quinta-feira, abril 26, 2012

Livro procura esclarecer "justiçamento" de guerrilheiro da ALN ocorrido há quase 40 anos!!!



Esta é uma questão que me aflige pessoalmente desde a época, onde eu também militava na ALN e tinha saído pouco antes para militar na APML e depois PCdoB onde estou até hoje. Sendo o livro de Pedroso Junior, uma luz sobre aquela época de trevas e este episódio sombrio para a Ação Libertadora Nacional-ALN e a própria esquerda armada, é bem vindo. Esperamos agora uma humilde e verdadeira auto - critica dos que protagonizaram os episódios em pauta. Imperdivel a leitura deste resumo e do próprio livro. No final da postagem o endereço eletrônico para adquirir o livro. (Luiz Aparecido)


Márcio, o guerrilheiro.


Cinco anos de pesquisas em busca da verdade histórica sobre este fato ocorrido a mais de 30 anos, foi o tempo que Pedroso Júnior demorou para conseguir pesquisar a verdadeira história de Márcio Leite de Toledo e as razões que culminaram com sua morte. Este triste episódio, ocorrido durante o regime militar, era tratado como tabu pelos militantes das organizações de esquerda que lutaram de armas na mão contra a Ditadura Militar. Afinal, quais as verdadeiras razões que determinaram o assassinato de Márcio Toledo, o Carlos da Ação Libertadora Nacional?
Márcio havia traído a organização e por conseqüência foi justiçado pelos próprios companheiros ou havia sido executado pela repressão e a culpa colocada sobre seus companheiros?
Depois destes longos anos de pesquisa, Pedroso relata neste livro que nenhuma das versões apresentadas durante todos estes anos estava correta. Retornando ao Brasil em final de Maio de 1970, depois de quase dois anos de treinamento de guerrilhas em Cuba, Márcio encontrou a ALN submersa em profunda crise, em decorrência da morte de seu líder e fundador Carlos Marighela e dada a fama com que retornara da Ilha de Fidel, acabou por ser guindado a Coordenação Nacional da Organização, com a finalidade de buscar unir os cacos e reconstruí-la. Quando esta Coordenação encontrava-se reunida, em outubro de 1970, buscando organizar as atividades daquilo que seria denominado “Quinzena Marighela”, para lembrar o líder morto um ano antes, acaba por sofrer outra baixa importante, com a prisão e morte de Joaquim Câmara Ferreira, o “Toledo”, que era o sucessor do ex-deputado baiano no comando da organização. “Toledo” foi preso em virtude da delação do militante José da Silva Tavares, o Severino, o que vinha a comprovar que a repressão conseguirá infiltrar espiões dentro das organizações dos revolucionários.
Com esta queda importante, Márcio começou a propor para o conjunto da organização a que pertencia, a proposta de recuo estratégico na luta, com a retirada das lideranças mais visadas do país e a distribuição dos companheiros que não eram visados pelo interior do país, retomando vida legal, e aguardando o retorno dos militantes do exterior. As lideranças no exterior buscariam organizar um Congresso que unisse todos os combatentes da luta armada em uma única organização, que retornaria a nossa pátria com o nome de Exército de Libertação do Povo Brasileiro com a finalidade de prosseguirem a luta contra o regime militar.
O grupo que assumira o comando da ALN, formado por jovens entusiastas, com idade média de 21 anos, não concordava em hipótese alguma com a proposta de Márcio, o que o levou a querer a discutir a proposta com os militantes que conhecia e mesmo com outras organizações, preparando para tanto um documento onde expunha suas idéias, onde deixava claro de que ninguém poderia “o impedir de ser revolucionário”.
A postura de Márcio de querer rediscutir o caminho da luta armada e o recuo estratégico naquele momento em que as prisões ocorriam diariamente, além das mortes de companheiros importantes para a resistência, acabou sendo interpretado pela Direção Nacional da ALN como a possibilidade de Márcio vir a trair a causa que abraçara e hipoteticamente colocando em risco a segurança dos militantes da Organização.
Profetizando a possibilidade da traição, Carlos Eugênio Coelho Sarmento da Paz, o Clemente, acabou por convencer a Coordenação Nacional que o melhor a fazer era “justiçar” Márcio Leite de Toledo. Com o voto discordante de José Milton Barbosa, o Célio, a execução do combatente Márcio Leite de Toledo foi aprovada e um comando revolucionário, sob a chefia de Clemente, foi ao seu encontro em um ponto previamente marcado com a finalidade oficial de serem discutidas as divergências apresentadas pelo militante Carlos.
Por volta das 18:00 horas do dia 23 de Março de 1971, na rua Caçapava, altura do número 104, aparentemente as tais divergências apresentadas pelo guerrilheiro urbano terminaram, com o comando revolucionário tendo oficialmente “justiçado” e conseqüentemente calado a sua boca de forma truculenta e bestial. Não contava o seu principal idealizador e executor, que este ato extremo e altamente desnecessário, viesse a acirrar as contradições no seio da organização, e que o cadáver e as idéias de Márcio permanecessem insepultos ao longo de décadas.
Márcio, o guerrilheiro, veio resgatar a verdade sobre este acontecimento. Pedroso Junior leu, pesquisou, entrevistou e colocou no papel esta história emocionante de um jovem que deu o melhor de sua vida para a libertação do povo brasileiro e agora, em abril de 2012, será relançado, com capa de Maringoni, prefácio do jornalista Gerson de Souza, orelha escrita por Márcio França, Presidente Estadual do Partido Socialista Brasileiro  no Estado de São Paulo. Márcio, o guerrilheiro foi editado pela Publit Editora do Rio de Janeiro, com 242 páginas.
   Adquira já seu exemplar, R$ 40,00, incluindo-se despesas de envio postal, enviando email parachineloneles@hotmail.com

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