Siron Franco
O Cerrado na
Rio+20
JAIME
SAUTCHUK*
O encontro
global sobre clima chamado de Rio+20, no mês que vem,
terá
certamente muitos discursos empolgados de chefes de estado e
de governo
do mundo inteiro, mas pouco resultado prático. O evento
será,
entretanto, palco de uma série de outros acontecimentos que
chamarão a
atenção de quem nele estiver antenado, ao redor do
Planeta.
Uma dessas
atrações, que desde agora já vem chamando atenção,
é uma
exposição (ou instalação) que o artista plástico goiano Siron
Franco fará,
baseado principalmente em fotos do também goiano
Rui Faquini.
A mostra, ou libelo, ocupará generoso espaço do Centro
Cultural
Banco do Brasil, que faz parte da estrutura da Rio+20, para
denunciar a
destruição do Cerrado brasileiro.
As peças
tratarão dos mais variados aspectos do Cerrado. Vegetação,
insetos,
solo, fauna, flores, frutos, arquitetura, água e tudo o que de
mais belo se
pode encontrar nesse bioma. Isto, somado ao que há de
mais
doloroso, como o fogo predatório, a motosserra, as máquinas e
seus
correntões, que derrubam tudo o que houver pela frente.
Em
corredores diferentes, a genialidade de Siron criará ambientes
também
diversificados. Uns de calma, paz e beleza, outros de
angústia,
desgosto e desespero. É, enfim, a brutal diferença entre
a riqueza
natural do Cerrado e a pobre riqueza do dinheiro, fruto da
destruição
para servir a um modelo de ocupação comprovadamente
nefasto,
para o usufruto de poucos.
E conta com
a genialidade, persistência e competência de Faquini, um
fotógrafo
que há mais de 40 anos palmilha os cantinhos mais remotos
do Cerrado,
especialmente no Planalto Central do País, para deles
fazer um
retrato ampliado, completo. De minúsculas plantas e insetos
a majestosas
paisagens. Dos verde das chuvas ao amarelo dos meses
sem água.
Dos rios transbordantes às praias de finas areias dos
tempos da
seca.
Sua vasta
produção está, em parte, publicada em incontáveis
obras de sua
autoria ou ilustrando trabalhos de terceiros, ornando
ambientes
dos mais diversos ou, ainda, servindo para peças de
campanhas em
defesa do Cerrado. Outra grande parte segue inédita,
em seus
arquivos, dos mais bem organizados da fotografia brasileira.
Siron Franco
nasceu em Cidade de Goiás, antiga Vila Boa, que foi
capital do
estado até a construção de Goiânia, na década de 1.940. É
uma cidade
histórica, criada pelo bandeirante Bartolomeu Bueno da
Silva Filho,
o Anhanguera II, em 1.726. E hoje mora em Goiânia. Ele
costuma
dizer que adora capitais, “mas desde que sejam de Goiás”.
Faquini, por
sua vez, nasceu em Morrinhos, cidade do Sul do Estado,
e hoje mora
no Distrito Federal, numa área fora de Brasília, “em chão
goiano”.
Além da
paixão pelo Cerrado, entre Siron e Faquini há um monte
de outras
afinidades. Uma delas é a mania de sempre encontrar um
jeito novo
de mostrar algo que aparentemente já foi dissecado por
completo.
Com uma vantagem: a constante procura de um modo
mais belo de
dizer coisas que muitas vezes são tristes e feias.
Para a
exposição da Rio+20, para demonstrar a dedicação, dia
desses, já
tarde da noite, Siron telefonou dizendo que sentia falta
de alguma
coisa e pedia a Faquini algo tão simples como “umas
trinta
cabeças de abelhas”. E o pior é que foram enviadas trinta fotos
de cabeças
diferentes de diferentes tipos de abelhas. É a busca da
perfeição,
em ambos.
Com coisas
de tipo, mesmo que a Rio+20 não traga nada de novo
para tentar
salvar o Planeta, vale a pena conferir essa bela iniciativa
de salvar o
Cerrado.
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