Minha gente amiga!!!
Neste último sábado dia 18 de abril, filmamos na casa do Chico Martins, em Santa Cruz, aprazível balneário perto de Aracruz no Espírito Santo, a primeira parte de um filme documentário sobre minha trajetória de vida e militância política, desde 1962 até agora, passando pelos anos de chumbo da ditadura militar. Este documentário que esta sendo dirigido pelo cineasta/artista plástico Tião Fonseca, com a colaboração do publicitário Osmario Cavalcante, faz parte de um projeto que inclui ainda um livro(já sendo escrito) pelo historiador brasiliense Pablo Emanuel Moura.
O projeto nasceu de uma idéia de um “Centro de Memória Revolucionário”, da Nanda Tardin, do Celso Lungaretti e outros camaradas das “antigas”, do PCdoB, pessoal que sobreviveu à ALN (Aliança Libertadora Nacional) que era dirigida por Carlos Marighela e Joaquim Câmara Ferreira e amigos do peito. Esperamos que até novembro próximo, consigamos terminar o vídeo-documentario e o livro esteja no prelo.
Até lá temos ainda um longo percurso, como batalhar patrocínio e ajuda para editar e finalizarmos o vídeo, encontrar uma editora arrojada pra editar o livro e preparar depois o lançamento das duas peças, que espero contribuam para enriquecer a história recente do Brasil e lançar luzes polemicas sobre os caminhos e perspectivas da revolução brasileira.
História de vida
No meu depoimento no vídeo-documentario e no livro, narro minha trajetória desde quando ainda em Penápolis, no interior paulista. entre os 13/14 anos, por volta de 1962,
tive contato com as idéias socialistas e revolucionarias. Comecei a militar numa base incipiente dirigida pelo velho PCB, chamada Organização Operária, Estudantil Camponesa, naquela pequena cidade do interior paulista onde fui criado. Depois do golpe militar e decepcionados com PCB, ajudamos a organizar a Dissidência Comunista de São Paulo, que acabou fornecendo os quadros que fundaram a ALN e outras organizações revolucionarias que optaram pela luta armada e guerrilha urbana para enfrentar a ditadura.
Militei na ALN até compreender que aquela forma de luta estava equivocada e esgotada e caminhávamos celeremente para o aniquilamento e extinção, como acabou ocorrendo. Falo dos meus dois encontros com Toledo, o lendário dirigente Joaquim Câmara Ferreira, o segundo depois de Marighela no comando da ALN. Um dos encontros foi logo depois de entrar na organização e o segundo quando pedi meu desligamento, explicitando o porque dele.
Fui depois para a APML, que nesta época, por volta de 1972, já discutia e formulava a adesão ao PCdoB, considerado pela maioria como o único partido com condições de dirigir a luta revolucionaria conseqüente no Brasil. Falo também dos períodos de clandestinidade forçada e das inúmeras (4) prisões que sofri, das barbáries das torturas sendo a pior delas em setembro de 1973. Depois, por volta de 1976 saio da prisão já integrado à Estrutura 1 do PCdoB, engajado na luta política da época pela anistia, constituinte e democracia plena.
No Espírito Santo
Em janeiro de 1979 a Estrutura 1 do PCdoB me manda para o Espírito Santo, com a missão de reorganizar o partido que tinha sido praticamente dizimado e desestruturado pela ação da repressão da Ditadura. Aqui encontro Gildo Ribeiro, Dines Brozeghini , Paulo Mossoró, Nilo Walter e uns poucos outros espalhados pelo Estado. Iniciamos então a batalha para reorganizar e ampliar o numero de quadros e militantes do partido e integrarmos a vida política do Estado, sob o manto dissimulado do MDB, hoje PMDB.
Em 1985 volto para São Paulo para integrar a Comissão de Propaganda do Comitê Central e militar no Comitê regional de São Paulo. Depois vou para Brasília militar no partido e trabalhar, mas mantendo sempre um vinculo muito forte com o Espírito Santo e os camaradas e amigos que lá deixei.
O vídeo narra esta época e o livro vai mais fundo, detalhando estas fases e períodos, chegando até os dias atuais, quando vitima de uma doença que praticamente me paralisou o corpo todo, passo por um ano praticamente de tratamento e operação para estancar o processo de paralisia do meu organismo e volto ao Espírito Santo para estar com minha família, minha esposa Polyana, minha filha Elza Maria e meu filho Paulo Roberto e concluir o tratamento fisioterápico e me preparar para novas lutas e embates que a vida, a revolução e o socialismo exige ainda de nós.
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