Esta é uma questão que me aflige pessoalmente
desde a época, onde eu também militava na ALN e tinha saído pouco antes para
militar na APML e depois PCdoB onde estou até hoje. Sendo o livro de Pedroso
Junior, uma luz sobre aquela época de trevas e este episódio sombrio para a
Ação Libertadora Nacional-ALN e a própria esquerda armada, é bem vindo.
Esperamos agora uma humilde e verdadeira auto - critica dos que protagonizaram
os episódios em pauta. Imperdivel a leitura deste resumo e do próprio livro. No
final da postagem o endereço eletrônico para adquirir o livro. (Luiz Aparecido)
Márcio, o guerrilheiro.
Cinco anos de pesquisas em busca da
verdade histórica sobre este fato ocorrido a mais de 30 anos, foi o tempo que
Pedroso Júnior demorou para conseguir pesquisar a verdadeira história de Márcio
Leite de Toledo e as razões que culminaram com sua morte. Este triste episódio,
ocorrido durante o regime militar, era tratado como tabu pelos militantes das
organizações de esquerda que lutaram de armas na mão contra a Ditadura Militar.
Afinal, quais as verdadeiras razões que determinaram o assassinato de Márcio Toledo,
o Carlos da Ação Libertadora Nacional?
Márcio
havia traído a organização e por conseqüência foi justiçado pelos próprios
companheiros ou havia sido executado pela repressão e a culpa colocada sobre
seus companheiros?
Depois
destes longos anos de pesquisa, Pedroso relata neste livro que nenhuma das
versões apresentadas durante todos estes anos estava correta. Retornando ao
Brasil em final de Maio de 1970, depois de quase dois anos de treinamento de
guerrilhas em Cuba, Márcio encontrou a ALN submersa em profunda crise, em
decorrência da morte de seu líder e fundador Carlos Marighela e dada a fama com
que retornara da Ilha de Fidel, acabou por ser guindado a Coordenação Nacional
da Organização, com a finalidade de buscar unir os cacos e reconstruí-la. Quando
esta Coordenação encontrava-se reunida, em outubro de 1970, buscando organizar
as atividades daquilo que seria denominado “Quinzena Marighela”, para lembrar o
líder morto um ano antes, acaba por sofrer outra baixa importante, com a prisão
e morte de Joaquim Câmara Ferreira, o “Toledo”, que era o sucessor do
ex-deputado baiano no comando da organização. “Toledo” foi preso em virtude da
delação do militante José da Silva Tavares, o Severino, o que vinha a comprovar
que a repressão conseguirá infiltrar espiões dentro das organizações dos
revolucionários.
Com esta
queda importante, Márcio começou a propor para o conjunto da organização a que
pertencia, a proposta de recuo estratégico na luta, com a retirada das
lideranças mais visadas do país e a distribuição dos companheiros que não eram
visados pelo interior do país, retomando vida legal, e aguardando o retorno dos
militantes do exterior. As lideranças no exterior buscariam organizar um
Congresso que unisse todos os combatentes da luta armada em uma única organização,
que retornaria a nossa pátria com o nome de Exército de Libertação do Povo
Brasileiro com a finalidade de prosseguirem a luta contra o regime militar.
O grupo
que assumira o comando da ALN, formado por jovens entusiastas, com idade média
de 21 anos, não concordava em hipótese alguma com a proposta de Márcio, o que o
levou a querer a discutir a proposta com os militantes que conhecia e mesmo com
outras organizações, preparando para tanto um documento onde expunha suas
idéias, onde deixava claro de que ninguém poderia “o impedir de ser
revolucionário”.
A postura
de Márcio de querer rediscutir o caminho da luta armada e o recuo estratégico
naquele momento em que as prisões ocorriam diariamente, além das mortes de
companheiros importantes para a resistência, acabou sendo interpretado pela
Direção Nacional da ALN como a possibilidade de Márcio vir a trair a causa que
abraçara e hipoteticamente colocando em risco a segurança dos militantes da
Organização.
Profetizando
a possibilidade da traição, Carlos Eugênio Coelho Sarmento da Paz, o Clemente,
acabou por convencer a Coordenação Nacional que o melhor a fazer era “justiçar”
Márcio Leite de Toledo. Com o voto discordante de José Milton Barbosa, o Célio,
a execução do combatente Márcio Leite de Toledo foi aprovada e um comando
revolucionário, sob a chefia de Clemente, foi ao seu encontro em um ponto
previamente marcado com a finalidade oficial de serem discutidas as
divergências apresentadas pelo militante Carlos.
Por volta
das 18:00 horas do dia 23 de Março de 1971, na rua Caçapava, altura do número
104, aparentemente as tais divergências apresentadas pelo guerrilheiro urbano
terminaram, com o comando revolucionário tendo oficialmente “justiçado” e
conseqüentemente calado a sua boca de forma truculenta e bestial. Não contava o
seu principal idealizador e executor, que este ato extremo e altamente
desnecessário, viesse a acirrar as contradições no seio da organização, e que o
cadáver e as idéias de Márcio permanecessem insepultos ao longo de décadas.
Márcio, o
guerrilheiro, veio resgatar a verdade sobre este acontecimento. Pedroso Junior
leu, pesquisou, entrevistou e colocou no papel esta história emocionante de um
jovem que deu o melhor de sua vida para a libertação do povo brasileiro e
agora, em abril de 2012, será relançado, com capa de Maringoni, prefácio do
jornalista Gerson de Souza, orelha escrita por Márcio França, Presidente
Estadual do Partido Socialista Brasileiro no Estado de São Paulo.
Márcio, o guerrilheiro foi editado pela Publit Editora do Rio de Janeiro, com
242 páginas.
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