terça-feira, maio 31, 2011

Novela "Amor e Revolução", do SBT esta censurando depoimentos!!!



Joelzon MDZ me mandou este libelo que publico na integra!!!!

PROTESTO NO GRUPO "DOCUMENTO DITADURA"

PESSOAL,

EU ESTOU REVOLTADÍSSIMO: O SBT NÃO POSTOU O VÍDEO DA NOSSA COMPANHEIRA Neusah Cerveira QUE FOI SEXTA-FEIRA E POSTARAM NA PÁGINA DA NOVELA "AMOR E REVOLUÇÃO" O DEPOIMENTO DO ILDEU MANSO QUE ELES MOSTRARAM O NOME DESTE COMO "LIDEU MANSO".
ISSO É CENSURA!
SEGUNDO PALAVRAS DE Neusah Cerveira:

>"-A produção da novela disse que a ordem veio de cima.";

>"-Assinei um contrato onde dizia que meu depoimento iria para o site".

E SOBRE A NOVELA ELA DISSE MAIS:

> "-Vc sabia que os torduradores darão seus depoimentos também, e vai ser no encerramento da novela?"

SOBRE ELA E SUA FAMÍLIA AINDA DISSE:
>"-Olhe na Internet, não param de perseguir nossa família:
em 2009 o salário da viúva cerveira foi suspenso por tres meses"

>"-Eu fui torturada depois da minha defesa de tese onde apontei nomes de torturadoes."

>"-Minha mãe vai começar a denunciar agora mesmo, e exigir minhas fotos e depoimento na integra
Fui enganada, para dar um depoimento que provavelmente já está nas mãos dos torturadores junto com minhas fotos"

PESSOAL, NÃO PODEMOS DEIXAR QUE A CENSURA SE VOLTE COM FORÇA COM ESSA NOVELA, ALIÁS, ELA NUNCA ACABOU, MAS VAMOS PROTESTAR PARA QUE MAIS ESSA CENSURA NÃO ACONTEÇA, MESMO QUE ESCONDIDO, ÀS ESCURAS SABEMOS QUE ISSO ACONTECE TODOS OS DIAS!!!!
VAMOS PESSOAL, PROTESTAR JÁ!
Lema: "QUEREMOS O DEPOIMENTO DE NEUSAH CERVEIRA JÁ!"

ABAIXO O NÚMERO DA PRODUTORA DA NOVELA:

BRUNA, PRODUTORA DE DEPOIMENTOS QUE ME CONVIDOU E DIRIGIU O DEPOIMENTO DE NEUSAH
TELEFONE (11) 77376526

domingo, maio 29, 2011

Vamos discutir a DITADURA, para que ela não volte mais!!!


Quem tem interesse em discutir a questão da DITADURA no Brasil e pretende comparecer ao encontro em Brasilia, por favor, mandem confirmação para cá ou para o Joelson MDZ, no Facebook, que é o criador e organizador mór do encontro. Assim podemos ir tomando as providencias. E sugiram a data tambem OK?

O encontro dos blogueiros que discutem a DITADURA no Brasil, pode ser realizado mesmo em Brasilia, pois a proposta de fazer o encontro aqui aumentou a aderência ao encontro. A proposta inicial do companheiro Joelson MDZ era de fazer em Natal, no Rio Grande do Norte, onde ele mora, mas o local é muito distante para o pessoal do Sul, Sudeste, Centro Oeste e até do Norte.

Então Brasilia como fica na região central facilitaria a locomoção de todos.
Além disso aqui tem vários locais que a gente pode conseguir para a reunião. Tanto em auditórios de Sindicatos e Associações, até hotéis. A proposta acho que vai vingar. Agora é marcar a data e irmos atrás do local e infraestrutura.

quinta-feira, maio 19, 2011

EU E MINHA FILHA ANDRÉIA NOS ACHAMOS!!!




Andréia a filha reencontrada!!!!

Depois de quase 25 anos sem nos ver e muitos sem qualquer contato, em função das vicissitudes da vida, minha filha Andréia Aparecida da Paz e Silva, me encontrou. Desde que em 1979 fui de São Paulo para o Espirito Santo, onde ela chegou a ficar um tempo comigo, perdi contato pois ela foi morar com a mãe natural dela e perdemo-nos um do outro.

Ela foi criada por mim desde pequenininha porque seus pais naturais, Natalia a Tai, tinham sérios problemas de relacionamento e ele era irmão de minha primeira mulher, dona Lena. Dai resolvemos cria-la como filha. Hoje com 40 anos , ainda bela como podem ver pela foto, esta casada com Agnei, uma grande figura que assumiu todo o “pacote”, a Andréia que eu carinhosamente chamava de “Jojo” e seus cinco filhos, oriundos de outros casamentos dela.

Felicidade geral

Ela ficou tão feliz de me reencontrar que postou até na sua página do Orkut: ”encontrei meu pai, estou feliz”. Mal imagina ela como eu também fiquei feliz em encontra-la , já adulta, com uma cabeça ótima, uma família feliz, trabalhando com artesanato e pensando em voltar a estudar.

Ela me achou através deste blog e me escreveu e ai tudo aconteceu. Meu amor por ela, ibernado todo este tempo, floresceu de novo. E até a Polyana, minha mulher, ficou feliz, até porque agora tem 7 netos, dois do meu falecido filho Paulo Stuart e agora os cinco da Andréia.

Agora nos preparamos para nos encontrar ao vivo e em cores. Ou eu vou a Sampa como estou tentando ir, ou ela vem a Brasilia me ver. Mas ter nos achado já foi um grande passo feliz em nossas vidas. Ela vem juntar-se a meus filhos Elza Maria de 5 anos, Paulo Roberto, de 12 , Yuri de 13 e Joyce de 14. To com a família completa.

Logo logo vamos reunir todo mundo aqui em casa e comemorar este renascimento da família toda e a felicidade e o amor que nos une. Salve Andréia, seja bem vinda de novo. Seu pai esta feliz e contente como há muito tempo não se sentia.

domingo, maio 15, 2011

Libelo de um jornalista contra anistia a torturadores!!!!



Redação Conversa Afiada

Professor de notório saber
exige o fim da Anistia


Cunha: só as feridas lavadas cicatrizam. Ou restarão o ódio e o nojo ?
OConversa Afiada tem o prazer de oferecer ao amigo navegante trechos do discurso proferido por Luiz Claudio Cunha, na cerimonia de diplomação de Notório Saber em Jornalismo, na Universidade de Brasilia, no dia 9 de maio:

O jornalismo é a atividade humana que depende essencialmente da pergunta, não da resposta. O bom jornalismo se faz e se constrói com boas perguntas. O jornalismo de excelência se faz com excelentes perguntas.


Eu era uma criança de 12 anos quando irrompeu o golpe de março de 1964. Mas, como as crianças da escola de Realengo, já tinha a idade suficiente para reconhecer a violência, para sofrer o trauma, para sentir o medo. Os efeitos do longo pesadelo de 21 anos se projetaram no calendário. Meu primeiro voto para presidente da República só aconteceu quando tinha 38 anos. Cassaram nossa cidadania, limitaram nossa liberdade, calaram nossos amigos, exilaram nossos líderes, machucaram nosso povo.


Atacaram com violência maior o que mais assusta os tiranos: a universidade, o santuário do conhecimento, a trincheira do livre-pensamento, a sede da consciência crítica. Profanaram o espaço desta universidade, a Universidade de Brasília, a academia que estava no coração da nova ordem sem coração, o regime que combatia a força das ideias pela ideia da força armada, desalmada, desatinada.


Um regime que expurgou da UnB seus dois primeiros reitores, nomes primeiros da educação e do compromisso ético com a escola e com a liberdade do pensamento: Darcy Ribeiro, criador e fundador da UnB, e Anísio Teixeira, lançador do movimento da ‘Escola Nova’ – uma escola que enfatizava o desenvolvimento do intelecto e a capacidade de julgamento. Juntos, Darcy e Anísio assentaram os pilares desta universidade. Anísio inventou na Liberdade, o bairro mais populoso e pobre de Salvador nos anos 1940, a ‘Escola Parque’, que tinha padaria, um jornal diário e uma rádio comunitária por alto-falante, com médico e dentista e turno integral para as crianças. O modelo revolucionário inspirou Darcy a criar os CIEPs anos depois, no Rio de Janeiro. Anísio também ajudou a fundar a SBPC e a CAPES e dirigiu o INEP, Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, onde defendia o fim do ensino religioso obrigatório nas escolas.


A nova ordem que trazia a desordem institucional afastou ambos, Darcy e Anísio, da UnB, de Brasília, das escolas, dos jovens, do país. Em 12 de março de 1971, auge da violência do mandato do notório general Médici, Anísio desapareceu no Rio, depois de visitar o amigo Aurélio Buarque de Holanda. Os militares disseram que ele estava detido, mas não informaram o seu paradeiro. Dois dias depois, seu corpo foi encontrado, sem sinais de queda nem hematomas, no fundo do poço do elevador do prédio de Aurélio, na praia de Botafogo. Causa da morte: ‘acidente’.


Aqueles eram tempos estranhos, muito estranhos, quando nem os acidentes deixavam rastro.


Pensadores e mestres como Darcy e Anísio resumem bem a história do país e da UnB. E nenhum estudante simboliza melhor esta universidade do que o primeiro lugar em Geologia do ano de 1965, um jovem goiano de 18 anos chamado Honestino Guimarães. É um dos 144 desaparecidos políticos do país. Presidente da Federação dos Estudantes Universitários de Brasília, foi preso pelo Exército e expulso da universidade por reagir à invasão do campus da UnB em 1968. Caiu na clandestinidade com o AI-5, chegou à presidência nacional da UNE e foi preso em outubro de 1973.


A jornalista brasiliense Taís Morais fez as perguntas certas e, no seu livro Sem Vestígios (Prêmio Jabuti de 2006), descobriu o macabro trajeto final de Honestino, percorrendo todo o alfabeto de siglas letais da repressão brasileira: detido no Rio de Janeiro pelo CENIMAR (Centro de Informações da Marinha), trazido a Brasília pelo CIE (Centro de Informações do Exército), torturado durante cinco meses no PIC (Pelotão de Investigações Criminais, no subsolo do prédio do Comando do Exército, na Esplanada dos Ministérios) e levado em fevereiro de 1974 a Marabá num jatinho fretado da Líder Táxi Aéreo por quatro agentes do CIE liderados por um certo major-aviador Jonas, do CISA (Centro de Informações e Segurança da Aeronáutica).


Lá, no sul do Pará, Honestino foi executado e enterrado na selva pelas tropas que combatiam a guerrilha do Araguaia. Honestino desapareceu aos 26 anos, mas o hoje coronel-aviador da reserva (R-1), com nome, sobrenome e endereço conhecido, circula sem chamar a atenção por Brasília, sem que nenhum jornalista se aproxime dele para fazer uma simples e básica pergunta: − Coronel Jonas, o que aconteceu com Honestino?


A prepotência não permitia perguntas para números sem resposta: 500 mil cidadãos investigados pelos órgãos de segurança; 200 mil detidos por suspeita de subversão; 50 mil presos só entre março e agosto de 1964; 11 mil acusados nos inquéritos das Auditorias Militares, 5 mil deles condenados, 1.792 dos quais por ‘crimes políticos’ catalogados na Lei de Segurança Nacional; 10 mil torturados apenas na sede paulista do DOI-CODI; 6 mil apelações ao Superior Tribunal Militar (STM), que manteve as condenações em 2 mil casos; 10 mil brasileiros exilados ; 4.862 mandatos cassados, com suspensão dos direitos políticos, de presidentes a governadores, de senadores a deputados federais e estaduais, de prefeitos a vereadores; 1.148 funcionários públicos aposentados ou demitidos; 1.312 militares reformados; 1.202 sindicatos sob intervenção; 245 estudantes expulsos das universidades pelo Decreto 477 que proíbe associação e manifestação; 128 brasileiros e 2 estrangeiros banidos; 4 condenados à morte (sentenças depois comutadas para prisão perpétua); 707 processos políticos instaurados na Justiça Militar; 49 juízes expurgados; 3 ministros do Supremo afastados, o Congresso Nacional fechado por três vezes; 7 Assembleias estaduais postas em recesso; censura prévia à imprensa e às artes; 400 mortos pela repressão; 144 deles desaparecidos até hoje.


No início de 1962 oficiais das Forças Armadas foram a São Paulo para um encontro com o jornalista Júlio de Mesquita Filho, a quem entregaram um documento sobre as normas que iriam comandar o governo militar após a queda de Jango. O grupo, integrado pelos generais Cordeiro de Farias e Orlando Geisel, foi mais explícito com o dono de O Estado de S.Paulo: o novo regime queria ficar no poder por pelo menos cinco anos, o que viria a ser a primeira mentira do golpe. O regime militar perdurou quatro vezes mais.


Animado com a conversa, Mesquita chegou ao ponto de sugerir oito nomes para o futuro ministério golpista. O jornalista, acreditem, chegou a fazer o rascunho de um Ato Institucional para fechar Senado, Câmara e Assembleias e para cassar mandatos. Ironia da história: o instrumento de força esboçado por Júlio Mesquita era o mesmo a que a ditadura submeteria seu jornal em 1968 com o AI-5. Os ex-amigos do golpe confabulado pelo dono do Estadão forçariam o jornal a cobrir os espaços censurados nas páginas com versos de Camões e receitas de bolo.


Precisamos lembrar, devemos contar.


Guerrilha não se confunde com terrorismo, definido sim pelo deliberado objetivo de infundir terror entre a população civil, sob o risco assumido de vítimas inocentes – como no caso do terror consumado do 11 de Setembro em Nova York, como no caso do terror frustrado da bomba do Riocentro no Rio de Janeiro. É por isso que ninguém, nem mesmo um cínico, se atreve a escrever “terroristas de Sierra Maestra” ou “terroristas do Araguaia”.


Eram guerrilheiros, não terroristas. Terrorista era o Estado, que usou da força e abusou da violência para alcançar e machucar dissidentes presos, indefesos, algemados, pendurados, desprotegidos diante de um aparato impiedoso que agia à margem da lei, na clandestinidade, nos porões, torturando e matando sob o remorso de um codinome, encoberto na treva de um capuz. Terroristas eram os assassinos de Honestino Guimarães, Vladimir Herzog, David Capistrano da Costa, Manoel Raimundo Soares, Stuart Angel Jones, Manoel Fiel Filho, Paulo Wright, Zuzu Angel, entre tantos outros.


“A sociedade foi Rubens Paiva, não os facínoras que o mataram”, ensinou Ulysses Guimarães, no dia da promulgação da Constituição de 1988. “Quando, após tantos anos de lutas e sacrifícios, promulgamos o estatuto do homem, da liberdade e da democracia, bradamos por imposição de sua honra: temos ódio à ditadura. Ódio e nojo”, reforçou Ulysses.


A hipocrisia nacional diz que a mera lembrança desses nomes e fatos não passa de revanchismo, de mera volta ao passado.

Uma médica chilena, torturada em 1975 e eleita presidente em 2006, desmente isso: “Só as feridas lavadas cicatrizam”, ensina Michelle Bachelet.


O Supremo Tribunal Federal teve, no ano passado, a chance de lavar esta ferida. E, vergonhosamente, abdicou desse dever.


Apenas dois dos nove ministros do STF – Ricardo Lewandowski e Carlos Ayres Brito – concordaram com a ação da OAB, que contestava a anistia aos agentes da repressão. “Um torturador não comete crime político”, justificou Ayres Brito. “Um torturador é um monstro. Um torturador é aquele que experimenta o mais intenso dos prazeres diante do mais intenso sofrimento alheio perpetrado por ele. Não se pode ter condescendência com o torturador. A humanidade tem o dever de odiar seus ofensores porque o perdão coletivo é falta de memória e de vergonha”.


Apesar da veemência de Ayres Brito, o relator da ação contra a anistia, ministro Eros Grau, ele mesmo um ex-comunista preso e torturado no DOI-CODI paulista, manteve sua posição contrária: “A ação proposta pela OAB fere acordo histórico que permeou a luta por uma anistia ampla, geral e irrestrita”, disse Eros Grau, certamente esquecido ou desinformado, algo imperdoável para quem é juiz da mais alta Corte e também sobrevivente da tortura. A anistia de 1979 não é produto de um consenso nacional. É uma lei gestada pelo regime militar vigente, blindada para proteger seus acólitos e desenhada de cima para baixo para ser aprovada, sem contestações ou ameaças, pela confortável maioria parlamentar que o governo do general Figueiredo tinha no Congresso: 221 votos da ARENA, a legenda da ditadura, contra 186 do MDB, o partido da oposição.


Nada podia dar errado, muito menos a anistia controlada.


Amplo e irrestrito, como devia saber o ministro Grau, era o perdão indulgente que o regime autoconcedeu aos agentes dos seus órgãos de segurança. Durante semanas, o núcleo duro do Planalto de Figueiredo lapidou as 18 palavras do parágrafo 1° do Art. 1° da lei que abençoava todos os que cometeram “crimes políticos ou conexos com estes” e que não foram condenados. Assim, espertamente, decidiu-se que abusos de repressão eram “conexos” e, se um carcereiro do DOI-CODI fosse acusado de torturar um preso, ele poderia replicar que cometera um ato conexo a um crime político. Assim, numa única e cínica penada, anistiava-se o torturado e o torturador.


Em 22 de agosto de 1979, após nove horas de tenso debate, o Governo aprovou sua anistia, a 48ª da história brasileira. Com a pressão da ditadura, aprovou-se uma lei que não era ampla (não beneficiava os chamados ‘terroristas’ presos), nem geral (fazia distinção entre os crimes perdoados) e nem irrestrita (não devolvia aos punidos os cargos e patentes perdidos).


Mesmo assim, o regime suou frio: ganhou na Câmara dos Deputados por apenas 206 votos contra 201, graças à deserção de 15 arenistas que se juntaram à oposição para tentar uma anistia mais ampliada. Um dos mentores do ‘crime conexo’ era o chefe do Serviço Nacional de Informações, o SNI, general Octávio Aguiar de Medeiros, signatário da anistia de agosto de 1979.


Menos de dois anos depois, em abril de 1981, um Puma explodiu antes da hora no Riocentro, no Rio de Janeiro. Tinha a bordo dois agentes terroristas do Exército: o sargento Guilherme do Rosário, que morreu com a bomba no colo, e o capitão do DOI-CODI Wilson Machado, que sobreviveu impune e, apesar das feias cicatrizes no peito, virou professor do Colégio Militar em Brasília.


Em 24 de abril passado, em trabalho admirável, os repórteres Chico Otávio e Alessandra Duarte, de O Globo, revelaram ao país a agenda pessoal do sargento morto, a agenda que o Exército considerou desimportante para seu arremedo de investigação. Pois lá estão anotados os nomes reais (sem codinome) e os telefones de 107 pessoas, de oficiais graduados a soldados, de delegados a detetives, passando pelo Estado-Maior da PM e o comando da Secretaria de Segurança. Nessa ‘Rede do Terror’ que conspirava para endurecer o regime não consta o nome de um único guerrilheiro. Todos os terroristas, ali, integravam o aparelho de Estado, patrono da complacente autoanistia que não satisfazia nem seus radicais.


O nome mais ilustre da agenda é Freddie Perdigão, membro de um certo ‘Grupo Secreto’ organização paramilitar de direita que jogava no fechamento político. Perdigão era coronel da Agência Rio do SNI do general Medeiros. Nada mais cínico e nada mais conexo do que isso.


O ‘Grupo Secreto’ é responsável por algumas das 100 bombas que explodiram no Rio e São Paulo entre a anistia de agosto de 1979 e o atentado do Riocentro de abril de 1981, endereçadas a bancas de jornal, publicações alternativas da oposição, Assembleia Legislativa e às sedes da OAB e da ABI.


Apesar da equivocada decisão do Supremo, o Brasil acaba de ser condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA por se eximir da investigação e punição aos agentes do Estado responsáveis pelo desaparecimento forçado de 70 guerrilheiros do Araguaia. “A Lei da Anistia do Brasil é incompatível com a Convenção americana, carece de efeito jurídico…”, criticou a Corte da OEA.


Em novembro passado, o Ministério Público Federal em São Paulo ajuizou ação civil pública pedindo a responsabilização civil de três oficiais das Forças Armadas e um da PM paulista sobre morte ou desaparecimento de seis pessoas e a tortura de outras 20 detidas em 1970 pela Operação Bandeirante (Oban), o berço de dor e sangue do DOI-CODI, a sigla maldita que marcou o regime e assombrou os brasileiros. O capitão reformado do Exército Maurício Lopes Lima é frontalmente acusado pelos 22 dias de suplício a uma das presas, líder da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). Nome da presa torturada: Dilma Rousseff.


Agora presidente, Dilma Rousseff encara este desafio que intimidou os cinco homens que a antecederam no Palácio do Planalto a partir de 1985, quando acabou a ditadura: a punição aos torturadores do golpe de 1964. Não será por revanchismo, mas pelo dever ético de todo país que respeita a verdade, a memória e sua história. Como fazem com altivez a Argentina, o Uruguai, o Chile ao lavar suas feridas, feias como as nossas.


Quando fui chamado para trabalhar na revista Veja em Porto Alegre, em 1971, o chefe da sucursal era Paulo Totti. Aos 32 anos, era o mais talentoso jornalista do Rio Grande do Sul, a melhor escola que um repórter poderia ter. Em dezembro de 2007, cinco meses antes de completar 70 anos, Totti conquistou o Prêmio Esso de Economia com uma reportagem sobre a China, publicada no diário Valor Econômico. O melhor jornalista gaúcho há 40 anos é ainda hoje um dos grandes repórteres brasileiros. É dele esta frase consoladora:

– A função do repórter é a única que vai sobreviver no jornalismo do futuro. Sempre vamos precisar, no futuro, de alguém que pergunte.


Totti disse e eu completo: o importante – ontem, hoje e sempre – é duvidar e perguntar.


Espero que o título honroso que a UnB hoje me confere seja o reconhecimento não às respostas que obtive, mas às perguntas que fiz ao longo destas últimas quatro décadas.

sexta-feira, maio 13, 2011

Artigo imperdivivel de Sylvio Costa, do "Congresso em Foco" sobre o papel da midia nos dias de hoje!!!



Quem dá as cartas no jornalismo atual
“Não dá pra perder as maravilhosas chances que o século 21 oferece para refletir sobre velhos procedimentos e testar novas possibilidades”


Sylvio Costa*

Vivemos uma época em que jornalistas precisam dar a cara a tapa. O jornalismo e os meios de comunicação se tornaram, nas sociedades contemporâneas, importantes demais na construção da agenda pública, na difusão de práticas de consumo e na formação de opiniões para se recusarem a tomar parte em um debate aberto sobre si próprios.

Numa sociedade democrática, todos nós que atuamos no campo jornalístico devemos encarar com naturalidade questionamentos sobre nossos critérios de produção e edição, a forma como empacotamos e distribuímos os conteúdos noticiosos ou mesmo os vínculos econômicos, políticos e ideológicos que nos movem ou movem as organizações nas quais trabalhamos.

Claro. Ninguém é obrigado a aceitar grosseria ou atos de má-fé. Civilidade e respeito são o mínimo que podemos exigir de quem nos cobra explicações, coerência ou o que for. Respeitado esse pré-requisito, entendo, qualquer discussão deve ser bem-vinda. Aceitar críticas e nos submeter ao democrático escrutínio da sociedade pode ser às vezes algo sofrido, mas sempre propicia nosso aprimoramento, como cidadãos ou profissionais da informação.

Tudo isso para dizer que o tema “mídia” me soa meio que obrigatório num veículo como o Congresso em Foco. Como fazer jornalismo inovador e participativo, que é o que perseguimos, sem discutir de público o que fazemos? E, em matéria de jornalismo, não dá pra perder as maravilhosas chances que o século 21 oferece para refletir sobre velhos procedimentos e testar novas possibilidades.

Escrevo este texto sob o impacto de uma experiência recente, dividida em duas etapas.

A primeira, realizando um sonho quase tão antigo quanto este site (no ar, lembre-se, desde fevereiro de 2004). Ela consistiu, sobretudo, em um périplo, em Washington, por algumas empresas e instituições que estão na vanguarda da produção de informações sobre o Congresso e a política nos Estados Unidos. Mas houve uma esticada até o Vale do Silício, na Califórnia, pra respirar um pouco da atmosfera do principal centro de geração de conhecimento tecnológico do mundo. E, de passagem por Nova Iorque, me vi encarando um mito ao visitar a redação do jornal The New York Times e conhecer os responsáveis pela área de mídia interativa.

Mal retornei ao Brasil, voltei a Washington, agora a convite da Fundação Sunlight. O nome da entidade, luz do sol, é uma referência a uma célebre afirmação do ex-juiz da Suprema Corte americana Luiz Brandeis, ao defender a transparência de assuntos governamentais: “A luz do sol é o melhor desinfetante”. A fundação convidou um grupo de duas dezenas de profissionais estrangeiros para participar de dois dias de encontros com o seu qualificadíssimo corpo técnico e do Transparency Camp, evento que reuniu mais de 200 pessoas, todas elas de alguma maneira envolvidas com ações destinadas a trazer à tona fatos, números e problemas que poderosos dos quatro cantos do planeta gostariam de manter escondidos sob o tapete.

Publicarei algumas matérias sobre coisas que vi e ouvi por lá. Destaco aqui algo que carrego como a lição mais viva das três semanas que passei ao Norte deste vasto continente americano. Talvez ela lhe pareça pequena, óbvia. E acho que é mesmo. Em mim, admito, ela confirmou uma sensação que vinha de longe. Mas, num momento em que tudo é dúvida no mundo das comunicações, eu a guardo como finíssima joia. Porque é preciso entender o cenário.

Financiamento é um problema para quase todo mundo. Gigantes da comunicação amargam o explosivo desequilíbrio entre custos altos e receitas publicitárias em queda. Organizações sem fins lucrativos com atuação no terreno jornalístico – fato raro no Brasil, mas comum nos EUA – têm sido alertadas por doadores tradicionais para a necessidade de buscarem a autossustentabilidade. E, pelo mundo afora, muitos veículos novos da internet ainda têm dificuldades para transformar audiência e prestígio em operações lucrativas.

Há ainda incertezas imensas em relação a um sem-número de questões relativas às novas ferramentas tecnológicas e o seu impacto no fazer jornalístico. Smart phones, tablets, redes sociais, iPads, recursos multimídia... a indústria de comunicação foi e continua sendo bombardeada por inovações. É coisa demais para conhecer, aprender a usar, e num ambiente em que a tecnologia tirou do jornalista o monopólio de produzir e distribuir informação. Como provam blogueiros, tuiteiros, membros de comunidades virtuais etc.

Sei, mais que nunca, quem é o cara que dá as cartas nesse universo, e esta é a lição a que antes me referi. É você aí do outro lado. Mulher ou homem, seja em que cidade estiver ou que ocupação – ou idade – tiver, você tem a capacidade de determinar os rumos que as coisas tomarão.

Graças à web e às novas tecnologias de comunicação, leitores, telespectadores, ouvintes, usuários experimentam um poder inédito. Não apenas porque há mais opções disponíveis: novos veículos ou novos serviços e plataformas criados pelos veículos tradicionais. Mas, especialmente, porque reúnem maiores condições para influenciarem, e não apenas serem influenciados, pelo jornalismo que consomem.

Quanto ao Congresso em Foco, tenham certeza: estamos doidinhos para sermos influenciados. Críticas, sugestões, reclamações, pitis? Fico à disposição, no sylvio@congressoemfoco.com.br ou no (61) 3322-4568.

quinta-feira, maio 05, 2011

Fim da miséria e das injustiças no Brasil e no Mundo!!



Transcrevo aqui artigo do amigo e companheiro Celso Lungaretti!!! Tá no seu Blog "Naufrago da Utopia!!


NOSSO VERDADEIRO PROBLEMA É A DESIGUALDADE EXTREMA
COMO DE HÁBITO, QUE VIVAM OS BANCOS E MORRAM OS CIDADÃOS!
DIREITO INTERNACIONAL x PIRATAS ASSASSINOS
"ESSA FOTO VAI FICANDO A CADA DIA MAIS FEIA"
NOSSO VERDADEIRO PROBLEMA É A DESIGUALDADE EXTREMA


Segundo dados do IBGE, há 16,3 milhões de brasileiros que não ganham sequer 70 reais por mês; são 8,5% da nossa população vegetando em condições subumanas.

A renda mensal de todos eles juntos não chega nem a R$ 1,2 bilhão.

Enquanto isto, o ranking da revista Forbes, divulgado no último mês de março, revela que as fortunas dos 30 brasileiros mais ricos totaliza US$ 131,3 bilhões, ou seja, mais de R$ 210 bilhões.

São todos bilionários. Ou seja, cada um deles possui bens e valores equivalentes à renda mensal de 16,3 milhões de nossos concidadãos.


Ao invés de discutirmos se 70 reais/mês constitui um bom divisor de águas entre os pobres e os extremamente pobres, deveríamos é estar encarando, de uma vez por todas, nosso verdadeiro problema: como acabarmos com esta desigualdade extrema, inconcebível, inaceitável.

Isto vocês nunca lerão nas seções de Economia da grande imprensa.


COMO DE HÁBITO, QUE VIVAM OS BANCOS E MORRAM OS CIDADÃOS!


O Fundo Monetário Internacional deu a resposta de hábito: só socorrerá Portugal se o país cortar investimentos em educação e saúde, congelar salários e pensões, etc., conforme manda a cartilha neoliberal.

As autoridades portuguesas terão de decidir se sacrificarão a saúde do seu povo para garantir a saúde financeira dos bancos.

Deveriam reler Brecht:

"Não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada,
de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural,
nada deve parecer impossível de mudar"


DIREITO INTERNACIONAL x PIRATAS ASSASSINOS


"As Nações Unidas enfatizam que todos os atos contra o terrorismo devem respeitar o direito internacional." (Navi Pillay, Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos)

"A legítima defesa, conforme estipulado pelo artigo 51 da Carta das Nações Unidas, é concebida como possibilidade de um Estado reagir a uma agressão armada para defender sua população e sua soberania territorial.

A legítima defesa tem que ocorrer logo após a agressão. Atacar um ano ou dez anos depois não é legítima defesa." (Alberto do Amaral Jr., professor de Direito Internacional da USP)

"O critério para Bin Laden deveria ser o mesmo de todo o mundo: se havia chance de capturá-lo, é o que deveria ter sido feito." (Claudio Cordone -- foto ao lado --, diretor-sênior da Anistia Internacional)


"ESSA FOTO VAI FICANDO A CADA DIA MAIS FEIA"


"Mais cedo ou mais tarde... [as fotos de Bin Laden morto] serão expostas, aprofundando as diferenças de percepção entre a opinião pública nos Estados Unidos e nos demais países. Os americanos exaltam, cidadãos do mundo condenam.

A Otan aprovou a ação no Paquistão para matar Bin Laden, democratas e republicanos estão em êxtase cívico nos EUA, e os índices de popularidade de Barack Obama já indicam a sua reeleição no ano que vem. Mas o desenrolar da história já não é tão consensual assim no resto do mundo.

Bin Laden não estava armado, não usou mulher nenhuma como escudo, e o 'mensageiro' foi identificado por meio de tortura de um preso político, método execrável sob qualquer prisma.

Cresce, enfim, o questionamento sobre a legalidade da própria operação: o comando Seal entrou no país sem consultar ou informar o governo paquistanês, matou o terrorista com dois tiros e jogou o corpo no mar, quando as leis internacionais preveem prisão, processo, direito a defesa e, finalmente, pena. Nada disso foi respeitado.


Com ou sem Bin Laden, essa foto vai ficando a cada dia mais feia." (Eliane Cantanhêde, em sua coluna desta 5ª feira (05/05), expressando posição coincidente com a que este blogue adotou desde o momento em que foi anunciada a execução de Bin Laden e a as circunstâncias nas quais ocorreu: uma ação pirata)

domingo, maio 01, 2011

JUSTIÇA IMEDIATA AOS CAMPONESES DO ARAGUAYA!!!



Camponeses do Araguaia sem anistia e ainda sofrem ameaças

Milton Alves *

Em audiência solicitada pela Associação dos Camponeses Torturados durante a Guerrilha do Araguaia ocorrida ontem (26)na sede da OAB-RJ, que contou também com a presença de representantes da direção nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), foi debatida a situação dos camponeses do Araguaia, vítimas da repressão da ditadura no período dos combates no sul do Pará. Pela OAB participaram da audiência o presidente nacional da OAB Ophir Cavalcante, o presidente da OAB-RJ Wadih Damous e o ex-presidente nacional da OAB Cezar Britto.

Na ocasião, o representante da Associação dos Camponeses do Araguaia Sezostrys Alves da Costa relatou a situação atual dos 45 camponeses que tiveram as suas anistias suspensas. O representante da Associação dos Camponeses do Araguaia informou que “a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça anistiou 45 camponeses dos quais cinco já morreram. Só 12 receberam os recursos da anistia. Quatro chegaram a ter o dinheiro depositado em banco, mas estornado após a liminar que suspendeu estas anistias”.

Sezostrys informou ainda as condições e as dificuldades dos camponeses, revelando em depoimentos gravados as seqüelas e os imensos sofrimentos dos mesmos. Relatou que “o camponês Adão Rodrigues Lima tem quase 90 anos, está paralítico e que o camponês, Manoel da Água Branca, ficou louco. Que José Nazário morreu vomitando sangue, após as torturas. Sua esposa, D. Marcolina do Nascimento foi anistiada, mas nada recebeu. Há vários outros casos semelhantes”, disse.

A exposição sensibilizou os dirigentes da OAB. Para o presidente nacional da OAB Ophir Cavalcante trata-se de uma grave violação dos direitos humanos. “São pessoas humildes que foram torturadas e perseguidas por agentes do estado. Vamos denunciar a situação e exigir imediatas providências”.

Já o presidente da Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro Wadih Damous informou que a entidade acompanha com maior atenção a situação dos camponeses do Araguaia. Segundo ele “todo o processo de anistia está paralisado a partir dessa ação”. Para Cezar Britto, ex presidente nacional da OAB, que o caso requer além do tratamento jurídico, a mobilização da opinão pública para a defesa dos camponeses e de suas famílias, “que já sofrem tanto com as seqüelas daquele período. É necessário assegurar o cumprimento da anistia para os camponeses”

Ação judicial movida por viúvas da ditadura

A suspensão da anistia aos camponeses foi resultado de uma ação judicial movida por setores ligados aos órgãos de repressão da ditadura através do advogado João Henrique Nascimento de Freitas, assessor do Deputado Estadual Flavio Bolsonaro, filho do fascista Deputado Federal Jair Bolsonaro. Em 3 de junho de 2009 ele deu entrada numa Ação Popular solicitando a suspensão da anistia aos camponeses.

Por decisão do Juiz José Carlos Zebulum, da 27ª. Vara Federal do Rio de Janeiro foi concedida liminar em 18 de setembro do mesmo ano. Por outro lado a Advocacia Geral da União (AGU) entrou com um recurso que tem como relator o Juiz Luiz Paulo Araújo Filho, do Tribunal Federal do Rio de Janeiro. Os advogados que estão auxiliando a Associação dos Camponeses do Araguaia informaram a situação atual do processo e as ações pertinentes para reverter a ação judicial dos remanescentes da ditadura.

Ameaças e tentativas de intimidação

O membro do Grupo do Trabalho Tocantins (Ministério da Defesa), formado com o objetivo de realizar a busca dos corpos dos desaparecidos da guerrilha do Araguaia, Paulo Fonteles Filho denunciou as ameaças e as intimidações que vem sendo realizadas nos últimos dias por pessoas ligadas a Abin e a outros órgãos. Segundo Paulo Fonteles, “as tentativas de intimidação cresceram nestes últimos dias e visam obstruir o trabalho da Associação junto aos camponeses”. Fonteles pediu proteção da Polícia Federal.

O membro da direção nacional do PCdoB e do GTT-MD Aldo Arantes abordou a questão das diversas operações limpeza ocorridas na área da guerrilha, o que de fato impede o trabalho de busca dos corpos de guerrilheiros e camponeses desaparecidos na região.

* É jornalista, presidente do PCdoB no Paraná e membro do Comitê Central do PCdoB.