sexta-feira, dezembro 27, 2013

HILDEGARD ANGEL: A GENTE NUNCA PERDE POR SER LEGÍTIMO!!



A gente nunca perde por ser legítimo, mas quem conta a história são os vencedores, não esqueçam. O fascismo se expande hoje nas mídias sociais, forte e feioso como um espinheiro contorcido, que vai se estendendo, engrossando o tronco, ampliando os ramos, envolvendo incautos, os jovens principalmente, e sufocando os argumentos que surgem, com seu modo truculento de ser.

Por Hildegard Angel*


Para isso, utiliza-se de falsas informações, distorções de fatos, episódios, números e estatísticas, da história recente e da remota, sem o menor pudor ou comprometimento com a verdade, a não ser com seu compromisso de dar conta de um Projeto.

Sim, um Projeto moldado na mesma forma que produziu 1964, que, os minimamente informados sabem, foi fruto de um bem urdido plano, levando uma fatia da população brasileira, a crédula classe média, a um processo de coletiva histeria, de programado pânico, no receio de que o país fosse invadido por malvados de um fictício Exército Vermelho, que lhes tomaria os bens e as casas, mataria suas criancinhas, lhes tiraria a liberdade de ir, vir e até a de escolher.

Assim, a chamada elite, que na época formava opinião sobre a classe média mais baixa e mantinha um “cabresto de opinião” sobre seus assalariados, foi às ruas com as marchas católicas engrossadas pelos seus serviçais ao lado das bem intencionadas madames.

Elas mais tarde muito se arrependeram, ao constatar o quanto contribuíram para mergulhar o país nos horrores de maldades medievais.

Agora, os mesmos coroados, arquitetos de tudo aquilo, reescrevem aquele conto de horror a seu jeito, fazendo do mocinho bandido e do bandido mocinho, pois a História, meus amores, é contada pelos vencedores. E eles venceram. Eles sempre vencem.

Sim, leitores, compreendo quando me chamam de “esquerdista retardatária” ou coisa parecida. Esse meu impulso, certamente tardio, eu até diria sabiamente tardio, preservou-me a vida para hoje falar, quando tantos agora se calam; para agir e atuar pela campanha de Dilma, nos primórdios do primeiro turno, quando todos se escondiam, desviavam os olhos, eram reticentes, não declaravam votos, não atendiam aos telefonemas, não aceitavam convites.

Essa minha coragem, como alguns denominam, de apoiar José Dirceu, que de fato sequer meu amigo era, e de me aprofundar nos meandros da AP 470, a ponto de concluir que não se trata de “mensalão”, conforme a mídia a rotula, mas de “mentirão – royalties para mim, em pronunciamento na ABI – eu, a tímida, medrosa, reticente “Hildezinha”, ousando pronunciamentos na ABI! O que terá dado nela? O que terá se operado em mim?

Esse extemporâneo destemor teve uma irrefreável motivação: o medo maior do que o meu medo. Medo da Sombra de 64. Pânico superior àquele que me congelou durante uma década ou mais, que paralisou meu pensamento, bloqueou minha percepção, a inteligência até, cegou qualquer possibilidade de reação, em nome talvez de não deixar sequer uma fresta, passagem mínima de oxigênio que fosse à minha consciência, pois me custaria tal dor na alma, tal desespero, tamanhas infelicidade, noção de impotência absoluta e desesperança, ao encarar a face verdadeira da humanidade, o rosto real daqueles que aprendi a amar, a confiar, que certamente sucumbiria…

Não, eu não suportaria respirar o mesmo ar, este ar não poderia invadir os meus pulmões, bombear o meu coração, chegar ao meu cérebro. Eu não sobreviveria à dor de constatar que não era nada daquilo que sempre me foi dito pelos meus, minha família, que desde sempre me foi ensinado: o princípio e mandamento de que a gente pode, com o bem, neutralizar o mal. Eu acreditava tão intensa e ingenuamente no encanto da bondade, que seguia sobre a nojeira como se flutuasse, sem percebê-la, sem pisar nela, como se caminhasse sobre flores.

As pessoas se admiravam: “Como a Hilde, que tanto sofreu, não guarda rancores e mágoas no seu coração?”.

E aí, passadas as tragédias, vividas e sentidas todas elas em nossas carnes, histórias e mentes, porém não esquecidas; viradas as páginas, amenizado o tempo… deu-se então o início daquela operação midiática monumental, desproporcional, como se tanques de guerra, uma infantaria inteira, bateria de canhões, frotas aérea e marítima combatessem um único mortal -  José Dirceu – tentando destrui-lo. Foi quando percebi, apreensiva, esgueirar-se sobre a nossa tão suada democracia a Sombra de 64!

Era o início do Projeto tramado para desqualificar a luta heroica daqueles jovens martirizados, trucidados e mortos por Eles, o establishment sem nomes e sem rostos, que lastreou a Ditadura, cuja conta os militares pagaram sozinhos. Mas eles não estiveram sozinhos.

Isso não podia ser, não fazia sentido assistir a esse massacre impassível. Decidi apoiar José Dirceu. Fiz um jantar para ele em casa. Chamei pessoas importantes, algumas que pouco conhecia. 

Cientistas políticos, jornalistas de Brasília, homens da esquerda, do centro, petistas, companheiros de Stuart do MR8, religiosos, artistas engajados. Muitos vieram, muitos declinaram. Foi uma reunião importante. A primeira em torno dele, uma das raras. Porém não a única. E disso muito me orgulho.
Um colunista amigo, muito importante, estupefato talvez com minha “audácia” (ou, quem sabe, penalizado), teve o cuidado de me telefonar na véspera, perguntando-me gentilmente se eu não me incomodava de ele publicar no jornal que eu faria o jantar. “Ao contrário – eu disse – faço questão”.
Ele sabia que, a partir daquele momento, eu estaria atravessando o meu Rubicão. Teria um preço a pagar por isso.

Lembrei-me de uma frase de minha mãe: “A gente nunca perde por ser legítima”. Ela se referia à moda que praticava. Adaptei-a à minha vida.

No início da campanha eleitoral Serra x Dilma, ao ler aqueles sórdidos emails baixaria que invadiam minha caixa, percebi com maior intensidade a Sombra de 64 se adensando sobre nosso país.
Rapidamente a Sombra ganhou corpo, se alastrou e, com eficiência, ampliou-se nestes anos, alcançando seu auge neste 2013, instaurando no país o clima inquisitorial daquela época passada, com jovens e velhos fundamentalistas assombrando o Facebook e o Twitter. Revivals da TFP, inspirando Ku Klux Klan, macartismo e todas as variações de fanatismo de direita.

É o Projeto do Mal de 64 de novo ganhando corpo. O mesmo espinheiro das florestas de rainhas más, que enclausuram príncipes, princesas, duendes, robin hoods, elfos e anõezinhos.

Para alguns, imagens toscas de contos de fadas. Para mim, que vi meu pai americano sustentar orfanato de crianças brasileiras produzindo anõezinhos de Branca de Neve de jardim, e depois uma Bruxa Má, a Ditadura, vir e levar para sempre o nosso príncipe encantado, torturando-o em espinheiros e jamais devolvendo seu corpo esfolado, abandonado em paradeiro não sabido, trata-se de um conto trágico, eternamente real.

Como disse minha mãe, e escreveu a lápis em carta que entregou a Chico Buarque às vésperas de ser assassinada: “Estejam certos de que não estou vendo fantasmas”.
Feliz Ano Novo.

Inclusive para aqueles injustamente enclausurados e cujas penas não estão sendo cumpridas de acordo com as sentenças.
É o que desejo do fundo de meu coração.


* Hildegard Angel é jornalista. Filha da estilista Zuzu Angel e irmã do ex-militante político Stuart Angel Jones – ambos mortos durante a ditadura militar brasileira



segunda-feira, dezembro 23, 2013

Boas Festas, ótimo Ano Novo!!



Aos meus amigos e amigas, camaradas e companheiros!!

Desejo a todos um Feliz Natal, Boas Festas e comemorações e um Ano Novo repleto de saude, Paz, felicidades e forças para encarar os desafios do próximo e dos anos que virão!
Baita abraço afetuoso a todos(as)!

sábado, dezembro 21, 2013

Artigo de Roberto Amaral para as esquerdas pensarem!!

As esquerdas e a pauta conservadora

Acovardadas, nossas esquerdas permitem que a direita estabeleça a pauta nacional: ‘mensalão’, redução da menoridade penal, violência, fracasso da política...
por Roberto Amaral — 
“...e quando finalmente a esquerda chegou ao governo tinha perdido a batalha das ideias”.
Perry Anderson
A frase de Perry Anderson (editor da New Left Review),   tomei-a de um texto de Emir Sader (‘Neoliberalismo xposneoliberalisno na America Latina’), referia-se à França – à pobre França do Partido Socialista de François Hollande— mas poderia referir-se à Espanha (a pobre Espanha do Partido Socialista Operário Espanhol), ou à Itália na qual a preeminência política do  Partido Comunista Italiano, o PCI de Gramsci e Togliatti – ‘o maior partido do Ocidente’ – foi substituída pela era Berlusconi, o grotesco.  Mas, e é o que nos interessa, a observação se aplica igualmente ao Brasil de hoje, após a queda da ditadura (1984) e a derrota eleitoral do neoliberalismo conservador (2002/2006/2010), derrota a qual, todavia,  não se propagou para o campo da política.
Ao contrário, e apesar do agravante constituído pela tragédia europeia, é a visão neoliberal, reiteradamente desmentida pela realidade, que domina o debate, o noticiário e até mesmo ações de governo.
Em pleno 2013, a tese do candidato das oposições é retomar as privatizações de FHC. Qual é, agora, o objeto da sanha, se pouco nos sobrou: a Petrobras? O Banco do Brasil? A Caixa Econômica?
Nosso atraso ideológico vai beber água nas circunstâncias em que se deu a redemocratização.
Refiro-me ao fato de a ditadura haver conseguido transformar a ruptura necessária em transação negociada, assumindo o papel de sujeito do processo, e assim contendo em suas rédeas a transição ‘lenta e gradual’, nos termos da equação do general Geisel, que compreendeu uma reforma política reacionária, que sobreviveu à própria Constituinte em dois aspectos essenciais: a ampliação das bancadas que representam os estados menos populosos, distorcendo mais ainda o princípio democrático que estabelece que a cada cidadão deve corresponder um voto, e a obrigatoriedade de remunerar os vereadores, transformando-os nos indivíduos mais bem remunerados na maior parte dos municípios do País.
Aquela reforma teve como fruto perene a entronização do ‘baixo clero’ como principal bancada da Câmara dos Deputados, permeando todas as legendas nela representadas. Até aqui.
A sociedade resistiu durante 20 anos à ditadura, o movimento das ‘diretas-já’ --verdadeiro não plebiscitário à ditadura-- terminou por implodir o Colégio eleitoral e derrotar o candidato do regime, mas os termos da ‘transição’ foram concertados entre generais e políticos autoimitidos no mandato de delegados da sociedade brasileira.  O povo, em nome do qual tudo foi feito, teve de contentar-se com o papel que lhe reserva sempre uma História comandada pelos interesses da classe dominante: a plateia.
Por tramas do processo histórico, a esquerda não teve condições de conduzir o debate, e esse, paulatinamente, é dominado pelo pensamento neoliberal, ao qual aderem, primeiro, setores liberais que vinham da luta contra a ditadura, em seguida setores atrasados da própria esquerda, uns interessados em ocupar espaços na nova nomenclatura, outros, assustados com os ventos que sopravam do Leste, a partir da Queda do Muro de Berlim.
O Ocidente acenava com as vitórias de Thatcher, Reagan e, a seguir, Tony Blair. A desmontagem dos Partidos Comunistas em quase todo o mundo, e no Brasil a implosão do Partido Comunista Brasileiro (o ‘Partidão’) a que se seguiu a contrafação do PPS, foram um elemento a mais no arrefecimento da reflexão marxista.
Estavam criadas as condições propícias à ditadura do pensamento único. O imperialismo, dominante na política, dominante a cultura, na língua internacional, na linguagem tecnológica, na literatura, no cinema, na televisão, na globalização do american way of life, dominante do pensar, domina principalmente onde não precisa da força de suas tropas. Dominava e domina no plano ideológico, dominando corações e mentes.
Entre nós, de um lado a crise do movimento sindical e a astenia da Academia; de outro, o monopólio da informação e da opinião, professada por uma imprensa monopolizada ideologicamente.  Todos os jornais, reproduzindo as mesmas opiniões, se julgam ‘algo mais que um jornal’. O reacionarismo, o antinacional e o antipopular, o primitivo, o antidesenvolvimentismo, a superveniência do que vem de fora, a alienação, a superstição, o atraso, o não-Brasil são a característica ideológica de uma imprensa militante, hoje o principal partido político brasileiro.
Falo da televisão, do rádio e da imprensa escrita.
Falo de sua programação, de seu conteúdo, não apenas da desinformação dos noticiosos.
Não avanço o sinal mesmo quando afirmo que a grande imprensa brasileira é racista e de direita, à direita mesmo do empresariado nacional.
As palavras são do mais conspícuo representante do pensamento autoritário conservador brasileiro, o ministro Joaquim Barbosa, em recente conferencia na Costa Rica. Some-se a tudo isso a aliança entre a falsa fé religiosa (explorada mercantilmente no nível do charlatanismo) e a política partidária, uma se servindo da outra e ambas, a fé politizada e a política explorando a fé, alienando a população que subjuga ideologicamente para melhor explorar, construindo impérios econômicos e midiáticos e partidos políticos que vão disputar as entranhas do poder.
E as esquerdas, e os governos progressistas, como o avestruz da fábula que enterra a cabeça para não ver o perigo, fazem de conta de que nada veem, a se dizerem, empolgados por algumas vitórias eleitorais, que essa imprensa ‘não faz mais opinião’.
Não quero suprimi-la, nem mesmo diminuir sua força. Reclamo, apenas, o contraditório.
Mas essa imprensa é a única opinião a trafegar e é por seu intermédio que até os militantes dos partidos de esquerda se informam e muitos se formam.  E eis como muitos setores da esquerda brasileira passam a incorporar valores da direita e a reproduzi-los, pensando em posar de ‘moderna’. Em nome da governabilidade, nossos governos são obrigados a compor com a direita, pois só caminhando à direita é que a esquerda soma votos.
E, por essas artes, entramos todos a falar em choque de gestão, em lucratividade (sim, até a previdência social deve dar lucro!), em ‘métodos científicos’ de administração, em eficiência do setor privado, em despolitização da administração pública, em gigantismo do Estado, em excesso fiscal, em baixar a maioridade legal para 16 anos, em mais jovens negros e pobres na cadeia a título de política de segurança.
Quem dorme com morcego acorda de cabeça para baixo, diz o povo.
Os partidos de esquerda fogem do debate ideológico, ensarilham suas teses, saem de campo, tudo em nome da conciliação.
Os Programas e Manifestos são reservados para as dissertações de mestrado. Nada de confronto, nada de enfrentamento, como se a paralisia pudesse ser instrumento de avanço, e assim terminam reforçando o statu quo. Qual seu papel pedagógico e doutrinário no Congresso, nas Assembleias e nos governos?
Silentes, acovardadas nossas esquerdas permitem que a direita, sucessivamente derrotada nas urnas, estabeleça a pauta nacional, e nela nos enredamos: ‘mensalão’, redução da menoridade penal, violência, fracasso da política, fracasso dos políticos... o eufemismo de ‘fracasso da democracia’.
No governo e fora dele, os partidos socialistas não falam mais em socialismo, governo e partidos de esquerda passam a operar a ‘conciliação de classes’ com a qual acenam para a grande imprensa e o sistema financeiro. Nos sindicatos, a ‘política de resultados’ substitui a luta política ideológica. O somatório de tudo isso – e assim se descortina o cenário da emergência do pensamento de direita – é uma Justiça reacionária e um Supremo afoito, tentando judicializar a política, e, ao arrepio da Constituição, assumindo funções legislativas, ademais de condicionar a vida interna de um Congresso acuado.
O próprio presidente do STF, de novo o inefável ministro Barbosa, aliás de forma coerente, agride a vida congressual e os partidos, sem os quais não haverá democracia alguma em nosso país. E sabe disso. E por saber é que fala essas coisas. Cumpre, assim, a tarefa que lhe cabe nesse festival de agressões ao processo democrático: embala os sonhos de uma classe média reacionária em busca de um novo redentor.
O debate das eleições de 2010, lamentavelmente ditado pela direita, concentrou-se, num primarismo digno da TFP, num sim e num não ao aborto. Qual a nossa proposta de debate para 2014?

sexta-feira, dezembro 20, 2013

Leonardo Boff em artigo fala do anticomunismo tupiniquim!

  • Teólogo da Libertação Leonardo Boff: Contra a imbecilidade do atual anticomunismo

    Leonardo, que assumiu decidido a defesa do atual papa Francisco, publicou um lúcido artigo no qual realiza a demolição de mitos & mentiras propagados pela direita no mundo, partindo de uma provocação anticomunista dirigida ao próprio pontífice. Nele, afirma: "A ascensão irracional do anticomunismo mais obtuso e retrógrado, em todo o mundo — no Brasil, particularmente, está ficando chique ser de extrema direita — baseia-se em manipulação canalha, com que se tenta, por todos os meios, inverter e distorcer a história, a ponto de se estar criando uma absurda realidade paralela". O artigo é um autêntico "banho" na suja e sórdida cultura anticomunista. É o que se pode chamar de esclarecido "lucro" intelectual:

    Habemus Papam

    Leonardo Boff

    Acusado por um conservador norte-americano de ser marxista, Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, negou sê-lo, mas disse que não se sentia ofendido, por ter conhecido ao longo de sua vida muitos marxistas que eram boas pessoas.
    A declaração do papa, evitando atacar ou demonizar os marxistas, e atribuindo-lhes a condição de comuns mortais, com direito a ter sua visão de mundo e a defendê-la, é extremamente importante, no momento que estamos vivendo agora.

    A ascensão irracional do anticomunismo mais obtuso e retrógrado, em todo o mundo — no Brasil, particularmente, está ficando chique ser de extrema direita — baseia-se em manipulação canalha, com que se tenta, por todos os meios, inverter e distorcer a história, a ponto de se estar criando uma absurda realidade paralela.

    Estabelecem-se, financiados com dinheiro da direita fundamentalista, “museus do comunismo”; surgem por todo mundo, como nos piores tempos da Guerra Fria, redes de organizações anticomunistas, com a desculpa de se defender a democracia; atribuem-se, alucinadamente, de forma absolutamente fantasiosa, 100 milhões de mortos ao comunismo.

    Busca-se associar, até do ponto de vista iconográfico, o marxismo ao nacional-socialismo, quando, se não fossem a Batalha de Stalingrado, em que os alemães e seus aliados perderam 850 mil homens, e a Batalha de Berlim, vencidas pelas tropas do Exército Vermelho — que cercaram e ocuparam a capital alemã e obrigaram Hitler a se matar, como um rato, em seu covil — a Alemanha nazista teria tido tempo de desenvolver sua própria bomba atômica e não teria sido derrotada.

    Quem compara o socialismo ao nazismo, por uma questão de semântica, se esquece de que, sem a heroica resistência, o complexo industrial-militar, e o sacrifício dos povos da União Soviética — que perdeu na Segunda Guerra Mundial 30 milhões de habitantes — boa parte dos anticomunistas de hoje, incluídos católicos não arianos e sionistas, teriam virado sabão nas câmaras de gás e nos fornos crematórios de Auschwitz, Birkenau e outros campos de extermínio.
    Espalha-se, na internet — e um monte de beócios, uns por ingenuidade, outros por falta de caráter mesmo, ajudam a divulgar isso — que o Golpe Militar de 1964 — apoiado e financiado por uma nação estrangeira, os Estados Unidos — foi uma contrarrevolução preventiva. O país era governado por um rico proprietário rural, João Goulart, que nunca foi comunista. Vivia-se em plena democracia, com imprensa livre e todas as garantias do Estado de Direito, e o povo preparava-se para reeleger Juscelino Kubitscheck presidente da República em 1965.

    1964 foi uma aliança de oportunistas. Civis que há anos almejavam chegar à Presidência da República e não tinham votos para isso, segmentos conservadores que estavam alijados dos negócios do governo e oficiais — não todos, graças a Deus — golpistas que odiavam a democracia e não admitiam viver em um país livre.

    Em um mundo em que há nações, como o Brasil, em que padres fascistas pregam abertamente, na internet e fora dela, o culto ao ódio, e a mentira da excomunhão automática de comunistas, as declarações do papa Francisco, lembrando que os marxistas são pessoas normais, como quaisquer outras — e não são os monstros apresentados pela extrema-direita fundamentalista e revisionista sob a farsa do “marxismo cultural” — representam um apelo à razão e um alento.

    Depois de anos dominada pelo conservadorismo, podemos dizer, pelo menos até agora, que Habemus Papam, com a clareza da fumaça branca saindo, na Praça de São Pedro, em dia de conclave, das veneráveis chaminés do Vaticano.

    Um Papa maiúsculo, preparado para fortalecer a Igreja, com o equilíbrio e o exemplo do Evangelho, e a inteligência, o sorriso, a determinação e a energia de um Pastor que merece ser amado e admirado pelo seu rebanho.

Re"I"ginaldo Rossi se foi. Mas deixou seu legado para sempre!!


Morreu Reginaldo Rossi(ou REIginaldo). Um ídolo dos amantes da musica brega/romantica desde a década de 1960. Foi um dos integrantes da "Jovem Guarda', depois se radicou mais no  Nordeste, onde durante mais de 40 anos foi sucesso inconteste. Ùltimamnte voltou a "brilhar" em todo o Brasil por causa da musica "Garçon".
Além de um musico e cantor inventivo, era uma figura humana da melhor qualidade, generoso, progressista, bem humorado,  enfim, um ser humano que fara falta no cenário musical e humanistico nacional. Eu, Marcos Tenório, Elias e muitos outros amigos erámos seus fãs e admiradores. Mas seu legado artistico permanecerá entre nós para sempre!!!
 

Confraternização e companhia agradável!!


Nesta quinta feira no almoço de confraternização da CTB(Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), fui convidado pelo meu amigo e Camarada Carlos Umberto Martins e pela diretoria da entidade. E acabei indo com a amiga e camarada, grande atriz e militante, Alexandra Cavagna(na foto comigo). Grande prazer me deu sua companhia ao lados de meus camaradas de lutas e vida. Almoço lauto e generoso no "Boi Preto", na Marginal do Tiête, perto do Canindé. Lugar prazeiroso, mas localizado num ponto da cidade complicado por causa do trânsito!!

domingo, dezembro 15, 2013

Viver o Amor!


Minha gente amiga!!
Não consigo  compreender e aceitar como certas pessoas, mulheres especiais até, decidem numa quadra  da vida, a renunciar ao amor, a paixão e ao sexo. Alegam idade, desencantos, sofrimento com amores e vidas mal resolvidas. Algumas culpam homens(como homens  culpam mulheres) que passaram por sua vida,outras apenas desencanto e até mesmo terem ficado assexuadas!
Mas não perdem o carinho e  apego a vida!
Se são  saudáveis, como os homens, podem viver ou reviver paixões, amar de novo, curtir as delicias do sexo, enfim,viver plenamente!
Devem deixar de temer o viver, a entrega, o amor e a paixão. As vezes elas podem ressurgir avassalaoras e transformar suas vidas num mar de alegriia e satisfações!
Torço por isto e não renuncio nunca ao amor, a paixão e ao sexo e ao viver plenamente e torço para que todos, tenham a idade que tiverem, que se aventurem na vida! Ela pode ser completa, complexa e bela!!!

segunda-feira, dezembro 09, 2013

sábado, dezembro 07, 2013

MANDELA; DO ANTICOMUNISMO À ADESÃO AO MARXISMO!!!


Legenda: Mandela com o dirigente do PCdoB, Vital Nolasco, em 1991


Em sua autobiografia, “Longo caminho para a liberdade”, Nelson Mandela conta de sua

oposição aos comunistas e ao Partido Comunista da África do Sul; de sua convivência e, depois,

amizade com militantes do PC e de como isso o levou a estudar os fundadores do socialismo

científico e à adesão aos seus ideais. Num momento em que se ergue uma unanimidade em

torno do seu nome, descaracterizando, muitas vezes, seu pensamento, vale verificar esse

depoimento desse que foi um dos grandes revolucionários surgidos no século passado.

Em 1947, aos 29 anos, Mandela era dirigente da Liga da Juventude, uma das organizações

que, com o Partido Comunista e outras, formava o Congresso Nacional Africano (CNA). Na

Conferência Nacional do CNA, ocorrida nesse ano, a Liga apresentou uma moção uma moção

exigindo a expulsão dos militantes do PC da organização. “Minha preocupação era que a

intenção dos comunistas fosse apossar-se de nosso movimento usando o disfarce da ação

conjunta. Eu achava que o que nos poderia libertar seria um nacionalismo africano não diluído

e não um marxismo e nem um multirracialismo. Com alguns colegas da liga, cheguei ao ponto

de interromper reuniões do Partido Comunista invadindo o palco, arrancando cartazes e me

apossando do microfone,” relata.

Em 1950, opôs-se à realização de um dia de greve, no 1º de Maio, o Dia da Liberdade,

aprovado pela Convenção de Defesa da Liberdade de Expressão, porque a proposta partiu

do PC e ele achou “que os comunistas estavam tentando tirar a força do Dia Nacional de

Protesto do CNA”. Desta vez, Mandela teve êxito e a greve aconteceu sem o apoio do CNA.

“Mais de dois terços dos trabalhadores africanos ficaram em casa durante a greve de um

dia”, lembra. Dezoito africanos foram mortos e muitos ficaram feridos num ataque realizado

pela polícia a manifestantes que apoiavam a greve. Poucas semanas depois, o governo

tornou ilegal o Partido Comunista. Mandela conta que ouviu de um dirigente do CNA “estas

palavras proféticas: ‘Hoje é o Partido Comunista. Amanhã serão os nossos sindicatos, o nosso

Congresso Indiano, o nosso Congresso Nacional Africano”.

Em resposta a esses acontecimentos, o CNA resolveu promover, em 26 de junho de 1950, um

Dia Nacional de Protesto, juntamente com o PC e outras organizações. “Naquele tempo eu

tinha mais certeza das coisas às quais eu me opunha do que das coisas que apoiava. Minha

oposição ao comunismo vinha de muito tempo, mas estava se desfazendo”. Moses Kotane,

secretário-geral do PC, perguntou-lhe: “O que você tem contra nós, Nelson? Nós todos

estamos lutando contra o mesmo inimigo. Não estamos querendo dominar o CNA; estamos

trabalhando no contexto do nacionalismo africano”. Relacionando-se com vários comunistas,

“e por observar seus sacrifícios, achava cada vez mais difícil justificar meu preconceito contra o

Partido”.

Mandela resolveu conhecer melhor o marxismo, pois, nas discussões políticas com os amigos

“via-me sempre prejudicado por minha ignorância da filosofia marxista”. Comprou as obras

de Marx e Engels, Lênin, Stálin e Mao Zedong “e comecei a sondar a filosofia do materialismo

dialético e histórico. (...) Eu concordava com a frase básica de Marx, que tinha simplicidade e

a generosidade da Regra de Ouro: ‘De cada um conforme a capacidade; a cada um conforme a

necessidade’”.

Tudo mudou: “O materialismo dialético me ajudou a ver a situação de outra maneira que

não pelo prisma das relações entre negros e brancos, pois se quiséssemos que nossa luta

tivesse êxito, precisaríamos transcender as cores. Fui atraído para as bases científicas do

materialismo dialético, pois estou sempre inclinado a confiar no que posso verificar. (...) O

apelo do marxismo à ação revolucionária era música para os ouvidos de um combatente pela

liberdade. A ideia de que a história progride por meio de lutas e que as mudanças ocorrem

em saltos revolucionários também era muito sedutora. Em minha leitura das obras de Marx

encontrei uma grande quantidade de informações relacionadas ao tipo de problemas que um

político prático encontra”.

 “Certa vez um amigo me perguntou como eu podia conciliar meus princípios de nacionalista

africano com uma crença no materialismo dialético. Para mim, não havia nenhuma

contradição. Eu era primeiro e acima de tudo um nacionalista africano em luta por nossa

emancipação de um governo minoritário e pelo direito de controlar nosso próprio destino.

No entanto, ao mesmo tempo a África do Sul e o continente africano faziam parte de um

mundo maior. Nossos problemas eram diferentes e especiais, mas não eram completamente

exclusivos e só podia ser válida uma filosofia que colocava esses problemas no contexto

internacional e histórico do mundo como um todo e do processo histórico”, escreve Mandela,

para concluir: “Verifiquei que os nacionalistas africanos e os comunistas africanos geralmente

tinham muito mais elementos os unido que os separando. Os cínicos sempre sugeriam que os

comunistas estavam nos usando. Mas quem poderá dizer que nós não estávamos usando os

comunistas?”.

Pouca gente lembra, mas Mandela é cidadão paulista. O título foi dado pelo então deputado

Vital Nolasco, do PCdoB, e ele foi à Assembleia Legislativa de São Paulo para recebê-lo, em 2

de agosto de 1991.