidade, Sérgio aí já cunhou uma das suas frases imortais que mais parecia uma previsão: “A televisão é o maior invento da humanidade a serviço da imbecilidade humana”. Naquela roda-viva que era a TV, Sérgio conseguia sobreviver, fazer graça com humanidade, dignidade, fazendo a crônica crítica humana desta cidade que ele amava.
Tia Zulmira, Primo Altamirando, Stanislaw Ponte Preta, seres mitológicos que deveriam ser recuperados para nossa atual geração yuppie, para incorporar um pouco de graça, inteligência e humanidade à essência desta nova geração. De um tempo em que a noite ainda não estava loteada entre os “promoters” (como estes imbecis se autodenominam), Sérgio é cria de uma geração onde era possível cruzar com Tom Jobim, Vinícius, Antônio Maria, Elizeth Cardoso, Aracy de Almeida, entre outros, livremente pela noite do Rio, tocando, fazendo graça, dando sentido à boêmia e escrevendo o itinerário poético de uma cidade que ainda teima, em alguns cantos como a Lapa, em tecer e conservar um pouco da poesia que é marca de sua verve.
Esquecido pelos céticos e sectários, Sérgio todavia, foi um dos intelectuais que, a sua maneira individual, anarquista, mais ridicularizou a ditadura. Seu imortal FEBEAPÁ hoje, no mundo das celebridades semianalfabetas viraria enciclopédia Barsa... Afinal, que frase cunharia o mestre ao assistir o show de atrocidades da TV, ele que imortalizou outra, atualíssima: “Se você acha que a programação da semana da TV é ruim, é porque ainda não assistiu a do fim de semana”...
E assim seguia sua vida, este homem incomum, poesia em pessoa, aqueles anjos redivivos laicos, como Vinícius, capaz de acordar já batucando seus textos na sua máquina de escrever ao som de um samba ou de um jazz de Armstrong, do qual falou, “se o jazz fosse o sistema solar, Armstrong seria o sol!”. Excepcional frasista, quiçá o melhor do Brasil e um dos melhores do mundo, que frases cunharia ele para esta fase catastrófica de nossa música, ele que foi capaz de ironizar a Tropicália nestes termos: “Quanto mais eu escuto a moderna música baiana, mais eu gosto de Dorival Caymmi”. Que diria ele então da atual Bunda Music?
Politicamente incorreto, língua ferina, mordaz e picante, Sérgio era capaz de atos de desprendimento incríveis para ajudar um amigo caído, reza a lenda que ele fora o redescobridor de Cartola, no mitológico Zicartola. Era um amor de pessoa, embora com seu porte de atleta, era incapaz de cometer uma grosseira, embora seu biógra fo nos fale de um tiro na bunda de um marido traído, depois de tomar a arma do corno enfurecido. Uma história não confirmada, mais uma das lendas que cercam o mito do homem que encantava as mais belas mulheres do seu tempo, mais com sua inteligência, fineza, delicadeza, encantamento do que propriamente por sua aparência.
Capaz de arrancar graça até de um Botafogo X Fluminense, zero a zero (Sérgio era tricolor), jogo sem graça, onde um arquibaldo pulava, xingava, arrancava os cabelos, enquanto o resto da torcida nem bola dava para o jogo. Sérgio saiu com esta. “Este é capaz de fazer psiquiatra se masturbar de alegria”.
Leve, humano. Odiava poucas coisas, que eu tenha tido notícia, racista (que ele dizia, um racista devia ficar amarrado a outro até aprender a ser gente) e a Ditadura Militar (que dizem, teve influência na saída dele do Banco do Brasil), é de se pensar que frases e textos geniais Sérgio poderia criar no nosso Brasil de hoje... Com certeza daria um FEBEAPÁ 100, a saga da imbecilidade continua, com governadores tirando dinheiro da saúde para comprar voto com um copo de café da manhã; prefeito que troca calçada do município de quatro em quatro anos só para ganhar eleição e se elege só para dar porrada em camelô; deputado carioca que quer criar Associação de Ex-Gays, nos moldes dos alcoólatras anônimos, como se homossexualismo fosse doença; Presidente que virou ator exclusivo da rede globo de televisão (Bem que Sérgio disse que “Ninguém chega a Presidência da República impunemente)...
No meio de tanta imbecilidade na mídia e na política, com certeza Sérgio ia ter farto material para nos brindar com sua genialidade ímpar, que conseguia fazer da desgraça, graça; do infortúnio, material para o riso; da imbecilidade, o ridículo, e nos armava com o sarcasmo para rir daqueles que se acham por cima da carne seca, mas que no alto da falta de talento deles, são extremamente des cartáveis em sua fama sem talento. Que falta nos faz, Sérgio Porto, nosso único e inigualável Stanislaw Ponte Preta. No nosso Brasil de hoje, se vivo nosso querido Stanislaw ia nos dar orgasmos múltiplos de risos.
domingo, agosto 28, 2011
Artigo do dirigente comunista José Reinaldo, dá os rumos que o PCdoB deve seguir nestes momentos de crise capitalista!!!
PCdoB: Um partido de luta para enfrentar grandes desafios
Em todo o Brasil estão sendo realizadas as Conferências Municipais do Partido Comunista do Brasil. Até outubro acontecem também as Conferências Estaduais. O momento é propício para fazer um balanço da atividade partidária e traçar as orientações para o período imediato.
Por José Reinaldo Carvalho*
São grandes os desafios para o nosso PCdoB. O mundo vive dias turbulentos, com o agravamento da crise do capitalismo, que é sistêmica, profunda, extensa e duradoura, como advertiu o 12º Congresso e tem assinalado com freqüência o Comitê Central.
Guerras imperialistas de agressão aos povos arrastam-se, novos conflitos eclodem, mostrando a natureza do imperialismo, contrária às liberdades, à soberania das nações, aos direitos dos povos. Atualmente, estamos vendo aonde levam os crimes do imperialismo. Sob o pretexto de caçar um governante com o qual não simpatizam, os agressores imperialistas estão a provocar a destruição da Líbia onde já provocaram uma crise humanitária. O objetivo é apossar-se de um país rico em petróleo e estrategicamente bem posicionado.
Não nos iludamos, o Brasil não é um oásis de paz e tranqüilidade. As ameaças que pesam sobre povos de plagas distantes também pairam sobre nós, latino-americanos.
As receitas dos governos neoliberais e conservadores para a crise econômica são repetições de velhas fórmulas: mais espoliação dos trabalhadores e dos povos, a fim de salvar os lucros das transnacionais, do capital monopolista-financeiro.
Este cenário internacional deve ser levado em consideração no momento de discutir o partido e suas tarefas. Não há um só traço da realidade que se assemelhe ao mundo cor de rosa, de distensão, paz, vigência do direito internacional, harmonia entre as nações e respeito aos direitos humanos, presentes na propaganda dos serviçais do imperialismo na mídia, nos governos conservadores e nos partidos sociais-democratas.
Mais do que nunca, os trabalhadores e os povos precisam de partidos de oposição a este sistema, a este estado de coisas, de luta tenaz e frontal por uma nova ordem mundial. Um partido que seja capaz de levantar a bandeira da paz, com perspectiva anti-imperialista, solidário com os povos agredidos, defensor da soberania nacional, dos direitos dos trabalhadores. Um partido de esquerda, revolucionário, comunista, anticapitalista e anti-imperialista, com a mirada histórica voltada para a luta pelo socialismo.
Esses desafios se apresentam também na cambiante realidade latino-americana e nacional. O quadro político brasileiro faz parte das lutas, conquistas e avanços do movimento democrático e anti-imperialista em nossa região. O terceiro governo democrático e patriótico brasileiro, depois dos exitosos dois mandatos de Lula e tornado realidade com a eleição da presidente Dilma, precisa se fortalecer e consolidar para o país avançar na realização de transformações de fundo.
O debate sobre o partido leva em conta este cenário. Os comunistas reafirmam sua orientação de lutar pelo êxito do governo da presidente Dilma para fazer avançar as conquistas democráticas e populares, viabilizar medidas políticas e econômicas que assegurem o desenvolvimento nacional com valorização do trabalho e bem-estar social.
Este avanço depende da existência de um núcleo de esquerda forte, da unidade entre as amplas forças democráticas e populares, do desenvolvimento das lutas das massas populares e do êxito na realização de uma plataforma de combate pelas reformas democráticas estruturais: reforma política, dos meios de comunicação, reformas agrária e urbana, educacional, do sistema de saúde e tributária. O PCdoB deve atuar como pólo aglutinador e mobilizador dessas lutas, despertando a consciência e a organização do povo e promovendo sua unidade.
Sobre esse pano de fundo, o Partido organiza as suas conferências municipais e estaduais. Reafirma a sua identidade comunista, sua ideologia marxista-leninista, seu caráter de classe como partido dos trabalhadores, os seus objetivos programáticos, o rumo socialista e o caminho viável proposto pelo 12º Congresso de organizar a luta por um Novo Plano Nacional de Desenvolvimento. Mais do que nunca, é necessário agir de acordo com os princípios, basear-se no programa, ter descortino estratégico e tirocínio tático. Ao contrário do que pretende o senso comum, que supõe ser o momento propício para a despolitização, o espontaneísmo e o partido desideologizado, nunca precisamos tanto da ideologia e da grande política como agora.
Armado com esses princípios, o partido equaciona as suas tarefas organizativas mais urgentes: expansão das fileiras, estruturação de organismos de bases e intermediários, fortalecimento das direções, formação de quadros comunistas, planos políticos e de ação em todas as frentes – eleitoral-institucional, de massas, organizacional e da luta de ideias.
Na elaboração desses planos políticos e de ação, é indispensável debruçar-se sobre o cenário pré-eleitoral e traçar planos imediatos que resultem numa vitoriosa campanha eleitoral em 2012. O momento é de lançamento de pré-candidaturas, de intensa articulação política e eleitoral para obter apoios de aliados, de filiações amplas, de extensão das fileiras, de preparação das nominatas próprias a fim de eleger vereadores. Um vitorioso desempenho eleitoral do PCdoB em 2012 é passo decisivo para o fortalecimento dos comunistas como corrente transformadora no país.
As tarefas são múltiplas. O reducionismo é má companhia e mau conselheiro. Bom mesmo é o método recomendado pelo velho Mao: direção partidária coletiva e tocar piano com os dez dedos.
*Secretário nacional de Comunicação do PCdoB
terça-feira, agosto 23, 2011
Blog do Luiz Aparecido: "Lobão" o pseudo cantor e compositor vira pop-star...
Blog do Luiz Aparecido: "Lobão" o pseudo cantor e compositor vira pop-star...: By Roberto Ponciano O dia em que Lobão virou Gatinho Angorá Fulgêncio Pedra Branca O inesquecível Brizola cunhou o termo gatinho ango...
"Lobão" o pseudo cantor e compositor vira pop-star das viuvas da Ditadura!!!!
By Roberto Ponciano
O dia em que Lobão virou Gatinho Angorá
Fulgêncio Pedra Branca
O inesquecível Brizola cunhou o termo gatinho angorá para um desafeto político, no Brasil temos agora o mais novo gatinho angorá. Com um retrato de Mister Adolph Hail Hitler escondido no armário, alguém que já foi um lobo, virou gatinho de madame, e de madame bem preconceituosa, aquela que tem medo de menino de rua e queria colocar fogo no morro.
Lobão chegou a ser engraçadinho na carreira, com músicas muito fracas, e letras que não diziam absolutamente nada: chove lá fora e aqui faz muito frio... Não dá para controlar, não dá para planejar, eu ligo o rádio e blá-blá-blá... alguém que tentou ser algo e não foi, agora decidiu que é o grande crítico musical-literário-político-filosófico-ontológico do Brasil. Depois de tentar vender Cds em bancas de jornal e fracassar, depois de tentar entrar no panteão dos grandes compositores brasileiros e fracassar, depois de tentar ser um crítico desbocado de esquerda e fracassar, ele agora quer disputar com Jabour e Mainardi o lugar de mais novo cão raivoso da direita brasileira, só que foi longe demais.
Nosso gatinho Angorá, ex esquerda, ex cantor de churrascaria de festa ploc, ex poetastro, ex croto, decidiu tentar apagar seu passado dizendo que a esquerda brasileira é feita de “gente rancorosa e invejosa". Seria o retrato de Dorian Gray, imputar nos outros todo o rancor que destila contra a esquerda e a inveja que ele sente de gente como Chico, João Gilberto, Gonzaguinha, que fizeram canções que ele nunca vai conseguir fazer nem um traço. O ataque para diminuir os mitos é para que alguém ache graça nas baboseiras delírico rock románticas que só fizeram sucesso para quem tinha 16 anos de idade e dois neurônios.
No auge do delírio das suas baboseiras direitistas, Lobão afirmou que há “um excesso de vitimização na cultura brasileira. Essa tendência esquerdista vem da época da ditadura. Hoje, dão indenização para quem seqüestrou embaixadores e crucificam os torturadores que arrancaram umas unhazinhas".
Ou seja, Lobão, hail Hitler, agora admira os torturadores e diz que eles nos salvaram, através do seu banho de sangue e crueldade de uma improvável ditadura do proletariado. Detalhe, para quem não conhece, ou finge não conhecer a história, os militares foram golpistas que depuseram um presidente eleito, torturaram, sequestraram, mataram, venderam o país. E Lobão quer refazer a história como se eles nós estivessem salvando do “perigo externo vermelho”. Acho que nem a Escola Superior de Guerra defende mais isto, Golbery iria pedir moderação, menos Lobão, minta menos!. O que não se faz por dinheiro e por alguns minutos de fama na mídia brasileira.
O gatinho angorá das madames do Cansei, ex lobão acha que a gente tinha que repensar a ditadura militar, afinal não eram torturadores, eles só arrancavam umas unhazinhas, para risos de uma platéia de debilóides e viúvas do golpe, que efetivamente não tiveram um parente assassinado pela ditadura.
O gatinho angorá que quer tirar Chico do pedestal, João Gilberto do pedestal, Tom Jobim do pedestal, não consegue fazer música que dure mais que uma semana na parada de sucesso e agora como gatinho de madame rancorosa, viúva do Cansei, vai ter que suar muito, porque terá uma concorrência muito dura. Tem gente mais antiga na profissão, Jabour, Mainardi, Reinaldo Azevedo. Será que os poucos cobres da MTV são capazes de pagar por tanta infâmia.
Não teve graça, eu sei, mas efetivamente escutar alguém fazendo apologia da tortura não é para rir mesmo. Este será marcado como o dia em que Lobão virou gatinho angorá.
O dia em que Lobão virou Gatinho Angorá
Fulgêncio Pedra Branca
O inesquecível Brizola cunhou o termo gatinho angorá para um desafeto político, no Brasil temos agora o mais novo gatinho angorá. Com um retrato de Mister Adolph Hail Hitler escondido no armário, alguém que já foi um lobo, virou gatinho de madame, e de madame bem preconceituosa, aquela que tem medo de menino de rua e queria colocar fogo no morro.
Lobão chegou a ser engraçadinho na carreira, com músicas muito fracas, e letras que não diziam absolutamente nada: chove lá fora e aqui faz muito frio... Não dá para controlar, não dá para planejar, eu ligo o rádio e blá-blá-blá... alguém que tentou ser algo e não foi, agora decidiu que é o grande crítico musical-literário-político-filosófico-ontológico do Brasil. Depois de tentar vender Cds em bancas de jornal e fracassar, depois de tentar entrar no panteão dos grandes compositores brasileiros e fracassar, depois de tentar ser um crítico desbocado de esquerda e fracassar, ele agora quer disputar com Jabour e Mainardi o lugar de mais novo cão raivoso da direita brasileira, só que foi longe demais.
Nosso gatinho Angorá, ex esquerda, ex cantor de churrascaria de festa ploc, ex poetastro, ex croto, decidiu tentar apagar seu passado dizendo que a esquerda brasileira é feita de “gente rancorosa e invejosa". Seria o retrato de Dorian Gray, imputar nos outros todo o rancor que destila contra a esquerda e a inveja que ele sente de gente como Chico, João Gilberto, Gonzaguinha, que fizeram canções que ele nunca vai conseguir fazer nem um traço. O ataque para diminuir os mitos é para que alguém ache graça nas baboseiras delírico rock románticas que só fizeram sucesso para quem tinha 16 anos de idade e dois neurônios.
No auge do delírio das suas baboseiras direitistas, Lobão afirmou que há “um excesso de vitimização na cultura brasileira. Essa tendência esquerdista vem da época da ditadura. Hoje, dão indenização para quem seqüestrou embaixadores e crucificam os torturadores que arrancaram umas unhazinhas".
Ou seja, Lobão, hail Hitler, agora admira os torturadores e diz que eles nos salvaram, através do seu banho de sangue e crueldade de uma improvável ditadura do proletariado. Detalhe, para quem não conhece, ou finge não conhecer a história, os militares foram golpistas que depuseram um presidente eleito, torturaram, sequestraram, mataram, venderam o país. E Lobão quer refazer a história como se eles nós estivessem salvando do “perigo externo vermelho”. Acho que nem a Escola Superior de Guerra defende mais isto, Golbery iria pedir moderação, menos Lobão, minta menos!. O que não se faz por dinheiro e por alguns minutos de fama na mídia brasileira.
O gatinho angorá das madames do Cansei, ex lobão acha que a gente tinha que repensar a ditadura militar, afinal não eram torturadores, eles só arrancavam umas unhazinhas, para risos de uma platéia de debilóides e viúvas do golpe, que efetivamente não tiveram um parente assassinado pela ditadura.
O gatinho angorá que quer tirar Chico do pedestal, João Gilberto do pedestal, Tom Jobim do pedestal, não consegue fazer música que dure mais que uma semana na parada de sucesso e agora como gatinho de madame rancorosa, viúva do Cansei, vai ter que suar muito, porque terá uma concorrência muito dura. Tem gente mais antiga na profissão, Jabour, Mainardi, Reinaldo Azevedo. Será que os poucos cobres da MTV são capazes de pagar por tanta infâmia.
Não teve graça, eu sei, mas efetivamente escutar alguém fazendo apologia da tortura não é para rir mesmo. Este será marcado como o dia em que Lobão virou gatinho angorá.
Chico Buarque! Sal da terra e simbolo dos artistas brasileiros conscientes de seu papel social!!!
Chico Buarque, Cheiro da Terra Brasil
By Roberto Ponciano
Numa entrevista terna como soia ser Darcy Ribeiro, ele nos disse que o que mais dava saudade nele do Brasil era o cheiro da gente. Exilado, nosso indianista mais ilustre nos contou que o cheiro de outras terras, das coisas, da terra, das comidas, não era o mesmo do Brasil. Assim, nosso país são os cheiros de sua gente, o da feijoada na cozinha, de goiaba no quintal, das vazantes dos nossos rios, da maresia fulgurante de nosso litoral. E onde o som brasileiro tem mais cheiro de Brasil que não em Chico Buarque de Holanda?
A música de Chico é nosso perfume mais requintado, o mais fresco e úmido, o mais nítido e brilhante, o mais melancólico e candente, o mais sincero e puro. Olor de leite fresco em carro de boi, de tempero de cravo, canela e pimenta nativa, de morena de angola batucando seu som, um samba que se confunde com a própria comida e apetite.
Um amigo de Chico, Frei Betto, em um de seus livros, no ensina que somos biodiversos, que embora sejamos habitantes do planeta terra, antes de tudo descendemos de uma gente, com sua língua e falar próprio, com um ritmo, um acento, uma musicalidade, com a sua comida que é uma forma de perpetuar um ser peculiar e pitoresco, com sua forma de vestir e, no caso do Brasil, até uma forma peculiar de se despir que chega a chocar os pudicos e puritanos de plantão. Que pintor melhor para ilustrar esta biodiversidade brasileira senão Chico?
Da mesma forma que Caymmi vai tecendo suas marinhas e eternizando junto com Jorge Amado, em quadros invejados por Portinari, o mar e a gente da Bahia, Chico expõe cantando ao mundo toda a ternura infinda do homem cordial brasileiro. Um artista dual, que faz o elogio da beleza, da alegria e do amor, sem fechar os olhos para a imensa dor do Brasil. Alguém que não se tornou sádico, mas que encara a dor de frente, espera que um samba imenso venha e faça com que o tempo pare para ouvir. Alguém que grita dos porões e não se cala diante da tortura, que estende a mão para os presos e perseguidos e que nunca se vendeu.
O artista que cantou a dor da mãe da classe média que perdeu seu filho assassinado nos cárceres da Ditadura, mas que também conseguiu captar toda a dor da mãe do morro, que anônima, esquecida, só tem identidade quando seu “Guri” traz uma bolsa já com tudo dentro para ela finalmente se identificar e vê toda sua imensa tragédia expressa em letras garrafais na morte anônima estampada nos jornais sensacionalistas.
Chico é aquele que disse não. Que deixou de fazer shows quando era o cantor mais popular do Brasil, que disse não para a TV quando muitos disseram sim, mesmo que para isto tivessem que se prostituir, que se negou a vender sua alma para a Roda-Viva, enquanto a maioria disse sim em nome da própria sobrevivência. Ele é a antítese do Fausto de Goethe. Enquanto muitos se esgoelam para conseguir um lugar na ABL (até porque agora nem saber escrever é necessário pare ingressar nela), Chico que por merecimento deveria ocupar a cadeira de maior poeta brasileiro da atualidade, nos diz que é perpétuo o manifesto assinado pelo pai dele, que se negou a competir por um fardão de uma academia que havia imortalizado Getúlio Vargas. Ele é aquele que, diante de todas as facilidades, escolheu a porta estreita da dignidade. Enquanto antigos amigos pintam o rosto com palhaços para conseguir uma nesga de atenção na mídia, Chico prefere manter seus ideais, manter sua opção socialista e demonstrar sua solidariedade a Cuba.
Corre que seu nome pertencia a uma lista negra de artistas que sofreram uma “censura branca” durante a Ditadura. A “Redentora” queria só o Chico da Banda e de Carolina, mas ele nos deu “Cálice”, “Deus Lhe Pague” e “Apesar de Você”. Num país que foi emburrecido por décadas de tirania, nosso povo perdeu a dimensão do gênio que, quase anônimo, pode tranquilamente jogar suas peladas com o Politheama, ou escalar seu escrete de Futebol de Mesa. O que para ele é muito bom, inimigo da Chicolatria, ele continua a cultivar anonimamente rosas e rimas que têm o frescor da alma dolorida do nosso povo.
Se não houvesse qualquer outra razão para gostar de ter nascido e viver no meu país, Chico Buarque bastaria. Em 60 anos ele se tornou a síntese de um outro país possível pelo qual vale a pena lutar e é nosso dever construir.
By Roberto Ponciano
Numa entrevista terna como soia ser Darcy Ribeiro, ele nos disse que o que mais dava saudade nele do Brasil era o cheiro da gente. Exilado, nosso indianista mais ilustre nos contou que o cheiro de outras terras, das coisas, da terra, das comidas, não era o mesmo do Brasil. Assim, nosso país são os cheiros de sua gente, o da feijoada na cozinha, de goiaba no quintal, das vazantes dos nossos rios, da maresia fulgurante de nosso litoral. E onde o som brasileiro tem mais cheiro de Brasil que não em Chico Buarque de Holanda?
A música de Chico é nosso perfume mais requintado, o mais fresco e úmido, o mais nítido e brilhante, o mais melancólico e candente, o mais sincero e puro. Olor de leite fresco em carro de boi, de tempero de cravo, canela e pimenta nativa, de morena de angola batucando seu som, um samba que se confunde com a própria comida e apetite.
Um amigo de Chico, Frei Betto, em um de seus livros, no ensina que somos biodiversos, que embora sejamos habitantes do planeta terra, antes de tudo descendemos de uma gente, com sua língua e falar próprio, com um ritmo, um acento, uma musicalidade, com a sua comida que é uma forma de perpetuar um ser peculiar e pitoresco, com sua forma de vestir e, no caso do Brasil, até uma forma peculiar de se despir que chega a chocar os pudicos e puritanos de plantão. Que pintor melhor para ilustrar esta biodiversidade brasileira senão Chico?
Da mesma forma que Caymmi vai tecendo suas marinhas e eternizando junto com Jorge Amado, em quadros invejados por Portinari, o mar e a gente da Bahia, Chico expõe cantando ao mundo toda a ternura infinda do homem cordial brasileiro. Um artista dual, que faz o elogio da beleza, da alegria e do amor, sem fechar os olhos para a imensa dor do Brasil. Alguém que não se tornou sádico, mas que encara a dor de frente, espera que um samba imenso venha e faça com que o tempo pare para ouvir. Alguém que grita dos porões e não se cala diante da tortura, que estende a mão para os presos e perseguidos e que nunca se vendeu.
O artista que cantou a dor da mãe da classe média que perdeu seu filho assassinado nos cárceres da Ditadura, mas que também conseguiu captar toda a dor da mãe do morro, que anônima, esquecida, só tem identidade quando seu “Guri” traz uma bolsa já com tudo dentro para ela finalmente se identificar e vê toda sua imensa tragédia expressa em letras garrafais na morte anônima estampada nos jornais sensacionalistas.
Chico é aquele que disse não. Que deixou de fazer shows quando era o cantor mais popular do Brasil, que disse não para a TV quando muitos disseram sim, mesmo que para isto tivessem que se prostituir, que se negou a vender sua alma para a Roda-Viva, enquanto a maioria disse sim em nome da própria sobrevivência. Ele é a antítese do Fausto de Goethe. Enquanto muitos se esgoelam para conseguir um lugar na ABL (até porque agora nem saber escrever é necessário pare ingressar nela), Chico que por merecimento deveria ocupar a cadeira de maior poeta brasileiro da atualidade, nos diz que é perpétuo o manifesto assinado pelo pai dele, que se negou a competir por um fardão de uma academia que havia imortalizado Getúlio Vargas. Ele é aquele que, diante de todas as facilidades, escolheu a porta estreita da dignidade. Enquanto antigos amigos pintam o rosto com palhaços para conseguir uma nesga de atenção na mídia, Chico prefere manter seus ideais, manter sua opção socialista e demonstrar sua solidariedade a Cuba.
Corre que seu nome pertencia a uma lista negra de artistas que sofreram uma “censura branca” durante a Ditadura. A “Redentora” queria só o Chico da Banda e de Carolina, mas ele nos deu “Cálice”, “Deus Lhe Pague” e “Apesar de Você”. Num país que foi emburrecido por décadas de tirania, nosso povo perdeu a dimensão do gênio que, quase anônimo, pode tranquilamente jogar suas peladas com o Politheama, ou escalar seu escrete de Futebol de Mesa. O que para ele é muito bom, inimigo da Chicolatria, ele continua a cultivar anonimamente rosas e rimas que têm o frescor da alma dolorida do nosso povo.
Se não houvesse qualquer outra razão para gostar de ter nascido e viver no meu país, Chico Buarque bastaria. Em 60 anos ele se tornou a síntese de um outro país possível pelo qual vale a pena lutar e é nosso dever construir.
sábado, agosto 20, 2011
Um soneto deVinicus de Moares para abrandar a seca do fim de semana!!!
Soneto do amigo
Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...
Vinicius de Moraes
quinta-feira, agosto 18, 2011
O enigma chines visto por Giovanni Arrighi e comentado por Emir Sader!!
Giovanni Arrighi, pensador italiano recentemente falecido
Por Emir Sader
Giovanni Arrighi, um dos maiores pensadores contemporâneos, recentemente falecido, teve a ousadia de tentar pensar a China realmente existente aos olhos das teorias elaboradas para contextos distintos. Seu livro, publicado pela Boitempo, ousa avançar na abordagem de um tipo de socialismo de mercado.
A mercadoria, átomo do capitalismo, evidentemente tem uma marca que a remete a um sistema social determinado, como destacava Marx na abertura d’O Capital: “As sociedades contemporâneas nos aparecem como um imenso arsenal de mercadorias”. Não por acaso, Marx começa sua obra essencial fazendo a anatomia da mercadoria, dissecando seus valores de uso e de troca para, a partir daí, ir deduzindo as leis gerais da acumulação capitalista.
O que Arrighi realça é o conjunto das relações de mercado: a economia mercantil existiu muito antes do capitalismo, surgiu com o comércio e sobreviveu com ele em todas as sociedades pré-capitalistas. Apela para o próprio Adam Smith para se ancorar.
O caso da China seria um caso significativo e paradigmático. Para resolver a questão da acumulação socialista primitiva, para dar o salto que possibilite a construção do socialismo na periferia do capitalismo, a partir de sociedades atrasadas, a China não repetiu a via soviética de expropriação violenta e maciça dos camponeses, mas apelou a capitais externos, primeiro da diáspora chinesa, depois do mercado internacional em geral. Para os chineses é a via concreta de tirar da miséria centenas de milhões de pessoas, de construir um amplo mercado interno de consumo e alavancar o desenvolvimento econômico do país. O apelo ao mercado demanda um Estado forte, que o regulamente e discipline.
Nessas condições, o mercado poderia ser utilizado com essas funções: gerar as condições do salto histórico herdado do capitalismo. O espetacular desenvolvimento das forças produtivas na China tem, para eles, esse papel. Se vive um período histórico de duração indefinida no tempo, mas delimitada pelo objetivo estratégico fundamental, que continua a ser o socialismo.
A aposta está colocada e seu enigma é, desde já, o maior do século XXI, aquele que, em grande medida, vai dar o significado do novo século. Que será um século chinês, não há duvida. O significado disso é que está aberto. A leitura do livro de Arrighi dá boas pistas do enigma.
***
Emir Sader nasceu em São Paulo, em 1943. Formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, é cientista político e professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). É secretário-executivo do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso) e coordenador-geral do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Coordena a coleção Pauliceia, publicada pela Boitempo, e organizou ao lado de Ivana Jinkings, Carlos Eduardo Martins e Rodrigo Nobile a Latinoamericana – enciclopédia contemporânea da América Latina e do Caribe (São Paulo, Boitempo, 2006), vencedora do 49º Prêmio Jabuti, na categoria Livro de não-ficção do ano. Colabora para o Blog da Boitempo semanalmente, às quartas-feiras.
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Vamos esperar o estudo que esta sendo elaborado pelo pensador e militante comunista Elias Kahil Jabbour, que se espera jogara outro forte facho de luz sobre esta questão.Em breve seu estudo vira livro e estara nas bancas, mas postagens de parte dele já estão sendo feitas no Facebook e no Portal Vermelho.
domingo, agosto 14, 2011
Homenagem aos 85 anos de Fidel Castro. A lenda viva da Revolução Latino Americana!
Entrevista de Fidel em sua casa em Havana!
Fidel Castro: um homem que não se ajoelha, cria asas
Posted: 13 Aug 2011 06:49 PM PDT
Por Brizola Neto em seu blog Tijolaço
O tempo, aos seres humanos, vai nos substituindo de presença para memória.
Na equação entre passado e presente que resulta no futuro, vamos nos tornando o primeiro, em lugar do segundo.
E aí, quando as décadas nos encolhem e encurvam, o valor dos atos humanos, dependendo do que fomos e fizemos, mingua ou reluz.
Há muito tempo, Victor Hugo escreveu, em seu magnífico "Os trabalhadores do Mar", que diante do desconhecido e do medo trazido pela noite, "um homem abate-se, ajoelha-se, prosterna-se, roja-se, arrasta-se para um buraco, ou então procura asas."
Sim, porque homens têm asas, e essas asas se chamam sonho, e este sonho, se vira luta, torna-os gigantes, ainda quando o tempo apequena e fragiliza seus corpos.
Tão grandes que a grandeza os sublima, e os faz seguir, teimosamente, dando aos sonhos que encarnaram as últimas gotas de suas vidas, seus pensamentos, as lições que aprenderam e que seus nomes espalham ainda.
Fidel Castro faz, hoje (13/08/11), 85 anos.
Aquele a quem tantas vezes se tentou matar enfrenta o tempo com a serenidade de quem sabe que seguirá vivendo. Um pouco mais, como homem. Muito e muito mais, como um grande pássaro, ao qual o sonho e a luta deram - ele deu a uma geração inteira – asas para voar e vencer o medo.
Longa vida a Fidel e vida eterna a seus sonhos!
terça-feira, agosto 09, 2011
SALVE,SALVE!!! JOÃO GILBERTO MARCA SHOWS AO VIVO EM SÃO PAULO, BRASILIA, RIO E SALVADOR!!!!
O aguardado show de João Gilberto em São Paulo foi anunciado ontem à tarde para o dia 5 de novembro, na Via Funchal, pelos organizadores da turnê. A casa de shows não o confirma oficialmente. Um segundo show na cidade, ainda sem data definida, está sendo negociado – a ideia é que este tenha ingressos mais baratos. Não foram divulgadas informações sobre vendas.
O baiano vai cantar também no Rio, Salvador, Brasília e Porto Alegre. As datas ainda não foram fechadas. A turnê começaria no dia 29 de agosto e iria até o fim de novembro, conforme havia sido noticiado há dois meses, mas deve ter início só no fim de outubro. O projeto "80 Anos - Uma Vida Bossa Nova" deve resultar na gravação de dois DVDs – ainda vai depender da aprovação do artista. Seriam seus primeiros registros nesse formato.
João Gilberto fez 80 anos em 10 de junho. Recluso em seu apartamento, no Rio, não é visto pelos fãs desde 2008, quando participou das comemorações dos 50 anos da bossa nova. O repertório dos próximos shows deve ter músicas que ele nunca gravou, além de clássicos. As negociações da turnê são capitaneadas pela mãe da filha caçula de Gilberto, Claudia Faissol.
Cantor é famoso pelo perfeccionismo e pelas manias para se apresentar em público; saiba o que é verdade e o que é lenda
O perfeccionismo de João Gilberto é tão famoso quanto a sua batida de violão. As lendas que envolvem suas exigências no palco, por exemplo, são inúmeras. Uma boa parte delas são apenas isso, lendas – ele não proíbe que o ar condicionado das casas de shows em que toca seja ligado (só reclama se estiver muito frio), nem faz questão de centenas de toalhas brancas em seu camarim. Mas o microfone – ou melhor, os microfones, um para a voz e outro para o violão – tem de ser de marca e modelo específicos, sim.
É a sua principal exigência: onde quer que se apresente, os microfones têm de ser da marca austríaca AKG, modelo C414. O aparelho custa, em média, R$ 2 mil e é mais comum em estúdios de gravação. João, no entanto, faz questão de usá-lo em suas apresentações ao vivo. Em 2003, quanto tocava para 17 mil pessoas no Hollywood Bowl, em Los Angeles, ele esteve a ponto de abandonar o palco porque o microfone não era o especificado no contrato. Foi até o final, mas passou a performance inteira reclamando do som.
O silencio é fundamental!
Outro fator que João Gilberto não abre mão é o silêncio da plateia. Público barulhento, para ele, é algo imperdoável. Que o diga quem estava na inauguração do Credicard Hall, casa de shows em São Paulo, em setembro de 1999. Na ocasião, ele ficou tão irritado com as conversas – e com a má qualidade do som da casa – que discutiu com a plateia. Ao ser vaiado, retrucou: "vaia de bêbado não vale", e mostrou a língua para o público. Prometeu nunca mais se apresentar no local, e cumpriu.
O perfeccionismo do músico também é responsável por seus três primeiros álbuns estarem fora de catálogo. "Chega de Saudade" (1959), "O Amor, o Sorriso e a Flor" (1960) e "João Gilberto" (1961) estão indisponíveis por causa de uma batalha judicial com a gravadora EMI, que no início dos anos 1990 reuniu canções desses três discos numa coletânea chamada "O Mito". João odiou a remasterização feita e exigiu a retirada do disco das lojas na justiça. Até hoje, músico e gravadora não chegaram a um acordo.
Mas o bicho não é tão feio quanto parece. Na última vez em que se apresentou no Brasil, em 2008, não houve qualquer problema. Na ocasião, João tocou em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, como parte das comemorações dos 50 anos da bossa nova. Em nenhum dos shows ele se queixou do som, do público ou do ar condicionado. De ruim, só outra característica bastante comum do cantor: os atrasos. Na primeira de suas duas performances em São Paulo, ele subiu ao palco uma hora e meia após o horário marcado.
Realizado no Auditório Ibirapuera, o show teve um detalhe curioso: na metade da primeira música, "Aos Pés da Cruz", o som de uma mensagem de erro do Windows inexplicavelmente apareceu nos alto-falantes. João, no entanto, continuou cantando como se nada tivesse acontecido. A plateia respirou aliviada.
sábado, agosto 06, 2011
PCdoB:história de lutas pelo soerguimento do sonho revolucionario brasileiro
A direção que levantou o PCdoB das cinzas depois da Ditadura Militar.João Amazonas,Dyneias Aguiar, Rogerio Lustosa,Renato Rabelo, João Batista Lemos e Ronald de Freitas.
Elza Monerat a sempre lembrada militante exemplar!
Mauricio Grabóis lider da luta de idéias e heroi do Araguaya.
Gregório Bezerra outro resistente ao liquidacionismo.
Zé Duarte,João Amazonas e Diogenes de Arruda Camara, na chegada de Amazonas do exílio. Seria a última foto de Arruda, que morreu de infarte logo depois.
O Blog goiano "Coletivizando" publica interessante artigo de Paulo Vinicius que enriquece e reacende a luta de idéias e historia parte do debate sobre o papel do PCdoB no embate contra o revisionismo e o liquidacionismo.E mostra alguns dos heróis desta luta que permanece até hoje!
Coletivizando reflexões sobre heróis e a História do Partido Comunista do Brasil
Paulo Vinícius
“Gostaria de ser lembrado como o homem que foi amigo das crianças, dos pobres e excluídos; amado e respeitado pelo povo, pelas massas exploradas e sofridas; odiado e temido pelos capitalistas, sendo considerado o inimigo número um das Ditaduras Fascistas”.
Gregório Bezerra
Lendo o texto de Anita Leocádia Prestes sobre o Gregório Bezerra, que tem seu livro Memórias reeditado, felizmente, aproveito e rendo homenagem a esse verdadeiro herói do povo brasileiro, que ela tão bem retrata. Seu exemplo pessoal de dignidade e fidelidade é inquestionável. Ainda assim, sinto-me obrigado a dizer que Gregório Bezerra faz parte de uma geração de líderes comunistas que se confrontou duramente desde o fim dos anos cinquenta do século passado. Como infelizmente sói ocorrer entre seus pares de geração, é tremendamente injusto e duro em seu livro Memórias ao tratar de Diógenes Arruda Câmara, o que não é de todo estranho.
Zé Duarte, João Amazonas, Diógenes Arruda Câmara na chegada de Amazonas do Exílio. Arruda, emocionado, passou mal, e faleceu a caminho do hospital, ele que saiu com a saúde devastada dos porões da tortura. Essa é uma de suas últimas fotos. Fonte:Vermelho.
Curioso é que, pelo que lembro, citando de memória, Gregório Bezerra critica Arruda Câmara de modo até divertido em certo momento, quando diz que ele era o "Stalin Brasileiro", mas "sem a genialidade do camarada Stalin" (sic).
Dois homens frutos do sertão nordestino, signos de uma sertaneja raiz rubra, tenaz ao extremo, dois heróis dos oprimidos.
Ainda assim, pessoas, seres humanos, gente que luta, procurando acertar. Mas o conflito, de concepções inclusive, é da vida, e é bom que seja assim. Arruda Câmara ainda está para ser resgatado. Para isso, quero coletivizar com vocês dois artigos de Augusto Buonicore, que mitigam esse silêncio: Diógenes Arruda, o guerreiro sem repouso.
Sobre heróis a resgatar
Infelizmente, a historiografia de esquerda no Brasil deu pouco destaque a lutadores extraordinários como Maurício Grabois, João Amazonas, Diógenes Arruda Câmara, Carlos Nicolau Danielli, Zé Duarte e Elza Monerat, para citar alguns. A democracia, a esquerda e o movimento comunista no Brasil, no entanto, devem muitíssimo a eles.
Elza Moneratt
Na Conferência clandestina da Mantiqueira (1943), o Partido Comunista do Brasil foi reconstruído dos golpes sofridos pela ditadura do Estado Novo varguista. Os Estados pariram uma geração de líderes responsáveis pelo sólido crescimento vivido no período seguinte. Mais que isso, forjaram a principal referência comunista para as décadas seguintes. Pedro Pomar e Amazonas do Pará, Maurício Grabois, Diógenes Arruda Câmara, Carlos Marighella e Mário Alves seriam parte da Comissão Nacional de Organização Provisória, que tinha ligação com Prestes na prisão e que retomou o Partido, esfacelado pela repressão.
Aí residiu um ponto de inflexão. Uma direção sólida conduz o PCB a um caminho de crescimento, eleitoral inclusive. O Partido intervém na vida nacional cumprindo destacado papel na unidade contra o eixo e na composição da FEB. Os Comunistas na Constituinte de 1946 propugnam pela liberdade de culto e religião e a natureza laica do Estado, pelo direito de greve, o Partido realiza os comícios com Prestes para milhares de pessoas, possuía uma rede impressionante de jornais etc.
Bancada Comunista na Constituinte de 1946: Observem Amazonas , Prestes e Grabois no centro da fotografia.
Gregório Bezerra, José Maria Crispim, Maurício Grabois, Claudino José da Silva, Joaquim Batista Neto, Osvaldo Pacheco, Abílio Fernandes, Alcides Sabença, Agostinho Dias de Oliveira, João Amazonas, Carlos Marighela, Milton Caires de Brito, Alcedo Coutinho e Jorge Amado, a que se somaram posteriormente, eleitos sob outra legenda (do Partido Social Progressista, PSP), Pedro Pomar e Diógenes Arruda Câmara.
É essa direção, em essência, que se cindirá com os desdobramentos do 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética. Daí, seja o PCB (Brasileiro), seja o PCdoB (do Brasil - como era o nome antes), reivindicarem o legado do mesmo PCB. Por um tempo isso ficou referenciado numa suposta oposição entre líderes, projetando as imagens de Prestes - uma referência imensa - e Amazonas. Esse mito esboroou-se já em 1980, quando, após seu regresso da URSS, Prestes rompe com a direção do PCB através da Carta aos Comunistas. O problema era bem maior que uma mera oposição de personalidades. E vêem-se as dificuldades de quem persistiu no PCB - sem Prestes e sem Gregório Bezerra - até a sua debandada, e agora reivindica a memória desses próceres como fio histórico que lhes ligue a 1922, muito diferentemente dos que não aceitaram desde os anos 60 o reformismo kruschevista.
A saída do próprio Prestes do PCB, para mim, simboliza o fim de uma diáspora progressiva e incontornável que varreu a maioria vitoriosa no cisma do PCB, corporificada na Declaração de Março de 1958, que marca o enquadramento brasileiro às teses exaradas desde Moscou no congresso precedentemente citado. De um lado, Prestes e a URSS e a maioria. Do outro lado, em defesa do legado de 1922 e da Mantiqueira, reivindicando um congresso, cem camaradas. Parece que teve um que retirou a assinatura. O detalhe é que dentre esses 99 estavam quadros de altíssimo relevo, figuras de proa em todo o momento anterior. dentre eles Grabois, Amazonas e Pomar, e depois, Arruda. E se o PCB foi de abismo em abismo, o PCdoB, ao contrário, escalou uma imensa serra com uma determinação inexorável.
O tempo cobraria caro o seguidismo de Moscou. Os erros do PCB no trato da escalada golpista de 1964 e na resistência que poderia lhe ter oposto, em parte podem ser atribuídos à mecânica incorporação ao cenário nacional da tese do "caminho pacífico" de Kruschev. Desmoralizou-se o instrumento central dos oprimidos ante o arbítrio da gorilada. O impacto da derrota iniciou a dispersão dos que firmaram a Declaração de Março de 1958. Marighella e Mário Alves foram dois expoentes e heróis do povo que romperam e compuseram parte do exemplo dos anos seguintes, que viram o PCB minguar e a esquerda se dividir em uma série de organizações. A Ditadura, ademais, cobrou altíssimo preço em sangue de ambas organizações. O PCdoB, ademais, fez a Guerrilha do Araguaia, que é o ponto mais alto no combate com a Ditaura, enfrentando as forças regulares. O primeiro reconhecimento da capacidade de superação e do heroísmo do Araguaia, no entanto, veio primeiro dos que protagonizaram o cruel martírio dos guerrilheiros que de boa parte da esquerda, infelizmente.
A despeito disso, O PCdoB manteve uma linha que, malgrado acidentada, tem um curso de avanços. Por muito pequeno, no entanto, além de atingido de modo terrível pela repressão, os seguidores de Amazonas, Grabois, Pomar e Arruda Câmara prosperaram no tempo. E contaram com um trunfo valioso para o futuro, incorporaram a Ação Popular, principal liderança da juventude estudantil da época.
Um reconhecimento que os revisionistas jamais fizeram
A História cobra caro o erro em política. A rebeldia de parte do núcleo central da conferência da Mantiqueira foi o Grito do Ipiranga da independência intelectual dos comunistas no Brasil. Os caminhos dos anos seguintes, no entanto, mostraram-se sumamente duros para os que ousaram pensar com a própria cabeça. No fim do túnel dos 21 anos de arbítrio, de tortura e cárcere, de morticínio e desaparecimentos de camaradas que perdura até hoje, depois de tudo, os duzentos e sessenta mil comunistas no Brasil filiados ao PCdoB significam a continuidade prática e viva do Partido de 1922, ou pelo menos da Conferência da Mantiqueira, que inaugura um núcleo nacionalmente sólido da direção comunista no Brasil.
Não foi à toa que esse aparente "milagre" aconteceu. Pode-se buscar outros exemplos pelo mundo, em que o cisma do movimento comunista originou no geral dois partidos, um pró-soviético e um crítico, no geral simpático à China. Pelo mundo afora, quantos desses partidos se mantiveram, quantos cresceram e quantos chegaram ao governo de seus países? E quantos inverteram a tendência, tornando-se a ampla maioria do movimento comunista num país com o potencial do Brasil? Aí tem tecnologia nacional. E o seguidismo mostrou-se um guia pouco confiável.
A contribuição do Brasil ao socialismo tem de ser brasileira
Entre outras coisas, o PCdoB encerra nas suas formulações qualidades nacionais, como a capacidade de fazer mediações e ousar em encontrar saídas próprias. Firmeza de princípios e flexibilidade tática. Diógenes Arruda talvez dissesse "Ampliar radicalizando, radicalizar ampliando". Não poderia ser diferente, num país como o Brasil. Nossa formação é complexa e está fora dos parâmetros europeus que, no entanto, por muito tempo influíram de modo exagerado em nossa formação e rumos.
Se a transição para o socialismo é um debate central e decisivo, que dirá a transição brasileira! Herdeiros somos ainda hoje das contribuições de José Bonifácio. Nosso povo é mestiço, temos profunda, fluida e sincrética religiosidade, somos sensuais e carnavalescos, diferentes. Então tem coisa que não cabe na cabeça de quem está muito acima do Equador.
Daí que pudemos sem grandes sofrimentos dar uma resposta simples e efetiva a um problema gravíssimo, a solução do conflito internacional que ainda dividia o movimento comunista internacional em plena derrota do ciclo europeu iniciado na União Soviética. Numa sessão com as delegações internacionais presentes ao 8º Congresso do PCdoB, realizado em Brasília, de 3 a 8 de fevereiro de 1992, João Amazonas profere suma fala entitulada "Pela unidade do Movimento Comunista". Tratou a questão frontalmente:
"Achamos que é necessário alargar os horizontes, e entender bem o processo objetivo e subjetivo que se passa no movimento comunista mundial. A derrota do socialismo na União Soviética despertou não apenas a nós, que nos consideramos marxistas-leninistas. Influiu também no que há de movimento organizado. Partidos que seguiam o PCUS, face à nova situação, tratam de fazer certo realinhamento no terreno ideológico. Não são todos, mas diversos o fazem, e com relativa segurança. Como devemos encarar esse problema? Desconhecer o fato? (...) Também aí há forças revolucionárias que despertam face ao sucedido na União Soviética. (...) aqui ainda não estão todos os revolucionários do mundo."
E foi além:
"A verdade é que vivemos uma crise que já dura mais de 30 anos. E muita gente não se deu conta que essa é uma questão fundamental. (...) Temos de nos debruçar seriamente sobre esse problema da crise do socialismo, temos de enfrentá-la, ou não conseguiremos passar à ofensiva contra o capitalismo e fazer a revolução."
Uma palavra sobre Amazonas
Se 1943 marcou o surgimento daquela geração. 1962 marcou sua divisão e a luta pela sobrevivência da direção surgida em 1943. Já o 8º Congresso, em plena crise, tinha como testemunha atuante de todo aquele ciclo histórico aquele decano, filho de um padeiro que viria de uma família humílima do Pará. Observem, todos os antigos já haviam partido ou perdido sua força e liderança, exceto Elza Moneratt. Amazonas, no entanto, liderava uma organização pródiga em quadros, rejuvenescida e com futuro. Assim, mais uma vez, essa correção política assegurou o futuro até hoje. Vale a pena assistir o vídeo com a última entrevista de João Amazonas, lúcido e sereno, realizada poucos meses antes de sua morte, para aproveitar um pouco desse manancial de que ainda bebemos.
Podemos olhar a trajetória de tantos heróis que nos antecederam, com o sereno respeito da responsabilidade de lhes continuar a caminhada. E isso implica, sim, resgatar uma história que não está escrita, nomes e biografias de mártires que seguem insepultos clamando por justiça, como os guerrilheiros do Araguaia. Nesse terreno é que chafurdou a Carta Capital com o infeliz artigo de Lucas Figueiredo acerca de Maurício Grabois, herói e mártir do Araguaia, ao portar-se como detrator, não um jornalista. Por sorte, Osvaldo Bertolino e Adalberto Monteiro levantaram-se contra a injustiça. Vale lê-los. Como se vê, há uma disputa intelectual acerca do nosso legado.
Mas o olvido é passageiro. Graças ao PCdoB, o fio vermelho da História não se perdeu, malgrado as intempéries. Recordo ainda transido de emoção tantos e tantas jovens a circular pelo 52º Congresso da UNE, orgulhosos de seus juvenis e baratos adereços a exaltar o emblema da foice e do martelo, e por isso mesmo a valer tanto! E eu, confesso, ainda meio solitário a pensar nessas questões quiçá inverossímeis. E sobretudo a pensar que é possível sim, traçar esse continuum histórico do PCdoB até a Mantiqueira, e desde lá até o futuro socialista. e neste caminho render nosso tributo aos nossos próceres, a Gregório Bezerra, a Diógenes Arruda, a Pedro Pomar e a Amazonas. Há que conhecê-los, buscar o fio da meada de quem fomos, do que somos e e do futuro que realizaremos.
Elza Monerat a sempre lembrada militante exemplar!
Mauricio Grabóis lider da luta de idéias e heroi do Araguaya.
Gregório Bezerra outro resistente ao liquidacionismo.
Zé Duarte,João Amazonas e Diogenes de Arruda Camara, na chegada de Amazonas do exílio. Seria a última foto de Arruda, que morreu de infarte logo depois.
O Blog goiano "Coletivizando" publica interessante artigo de Paulo Vinicius que enriquece e reacende a luta de idéias e historia parte do debate sobre o papel do PCdoB no embate contra o revisionismo e o liquidacionismo.E mostra alguns dos heróis desta luta que permanece até hoje!
Coletivizando reflexões sobre heróis e a História do Partido Comunista do Brasil
Paulo Vinícius
“Gostaria de ser lembrado como o homem que foi amigo das crianças, dos pobres e excluídos; amado e respeitado pelo povo, pelas massas exploradas e sofridas; odiado e temido pelos capitalistas, sendo considerado o inimigo número um das Ditaduras Fascistas”.
Gregório Bezerra
Lendo o texto de Anita Leocádia Prestes sobre o Gregório Bezerra, que tem seu livro Memórias reeditado, felizmente, aproveito e rendo homenagem a esse verdadeiro herói do povo brasileiro, que ela tão bem retrata. Seu exemplo pessoal de dignidade e fidelidade é inquestionável. Ainda assim, sinto-me obrigado a dizer que Gregório Bezerra faz parte de uma geração de líderes comunistas que se confrontou duramente desde o fim dos anos cinquenta do século passado. Como infelizmente sói ocorrer entre seus pares de geração, é tremendamente injusto e duro em seu livro Memórias ao tratar de Diógenes Arruda Câmara, o que não é de todo estranho.
Zé Duarte, João Amazonas, Diógenes Arruda Câmara na chegada de Amazonas do Exílio. Arruda, emocionado, passou mal, e faleceu a caminho do hospital, ele que saiu com a saúde devastada dos porões da tortura. Essa é uma de suas últimas fotos. Fonte:Vermelho.
Curioso é que, pelo que lembro, citando de memória, Gregório Bezerra critica Arruda Câmara de modo até divertido em certo momento, quando diz que ele era o "Stalin Brasileiro", mas "sem a genialidade do camarada Stalin" (sic).
Dois homens frutos do sertão nordestino, signos de uma sertaneja raiz rubra, tenaz ao extremo, dois heróis dos oprimidos.
Ainda assim, pessoas, seres humanos, gente que luta, procurando acertar. Mas o conflito, de concepções inclusive, é da vida, e é bom que seja assim. Arruda Câmara ainda está para ser resgatado. Para isso, quero coletivizar com vocês dois artigos de Augusto Buonicore, que mitigam esse silêncio: Diógenes Arruda, o guerreiro sem repouso.
Sobre heróis a resgatar
Infelizmente, a historiografia de esquerda no Brasil deu pouco destaque a lutadores extraordinários como Maurício Grabois, João Amazonas, Diógenes Arruda Câmara, Carlos Nicolau Danielli, Zé Duarte e Elza Monerat, para citar alguns. A democracia, a esquerda e o movimento comunista no Brasil, no entanto, devem muitíssimo a eles.
Elza Moneratt
Na Conferência clandestina da Mantiqueira (1943), o Partido Comunista do Brasil foi reconstruído dos golpes sofridos pela ditadura do Estado Novo varguista. Os Estados pariram uma geração de líderes responsáveis pelo sólido crescimento vivido no período seguinte. Mais que isso, forjaram a principal referência comunista para as décadas seguintes. Pedro Pomar e Amazonas do Pará, Maurício Grabois, Diógenes Arruda Câmara, Carlos Marighella e Mário Alves seriam parte da Comissão Nacional de Organização Provisória, que tinha ligação com Prestes na prisão e que retomou o Partido, esfacelado pela repressão.
Aí residiu um ponto de inflexão. Uma direção sólida conduz o PCB a um caminho de crescimento, eleitoral inclusive. O Partido intervém na vida nacional cumprindo destacado papel na unidade contra o eixo e na composição da FEB. Os Comunistas na Constituinte de 1946 propugnam pela liberdade de culto e religião e a natureza laica do Estado, pelo direito de greve, o Partido realiza os comícios com Prestes para milhares de pessoas, possuía uma rede impressionante de jornais etc.
Bancada Comunista na Constituinte de 1946: Observem Amazonas , Prestes e Grabois no centro da fotografia.
Gregório Bezerra, José Maria Crispim, Maurício Grabois, Claudino José da Silva, Joaquim Batista Neto, Osvaldo Pacheco, Abílio Fernandes, Alcides Sabença, Agostinho Dias de Oliveira, João Amazonas, Carlos Marighela, Milton Caires de Brito, Alcedo Coutinho e Jorge Amado, a que se somaram posteriormente, eleitos sob outra legenda (do Partido Social Progressista, PSP), Pedro Pomar e Diógenes Arruda Câmara.
É essa direção, em essência, que se cindirá com os desdobramentos do 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética. Daí, seja o PCB (Brasileiro), seja o PCdoB (do Brasil - como era o nome antes), reivindicarem o legado do mesmo PCB. Por um tempo isso ficou referenciado numa suposta oposição entre líderes, projetando as imagens de Prestes - uma referência imensa - e Amazonas. Esse mito esboroou-se já em 1980, quando, após seu regresso da URSS, Prestes rompe com a direção do PCB através da Carta aos Comunistas. O problema era bem maior que uma mera oposição de personalidades. E vêem-se as dificuldades de quem persistiu no PCB - sem Prestes e sem Gregório Bezerra - até a sua debandada, e agora reivindica a memória desses próceres como fio histórico que lhes ligue a 1922, muito diferentemente dos que não aceitaram desde os anos 60 o reformismo kruschevista.
A saída do próprio Prestes do PCB, para mim, simboliza o fim de uma diáspora progressiva e incontornável que varreu a maioria vitoriosa no cisma do PCB, corporificada na Declaração de Março de 1958, que marca o enquadramento brasileiro às teses exaradas desde Moscou no congresso precedentemente citado. De um lado, Prestes e a URSS e a maioria. Do outro lado, em defesa do legado de 1922 e da Mantiqueira, reivindicando um congresso, cem camaradas. Parece que teve um que retirou a assinatura. O detalhe é que dentre esses 99 estavam quadros de altíssimo relevo, figuras de proa em todo o momento anterior. dentre eles Grabois, Amazonas e Pomar, e depois, Arruda. E se o PCB foi de abismo em abismo, o PCdoB, ao contrário, escalou uma imensa serra com uma determinação inexorável.
O tempo cobraria caro o seguidismo de Moscou. Os erros do PCB no trato da escalada golpista de 1964 e na resistência que poderia lhe ter oposto, em parte podem ser atribuídos à mecânica incorporação ao cenário nacional da tese do "caminho pacífico" de Kruschev. Desmoralizou-se o instrumento central dos oprimidos ante o arbítrio da gorilada. O impacto da derrota iniciou a dispersão dos que firmaram a Declaração de Março de 1958. Marighella e Mário Alves foram dois expoentes e heróis do povo que romperam e compuseram parte do exemplo dos anos seguintes, que viram o PCB minguar e a esquerda se dividir em uma série de organizações. A Ditadura, ademais, cobrou altíssimo preço em sangue de ambas organizações. O PCdoB, ademais, fez a Guerrilha do Araguaia, que é o ponto mais alto no combate com a Ditaura, enfrentando as forças regulares. O primeiro reconhecimento da capacidade de superação e do heroísmo do Araguaia, no entanto, veio primeiro dos que protagonizaram o cruel martírio dos guerrilheiros que de boa parte da esquerda, infelizmente.
A despeito disso, O PCdoB manteve uma linha que, malgrado acidentada, tem um curso de avanços. Por muito pequeno, no entanto, além de atingido de modo terrível pela repressão, os seguidores de Amazonas, Grabois, Pomar e Arruda Câmara prosperaram no tempo. E contaram com um trunfo valioso para o futuro, incorporaram a Ação Popular, principal liderança da juventude estudantil da época.
Um reconhecimento que os revisionistas jamais fizeram
A História cobra caro o erro em política. A rebeldia de parte do núcleo central da conferência da Mantiqueira foi o Grito do Ipiranga da independência intelectual dos comunistas no Brasil. Os caminhos dos anos seguintes, no entanto, mostraram-se sumamente duros para os que ousaram pensar com a própria cabeça. No fim do túnel dos 21 anos de arbítrio, de tortura e cárcere, de morticínio e desaparecimentos de camaradas que perdura até hoje, depois de tudo, os duzentos e sessenta mil comunistas no Brasil filiados ao PCdoB significam a continuidade prática e viva do Partido de 1922, ou pelo menos da Conferência da Mantiqueira, que inaugura um núcleo nacionalmente sólido da direção comunista no Brasil.
Não foi à toa que esse aparente "milagre" aconteceu. Pode-se buscar outros exemplos pelo mundo, em que o cisma do movimento comunista originou no geral dois partidos, um pró-soviético e um crítico, no geral simpático à China. Pelo mundo afora, quantos desses partidos se mantiveram, quantos cresceram e quantos chegaram ao governo de seus países? E quantos inverteram a tendência, tornando-se a ampla maioria do movimento comunista num país com o potencial do Brasil? Aí tem tecnologia nacional. E o seguidismo mostrou-se um guia pouco confiável.
A contribuição do Brasil ao socialismo tem de ser brasileira
Entre outras coisas, o PCdoB encerra nas suas formulações qualidades nacionais, como a capacidade de fazer mediações e ousar em encontrar saídas próprias. Firmeza de princípios e flexibilidade tática. Diógenes Arruda talvez dissesse "Ampliar radicalizando, radicalizar ampliando". Não poderia ser diferente, num país como o Brasil. Nossa formação é complexa e está fora dos parâmetros europeus que, no entanto, por muito tempo influíram de modo exagerado em nossa formação e rumos.
Se a transição para o socialismo é um debate central e decisivo, que dirá a transição brasileira! Herdeiros somos ainda hoje das contribuições de José Bonifácio. Nosso povo é mestiço, temos profunda, fluida e sincrética religiosidade, somos sensuais e carnavalescos, diferentes. Então tem coisa que não cabe na cabeça de quem está muito acima do Equador.
Daí que pudemos sem grandes sofrimentos dar uma resposta simples e efetiva a um problema gravíssimo, a solução do conflito internacional que ainda dividia o movimento comunista internacional em plena derrota do ciclo europeu iniciado na União Soviética. Numa sessão com as delegações internacionais presentes ao 8º Congresso do PCdoB, realizado em Brasília, de 3 a 8 de fevereiro de 1992, João Amazonas profere suma fala entitulada "Pela unidade do Movimento Comunista". Tratou a questão frontalmente:
"Achamos que é necessário alargar os horizontes, e entender bem o processo objetivo e subjetivo que se passa no movimento comunista mundial. A derrota do socialismo na União Soviética despertou não apenas a nós, que nos consideramos marxistas-leninistas. Influiu também no que há de movimento organizado. Partidos que seguiam o PCUS, face à nova situação, tratam de fazer certo realinhamento no terreno ideológico. Não são todos, mas diversos o fazem, e com relativa segurança. Como devemos encarar esse problema? Desconhecer o fato? (...) Também aí há forças revolucionárias que despertam face ao sucedido na União Soviética. (...) aqui ainda não estão todos os revolucionários do mundo."
E foi além:
"A verdade é que vivemos uma crise que já dura mais de 30 anos. E muita gente não se deu conta que essa é uma questão fundamental. (...) Temos de nos debruçar seriamente sobre esse problema da crise do socialismo, temos de enfrentá-la, ou não conseguiremos passar à ofensiva contra o capitalismo e fazer a revolução."
Uma palavra sobre Amazonas
Se 1943 marcou o surgimento daquela geração. 1962 marcou sua divisão e a luta pela sobrevivência da direção surgida em 1943. Já o 8º Congresso, em plena crise, tinha como testemunha atuante de todo aquele ciclo histórico aquele decano, filho de um padeiro que viria de uma família humílima do Pará. Observem, todos os antigos já haviam partido ou perdido sua força e liderança, exceto Elza Moneratt. Amazonas, no entanto, liderava uma organização pródiga em quadros, rejuvenescida e com futuro. Assim, mais uma vez, essa correção política assegurou o futuro até hoje. Vale a pena assistir o vídeo com a última entrevista de João Amazonas, lúcido e sereno, realizada poucos meses antes de sua morte, para aproveitar um pouco desse manancial de que ainda bebemos.
Podemos olhar a trajetória de tantos heróis que nos antecederam, com o sereno respeito da responsabilidade de lhes continuar a caminhada. E isso implica, sim, resgatar uma história que não está escrita, nomes e biografias de mártires que seguem insepultos clamando por justiça, como os guerrilheiros do Araguaia. Nesse terreno é que chafurdou a Carta Capital com o infeliz artigo de Lucas Figueiredo acerca de Maurício Grabois, herói e mártir do Araguaia, ao portar-se como detrator, não um jornalista. Por sorte, Osvaldo Bertolino e Adalberto Monteiro levantaram-se contra a injustiça. Vale lê-los. Como se vê, há uma disputa intelectual acerca do nosso legado.
Mas o olvido é passageiro. Graças ao PCdoB, o fio vermelho da História não se perdeu, malgrado as intempéries. Recordo ainda transido de emoção tantos e tantas jovens a circular pelo 52º Congresso da UNE, orgulhosos de seus juvenis e baratos adereços a exaltar o emblema da foice e do martelo, e por isso mesmo a valer tanto! E eu, confesso, ainda meio solitário a pensar nessas questões quiçá inverossímeis. E sobretudo a pensar que é possível sim, traçar esse continuum histórico do PCdoB até a Mantiqueira, e desde lá até o futuro socialista. e neste caminho render nosso tributo aos nossos próceres, a Gregório Bezerra, a Diógenes Arruda, a Pedro Pomar e a Amazonas. Há que conhecê-los, buscar o fio da meada de quem fomos, do que somos e e do futuro que realizaremos.
terça-feira, agosto 02, 2011
Acorda Chaves, liberte Julian Conrado. "El cantante de las FARC"!!
Reproduzimos aqui postagem do partido irmão-PCB
CARTA DE JULIAN CONRADO, DIRIGENTE DAS FARC
31 JULHO 2011
Afirma Julián Conrado: “quero que saibam que, aconteça o que acontecer, não me renderei nem trairei”
Resumen Latinoamericano/Aporrea - O compatriota Tamanaco de la Torre nos fez chegar a informação que compartilhamos. Na mesma, consta informação acerca do paradeiro e estado do cantor e revolucionário Julián Conrado.
Como é de ciência do mundo, em 31 de maio, no operativo conjunto das polícias venezuelana e colombiana, foi detido-sequestrado ilegalmente na Venezuela, no estado de Barinas, o cantor revolucionário colombiano Julián Conrado. Atualmente, se desconhece o curso do “procedimento legal” para sua entrega ao governo da Colômbia, país no qual existem 7.501 (agora seria mais um) presos políticos, produto da guerra civil que afeta o país irmão há mais de sessenta anos, aos quais são violados seus direitos humanos e negados o devido processo.
Crédito: Resumen
Nas palavras de Julián, entregá-lo à Colômbia seria “... a tortura e a morte...”.
Hoje sabemos que está em Boleíta, na sede da Direção Geral de Inteligência Militar (DIM), em Caracas.
Há 52 dias está incomunicável e sequestrado. Assim como nosso comandante Chávez fez para desmentir sua renúncia, na base militar de Turiamo, onde também se encontrava desaparecido e sequestrado em abril de 2002, quando pediu ajuda a seu cabo da Guarda Nacional, Juan Bautista Rodríguez, o “Cabos de Tres Soles”, nosso cantor colombiano Julián, conseguiu a solidariedade de um humilde soldado bolivariano que nos fez aparecer o trovador da selva através de umas linhas de agradecimento que divulgamos a seguir.
Julián nos faz chegar sua luz, das sombras do cárcere, por meio de uma carta de agradecimento às pessoas decentes do mundo que compreendem o valor da solidariedade e a importância da defesa intransigente do Direito Internacional Humanitário. Diz assim (anexamos cópia fiel e idêntica da mesma):
Irmãos e irmãs de todas as partes do mundo que me brindam com solidariedade. De meu cativeiro na República Bolivariana da Venezuela, agradeço seu apoio e a força que me dão para seguir adiante.
Sei que, de acordo com os tratados e leis internacionais, inclusive as próprias leis da Venezuela, minha extradição para a Colômbia ou para os Estados Unidos não é possível. O Comandante Chávez sabe perfeitamente que nenhuma razão do Estado pode estar jamais acima dos direitos inerentes à pessoa humana e os princípios revolucionários. Além disso, o camarada Chávez sabe que essa decisão não teria outro significado que o da tortura e da morte. O que eu digo é muito claro: “a qualidade mais bonita de um revolucionário é sentir no seu eu mais profundo qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo”.
De todas as maneiras quero que saibam, aconteça o que acontecer, não me renderei nem trairei. Definitivamente, o coração não me deixa outra opção: esteja onde estiver, seguirei sendo fiel à bela causa da paz com justiça e com amor. Bom... é como já disse meu irmão Alí Primera: “Não só de vida vive o homem”.
Não deixei de cantar e tenho duas novas canções. Quando a questão do meu asilo for resolvida, mostrarei as minhas canções para todos vocês.
Um abraço de todo coração.
AMANDO VENCEREMOS!
Julián Conrado
Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/index.php?option=com_content&task=view&id=2884&Itemid=1&lang=en
Tradução: Maria Fernanda M. Scelza
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