Joseba sendo preso pela Policia Federal, no Rio de Janeiro!!
Joseba Gonzalez,
acusado de participar de atentados do grupo separatista basco, foi preso no
início do ano no Rio e está em liberdade vigiada; Espanha pediu extradição ao
STF.
Ativistas do Sortu,
partido político espanhol formado por ex-militantes da organização guerrilheira
basca ETA (Ruskadi Ta Askatasuna ou Pátria Basca e Liberdade) vão desencadear
campanha no Brasil pela naturalização de um de seus integrantes, Joseba Gotzon
Vizán Gonzalez, preso no início do ano no Rio de Janeiro e, em fevereiro,
colocado em liberdade vigiada. É um dos poucos presos com liberdade condicional
monitorado por tornozeleira eletrônica.
“Como fez no caso Battisti
(Cesare Battisti, ex-militante da luta armada na Itália) o Brasil tem tradição
de solidariedade com os perseguidos políticos”, diz Aser Altuna, representante
do Sortu para a América do Sul e Caribe. Em São Paulo, onde participou como
convidado de audiências da Comissão
da Verdade, Altuna recebeu o apoio dos grupos de direitos humanos, que vão
participar da campanha.
Vizán Gonzalez é
alvo de um pedido de extradição feito pelo governo espanhol ao Supremo Tribunal
Federal (STF). Acusado de participar de pelo menos dois atentados a bomba
contra policiais espanhóis envolvidos em tortura contra integrantes do ETA em
Bilbao, há 16 anos, o militante vivia no Rio com identidade falsa. Ele tem um
filho de 11 anos e trabalhava como professor de espanhol.
Foi preso por
falsidade ideológica depois de ser seguido por vários dias pela Polícia
Federal. A suspeita de que estivesse vivendo no Brasil foi passada pela
Interpol (Polícia Internacional) depois que a polícia brasileira intensificou o
intercâmbio de informações para se prevenir contra ações terroristas durante os
grandes eventos que ocorrerão no país (Copa das Confederações, Copa do Mundo,
Jornada Mundial da Juventude e Olimpíadas) até 2016. Ao tomar conhecimento da
prisão, o governo espanhol, que considera o ETA um grupo terrorista, enviou o
pedido de extradição.
Altuna diz que a
atitude do governo espanhol é inoportuna. “É um torpedo contra o processo de
pacificação. O ETA recolheu as armas e agora faz política pela via
democrática”, diz o ativista. Legalizado em junho do ano passado, o Sortu
disputou as últimas eleições na Espanha, conquistando 120 prefeituras na região
basca. Segundo ele, o retorno do militante preso no Rio representaria a
continuidade das perseguições e tortura contra membros do ETA.
“Acreditamos que o
governo brasileiro concederá asilo político. Mesmo que tenha vivido aqui com
documentos falsos, ele tem um filho nascido aqui”, lembra Altuna. O jornalista
e ativista Ivan Seixas disse que os movimentos de esquerda vão se envolver na
campanha como no caso Battisti. Segundo ele, usar documento falso é providência
corriqueira e um direito de perseguidos políticos em situação clandestina no
mundo inteiro. Altuna só volta à Espanha depois de audiência com o secretário
Nacional de Justiça, Paulo Abrão, a quem pedirá apoio.
Os movimentos de
direitos humanos trabalham também com a hipótese de um pedido de refúgio
político. A concessão é prerrogativa do governo federal e poderia, como no caso
de Battisti, deixar em suspenso, sem efeito, um eventual mandado de extradição
pelo STF. Battisti, que ficou quatro anos preso em Brasília, foi libertado em
junho de 2011 depois de se tornar pivô de um conflito entre o Palácio do
Planalto e o STF, que acabou extinguindo o pedido de extradição do governo
italiano.
No caso de José Vizán, segundo
Altuna, a decisão pode ser mais fácil porque nenhum dos alvos dos atentados
morreu, embora um dos policiais, Manuel Dominguez, do Corpo Nacional da Polícia
Espanhola, tenha se ferido com os estilhaços da bomba colocada em seu carro pelo
grupo em que se encontrava o ativista.
ETA anuncia cessar definitivo da atividade armada
Em comunicado,
grupo separatista basco convida governos da Espanha e da França para diálogo
O grupo militante
basco ETA divulgou um comunicado nesta quinta-feira afirmando que encerrou sua
campanha armada pela independência, que já durava 43 anos, e convidou a França
e a Espanha para um diálogo.
Imagem de vídeo
mostra supostos integrantes do grupo separatista basco ETA anunciando
cessa-fogo permanente (10/1)
O grupo fez o anúncio no
jornal basco Gara, que é usado geralmente como seu porta-voz. ETA declarou um cessar-fogo permanente em
janeiro, mas até o momento não havia renunciado à luta armada
como ferramenta para alcançar a independência do Estado basco.
"O ETA decidiu
pelo cessar definitivo de suas atividades armadas", afirmou o grupo no
comunicado. "O ETA convida os governos francês e espanhol para abrir um
processo de diálogo direto com o objetivo de obter uma resolução para a
consequência do conflito."
O comunicado não
faz nenhuma menção sobre o que o ETA pretende fazer com suas armas ou se o
grupo irá se dissolver.
O ETA deixou 829
mortos em bombardeios e tiroteios desde o fim dos anos 1960. Ele é classificado
como um grupo terrorista pela Espanha, a União Europeia e os Estados Unidos.
O anúncio vem três
dias depois que autoridades internacionais, inclusive o ex-secretário geral da
ONU Kofi Annan e o líder do movimento Sinn Fein, Gerry Adams, participaram de
uma conferência do ETA na cidade basca de San Sebastian e pediram para o fim do
uso da violência pelo grupo.
O presidente da
Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, reagiu ao anúncio do ETA dizendo que ele
representa "a vitória da democracia, da lei e da razão". Em discurso
televisionado, Zapatero afirmou, em uma primeira avaliação do cessar
definitivo, que esse é o resultado da coragem e firmeza da sociedade espanhola
no meio século de atividade do ETA e o triunfo do estado de direito "como
único modelo de convivência".
O chefe do Executivo expressou seu reconhecimento ao trabalho desempenhado
contra a organização terrorista pelos governos democráticos anteriores na
Espanha. Ele também prestou homenagem à atuação e sacrifício das forças de
segurança do Estado, "cujo generoso trabalho lhes custou tantas
vidas". Zapatero agradeceu à França por sua colaboração contra a ETA.
"Devemos eterna gratidão".
O líder espanhol
fez menção especial ao presidente francês, Nicolas Sarkozy, considerando sua
colaboração como determinante. Ele também pronunciou palavras de reconhecimento
às vítimas da ETA. "Nossa democracia será sem terrorismo, mas não sem
memória."
Com agencias AP e EFE
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