quinta-feira, setembro 27, 2012

Lutar pela Paz e auto-determinação dos Povos!


Camaradas e amigos!! Atendendo “convocação”, de José Reinaldo Carvalho, Socorro Gomes , Marcos Tenório e Jaime Sautchuck, a partir de agora passo a integrar o núcleo do CEBRAPAZ-Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz, em Brasilia/DF. E me integro a esta tarefa com afinco e prazer, porque sempre apoiei a entidade e lutei contra o Imperialismo e seus acólitos no Brasil e no resto do Mundo. Pelo fim das intervenções dos Estados Unidos e OTAN na Siria, Irã e países do Oriente Médio, Ásia e África e contra a ocupação da base de Guantânamo em Cuba pelos americanos e a Irlanda do Norte pelos colonialistas Ingleses!

A ameaça é real e não paranóia! Há um golpe em gestação!!




Eu e outros companheiros blogueiros temos batido há meses nesta tecla: a direita, os conservadores, a mídia ou o PIG (Partido da Imprensa Golpista), mais os latifundiários e a burguesia associada a grandes grupos monopolistas internacionais e os imperialistas americanos, estão gestando condições para dar um Golpe no Brasil e interromper nosso processo democrático e de  avanço das conquistas populares, tão arduamente conquistados. Não é uma paranoia das esquerdas não! Já fizeram isto há meses no Paraguai e anteriormente em Honduras. Já tentaram na Venezuela e no Equador. Eles não desistem jamais! Este artigo postado por Luis Nassif em seu Blog e que republico aqui é mais um alerta. Agora com um adendo grave: o Judiciário brasileiro, via Supremo Tribunal Federal e outras instancias do sistema aderiram conscientemente ao projeto golpista. È grave a coisa!!

A direita e a mídia sonham com 1964



Por Luis Nassif, em seu blog
São significativas as semelhanças entre os tempos atuais e o período pré-64, que levou à queda de Jango e ao início do regime militar e mesmo o período 1954, que levou ao suicídio de Getúlio Vargas.
Os tempos são outros, é verdade, e há pelo menos duas diferenças fundamentais descartando a possibilidade de um mesmo desfecho: uma economia sob controle e uma presidência exercida na sua plenitude, sem vácuo de poder.
***
Tirando essas diferenças, a dança é a mesma.
A falta de perspectivas da oposição em assumir o poder, ou em desenvolver um discurso propositivo, leva-a a explorar caminhos não-eleitorais.
Parte-se, então, para duas estratégias de desestabilização  – ambas em pacto com a chamada grande mídia.
Uma, a demonização dos personagens políticos. Antes do seu suicídio, Vargas foi submetido a uma campanha implacável, inclusive com ataques à sua honra pessoal – que, depois, revelaram-se falsos.
No quadro atual, sem espaço para criticar a presidente Dilma Rousseff, a mídia – especialmente a revista Veja – move uma campanha implacável contra Lula. Chegou  ao cúmulo de ameaçar com uma entrevista supostamente gravada (e não divulgada) de Marcos Valério, como se Valério tivesse qualquer credibilidade.
Surpreendente foi a participação de FHC, em artigo no Estadão, sustentando que o julgamento do “mensalão” marca uma nova era na política. Até agora, o único caso documentado de compra de votos foi no episódio da votação da emenda da reeleição – que beneficiou o próprio FHC.
***
A segunda estratégia tem sido a de levantar o fantasma da guerra fria. Mesmo sabendo que Jango jamais foi comunista (aliás, o personagem que mais admirava era o presidente norte-americano John Kennedy) durante meses e meses levantou-se o “perigo vermelho” como ameaça.
Grande intelectual, oposicionista, membro da banda de música da UDN, em 1963 Afonso Arino escreveu um artigo descrevendo o momento. Nele, mencionava o anacronismo de (em 1963!) se falar de guerra fria, logo depois de Kennedy e Kruschev terem apertado as mãos. E dizia que, mesmo sendo anacronismo, esse tipo de campanha acabaria levando à queda do governo pelo meio militar, devido à falta de pulso de Jango, na condução do governo.
***
O modelo de atuação da velha mídia é o mesmo de 1964, com a diferença de que hoje em dia não há vácuo de poder, como com Jango.
Primeiro, buscam-se personalidades, pessoas que detenham algum ativo público (como jornalistas, intelectuais, artistas etc.). Depois, abre-se a demanda por comentaristas ferozes. Para se habilitar à visibilidade ofertada, os candidatos precisam se superar na ferocidade dos ataques.
Poetas esquecidos, críticos de música, acadêmicos atrás de visibilidade, jornalistas, empenham-se em uma batalha similar às arenas romanas, onde a vitória não será do mais analítico, ponderado, sábio, mas do que souber melhor agredir o inimigo. É a grande noite do cachorro louco, uma selvageria sem paralelo nas últimas duas décadas.
Com sua postura de não se restringir ao julgamento do “mensalão” em si, mas permitir provocações à presidente da República e a partidos, o STF não cumpre seu papel.
Aliás, o STF do pós-golpe foi muito mais democrático do que o atual Supremo.

quarta-feira, setembro 26, 2012

O futuro é pela esquerda. Buscar a unidade na diversidade!!


Estas eleições nos deixara muitas lições DE vitória e de derrotas. Mas reafirmo aqui o que tenho pregado em minhas palestras, reuniões e artigos. Temos que trabalhar pela Esquerda, focando a unidade na diversidade, com respeito mutuo e aprendizado constante. As eleições em Belem já vem delineando isto. Sair do campo da o centro e marcharmos pela esquerda, saindo aos poucos da sombra do PT e quetais. Em poucos dias a história e a experiencia nos mostrara quem esta certo e para onde devemos ir no futuro!

terça-feira, setembro 25, 2012

KARL MARX: UMA LEITURA E UM CONHECIMENTO IMPRESCINDÍVEL!


Lejeune Mirhan*

A Editora Escala, da qual sou colaborador há cinco anos na revista Sociologia, tem feito uma série de edições especiais na área de Filosofia, que envolvem o pensamento de Karl Marx. Na sua edição nº 3, nas bancas desde julho, com 98 páginas, fui convidado pelo editor, meu colega sociólogo Daniel Aurélio, a escrever um artigo na forma de depoimento como militante marxista. A seguir republicamos esse depoimento, revisto e ampliado, que resume o pensamento insuperável do maior de todos os filósofos da humanidade.


REVISITANDO KARL MARX

Quando por 20 anos lecionei Sociologia e Ciência Política na Universidade Metodista de Piracicaba, costumava dizer que um filósofo é alguém que conhece toda a realidade de seu tempo e de tempos anteriores. Um estudioso da vida, da história, mas também um sociólogo. Nesse sentido, a humanidade esta permeada de grandes filósofos que deram suas contribuições para o engrandecimento e desenvolvimento do pensamento e das ideias políticas e sociais.
Com base nessa definição pessoal, nunca tive dúvidas: Karl Heinrich Marx (1818-1883) foi o último dos grandes e mais completo dos filósofos que a humanidade conheceu. Mas não foi só um filósofo. Seu pensamento tem aspectos também da ciência econômica, da sociologia e da política. Um pensador completo da sua época histórica, basicamente o século XIX.
Alguns o veem como um visionário, outros até mesmo como um profeta. Na verdade, Marx, foi uma pessoa igual a todos nós. Tinha seus vícios e defeitos, mas era também cheio de virtudes. O aspecto principal de sua personalidade era de que não se dedicava apenas e tão somente aos estudos e à teoria. Ele foi profundamente engajado nas lutas políticas, sociais e sindicais de seu tempo. A sua militância inspira, até nos dias atuais, milhões de militantes das lutas sociais. É dele a frase “Os filósofos nada mais fizeram do que interpretar o mundo. Cabe agora transformá-lo”. Ela diz tudo. Lênin, no início do século XX vai completar: “Sem teoria revolucionária, não existe prática revolucionária”.

Meu primeiro contato com Marx
Quando do meu ingresso na Universidade em 1975, então com apenas 18 anos, em plena ditadura militar, logo me aproximei do Centro Acadêmico. Já era um aficionado pelas Ciências Sociais. Nunca tinha tido nenhuma formação ou contato com o marxismo. Era, por assim dizer, um jovem “revoltado”. Sabia que vivíamos uma ditadura militar. Em 1974, cheguei a ajudar algumas candidaturas progressistas em São Paulo para a Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa pelo antigo MDB. Fiz o cursinho Anglo Latino e fui do Departamento do Aluno e ensaiamos uma peça de Brecht, “O casamento dos pequenos burgueses”. Lembro-me que em 1964, com apenas oito anos de idade, presenciei em minha cidade natal, a prisão de um tio querido, promotor público, apenas por ele ser um socialista-cristão.
Dois livros eu recebi de amigos universitários que me introduziram no pensamento marxista: O Manifesto do Partido Comunista e também O esquerdismo, doença infantil do comunismo. O primeiro, publicado em 1848, por Marx e Engels. O segundo, de Wladimir Ilich Oulianov Lênin, publicado em 1920. Falarei do Manifesto.
Antes, porém, é importante dizer, pelo meu ponto de vista, que é praticamente impossível uma pessoa abraçar as ideias de Marx, sem também ser adepto do pensamento de Lênin. E o exemplo mais claro começa com o próprio livro que inaugura a corrente marxista de pensamento revolucionário.
O jovem Marx – nascido em Trier, Alemanha – adere muito cedo à Liga dos Comunistas e participa de seu Congresso em dezembro de 1847. Seus camaradas incumbem-lhe, junto com Engels, que ele conhecera naquele mesmo ano em Paris de escrever e publicar um manifesto pela fundação de um partido revolucionário que teria a incumbência de liderar a luta do proletariado contra o sistema capitalista. Marx, nesse ano, já era famoso em toda a Europa.
Esses jovens – Marx com 29 anos e Engels com 27 – passam a se dedicar a essa importante tarefa intelectual que lhes foi dada. Assim, em fevereiro de 1848, sai a primeira edição do Manifesto Comunista em Londres. Na verdade, um manifesto político de combate a um sistema injusto, que faz um chamamento aos comunistas de todo o mundo para que fundem o seu Partido, a quem foi chamado de “Comunista”.
Assim, quando dizemos que não é possível sermos só marxistas, aqui é preciso dizer que Marx viveu 65 anos, mas morreu em 1883 sem ter fundado o Partido pelo qual lançara 35 anos antes o seu famoso Manifesto. Vai ser Lênin que irá conceber a forma de um Partido realmente revolucionário e comunista.

A base do pensamento Marxista
Todos nós, sejamos cidadãos comuns, pensadores, estudiosos, pesquisadores, temos nossas cabeças “feitas” por influência de pensamentos diversos. Sejam eles religiosos, econômicos, políticos, sociológicos e filosóficos. Os valores que abraçamos e assumimos, vem de fora de nós. E tais influências começam em nossas casas, estendem-se para nossas escolas, nas igrejas que frequentamos quando crianças – na maior parte das vezes impostas pelos nossos pais. Em meados do século XX, Louis Althusser vai chamar isso de “aparelhos de educação ideológica” que estão sempre à serviço do Estado e das suas classes que o dominam política e economicamente.
Também neste caso, Marx sofreu forte influência em sua juventude, de renomados pensadores de sua época, na primeira metade do século XIX. Essa influência vai ocorrer em três áreas básicas e fundamentais, a que chamamos de fontes constitutivas clássicas do marxismo: economia política, filosofia clássica e socialismo utópico.
Nem todos os pensadores que influenciaram Marx com eles conviveu ou os conheceu. Em especial os de economia. Os chamados fisiocratas ingleses, Adam Smith (1723-1790) morreu 18 anos antes de Marx nascer e David Ricardo (1772-1823) morre quando Marx tinha apenas cinco anos. Também na área de socialismo utópico, Saint Simon (1760-1825) e Robert Owen (1772-1837) Marx não teve nenhuma convivência, por ser muito jovem. Mas leu tudo que eles escreveram. Apenas Charles Fourier (1771-1858), que morre quando Marx tinha 40 anos, houve contatos.
Por fim, os pensadores que tiveram influência nas ideias de Karl Marx na área filosófica. O mais famoso foi Friedrich Hegel (1770-1831). Marx foi o que à época se chamava de “jovem hegueliano". O segundo, também famoso, foi Ludwig Feuerbach (1804-1872). Com esse Marx conviveu, atuaram em alguns congressos operários juntos, mas teve com ele imensas divergências.
Marx era um grande e ativo escritor, em uma época que máquina de escrever não era tão disponível (quase toda a sua obra preservada está manuscrita). Chegava a escrever um livro inteiro para refutar certos pensamentos que ele considerava equivocados. Ele praticava o que hoje chamamos de “luta de ideias”. Tinha suas concepções próprias e as desenvolvia. Reconhecia o mérito de outros quando era o caso e citava as fontes de tudo que ele desenvolvia. É claro que ele aprimora e desenvolve o método do materialismo dialético de Hegel, que era insuficiente. E combate os equívocos de Feuerbach. Para responder a um livro desse filósofo, intitulado Filosofia da miséria Marx publica Miséria da filosofia porque ele havia deplorado a obra.

O pensamento econômico de Marx
O Instituto Marx e Engels, tanto da Alemanha, quanto da Rússia, são detentores do maior acervo dos escritos de Karl Marx e de seu amigo por 39 anos, Friedrich Engels. As suas obras completas – inexistente no Brasil – reúnem 40 volumes, que possuem uma média de 600 páginas cada um. Na verdade, tudo que eles escreveram, em processo de organização final, ultrapassa a 600 volumes. Ai incluem todas as suas cartas, que ele escrevia em uma média de duas a três por dia.
Até 1859, então com apenas 41 anos Marx tinha estudado tudo que havia sido escrito sobre o desenvolvimento do capitalismo. Marx queria entender a origem da riqueza, da acumulação do capital, o trabalho e a sua exploração e a mercadoria (produção e circulação). Nesse aspecto, dezenas de filósofos – a começar de Aristóteles em Ética à Nicômano – tentaram entender o significado de trabalho e do seu valor. Aristóteles divaga sobre quantas sandálias um sapateiro teria que dar em troca pelos serviços de um arquiteto. Muito se debateu na história sobre isso, passando por Tomás de Aquino até chegarmos à Adam Smith, que esboçou pela primeira vez a teoria de “mais-valia” (mais valor agregado).
Todos, sem exceção, não conseguiram desvendar o mistério. Coube a Marx formular a teoria mais científica e válida até os dias atuais sobre o conceito de valor das coisas. E ele, de forma genial, faz a relação do valor de todas as coisas com a quantidade direta de trabalho necessário para que se produzam essas coisas (bens ou serviços). Daí surge o conceito de “mais-valia”.
Quando Marx publica o primeiro volume de sua principal obra, O Capital, em 1867, ele já tinha todo o seu pensamento econômico consolidado. Foi à época em que produziu os Grundisse uma espécie de rascunho d’O Capital. Já tinha claro o significado de força de trabalho e, principalmente, de mercadoria. Um bem produzido pelas pessoas só se transforma em mercadoria quando é comercializada. Assim, uma costureira quando faz uma saia para si própria ela produziu valor, mas um valor de uso e não um valor de troca. Quando ela faz esse mesmo vestido e o vende, aquilo passa a ser uma mercadoria. Ela vai receber bem mais do que gastou em termos de trabalho e matéria prima para produzi-la.
No entanto, a acumulação de capital passa a existir quando qualquer pessoa contrata força de trabalho. Assim, a sua produção passa a ser em escala e a riqueza que ela acumula vai se ampliando. Daí a origem da cumulação de capital e do enriquecimento. Que só será possível a partir da exploração do trabalho de outras pessoas. No exemplo da mesma costureira, se ela trabalha para si própria, mesmo que venda os seus vestidos, ela explora a si mesma.
Marx dizia que a força de trabalho tem um valor especial e ela é peculiar. É como se os operários e proletários tivessem um dom especial, como aquele rei lendário chamado Midas em que tudo que tocava virava ouro. E porque isso acontece? Pelo simples fato de que a riqueza que os trabalhadores produzem durante a sua jornada de trabalho, sejam bens materiais ou imateriais (difusos ou espirituais), valem muito mais do que o salário que recebem de seus patrões. É a exploração do trabalho. É a mais-valia.
Foi Marx que previu o fim do capitalismo. Ele estudou todos os sistemas que antecederam essa formação econômica, vigente hoje em praticamente todo o mundo. Estudou o escravismo, as formações econômicas antigas, asiáticas, e o feudalismo a quem se debruçou com mais intensidade. Chegou a uma conclusão que, pode-se dizer, é uma lei geral da Sociologia e das Ciências Sociais. Ela pode ser assim resumida: “Todas as sociedades humanas guardam dentro de si uma contradição que as levará à sua destruição”.
No caso da teoria marxista sobre o fim do capitalismo, Marx dizia que esse sistema viverá duas profundas contradições, que o levará à morte. A primeira é que a produção é cada vez mais socializada (muitos são chamados a produzir) e a apropriação da riqueza é cada vez mais individualizada (privada). E a outra, é a queda histórica média das taxas de lucros. Ora, um sistema que visa o lucro e estes diminuem drasticamente a cada ano ele tende ao fim.

O Marx político e militante
De fato, podemos dizer que Marx dedicou toda a sua vida aos estudos, às pesquisas, à produção intelectual. No entanto, foi um militante revolucionário. Em 1867, é eleito presidente da Associação Internacional dos Trabalhadores, uma espécie de Partido Comunista Internacional que representaria os interesses dos trabalhadores de todo mundo. Não por menos, ele termina o seu famoso Manifesto de 1848 com a famosa frase: “Proletários de todos os países, uni-vos. Nada tendes a perder a não ser os grilhões que vos aprisionam. Têm o mundo a ganhar”!
Esteve em Paris com os operários durante os 71 dias que duraram a Comuna de Paris em 1871, uma revolução proletária – a primeira da história feita sob inspiração de sua teoria revolucionária – e deu seu total apoio ao movimento, ainda que tenha aqui e ali algumas diferenças na condução do processo.
Marx travou o bom combate de ideias. Iniciou sua vida, mesmo tendo formado em direito e feito seu doutorado em filosofia, acabou não atuando na vida acadêmica. Começou como jornalista do jornal da região do Reno, chamado Gazeta Renana. Ai produziu seus primeiros artigos, sempre polêmicos, mas todos eles famosos até hoje.
É de Marx o excepcional conceito de luta de classes. Ele fundamenta que o que movimenta o mundo e a história nada mais é do que a luta de classes. Patrícios e plebeus, senhores proprietários de escravos e seus escravos, servos e senhores feudais e na atualidade burgueses e capitalistas e proletários. Essa luta entre dois opostos é que move a história.
Marx foi o precursor do conceito de classes sociais. Em seu volume III do Capital ele estuda essa questão (em vida ele só publicou o primeiro volume, tendo ficado para Engels a edição dos volumes II e III e para Karl Kautsky, já no início do século XX a publicação do volume IV, chamado “Teorias da Mais-Valia”). No entanto, quando morre em 1883, ele não nos deixou um conceito mais detalhado e aprofundado de classes sociais. Ele deixou apenas pistas. Faz uma relação direta entre classe e fontes de renda. Será apenas Lênin quem vai aprimorar esse conceito no começo do século XX.
Marx em vida pouco falou sobre o socialismo e comunismo. Ele estava mesmo preocupado em estudar o passado e o mundo da época que viveu que era o do desenvolvimento e consolidação do sistema capitalista do tipo concorrencial (hoje esse sistema é monopolista e pior do que isso, é financeiro, a que Marx inclusive já apontava isso em sua obra).
Para escrever o volume IV de sua obra prima, ele leu centenas livros. Era o usuário mais assíduo e disciplinado da Biblioteca de Londres, onde tinha cadeira cativa e reservada. Gostava de elaborar seu pensamento andando de um lado para outro na sala de sua casa em Londres. Existem marcas no chão desse vai-e-vem. Era um gênio produzindo intensamente.
O Marx Filósofo
Por fim, temos o Marx filósofo. Se ele reconhece com uma humildade que poucos intelectuais possuem, que não lhe coube a invenção de diversos conceitos que ele se utiliza em sua obra – como, por exemplo, “mais-valia” e “dialética” – também sem falsa modéstia ele afirma que coube a ele o aperfeiçoamento desses mesmos conceitos.
Isso vale para o materialismo dialético, que ele aperfeiçoou partindo do limitado sistema hegueliano. Ele vai muito além. Desenvolve o conceito do materialismo histórico, ou seja, de que todo o desenvolvimento humano guarda uma relação direta com o desenvolvimento das forças produtivas e da evolução da sociedade. Essas técnicas produtivas se desenvolvem sempre que novas descobertas e novos avanços científicos forem ocorrendo.
Assim, não é correto quando se diz que o “socialismo substituirá o capitalismo”. Isso é um reducionismo e uma vulgarização do marxismo, coisa que ele nunca disse. O que ele afirmou era que o capitalismo deve chegar ao seu limite de funcionamento e o seu desenvolvimento fará com que surja um novo sistema produtivo baseado na produção coletiva e na socialização de toda a riqueza produzida. A propriedade dos meios de produção, que era privada, passaria a ser coletiva. Mas, não é uma inevitabilidade histórica, nem um determinismo.
Por isso ele nomina qual a classe social que esta chamada a liderar esse processo revolucionário transformador – que nunca ocorre de forma espontânea – que é o proletariado (aqueles trabalhadores que produzem mais-valia).
Nós todos fomos educados dentro de um sistema filosófico, dentro de uma sociedade que não prima pela análise dialética. Muito pelo contrário. Nosso pensamento é metafísico, idealista. Uns dizem aristotélico e tomista. Isso é fruto de influência do pensamento religioso, deísta, onde o que surge sempre antes de todas as coisas é o espírito e nunca a matéria. O pensamento marxista parte do princípio de que a matéria é primordial – vem antes de tudo –, o mundo é material e as ideias – o espírito! – dele decorrem. Nunca poderíamos ter uma “ideia” de alguma coisa sem que ela existisse antes.
Costumamos separar essência e aparência, forma e conteúdo. Não conseguimos ver que tudo se relaciona e mais do que isso, tudo se transforma! Durante séculos, milênios, a terra foi o centro do universo. Era o sistema chamado ptolomaico. E o nosso planeta estava parado segundo todas as igrejas. Galileu, com suas novas teorias no século XVII, rompeu com o sistema geocêntrico, abraçando a teoria de Copérnico. Ele afirmava que a terra se movia e o sol era o seu centro. Quase foi levado à fogueira no século XVII. Para se salvar teve que ir à público dizer que era tudo mentira o que ele havia escrito.

Uma experiência vibrante e inovadora
Houve uma época histórica – recente inclusive – em que o livro Manifesto Comunista rodava mais edições em todo o mundo do que a própria Bíblia. Hoje vivemos tempos distintos. No entanto, o pensamento de Karl Marx continua vivo e vibrante. E mais atual do que nunca. Não há uma teoria que substitua o seu pensamento em termos de análise do sistema capitalista, como ele interpreta a produção e circulação de mercadorias e a acumulação de riqueza e capital.
O próprio desenvolvimento do modo de produção capitalista, com a introdução de robôs na linha de produção do setor industrial, Marx conseguiu prever (ele fala em investimentos em mais maquinaria). A financeirização do capital também é mencionada por ele quando diz que parte do capital se transforma em financeiro por ele ser portador de juros. Sabemos que Lênin vai desenvolver melhor esse conceito com sua magnífica obra Imperialismo, etapa superior do capitalismo, de 1916.
Pessoalmente, minha relação e experiência com Marx é gratificante. Se por um lado é verdade que tenho estudado seu pensamento há quase 40 anos, por outro é também verdade que tenho que confessar que ainda tenho muito a aprender. Não basta que leiamos os nove livros d’O Capital ou algumas outras de suas principais obras. Não houve em minha trajetória de militante comunista qualquer outro autor que tenha me influenciado tanto quanto Karl Marx.
A teoria marxista é dinâmica. Ela também evolui. Temos que, dia-a-dia, ver como aplicamos a sua teoria. Se na época em que Marx viveu era praticamente inexpressivo o percentual de trabalhadores do setor de serviços e mesmo de funcionários públicos, hoje temos uma nova realidade. Mas, saber e identificar cada setor proletário – que hoje muitos chamam erroneamente de “classe trabalhadora” – é tarefa cotidiana de todos aquele que acreditam na teoria revolucionária marxista. E o fazem não por fé cega, mas por comprovação científica de algo que vem sendo cada vez mais comprovado.
Estão ai as crises sistêmicas e estruturais do capitalismo para comprovar o que o “velho barbudo”, apelidado de mouro do século XIX nos disse e previu.
* Lejeune Mirhan é sociólogo, Professor, Escritor e Arabista. Colunista de Oriente Médio do Portal da Fundação Maurício Grabois (http://fmauriciograbois.org.br/portal/). Colaborador da Revista Sociologia da Editora Escala. Foi professor da Unimep entre 1986 e 2006, tendo sido sociólogo da FUNDUNESP entre 1996 e 2006. E-mail: lejeunemgxc@uol.com.br

sábado, setembro 22, 2012




Algo que me vem martelando a cuca nos últimos dias e remeto questionamento a ser desenvolvido, para Elias Jabbour e outros pensadores marxistas-leninistas e progressistas: A QUESTÃO DA TERRA!!
Porque a propriedade da terra? Ela esteve sempre ai! Gerando as florestas e matas que nos dão oxigênio e água com fartura, os alimentos que nos mantem! Porque, quem deu ou permitiu  que alguns se tornassem donos de extensões imensas ou pequenas de terra? Deveria ser propriedade de todos, do Estado e usada e explorada como concessão e ponto final!! Ou não?
Mas desde tempos imemoriais é motivo de disputa, guerras, exploração! Vale ser pauta importante na discussão do futuro da humanidade e da civilização!! Tai a questão lançada!!

JORGE AMADO, O ROMANCISTA DO POVO!

Material usado na campanha de Jorge Amado como candidato a "Constituinte" de 1945



O Partido Comunista nos livros de Jorge Amado

By Carlos Pompe*

Em 10 de agosto foi celebrado o nascimento de Jorge Amado, um dos mais conhecidos e lidos escritores brasileiros, de aberta militância política e que foi eleito deputado constituinte, em 1945, pelo Partido Comunista do Brasil, que então adotava a sigla PCB. Em parte de sua literatura, o escritor baiano apresentou personagens, reais ou fictícios, vinculados ao Partido, lutadores por um Brasil avançado, socialista.

Num de seus livros mais conhecidos, Capitães de Areia, que iniciou em março de 1937, trata de um grupo de crianças pobres ou abandonadas que vivem nas praias, brincando, praticando pequenos furtos, malandrando. Ao longo da história, os pequenos capitães vão crescendo, desenvolvendo caminhos próprios. O líder do grupo, Pedro Bala, ingressa numa organização clandestina que o autor não nomeia, mas insinua ser o Partido Comunista. Citaos jornais de classe, pequenos jornais, dos quais vários não tinham existência legal e se imprimiam em tipografias clandestinas, jornais que circulavam nas fábricas, passados de mão em mão, e que eram lidos à luz de fifós” (pequenos lampiões de querosene), “publicavam sempre notícias sobre um militante proletário, o camarada Pedro Bala, que estava perseguido pela policia de cinco estados como organizador de greves, como dirigente de partidos ilegais, como perigoso inimigo da ordem estabelecida”.

Registra que no Estado Novo getulista, quando “todas as bocas foram impedidas de falar, no ano que foi todo ele uma noite de terror, esses jornais únicas bocas que ainda falavam clamavam pela liberdade de Pedro Bala, líder da sua classe, que se encontrava preso numa colônia. E, no dia em que ele fugiu, em inúmeros lares, na hora pobre do jantar, rostos se iluminaram ao saber da notícia. E, apesar de que fora era o terror, qualquer daqueles lares era um lar que se abriria para Pedro Bala, fugitivo da polícia. Porque a revolução é uma pátria e uma família”.

Um ano depois, indo de ônibus de Estância a Aracaju, Sergipe, prometeu a si escrever sobre a vida de Prestes, depois que o chofer, que havia sido da Coluna Invicta e da Aliança Nacional Libertadora, sugeriu-lhe a empreitada. O Cavaleiro da Esperança – Vida de Luiz Carlos Prestes, escrito em 1942, era um instrumento para servir à causa da anistia do líder da Coluna e de inúmeros outros comunistas e democratas perseguidos, encarcerados, torturados e mortos pela ditadura getulista. Proibido após o golpe militar de 1964, a obra foi novamente editada em 1979, quando o autor considerou que ela cumpriu “o objetivo visado, concorrendo para popularizar e intensificar a campanha pela anistia naquele então apenas iniciada” e afirmou que a sua volta às livrarias servia “ao mesmo objetivo que o inspirou: servir à causa da anistia aos presos (e exilados) políticos, campanha que é novamente a mais urgente e generosa bandeira de nosso povo”.

Os Subterrâneos da Liberdade, trilogia romanesca que se passa durante o Estado Novo e se centra na luta do Partido Comunista, em especial, e demais democratas contra a ditadura, foi escrito em 1954. Antes, em 1951, Amado, em O Mundo da Paz, relatou e opinou favoravelmente sobre o que viu da construção do socialismo na União Soviética e países do Leste Europeu recém-saídos da ocupação nazista.

Após os ataques feitos por Nikita Kruschev a Stalin e à orientação que, sob sua direção, o Partido Comunista adotou à frente da União Soviética, o escritor brasileiro continuou defendendo o socialismo, porém se distanciou da política partidária e nos seus livros deixou de construir personagens com atuação revolucionária partidista. Não mais permitiu reedições de O Mundo da Paz, mas manteve os outros livros aqui citados no seu catálogo. A crise na União Soviética e no Leste Europeu, no final do século passado, também o afetaram, mas não o fizeram abandonar a convicção da necessidade de um mundo novo, sem exploradores e explorados, de plena realização do ser humano.

Jorge Amado faleceu em 6 de agosto de 2001. Talvez se possa afirmar, sobre as obras aqui citadas, o que uma pessoa amiga lhe disse sobre o livro O Cavaleiro da Esperança e que ele registrou no prefácio da edição de 1979: “achou-o ingênuo; a classificação não me desgosta. A ingenuidade não representa um mal maior; perigoso é o cinismo que vem se transformando em hábito no pensamento político do país. A condição ingênua destas páginas, escritas quando Hitler ameaçava dominar o mundo e a ditadura do Estado Novo parecia inabalável, nasce de minha obstinada crença no Futuro”.

*Carlos Pompe é jornalista, comunista revolucionario, editor do Vermelho/DF e curioso do Mundo e das coisas!

sexta-feira, setembro 21, 2012

Sampa/Brasilia



Acabei de chegar há pouco em Brasilia vindo de Sampa. Lá iniciou a manhã desta sexta-feira com chuviscos e temperatura baixa. Ontem houve pancadas de chuva fina em alguns pontos da cidade. Aqui em Brasilia, calor, nevoa seca e nada de chuva. Mas por estes dias começa a chover e a cidade vai ficar linda!! Em Sampa cumpri satisfatoriamente  minha agenda. Fiquei hospedado na casa de Denise Pini e Flávio, vi os amigos e camaradas Tato Fischer, Zé Reinaldo, Carlos Umberto, Jesus Carlos, Laudert Castelo Branco Delcimar, Vilma e o pessoal do ECLA, Liege Rocha, a adorável Ale Cavagna,minha querida amiga de longa data Maria Luiza Araujo, o veterano combatente Rubens"Tupa" Ferrari e outros. Só se fala na expectativa das campanhas eleitorais que estamos envolvidos por este Brasil afora. Esperamos vitórias e sofrimento em alguns segundos turnos. Mas vamos que vamos. Não esmorecer jamais!!!

quarta-feira, setembro 19, 2012

No Brasil todo, vote 65, candidatos a prefeito ou vereadores que honrarão se voto!!




Estou em Sampa, minha terra querida e não poderia me abster de opinar sobre as eleições municipais, apesar de estar morando em Brasilia, onde este na não tem eleições. Como já declarei meu voto aqui em Luciana Bernardes-65156, candidata a vereadora em Vitória pelo PCdoB, em Xaolin da Rocinha-65000 no Rio de Janeiro, Javier Alfaya, vereador em Salvador e em Fortaleza, Edvaldo Alves, subscrevo aqui meu apoio entusiasta em Jamil Murad-65123 candidato a reeleição em São Paulo. Como o time ai da foto!! Tá no Blog do Luiz Aparecido em www.luizap.blogspot.com

Mas em qualquer cidade do Brasil, recomendo votarem nos candidatos do PCdoB, numero 65 de prefeitos a vereadores. Estamos na disputa em Porto Alegre, Florianópolis, Manaus, Fortaleza e muitas outras cidades
Estamos a apenas 17 dias das eleições de 7 de outubro. Em São Paulo, cresce a nossa confiança na reeleição de Jamil Murad, Vereador, 65123 e na ida de Fernando Haddad, Prefeito, 13 ao segundo turno. E, para seguir a campanha em alto nível, nada mais inspirador do que o exemplo de grandes camaradas -- como Nivaldo Santana, Rita Rebelo, o próprio Jamil e Aldo Rebelo --, além do legado da ex-prefeita Marta Suplicy. Vamos à luta, rumo à vitória! — com Alberto Saraiva, Jairo Junior,Lejeune Mirhan e outros 17 em Jamil Murad

segunda-feira, setembro 17, 2012

OS PERIGOS QUE RONDAM E AMEAÇAM O BRASIL E OS BRASILEIROS!!!



Quem vai dar o golpe no Brasil? 

Por Miguel do Rosário,
 no blog O Cafezinho:


Agora vocês entendem porque eu ataco tão violentamente a tese de que é possível governar sem base legislativa, sem força política? Essa é uma tese perigosíssima, sobretudo para a esquerda, que não tem apoio da mídia, e que apenas conta com apoio do empresariado enquanto a economia for bem. 

Há um setor do empresariado progressista, ligado à produção, mas há também um setor financeiro reacionário, corrupto, profundamente insatisfeito, por exemplo, com a concorrência dos bancos públicos e a determinação do governo de reduzir spread e juros.

Um país de economia diversificada como o Brasil, e com tantos recursos naturais, encontrará financiadores para qualquer aventura golpista, sendo que a estratégia pós-moderna é o golpe branco, por dentro da lei, baseado na manipulação da informação.

A guerra do Iraque, por exemplo, foi um golpe branco, um conluio entre a indústria bélica, mídia e setores do governo, para arrancar do contribuinte americano alguns trilhões de dólares. Conseguiram. 

A guerra pode ter sido um fiasco, e a mídia depois confessou que mentiu, mas o dinheiro foi embolsado pelos barões das armas. Do ponto-de-vista financeiro, portanto, a guerra foi um sucesso absoluto.

Recentemente, testemunhamos na América Latina dois golpes brancos: em Honduras e no Paraguai.

O do Paraguai, mais recente, chocou a opinião pública brasileira, mas contou com apoio da mídia (a nossa, e a deles também, claro) e de setores da direita (a nossa e a deles).

E agora vemos o Supremo Tribunal Federal realizando um julgamento não ortodoxo do mensalão, condenando sem provas, encarnando um estarrecedor tribunal de exceção. Confiram a entrevista com Wanderley Guilherme dos Santos para a Carta Capital.

No que toca à mídia, não faltará disposição. Esta é a razão do título do post, que é uma citação de um livro publicado por Wanderley em 1962, no qual ele analisa a situação política e prevê o que irá acontecer. Não quero acreditar em golpe no Brasil. Acho que não chegaremos a tanto, mas golpe é golpe justamente por ser uma surpresa. Ninguém contava com o golpe de 64, assim como não contavam em Honduras ou Paraguai. Um pouco de paranóia, se dosada com bom senso, não faz mal a ninguém.

A Veja desta semana traz uma reportagem bombástica de capa. 

Depois do julgamento sem provas, dos grampos sem áudio, agora temos uma entrevista sem entrevistado. A revista traz revelações dadas por Marcos Valério que não foram ditas por Marcos Valério, mas colhidas em depoimentos de parentes, amigos e associados. Ou seja, a velha e boa fofoca ganhou status de entrevista e matéria jornalística. PS: Marcos Valério não apenas não deu a entrevista como não confirmou as informações nela contida.

Sabe o que é pior? As pessoas acreditam. Lembro que uma vez eu li uma matéria sobre uma pesquisa de cientistas ingleses, que descobriram que as pessoas tendem a acreditar mais em fofocas do que em seus desmentidos.

A reportagem ataca, obviamente, Lula, que é uma espécie de vilão-mor da Veja. Ela ocorre na mesma edição em que se publica uma resenha do último livro do blogueiro da revista, Reinaldo Azevedo, intitulada, muito criativamente, País dos Petralhas II.

O objetivo da matéria é criar um fato bombástico para repercutir nas primeiras páginas dos jornais de domingo, constará do Fantástico, e pautará os grandes órgãos de imprensa, aliados nessa estratégia. 

Faltando pouco mais de 20 dias para a eleição municipal, a Veja tenta levar Serra, candidato à prefeitura de São Paulo, para o segundo turno.

Não se trata de considerar Lula um intocável. Mas não se pode pautar a agenda política de um país com base em fofocas. Se Marcos Valério tem alguma coisa a dizer, que o diga de sua própria boca, e prove.

Nesse momento em que a direita se vê cada vez mais enfraquecida, não podemos baixar a guarda, porque o bicho se torna mais feroz quando está acuado. A esquerda tem de se fortalecer, ampliar sua base legislativa, fortalecer as instituições, e construir, paulatinamente, um sistema de comunicação mais democrático. O Brasil se tornou grande demais para ficar à mercê de meia dúzia de barões da mídia.

Para isso, o governo tem de fazer um PAC da Internet, investindo o que for necessário, urgentemente, para elevar a banda em todo país, porque somente a internet pode libertar o país do risco de um golpe branco midiático. Este PAC deveria conter os seguintes pontos:

- Consolidar, de uma vez por todas, uma banda larga de alta potência em todo país, ao custo menor possível.

- Incentivar a criação de canais de TV exclusivos de internet.

- Incentivar a criação de websites, blogs e portais jornalísticos e culturais, que sejam independentes de corporações. Sei que já existem milhares de websites e blogs independentes, mas quase nenhum é profissional. Para isso, entrará o investimento do poder público. Temos de fazer leis que obriguem municípios, estados e União a patrocinarem a mídia independente – a partir de critérios republicanos, evidentemente.

O Leviatã midiático está mais desesperado – e por isso perigoso – do que nunca. O novo lance da Veja deve nos preparar para o que virá em 2014. Em 2010, sofremos na pele o risco de um retrocesso brutal por conta da aliança entre grande mídia e oposição conservadora. 

Essa é a razão pela qual eu não acredito em aventureiros solitários. A guerra política não é para adolescentes mimados. Governos de esquerda, ou aliados à esquerda, tem de ser fortes, com base legislativa sólida e confiável, ancorado em processos consolidados de articulação política entre partidos, sindicatos, movimentos sociais, empresariado e sociedade civil. 

Se não for assim, se não agirmos com inteligência e coesão, estaremos expondo nosso povo a um risco que ele não merece correr.

Lula foi um grande estadista, mas o importante não é o indivíduo. É o projeto político. Esse projeto deve ser assegurado, porque a democracia, em si, não muda muita coisa, o que muda é a luta política no interior da democracia. 

A luta para assegurar crescimento econômico, empregos, juros baixos, mais investimentos em infra-estrutura, e aprimoramento constante dos serviços de educação e saúde oferecidos pelo poder público.


domingo, setembro 16, 2012

VA A SUA MISSA, CULTO, MESQUITA, SINAGOGA, MAS LEIA ESTE ARTIGO DE JAIME SAUTCHUK!!!!



Estado e Religião

JAIME SAUTCHUK

Foi a Revolução Francesa, iniciada em 1789, que consolidou a ideia de separação do estado da religião, com um poder laico, sob o lema da liberdade, igualdade e fraternidade. Estava ali sacramentado o papel do estado como protetor do cidadão, independente de seus credos. Mas o tema continua atual.

Os franceses se inspiraram nas revoluções inglesa, de um século antes, e norte-americana, de 1776. E o conceito democrático ganhou o resto do mundo ocidental. A Revolução Russa e, depois, as da Ásia, como a chinesa e a vietnamita, baseadas na teoria marxista, reforçaram ainda mais essa separação.

Em Cuba, onde de igual modo foi implantado na década de 1950 um regime de inspiração marxista, o estado também é laico, e todo o cidadão tem direito a cultivar seus credos. Religiões de todos os matizes são exercidas com liberdade. Aliás, quem andar por Cuba inteira verá, como eu já vi, mais terreiros de candomblé do que na Bahia.

Mas aí entra o debate sobre estados do Oriente Médio e outras partes do mundo onde a religião está imbricada no poder central. E diferenças religiosas, que às vezes são concepções muito próximas uma das outras, geram conflitos inexplicáveis, que são fomentados pelos países centrais como arma para tentar garantir sua hegemonia mundial.

É claro que os Estados Unidos e seus aliados na OTAN usam, também nesta questão, dois pesos e duas medidas. Um tratamento é dado aos aliados, como Israel e Arábia Saudita, que adotam religiões diferentes, mas se alinham aos poderosos. Mas, em outros países, considerados inimigos, a religião é usada como causa de conflitos.

É o mesmo conceito usado para armas nucleares. O correto seria ninguém tê-las, mas na visão imperialista, uns países podem, outros não. E a simples suspeita de que se esteja desenvolvendo a tecnologia nuclear para fins bélicos justifica invasão de países, com massacres de populações desamparadas.

As ações imperialistas puseram abaixo os regimes do Iraque, Líbia e agora agem contra a Síria, onde incentivam conflitos entre clãs, que deveriam ser resolvidos internamente. Por ironia, no entanto, um vídeo plantado na Internet por um judeu americano vem gerando manifestações em pelo menos 19 países de grande expressão muçulmana.

Na Líbia, onde o ex-presidente Anuar Kadafi foi deposto e assassinado com clara participação dos EUA, a embaixada ianque foi queimada e quatro funcionários, inclusive o embaixador, morreram. No Egito, o país mais ocidentalizado da região, a embaixada dos EUA foi cercada e quase invadida também. O mesmo se repetiu em vários outros países.

No Líbano, onde o governo é formado por uma coalizão político-religiosa, a semana foi ainda mais diferenciada. Nas ruas, manifestantes incendiavam lanchonetes e lojas de franquias norte-americanas, enquanto os 30% de católicos do país recebiam com pompas o Papa Bento VI. Com a ressalva de que as principais lideranças muçulmanas libanesas deram boas-vindas e até se encontraram com o ilustre visitante cristão.

Apesar de as manifestações anti-EUA nessas duas dezenas de países terem como mote o tal vídeo que ataca o profeta Maomé, ícone maior da religião muçulmana, seu caráter não é apenas religioso. Demonstram, em verdade, que há em toda a região do Norte da África, Oriente Médio e parte da Ásia um crescente incômodo com a mão de Tio Sam naquelas plagas. E isso é bom.

É claro que o fundamentalismo acaba criando certas confusões. Mas cria em qualquer lugar, seja do matiz religioso que for. Afinal, os radicais católicos alemães fazem massacres e os protestantes e católicos da Irlanda do Norte voltaram aos conflitos que deixou o país em guerra civil por décadas, no século passado.

As convulsões na África e Oriente Médio por certo irão provocar mudanças em algumas fronteiras nacionais. Muitas delas, aliás, são artificiais, criadas por ingerência colonialista. E, ademais, há movimentos de secessão ocorrendo também em outras partes do mundo, como os casos do País Basco e da Catalunha, na Espanha.

A esperança é de que disso tudo surjam estados laicos, democráticos, que nos coloquem cada vez mais distantes do obscurantismo católico da Idade Média.