Xaolin da Rocinha aqui com Oscar Niemayer: dois revolucionarios preocupados com nosso povo!
Pronunciamento feito por
Xaolin no Fórum Nacional, no BNDES, a convite do Ministro Reis Velloso.
Bom tarde senhoras, bom tarde senhores!
Bom tarde a digníssima mesa!
O meu muito obrigado ao Exmo.sr. Ministro Reis Velloso pelo convite.
O meu muito obrigado ao camarada Vicente Pereira e a camarada Marília Pastuk, ambos da Ação Comunitária Brasileira, que generosamente me contataram para ser também protagonista deste novo processo que se apresenta.
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“Rocinha e as favelas: um olhar sobre os direitos do cidadão, desafios e perspectivas, políticas públicas e cidade integrada”.
*Antonio (Xaolin) Ferreira de Mello
“O papel de uma organização revolucionária é dar voz, boca e ação aos humildes e oprimidos”.
O escravo sem voz nem boca/o extenso sofrimento/se fez homem/se chamou Povo/Proletariado/ Sindicato./ganhou pessoa e postura.”
Pablo Neruda
Entendo que aqui, hoje, se dá um novo processo, transformador, mudancista. Entretanto quando este Fórum abre espaço para a favela falar, isto é revolucionário. É só entender Pablo Neruda, poeta chileno. Este processo que ora se apresenta deve a partir de agora ser sustentável como todos os processos necessários para a qualidade de vida dos habitantes desta cidade.
A favela como ser distante do desenvolvimento da cidade está superada. A luta de seus moradores em fazer da favela espaço de moradia e de habitação digna é real. Desde a tática de subir o morro, cavar a pedra e fincar a estaca que sustenta o barraco até a luta pela água tratada, escolas com educação de qualidade, saúde pública de qualidade, saneamento básico, acessibilidade e outros serviços, a favela vai se tornando parte integrante desta cidade que em certo momento tenta isolá-la, mas os trabalhadores e o povo demonstram que querem permanecer onde suas raízes estão.
Muito além da macroeconomia, muito além da economia solidária, o mais premente, o mais importante, urge, tem pressa: é a atenção à educação pública de qualidade e sustentável. Sem uma educação pública de qualidade e sustentável, todas as outras iniciativas estarão fadadas ao fracasso. Temos que criar um novo projeto nacional de desenvolvimento com grandes investimentos na educação.
Construir um pacto entre trabalhadores e empresários para investimentos na indústria e que o nosso povo tenha uma vida totalmente digna.
Na Rocinha não é diferente, conforme censo da SDSDH/RJ divulgado no Livro Plano de Desenvolvimento
Sustentável da Rocinha, somente 82% das crianças e jovens na faixa etária entre 07 e 14 anos freqüentam a
escola. Muitas lutas, muitos sofrimentos, muitas lagrimas, mas também muitas vitórias e muitos sorrisos.
Quando surge o PAC nas favelas passei a entender o quanto é importante esta obra para a integração da cidade, porque Rocinha, São Conrado e Gávea se relacionavam através das relações do trabalho e a favela era vista como espaço violento, segregado e passível de remoção. O PAC integrou a favela a São Conrado, Gávea e á cidade, via debates intensos onde os protagonistas foram se conhecendo e se respeitando, olhando o outro como diferente, mas respeitando as diferenças.
Malgrado a relação entre classes distintas, a Rocinha é hoje parte integrante do território, então o PAC contribuiu para a auto estima dos moradores dos três bairros e a possibilidade dos bairros debaterem juntos para a melhoria dos mesmos se torna real.
A Câmara Comunitária da Rocinha, São Conrado e Gávea, onde os participantes se reúnem e debatem em 10 Grupos Temáticos, os chamados GTs Educação, Saúde, Turismo Urbanismo/Meio Ambiente, Esporte/Lazer, Comunicação, Trabalho/Renda, Juventude, Segurança/Cidadania/DH e Cultura, como possibilitou a aproximação de classes distintas e a confiança das pessoas umas as outras com interesses convergentes para melhorar a vida da cidade e de seus habitantes. Neste sentido o morador é emponderado e passa a reivindicar melhorias para os bairros e o poder público incentiva esta relação e também dialoga com a população e atende suas demandas.
Haja vista o Parque Ecológico da Rocinha que se constituiu em um eco limite natural e que foi uma demanda debatida pelos moradores na Oficina do Imaginário, em opção a construção de muros. Quando pronto irá atender a todos os bairros do Rio e Janeiro, a todos os brasileiros e outros povos de outros paises através do turismo ecológico.
E a Rua 4; beco escuro que virou rua onde os bons ventos sopram e a luz natural ilumina um povo esperançoso e deleta as doenças de pulmão para bem longe e dá-lhe direito a moradia digna em um conjunto habitacional no próprio local.
É preciso que esta relação se torne sustentável e os três bairros venham a se consolidar nas relações humanas como exemplos para a cidade e que as políticas públicas atinjam aqueles que mais precisam dela sem deixar de lado o atendimento a outros bairros.
Integrar as pessoas é o mais difícil. Entretanto na Rocinha, São Conrado e Gávea isto está se tornando possível. Entendemos que todo cidadão tem direito a cidade, que aceita e recebe a todos com o mesmo espírito de solidariedade e integração.
Agora, quando surge o Programa de Polícia de Proximidade, as UPPs, isto significa que no asfalto e nas favelas é possível um diálogo entre os cidadãos, onde uma nova classe social/econômica surge e abre caminhos para que este mesmo cidadão possa viver com mais segurança, dignidade e qualidade de vida.
A favela é parte integrante da cidade, isto é realidade. Digo com firmeza, porque hoje estou falando como favelado para o asfalto e todos me ouvem, portanto somos todos cidadãos da mesma cidade.
Por um novo projeto nacional de desenvolvimento!
Por uma educação pública de qualidade e sustentável!
Favela é cidade!
Obrigado Sr. Ministro Reis Velloso!
Obrigado camaradas!
Um forte abraço da Rocinha e das favelas do Rio de Janeiro para todos vocês!
Viva o Rio de Janeiro!
Viva o Brasil!
Viva o povo brasileiro!
*Presidente da Câmara Comunitária da Rocinha,
São Conrado e Gávea.
Foi presidente da Associação de Moradores da Rocinha.
Email: axaolin@yahoo.com.br
camaracomunitaria@yaoo.com.br
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