segunda-feira, março 31, 2014

DITADURA NUNCA MAIS! PUNIÇÃO E PRISÃO PARA OS TORTURADORES, ASSASSINOS E SEUS ACÓLITOS!

Gostaria de estar presente neste ato! Fui preso e levado pra este "inferno" duas vezes, a ultima e mais longa temporada, em setembro de 1973, onde fui tão barbaramente torturado, que sequelas me atingem até hoje. Lá junto com o pessoal do Hospital Central do Exército em São Paulo, alí no Cambuci, tive um rim tão esmagado que está em mim necrosado até hoje, perdi a maioria dos dentes arrancados a alicate e outras "cosistas" mais. Mas na primeira vez em 1971. tambem experimentei o pau de arara, a "cadeira do dragão" e todos os outros tipos de torturas que nos submetiam, homens, mulheres, jovens indistintamente. Sou um sobrevivente daquele que junto com o DOI-CODI do Rio de Janeiro, na Barão de Mesquita, onde também fui "hospede" algumas semanas e passei pela famosa "geladeira e outras atrocidades. DITADURA NUNCA MAIS! PUNIÇÃO E CADEIA AOS TORTURADORES E SEUS ACÓLITOS!
Relato de Adalberto Monteiro hoje no Facebook:Participei, neste 31 de março, do Ato Ditadura nunca mais, no pátio do antigo DOI-CODI/OBAN, na rua Tutóia, em São Paulo. Neste local funcionou um verdadeiro centro de extermínio. Mais de oito mil pessoas aqui foram presas e torturadas e cinquenta delas assassinadas. Punição aos torturadores, ditadura nunca mais, e mais e mais democracia hoje e amanhã.

quinta-feira, março 27, 2014

50 anos da ditadura militar/civil! DITADURA NUNCA MAIS!!!

Ivan Seixas: O homem do Consulado dos EUA que visitava o DOPS



Especial – 50 anos do golpe

Um golpe contra o Brasil
por Ivan Seixas* — publicado 25/03/2014 08:55, última modificação 25/03/2014 09:23
Da CartaCapital 
Engana-se quem acha que a ditadura foi implantada, em abril de 1964, com uma quartelada ou alguma ação improvisada de militares furiosos. Foi um golpe de Estado anticomunista, antioperário e antinacional, dentro da histeria da Guerra Fria, em uma agressão escancarada para impor um minucioso projeto econômico e social desenvolvido segundo os interesses do capitalismo estrangeiro e seus aliados nacionais.
Para impor esse projeto econômico e social era necessário impor o arrocho salarial e medidas impopulares sem precedentes. E para que isso se efetivasse era necessário o terrorismo de Estado e a cumplicidade e cooperação do empresariado nacional.
A grande maioria dos sindicatos de trabalhadores sofreu intervenção, que passaram a ser dirigidos por gente de confiança da ditadura e dos patrões. Para garantir a repressão, uma extensa rede de repressão se instala desde os primeiros momentos da ditadura sob o comando do temido SNI — Serviço Nacional de Informações, complementada por agentes de repressão particular dentro das fábricas, contratados pelos empresários. Essa cooperação é prevista no organograma do SISNI – Sistema Nacional de Informações, que destaca as “Comunidades Complementares” com os convênios com “Entidades privadas conveniadas”.
Toda essa rede de arapongas a serviço do empresariado foi detectada pela Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva, de São Paulo, com base em documentos oficiais do SNI, guardados no Arquivo Nacional. Do mesmo modo, o Arquivo do Estado de São Paulo guarda documentos que mostram que as empresas entregavam as fichas funcionais de seus empregados ao DOPS – Departamento de Ordem Política e Social para que fossem perseguidos pela temida repressão política e essa perseguição servir de desculpas para demitir e colocar o nome do perseguido nas “listas negras” daqueles que não poderiam conseguir emprego mais. Suas famílias passavam fome e os empresários impunham assim o medo da demissão e a submissão dos trabalhadores dentro do projeto implantado em abril de 1964.
A Comissão Estadual descobriu também os livros de entrada e saída no DOPS. Não o livro de entrada de presos, mas o de visitantes do departamento. Sem nenhuma dúvida, o visitante mais constante era um funcionário da FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Geraldo Resende de Mattos, homem de confiança do chefe da entidade patronal. Suas visitas nem sempre têm registrado o horário de saída. Numa dessas vezes, a entrada foi pouco antes das seis da tarde e sua saída se dá no dia seguinte quase sete horas da manhã. Óbvio que o funcionário da FIESP ia lá organizar a repressão ao movimento sindical já amordaçado, reprimido e duramente perseguido. Mais uma vez o projeto econômico e social implantado em 1964 era garantido pela repressão política da ditadura sem nenhum disfarce, bem longe da civilidade ou legalidade.
Outro que visitava muito aquele órgão de repressão, tortura e extermínio e opositores à ditadura militar era Claris Halliwell, graduado membro do consulado geral dos EUA, que entrava e saía com muita frequência e também não tinha horário de saída registrado ou só saía no dia seguinte. Em geral, sua presença lá coincidia com os dias em que aconteciam terríveis sessões de tortura a membros da resistência ao estado de terror imperante. Sua entrada acontecia junto com conhecidos torturadores do DOI-CODI de São Paulo como o tenebroso Capitão Ênio Pimentel Silveira, notório torturador e assassino de presos políticos. A entrada dos dois indica que participavam das sessões de torturas, como é o caso do dirigente do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT), Devanir José de Carvalho, Comandante Henrique, barbarizado por quase três dias seguidos e assassinado ao fim dessa jornada.
Torturas, assassinatos e desaparecimentos de opositores militantes de organizações revolucionárias de luta armada aconteciam no mesmo lugar e com a mesma atenção que a repressão ao movimento sindical e de trabalhadores em geral. A ligação que há entre Mister Halliwell e Geraldo Resende de Mattos é o projeto econômico e social implantado em 1964, com orientação, apoio e acompanhamento do governo americano ao Estado usurpado pelos golpistas civis e militares, que se perpetuaram por longos 21 anos seguidos no poder. Causaram danos em, pelo menos, três gerações de brasileiros e estão impunes até hoje.
Nesse momento em que se marcam os cinquenta anos do assalto ao poder por gente que não tinha compromisso com a democracia e menos ainda com o País, devemos refletir o que se pode fazer para o Brasil continuar e aperfeiçoar suas instituições. Cometeram crimes de lesa-humanidade e também crimes de lesa-pátria, pois causaram danos ao povo trabalhador, aos jovens, à cultura nacional, à economia nacional e às instituições nacionais. E continuam impunes. As mortes são imperdoáveis, mas o que se pode dizer da fome causada aos trabalhadores colocados nas chamadas “listas negras”? Não eram “apenas” os trabalhadores, mas todos os componentes de suas famílias. Danos morais, políticos e econômicos em mulheres, crianças e idosos. Não há como perdoar. Tudo cometido em nome de um maldito projeto econômico e social de uma potência estrangeira.
*Ivan Seixas, ex-militante do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT), foi torturado ao lado do pai, assassinado pelo regime. Hoje Seixas preside o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana. Seu relato faz parte da série de 50 depoimentos coletados para o especial Ecos da Ditadura, sobre os 50 anos do golpe civil-militar de 1964

quarta-feira, março 19, 2014

BOLETIM DE DOENÇA!

Estou há duas semanas esperando providencias para fazer uma ressonância do cérebro e um  doupler na perna  direita. Fui vitima de um AVC Temporal na segunda feira antes do Carnaval.Me deixou com o lado direito do corpo praticamente paralizado. Aos poucos os movimentos foram voltando, mas as seqüelas(dor e fraqueza na perna direita, continuam). Meu médico, o eficiente e genial Hudson Mourão Mesquita, alem de me medicar urgentemente, como de praxe, me pediu os dois exames. Começou ai minha peregrinação.

Clinica particular nem pensar, pois gastaria mais de 1.500 reais(o que não tenho), fui apelar  aos amigos. Messias de Souza, meu camarada e amigo, administrador de Brasilia, passou dias tentando conseguir via SUS os exames na rede publica do DF. Colocou até uma funcionária sua para acelerar as coisas. Até o Secretário de Saude, meu amigo de priscas eras, Rafael foi acionando, mas nada. Cai na malha da burocracia que me exigiram tantas coisas que estou até hoje, dia 19 de março, aguardando um sinal e uma data para os exames. Nada até agora.


Se tiver um novo AVC pode não ser temporal e ser mais  agudo, pois meu médico não pode tratar das causas, sem descobrir as origens, só reveladas pela ressonância e pelo doupler. Mas fico aqui no aguardo e torcendo para que meu organismo, que já resistiu a três tiros na cabeça, uma lesão na medula,  que me deixou paralítico por mais de dois anos,torturas infindáveis nos DOI-CODIs, um rim triturado e necrosado e outras barbaridades, resista a mais  um ataque natural contra ele. Sou forte e resistirei a tudo. Mas não me  conformo de uma burocracia que não obedece sequer o Secretario da Saude. Mas vamos lá. A Revolução e o socialismo  triunfará, apesar deles e até de nós!

"PROCURANDO MONICA"

José Trajano

Acabei de ler “Procurando Monica”, de José Trajano. Emocionante, fácil e prazeiroso de ler, mas ficou aquele sentimento de “Deja Vu”. Trajano fica nos devendo o “grand finale”, em outro livro talvez. E ainda, já que começou como memorialista, um livro sobre sua trajetória de jornalista esportivo e que revolucionou a profissão e a crônica esportiva, mais suas andanças pelo Brasil e pelo Mundo afora vivendo e trabalhando ao mesmo tempo.
Em “Procurando Monica”, ao final fiquei esperando a cena entre Zézinho e Monica, como Jofre Soares  e Mirian Pires, se amando  carnalmente como no memorável filme de 1977, de Cacá Diegues, “Chuvas de Verão”. Quem sabe na continuação...
Me vi retratado ali, como diria minha amiga Maria Luiza Araújo, na cena inacabada como eu e a moça penapolense de Sorocaba, que nem ata nem desata. Ela resistindo a nova vida e eu frustrado e incompleto, indo em busca de não um  amor intenso, mas uma paquera dos tempos de juventude na querida Penápolis e que finalmente pode render algo de novo em minha vida!
Por fim, reproduzo aqui mensagem de meu amigo Luiz Carlos Antero no Facebook:

Luiz Carlos Antero mencionou você em um comentário.
Luiz escreveu: "O José Trajano é o protagonista do meu primeiro emprego, no Rio de Janeiro, nos anos de chumbo da ditadura civil-militar, Luiz. Fui ao Jornal dos Sports indicado por um amigo comum e ele me disse: "a Sheila (era a viúva do Mário Filho, nome de batismo do Maracanã, irmão do Nelson Rodrigues) não está empregando ninguém". No entanto, deu o jeito dele e me manteve por lá por uns dois meses. Foi quando o Celso Itiberê, editor de Esportes do Globo, solicitou que ele indicasse dois repórteres. Eu fui um deles. Entre diversos episódios notáveis, minha primeira cobertura (pauta dele) foi de um jogo entre os times juvenis do Vasco e do Flamengo, em São Januário. Quando cheguei na redação, ensaiei um texto manual; ele rasgou o papel e disse, imperativo: na máquina (ao que lembro, uma Olivetti do tipo gigante). É com orgulho que lembro de ter conhecido esse comunista sanguíneo, solidário, de luta, torcedor do América e rubro até nas opções esportivas. Entre as lendas que corriam ao seu respeito, uma delas é que tomava porres de cointreau (kkkk, um dia, em Brasília, experimentei; é brabo). Mas o melhor mesmo é que eu soube: no ESPN, foi Trajano que inspirou vídeos documentários sobre o período da ditadura, temas políticos diversos, envolvendo inclusive heróis como o Osvaldão. Quero ler esse livro "procurando Mônica".

Eu acrescento que além de Trajano, na ESPN tem o Helvidio Mattos, figura impar com quem trabalhei nos “Diários Associados”, de São Paulo, que fez realidade as idéias e projetos de Trajano!


Noite memorável

Joelson Meira*


Quem assistiu ao encerramento dos Jogos Olímpicos em Sochi , na Rússia, conseguiu vislumbrar valores da civilização que deixou o maior legado de conquistas sociais , históricas , culturais e vigilância sobre o fascismo , o nazismo e o retrocesso da barbárie que ronda a humanidade . 

Quem presenciou , hoje , o lutador de artes marciais Vladimir Putin reafirmando a soberania da Rússia sobre um território que foi entregue à Ucrânia por um gesto fanfarrão do contra-revolucionário Nikita Kruchov , sabe , muito bem , o significado desta data perante a máquina de guerra intervencionista chamada Estados Unidos . 

Ao retomar a Chechênia , ao promover a re-estatização de setores estratégicos - construídos pelos trabalhadores da União Soviética e entregues aos mafiosos capitalistas de Gorbachov e Ieltsin - ao enfrentar a OTAN em questões relevantes da geopolítica mundial , o Tenente - Coronel de São Petesburgo , com mandato presidencial até 2018 manda o maior recado da luta antiimperialista da atualidade àqueles que se consideram os donos do mundo . 

O Referendo na Crimeia , o apoio e ajuda à maioria russa naquele território , a Política econômica e o fortalecimento do Petróleo e Gás nacionais , o investimento em indústria nuclear e defesa , a elevação de índices na indústria naval com satélites de última geração , fabricação de caças sukov em co-gestão com a Índia ( proposta feita ao Brasil e , por medo , recusada ) e , por último, a independência com os EEUU e Reino Unido nas políticas externas , defendendo a não intervenção em outras nações , fazem do atual presidente da Rússia , Vladimir Putin , um pólo aglutinador de grande porte , na resistência à sanha criminosa e bestial da história contemporânea , chamada Estados Unidos da América . 

Confesso que hoje à noite , ao presenciar o discurso de Putin no Parlamento Russo , - guardada a devida diferença temporal da revolução de 1917 - voltei na história da minha jovial militância de sonhos e entrega da vida por uma nova ordem internacional , socialista e longe do domínio cruel , opressor e violento patrocinado pelos Bushs e Obamas da vida , bonecos de ventriloucos do capitalismo de guerra , perverso e suicida que domina os povos do planeta ! 

As ameaças americanas , até agora , se prendem a embargos econômicos , anunciando a supressão de 300 bilhões de dólares em investimentos externos, dos capitalistas gananciosos do mundo ocidental na Rússia . Ogivas nucleares e Mísseis balísticos de última geração , apontados para Washington e uma frota moderna nuclear de navios e submarinos , mostram a Obama que a Rússia não é a Síria , o Iraque , o Afeganistão , a Líbia , quando a covardia do império trucidou aqueles povos indefesos ! 

As resistências aparecem , deixam minha geração entusiasmada e animam as gerações que nos sucedem mostrando caminhos tortuosos na busca da paz , emancipação , liberdade , fraternidade e progresso social . O socialismo vive . Viva o socialismo !


Joelson Meira é advogado, militante politico e representa os baianos em Brasilia

terça-feira, março 18, 2014

O Amor não morre!!!!


Comecei a ler hoje, “Procurando Monica” do jornalista e cronista esportivo José Trajano, editado pela Cia. Das Letras. Não acabei ainda, mas estou adorando. È uma história parecida com as que tenho vivido ultimamente com uma bela e sensual senhora que vive hoje em Sorocaba e foi um grande amor da minha vida, que perdi na juventude, para a vida e outro cabra. O texto e a narrativa de José Trajano é deliciosa e perspicaz.
Depois deste maravilhoso livro, José Trajano fica devendo a nós leitores e ao Brasil, um outro livro, narrando suas histórias como jornalista e cronista esportivo. Deve ter muitas coisas que viveu ou ouviu falar que merecem ser narradas. E devo dizer ainda, que José Trajano em seu livro “Procurando Monica”, passa por vários momentos do Brasil, que vão da década de 60 do século passado, até quase os dias de hoje. E ele não se inibe e denuncia a Ditadura, alguns de seus algozes e seus efeitos na alma dos brasileiros. Grande livro e grande José Trajano!!

Surtando pelas páginas do livro de José Trajano, “Procurando Mônica”, me vem a memória a musica de Lupiscinio Rodrigues, imortalizada por Paulinho da Viola, “Nervos de Aço”, que me remetem aquela garota que amei loucamente em Penápolis e se foi um dia com outro e depois a revi em Sorocaba, linda, charmosa e teimosa, como sempre. Ai vai a letra da musica para quem sabe recordar e viver:
Nervos de Aço
Você sabe o que é ter um amor, meu senhor?
Ter loucura por uma mulher
E depois encontrar esse amor, meu senhor,
Ao lado de um tipo qualquer?
Você sabe o que é ter um amor, meu senhor
E por ele quase morrer
E depois encontrá-lo em um braço,
Que nem um pedaço do seu pode ser?
Há pessoas de nervos de aço,
Sem sangue nas veias e sem coração,
Mas não sei se passando o que eu passo
Talvez não lhes venha qualquer reação.

Eu não sei se o que trago no peito
É ciúme, é despeito, amizade ou horror.
Eu só sei é que quando a vejo
Me dá um desejo de morte ou de dor.

segunda-feira, março 17, 2014

Obscurantismo de filhos, afasta a mãe de relacionamento!

Meus  queridos   amigos de Penápolis e do Mundo 2
Como anunciei há semanas atrás aqui, meu reencontro com “Belinha”, a Isabel Prouvot e o inicio de um relacionamento que tinha tudo para dar certo, volto a este espaço para dizer que nosso caso acabou. Os filhos  de “Belinha” não concordaram com nosso relacionamento e exigiram da mãe o rompimento. Ela diante das pressões capitulou e para continuar vivendo  em harmonia com seus filhos, decidiu se afastar de mim.

Discordei de sua posição, pois ela merece ser feliz, depois de mais de 4 anos de viúves, mas respeito  sua decisão e me afasto definitivamente. Agora é tocar minha vida, mesmo chocado com o comportamento de filhos que não querem ver a felicidade de sua mãe!

terça-feira, março 11, 2014

Estou de amor!!! Embevecido!!!

Meus queridos amigos de Penápolis e do Mundo!
Reencontrei uma paquera e paixão recolhida dos tempos de juventude lá de Penapolis; Nossa querida “Belinha”,  a Isabel Prouvot. Hoje uma linda e charmosa   senhora que mora em Piracicaba, viúva e com seus filhos.  Foi um reencontro  fugaz, rápido, mas  que, como  uma  fagulha que incendeia uma pradaria, despertei nela o amor e a paixão que naqueles idos de 60 me tocava e se recolhia.

Acho que nos redescobrimos também e a paixão   aflorou, desembestada como um corisco. Agora estamos nos preparando para curtir a paixão  que esta em nós e procurarmos  sermos felizes sem magoar ninguém e  agregando todos  que em torno de nós gravita! Ela  se transformou na minha musa e inspiração para superar os problemas e agruras que a  vida nos interpõem! Aos amigos peço que torçam pela nossa  felicidade e que sei  vai ser eterna como a vida e contagiar todos que em volta de nós vive e torce!

quinta-feira, março 06, 2014

Em homenagem a "Osvaldão", o guerrilheiro do Araguaya que sempre foi líder e respeitado!

ARTIGO
A propósito do Araguaia

Osvaldo Orlando da Costa era um homem grande e simples, como seu nome. Tinha mais de dois metros de altura, era negro e bonito. Eu o conheci quando ele terminava o curso de Engenharia na Universidade de Praga, na Checoslováquia, no início dos anos 60. Eu estava chegando para estudar e ele já estava quase de saída.
Osvaldão, como era mais conhecido, era um líder inato. Aliava o bom humor contagiante com uma bondade infinita. Sempre disponível para estudar com os colegas checos e latino-americanos, andava permanentemente rodeado de estudantes, falando alegremente e chamando a atenção dos circunstantes. Sua capacidade de liderança era inconteste: chegou a participar da organização de um dos primeiros centros acadêmicos da Universidade de Praga. Alguns anos mais tarde esse tipo de atividades desembocaria na Primavera de Praga, um movimento que se iniciou a partir da mobilização de intelectuais e de estudantes.
Figura exótica no contexto europeu dos anos 60, Osvaldão era foco de curiosidade por onde quer que andasse:
- “Quando cheguei, os meninos passavam saliva no dedo e esfregavam meu braço, para ver se a cor saía! As pessoas passavam a mão no meu cabelo! Nunca tinham visto um negro antes.” - ele me contava.
Chegou até a figurar em vários filmes na Checoslováquia. Sua estampa era cobiçada pelos cineastas também no Brasil, onde queriam que ele interpretasse Zumbi
dos Palmares.
Uma vez foi um grupo de brasileiros a uma festa de comemoração do aniversário da independência do Quênia. Osvaldão fez o maior sucesso! Um dos integrantes do grupo de repente virou-se para os demais e disse:
- “Vou-me embora, gente! As checas que estão nessa festa estão a fim de preto, não a fim de branco! Aqui o preconceito existe, sim. É francamente favorável aos negros!” - completou. E saiu.
Osvaldo Orlando da Costa, o Osvaldão: “desaparecido” em Xambioá, em 1974
Em outra ocasião estávamos percorrendo o Campus da Escola de Engenharia da Universidade de Praga e Osvaldão cruzou com alguns amigos africanos, que conversaram com ele em francês por alguns minutos. Quando se afastaram, pôs-se pensativo e comentou:
- “É, Sandrinha. Preciso mesmo voltar pro Brasil! Onde já se viu preto falando francês? Tô ficando besta, sô!” - e soltou aquela gargalhada.
Já estava preparando sua volta. Tinha uma namorada loiríssima, quase da sua altura. Quando chegou a época de voltar pro Brasil, a checa queria acompanhá-lo. Mas ele ponderava, decidido:
- “Você acha que eu vou poder passear com uma lourona dessas na calçada de Copacabana? Vou ser linchado !!!”
Pouco tempo depois regressou à terra natal, deixando a loira em Praga, inconsolável.
Nunca mais o vi. Um dia eu também voltei ao Brasil. Alguns anos mais tarde fiquei sabendo que Osvaldão era um dos líderes mais destacados da guerrilha do Araguaia. Levou consigo para Ximbioá Gilberto Olímpio, com quem havia estudado em Praga.
Gilberto não chegou a terminar o curso de Engenharia, preferindo seguir as pegadas de seu amigo. Osvaldão foi um dos últimos a “desaparecer” no Araguaia, em 1974.
Hoje, 21 anos depois, procuro ansiosa seu nome entre os desaparecidos.
Percorrendo a lista por ordem alfabética, passo primeiro pelo nome de Gilberto Olímpio Maria, estudante, PC do B - Araguaia, 1973. E mais adiante, para meu espanto, leio: Osvaldo Orlando da Costa, lutador de boxe, PC do B - Araguaia, 1974.
Meu susto foi por não ver “engenheiro”, no lugar da profissão, ao lado de seu nome.
Sandra Negraes Brisolla, professora aposentada e voluntária do Depto. de Política Científica e Tecnológica da Unicamp, morou dois anos na Checoslováquia, entre 1962 e 1964
Mas não sei por quê me espantei! Afinal, “lutador de boxe” combina melhor com seu porte e sua cor! E foi então que concordei com ele! Pois é, Osvaldão! Você estava coberto de razão! Não dava pra trazer uma loira de quase dois metros de altura com você em 1963! Você teria sido linchado! Onze anos antes de ser desaparecido!
Dizia-se na época que perto de Xambioá havia uma reserva de mineral radioativo, que era alvo de contrabando por helicópteros norte-americanos que pousavam no campo, seus tripulantes desciam com roupas especiais e abriam a porta para que os moradores locais carregassem o minério, sem proteção nenhuma, a troco de algum dinheiro. Não sei se era lenda!
Hoje estão revirando o terreno de Xambioá em busca dos restos de Osvaldão e seus companheiros, 30 anos depois do massacre de que foram vítima.
Homens como Osvaldão, sacrificados na luta contra a ditadura, teriam feito muita diferença na construção de um Brasil melhor, depois da democratização! Osvaldão não era o ser insensível que se acredita encarnar nos guerrilheiros por força das condições adversas. Transpirava solidariedade e o que o movia não era nenhum complexo ou frustração, a não ser com as condições inumanas em que vivem seus concidadãos. Foi por isso que se transformou em lenda! Osvaldão antes disso já era um caso de sucesso!
Encontrar neste momento seus restos mortais, assim como o de seus companheiros, e prestar-lhe uma homenagem, não vai reparar o mal causado por seu assassinato, mas vai manter viva sua memória, para que outros se mirem em seu exemplo, tirando dele a lição de que mais importante que ter sucesso na vida é dar a ela algum sentido! Um sentido que resgate a dignidade do homem brasileiro!