segunda-feira, julho 30, 2012

Democracia com resquicios de Ditadura! Èste é o Brasil que vivemos!!!

Paulo Arantes; entulho autoritario ainda esta ai na vida nacional!



"Brasil forjado na ditadura representa Estado de exceção permanente"

Para professores, filósofos e defensores de direitos humanos, o golpe de 64 moldou um país de estruturas autoritárias, que garante direitos apenas para as classes proprietárias e que transformou a exceção em consenso. Em seminário realizado em São Paulo, eles afirmaram que a exceção é o novo modo de governo do capital e que o povo brasileiro vive um momento perigosíssimo de letargia. A reportagem é de Bia Barbosa.

Qual a idéia de "Estado de exceção"? Na interpretação tradicional do termo, trata-se de um momento de suspensão temporária de direitos e garantias constitucionais, decretado pelas autoridades em situações de emergência nacional, ou mediante a instituição de regimes autoritários. Seu oposto seria o Estado de Direito, conduzido por um regime democrático. Na avaliação de professores, filósofos e defensores de direitos humanos, no entanto, a existência de um Estado de exceção dentro do Estado de Direito seria exatamente a característica do Brasil atual, forjada no período da ditadura militar e que, mesmo após a redemocratização do país, não se alterou. Esta foi uma das conclusões do seminário sobre a herança da ditadura brasileira nos dias de hoje, promovido pela Cooperativa Paulista de Teatro e pela Kiwi Companhia de Teatro realizado semana passada, em São Paulo.

Para o filósofo Paulo Arantes, professor aposentado do Departamento de Filosofia da USP, há um país que morreu e renasceu de outra maneira depois da ditadura, e que hoje é indiferente ao abismo que se abriu depois do golpe militar e que nunca mais se fechou.

"Que tipo de Estado e sociedade temos depois do corte feito em 64, do limiar sistêmico construído por coisas que parecem normais numa sociedade de classes, mas que não são? O fato da classe dominante brasileira poder se permitir tudo a partir da ditadura militar é algo análogo à explosão de Hiroshima. Depois que a guerra nuclear começa ela não pode mais ser desinventada. Quando, a partir de 64, a elite brasileira branca se permite molhar a mão de sangue, frequentar e financiar uma câmara de tortura, por mais bárbara que tenha sido a história do Brasil, há uma mudança de qualidade neste momento", avalia Arantes.

Para o filósofo, o país foi forjado pela ditadura a ponto de hoje nossa sociedade negligenciar tudo aquilo que foi consenso durante o autoritarismo dos militares. "A ditadura não foi imposta. Ela foi desejada. Leiam os jornais publicados logo após 31 de março de 1964. Todos lançaram manifestos de apoio ao golpe, era algo arrebatador. CNBB, ABI, OAB, todo mundo que hoje é advogado do Estado de Direito apoiou. Se criou um mito de que a sociedade foi vítima de um ato de violência, mas a imensa maioria apoiou o golpe", disse Arantes. "E a ditadura se retirou não porque foi derrotada, mas porque conquistou seus objetivos. A abertura de Geisel foi planejada, já tinha dado certo com o milagre econômico. Tanto que seus ideólogos estão aí, como principais conselheiros econômicos da era Lula-Dilma, e que a ordem militar está toda consolidada na Constituição de 88", criticou. 
Opinião das vitimas

Na avaliação de Edson Teles, membro da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos do Brasil e professor de filosofia da Unifesp, a Constituição de 1988 foi apenas uma das formas de lançar o Brasil num Estado de exceção permanente, definido por ele quando a própria norma é usada para suspender a ordem; ou quando aquilo que deveria ser a exceção acaba se tornando ou reafirmando a própria norma.

Para Teles, além de manter a estrutura autoritária militar, o novo ordenamento democrático foi construído sobre o silenciamento dos familiares de vítimas e de movimentos de defesa dos direitos humanos, que queriam justiça para os crimes da ditadura. O problema, no entanto, vinha de antes.

"Em um Congresso controlado pela ditadura, a Lei de Anistia adotou a suspensão da possibilidade de punição de qualquer crime. Um momento ilícito foi tornado lícito, com o silenciamento dos movimentos sociais e pela anistia, que exigiam esclarecimentos sobre os crimes. O que o Estado montou foi algo que manteve a ideia de impunidade. Depois veio o Colégio Eleitoral, que fez uma opção por uma saída negociada entre as oligarquias que saíam e as novas que chegavam, decidindo manter a anistia ao crimes da ditadura. Foi o grande acordo do não-esclarecimento", relatou.

O julgamento no Supremo Tribunal Federal em 2010 sobre a interpretação da Lei de Anistia foi, segundo Teles, o coroamento desse silêncio e a instauração de um Estado de exceção no país. "Baseada em ideias fantasmagóricas de que novos golpes que poderiam ser dados, nossa transição foi a criação de um discurso hegemônico de legitimação deste Estado de exceção. Faz-se este discurso como forma de legitimar essa memória do consenso, mas se mantem o Estado de exceção permanente, reconhecendo as vítimas sem nomear os crimes", acrescentou.

Exceção e consenso hoje

O consenso acerca daquilo que deveria ser visto como exceção não se restringe hoje, no entanto, àquilo que pode ser considerado a herança mais direta da ditadura militar. Foi construído também em torno de uma série de acontecimentos e práticas que deveriam, mas não mais despertam reações da população brasileira.

"A exceção se torna perigosíssima quando deixamos de reconhecê-la como tal e ela se torna consenso", alertou o escritor e professor de jornalismo da PUC-SP, José Arbex Jr. "Ninguém achou um escândalo, por exemplo, no lançamento da Comissão da Verdade, ver os últimos Presidentes do país juntos, sendo que um deles foi presidente da Arena, o partido da ditadura, responsável pela tortura da própria Dilma; e o outros era Collor! Da mesma forma, está em curso em Osasco uma operação chamada Comboio da Morte, que matou nas últimas horas 16 pessoas. Isso não causa um escândalo nacional, é normal, natural, porque estamos "na democracia". Os jornais falam da Síria, mas a média de mortes diária no auge do conflito da Síria não chega ao que temos aqui cotidianamente. Lá é 60 aqui é 120! Então não estamos discutindo algo que aconteceu em 64 e que hoje se apresenta de forma mitigada, atenuada", disse Arbex.

Para o jornalista, o país vive um estado de letargia hipnótica coletiva, fabricado de maneira competente e eficiente pelo aparato midiático, que produz um consenso em torno de uma imagem de país na qual todos acabamos acreditando. "É muito grave quando olhamos para o Brasil e não percebemos essa realidade de consenso: de nenhuma garantia de direito para quem esteja fora da Casa Grande, e uma situação de guerra permanente", acrescentou.

É o que Paulo Arantes chamou de Estado oligárquico de Direito, um Estado dual, com uma face garantista patrimonial, que funciona para o topo da pirâmide, e uma face punitivista para a base. "Esse Estado bifurcado é uma das "n" consequências da remodelagem do país a partir dos 21 anos de ditadura. Basta pensar no que acontece todos os dias no País. Trata-se de um outro consenso, também sinistro e indiferente, senão hostil, a tudo que nos reúne aqui. Um Estado de exceção que não é o velho golpe de Estado, mas um novo modo de governo do capital na presente conjuntura mundial, que já dura 30 anos", afirmou Arantes.

Ninguém cavalga a história 

O que permitiria dizer da possibilidade de se encontrar uma saída deste Estado de exceção permanente, é o caráter imprevisível e incontrolável da história. Arbex lembrou que, em setembro de 1989, quando estava em Berlim, ninguém dizia que o Muro cairia menos de dois meses depois. "O fato é que, felizmente, ninguém cavalga a história. Ainda não encontraram uma maneira de domesticá-la. Há um processo latente de explosão social no Brasil, que se combina com processos semelhantes na América Latina, e que pode produzir uma situação totalmente nova. Ninguém previu a Primavera Árabe. Quando um jovem na Tunísia atirou fogo no próprio corpo, ninguém imaginava que, um mês depois, cairia Mubarak no Egito. Então, não estamos condenados para sempre a esta situação. Só posso dizer que estamos vivendo numa época que, em alguns aspectos, é mais trágica, mais cruel e mortífera que a ditadura militar", acredita.

"Este Estado de exceção só terminará quando a ditadura terminar, quando o último algoz for processado e julgado. Se a Comissão da Verdade encontrar dois ou três bons casos e levantar material para ações cíveis, pode haver uma transmutação disso tudo. E o regime, a sociedade e a economia não vão cair se os perpetradores da ditadura forem processados, como não caíram na Argentina ou no Chile", acredita Paulo Arantes. "Mas devemos pensar no que significaria essa última reparação. Se o último torturador e os últimos desaparecidos forem localizados, em que estágio histórico vamos poder entrar?", questionou. Uma pergunta ainda sem resposta.




domingo, julho 29, 2012

sábado, julho 28, 2012

IRA se rearticula para lutar contra Ingleses e pela Independencia!!




Três dos quatro grupos dissidentes do já inativo Exército Republicano Irlandês (IRA), opostos ao processo de paz na Irlanda do Norte, anunciaram nesta sexta-feira a formação de uma nova organização para prosseguir com a luta armada. Em comunicado enviado nesta sexta-feira ao diário "The Guardian", a nova organização revolucionaria assinala que criou uma "estrutura unificada sob um só comando" para servir "como um Exército Republicano Irlandês". 

O grupo armado se nutre principalmente de membros do IRA Autêntico, separado do IRA em 1997 e responsável um ano depois pelo atentado de Omagh - no qual morreram 29 pessoas -, enquanto ficou de fora o IRA Continuidade, o outro grande grupo dissidente.
A coalizão se completa com voluntários da Ação Republicana Contra as Drogas (RAAD), que opera na cidade de Derry. A organização conta, também, com o apoio de um grupo de facções republicanas independentes localizadas em Belfast e zonas rurais, conhecido como "Óglaigh na hÉireann".
 Combatentes
Segundo o "The Guardian", entre os três estão "várias centenas" de efetivos, incluídos membros do já inativo IRA em Derry. A nova organização, aponta o diário, deverá unir forças para aumentar o número de ataques contra as forças de segurança e outros alvos britânicos na região.
"Nos últimos anos, o estabelecimento de uma Irlanda livre e independente sofreu contratempos devido ao fracasso da liderança do nacionalismo irlandês e à fratura interna do republicanismo", diz o comunicado.
Com essas palavras, o grupo faz referência às divisões criadas no movimento republicano desde que o antigo braço político do IRA, o Sinn Féin, decidiu abandonar as armas e perseguir seus objetivos por meios democráticos.
História
O Exército Republicano Irlandês, popularmente conhecido como IRA (siglas para Irish Republican Army), foi um dos mais ativos grupos revolucionários do século XX. Sua atuação ficou marcada pela formação de grupos paramilitares que arquitetavam diversos atentados contra seu maior alvo: a Inglaterra. A oposição à nação inglesa era prioritariamente motivada pelo interesse de tornar a Irlanda do Norte uma região politicamente independente da Inglaterra. 

Outra questão que motivava a ação deste grupo também tinha a ver com as diferenças religiosas encontradas no território norte-irlandês. A maioria da população – cerca de 60% – era praticante do cristianismo protestante e, por isso, acabava impondo seus costumes e interesses políticos em oposição a uma minoria de católicos. Com isso, parte dessa minoria religiosa viu no discurso nacionalista, militar e anti-britânico uma via de afirmação política. 

Ao longo de sua trajetória, o IRA foi responsável por mais de 3500 mortes e manchou a famosa reputação diplomática inglesa com a resistência de seus integrantes. No ano de 2005, depois de uma série de tentativas de negociação, o IRA declarou o fim de sua “luta armada”. Entretanto, no final de 2007, um grupo que se intitulava parte integrante do movimento nacionalista irlandês tentou instalar uma bomba nas proximidades de um posto policial. 

Em maio de 2008, um novo atentado à bomba ligado ao IRA feriu um policial. Esses dois episódios acabaram confundindo a opinião pública. Afinal de contas, o IRA acabou ou continua sendo uma ameaça latente? De fato, a grande maioria que engrossava as fileiras do movimento irlandês chegou à conclusão de que a via da luta armada não fazia mais sentido. Porém, a declaração de cessar fogo de 2005 acabou estabelecendo um “racha” que dividiu o IRA em três diferentes facções. 

A primeira e a maior dessas facções é o chamado IRA Provisional. Entre 1969 e 1997, este grupo foi responsável por uma série de ações, focos de guerrilha e atentados ocorridos na Inglaterra e na própria Irlanda do Norte. Em seu auge, o IRA Provisional tornou-se a maior organização do continente europeu. No entanto, o início das negociações na década de 1990 desarticulou as ações de assalto do grupo provisional. 

Os diálogos iniciais se deram entre os diversos grupos políticos norte-irlandeses e o governo do Reino Unido. Uma das mais expressivas vias de negociação foi estabelecida com o partido Sinn Fein, que representava politicamente as tendências separatistas irlandesas. No ano de 1996, grupos mais radicais negavam-se a reconhecer o esforço político britânico e, por isso, realizaram uma série de pequenos ataques. No ano seguinte, esse mesmo grupo fundou o chamado IRA Real. 

O IRA Real (também conhecido como RIRA ou True IRA) estabeleceu um segundo momento de ruptura política interna dentro do movimento terrorista irlandês. No ano de 1986, disputas pelo controle político do Irish Republican Army deram origem a um grupo dissidente anterior chamado de O grupo da Continuidade (popularmente conhecido como CIRA). Os dois recentes atentados atribuídos ao IRA foram arquitetados por esses dois grupos de ruptura. De fato, o grupo “Real” e “da Continuidade” constituem uma pequena minoria que não acredita em uma resolução pacífica para o problema entre irlandeses e ingleses.

Blog do Luiz Aparecido: Livro relata guerrilha do Molipo e a tragica traje...

Blog do Luiz Aparecido: Livro relata guerrilha do Molipo e a tragica traje...: Com prefácio de José Dirceu, obra será lançada, neste sábado, no Memorial da Resistência, São Paulo O jornalista e sociólogo Renato D...

Livro relata guerrilha do Molipo e a tragica trajetória de Maria Augusta Thomas!



Com prefácio de José Dirceu, obra será lançada, neste sábado, no Memorial da Resistência, São Paulo

O jornalista e sociólogo Renato Dias, de Goiânia(GO), lança, neste sábado (28), às 10h, no Memorial da Resistência, em São Paulo (SP), o livro Luta Armada/ALN-Molipo- As Quatro Mortes de Maria Augusta Thomaz(2012), Editora RD/Movimento, 240 páginas, R$ 50,00. No ato, também está programado para ocorrer um debate sobre Molipo & ditadura civil e militar(1964-1985) com o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu e o economista Pedro Rocha Filho.

Com apresentação do historiador Daniel Aarão Reis Filho, da Universidade Federal Fluminense, e do último comandante militar da ALN Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz, a obra possui prefácio de José Dirceu. O posfácio é assinado pelo advogado, ex-deputado federal e ex-vice-prefeito de São Paulo  Luiz Eduardo Greenhalg.  A orelha do livro é do jornalista, ex-preso política e membro do Núcleo de Preservação da Memória Política Ivan Seixas.

1968 & luta armada

O livro Luta Armada/ALN-Molipo-AsQuatro Mortes de Maria Augusta Thomaz (2012) conta a história da bela estudante de Filosofia da PUC (SP) Maria Augusta Thomaz, uma morena de olhos verdes, cabelos longos, magra, que participou das revoltas de 1968, adotou a estratégia de luta armada contra a ditadura civil e militar e ingressou na ALN, organização de Carlos Marighella, para defender a democracia e o socialismo.

Com uma bomba no colo, Maria Augusta Thomaz seqüestrou, em 4 de novembro de 1969,  um avião, no Aeroporto de Ezeiza, Buenos Aires, desviou-o para Cuba, onde fez treinamento de guerrilha com José Dirceu e Franklin Martins. Mais: abriu uma dissidência na ALN, ajudou a fundar o Molipo(Movimento de Libertação Popular), retornou clandestinamente para o Brasil, soltou bomba na Esso, atacou o Consulado da Bolívia e foi baleada, em 1971.

Após recuperar-se, retomou o projeto original da ALN e do Molipo de tentar deflagrar a guerrilha rural. Com Márcio Beck Machado e a ajuda de Iris Luiz de Moraes, muda-se para o Estado de Goiás, considerada uma área estratégica para as organizações de esquerda. Em 17de maio de 1973, uma madrugada fria, é assassinada. Policiais civis, militares e federais de Goiás, Brasília e de São Paulo participaram da operação, apurou o jornalista.

Sete anos depois, o premiado jornalista Antônio Carlos Fon descobriu o crime. Antes de publicar a reportagem-bomba, as ossadas de Maria Augusta Thomaz são seqüestradas. Mesmo assim, Fon consegue chegar a um dos suspeitos da morte do casal, na Fazenda Rio Doce, localizada entre os municípios de Rio Verde e Jataí, sudoeste de Goiás: Marcus Antônio de Brito Fleury, então diretor Regional da Polícia Federal, no Estado.

Meses antes (1980), ele (Marcus Antônio de Brito Fleury) havia sido apontado pela assistente social Maria de Campos Baptista como responsável pela prisão ilegal, tortura, morte e desaparecimento do corpo do estudante secundarista Marcos Antônio Dias Batista, membro da Vanguarda Armada Revolucionária – Palmares (Var—Palmares), mesma organização política e militar da atual presidente da República, Dilma Rousseff. Ele “sumiu” em maio de 1970.

Mãe do autor, Maria de Campos Baptista morreu em 15 de fevereiro de 2006, após sair de uma audiência com o então ministro da Defesa e vice-presidente da República, José Alencar, e com o ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Paulo Vanucchi, para cobrar, após sentença da Justiça Federal, informações sobre as circunstâncias da morte e desaparecimento de seu filho, o desaparecido político mais jovem do Brasil.

Perfil
Jornalista formado pela Alfa, sociólogo graduado na Universidade Federal de Goiás, com pós-graduação em Políticas Públicas (UFG) e mestrando em Direito, Relações Internacionais e Desenvolvimento na Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Renato Dias diz que a história de Maria Augusta Thomaz é tão espetacular quanto a de Olga Benario. “Thriller político que começa após o golpe de 1964, se desenvolve soba guerra fria e acaba com assassinato e corpo desaparecido. Um crime ainda sem castigo”.
Serviço
Livro: Luta Armada/ALN –Molipo  As Quatro Mortes de Maria Augusta Thomaz
Autor: Renato Dias
Design: Carlos Sena
Número de páginas: 240
Preço: R$ 50,00
Contatos com o autor: (62) 8125-6779;renatodias67@gmail.com
Descrição: https://mail.google.com/mail/u/0/images/cleardot.gif

Outros livros que recomendo: “As meninas de Minas’, de Luiz Manfredini; “Marcio-O Guerrilheiro” de Antonio Pedroso Junior!

terça-feira, julho 24, 2012

O PERIGO É REAL!!! DIREITA TERRORISTA SE REARTICULA NO BRASIL E AMÉRICA LATINA!!!


Neusah denuncia atentados


Atentado na sede do Grupo Tortura Nunca Mais, contra Neusah Cerveira e outros acontecimentos nada casuais, apontam para uma rearticulação de grupos terroristas de Direita no País. Depois que foi instalada a "Comissão da Verdade", eles começaram a botar suas manguinhas de fora. O Perigo é real e já há quem veja, mobilização de militares de pijama e alguns na Caserna em afrontar a Presidente Dilma e outas autoridades, um"ovo da serpente", que o governo tem que esmagar logo. CIA,MOSSAD,MI5 e outros serviços de inteligencia a mando dos Imperialistas estão o tempo todo articulando golpes e ações terroristas na America Latina e no Mundo. ATENÇÂO!!!!










Nova denúncia da companheira Neusah Cerveira.

Companheiros, esclarecendo minha ausência e denunciando: fiquei impedida de acesso a qualquer site de internet ontem, a internet como um todo!. Pensei que era um problema técnico nas comunicações. Não pude me comunicar desde ontem! Meu celular também ficou inacessível. Ademais, quando eu e minha filha chegamos hj de meu trabalho, percebemos que entraram em nossa casa...saindo inclusive as pressas (chegamos antes do horário norma, pois não me senti bem hoje e tive de sair mais cedo, coisa RARA, na minha vida profissional) não olhamos ainda se algo foi roubado.


 Percebemos apenas que a correspondência TODA da caixa de correio foi levada e que entraram na casa, acessaram o computador, deixando inclusive alguns documentos abertos(referentes as minhas idas a Brasília, sobre a Comissão da verdade, quando me chamaram) Notei também outros documentos abertos...e deixados abertos...o pc ligado indicando que saíram as pressas! Jogamos a água mineral fora, e também a comida que estava aberta na geladeira! Não entendo a razão desse invasão. Vou fazer um BO, porém, não houve arrombamento...os cadeados estavam abertos e a cerca elétrica tinha sido desligada na central (no meu escritório) vamos agora verificar o que mais foi levado.


 Parece que o interesse eram só documentos e acesso ao PC. Quebraram a senha do PC que era bem difícil. Estamos verificando os documentos que foram levados, quanto a bens, como microondas e etc, nada foi levado!Fiquei muito preocupada! não sei a intenção e o pq disso tudo...tá ficando cada dia mais estranho! Alguém mais de vcs está com esse problema? quem fez isso conhecia meus horários, hábitos e etc. E não entendo como não houve arrombamento! Ninguém mais tem minhas chaves (são muitos cadeados e a casa é gradeada!


 Isso já está me prejudicando MUITO no trabalho, estamos em época de provas e fechamento do bimestre nas escolas! Vou ter de dormir com a menina numa pousada. Gastar dinheiro! isso é revoltante.


 Abçs Neusah Cerveira.

Vejam a denuncia de Neusha!!

AMIGOS, INFORMO NESSA OCASIÃO, E DENUNCIO QUE SOFRI UM ATENTADO NO DIA 18 DE JULHO AS 19 HS, NA BR101, PRÓXIMO AO AEROPORTO DO RN. FUI PERSEGUIDA, POR UM CARRO, COM OS VIDROS TODOS ESCUROS, NÃO SEI QUANTAS PESSOAS TINHA DENTRO. A PERSEGUIÇÃO DUROU UNS 15 MINUTOS QUANDO ENTÃO ATIRARAM CONTRA O VEÍCULO...SAÍ DA ESTRADA QUASE ME ACIDENTEI, E RUMEI PARA O AEROPORTO ONDE PROCUREI A POLÍCIA FEDERAL, QUE DISSE QUE EU DEVIA PROCURAR A POLÍCIA CIVIL E FAZER UM BO, POIS DEVIA SER TENTATIVA DE "ASSALTO" PEDI A UMA AMIGA ADVOGADA QUE FOSSE COM O MARIDO ME BUSCAR. 

NÃO ESTOU MAIS ANDANDO SÓZINHA. O MAIS ESTRANHO É QUE PARECIA QUE ELES SABIAM EXATAMENTE ONDE EU ÍA. TINHA FALADO COM A MINHA MÃE NO TELEFONE, DIZENDO PARA ONDE ESTAVA INDO E FOI LÁ QUE COMEÇOU A PERSEGUIÇÃO! VENHO RECEBENDO TAMBÉM, TELEFONEMAS AMEAÇADORES. UM DELES NAQUELE DIA MESMO, ANUNCIAVA QUE ME PEGARIAM E O QUE FARIAM COMIGO.MINHA CASA FOI APEDREJADA, E INVADIDA ENQUANTO EU ESTAVA NO TRABALHO. 

DECIDI ME AFASTAR UM POUCO DA INTERNET ATÉ SABER O QUE ESTAVA ACONTECENDO. NÃO DESCOBRI NADA, NEM A POLÍCIA. AS AMEAÇAS CONTINUAM, ENTÃO DESLIGUEI O TELEFONE. TENHO PISTAS, A PARTIR DE UM BOLETIM QUE LI DA TFP, PUBLICADO NOS JORNAIS DO PARAGUAY E NO BRASIL, ACHO QUE NA FOLHA DE SP, ENVIADO A MIM POR MAIL. TODOS DEVEM LEVAR AS AMEAÇAS A SÉRIO. EU RECEBI AMEAÇAS PARECIDAS EM 2008, NÃO ACREDITEI E ACABARAM SE CONCRETIZANDO. 

A FILHA DO PAULO WRIGHT EM CURITIBA EM 1986, TAMBÉM RECEBEU AMEAÇAS, ATÉ ME CONTOU POR TELEFONE. ACABOU ASSASSINADA EXATAMENTE CONFORME ANUNCIAVAM AS AMEAÇAS! A POLÍCIA DO PARANÁ ATÉ HOJE NÃO TEM PISTAS. FAZ POUCOS MESES COMECEI A INVESTIGAR O ASSASSINATO DELA. ACREDITO QUE NO MEU CASO AS AMEAÇAS SE DEVAM A ISSO. 

TAMBÉM AO FATO DE FINALMENTE TER DECIDIDO PUBLICAR MEU LIVRO NO EXTERIOR. FICO PREOCUPADA DE DENUNCIAR ESSAS COISAS, PQ FICAM TODOS APAVORADOS E PODEM DESISTIR DA LUTA. MAS, PENSEI MELHOR E ACHEI QUE É JUSTO QUE AS PESSOAS TOMEM SUAS DECISÕES SÓZINHAS. ESTOU PREOCUPADA COM A ESCALADA DA OPERAÇÃO CONDOR NO BRASIL. SE FOSSEM APENAS CASOS ISOLADOS TUDO BEM. MAS, ESTOU RECEBENDO MUITOS RELATOS PARECIDOS! VAMOS FICAR ATENTOS A ESSAS PROVOCAÇÕES!

(DETALHE: QUANDO FUGI EM ALTA VELOCIDADE PARA O AEROPORTO, ELES ENTRARAM POR UM ATALHO SÓ PERMITIDO A AERONÁUTICA E CHEGARAM ANTES DE MIM.) QUE JÁ ESTAVA COM O O CELULAR NO VIVA VOZ E LOCALIZADA POR GPS DE AMIGOS. LARGUEI O CARRO E DESCI CORRENDO...

QUERO QUE EU E MINHA FAMÍLIA TENHAMOS O DIREITO DE IR E VIR SEM PERSEGUIÇÃO! SENÃO PEÇO ASILO POLÍTICO!

CANSEI DE TELEFONES GRAMPEADOS...AMEAÇAS? PQ ? E, ATÉ QUANDO? EU TENTO CALAR A BOCA? MAS, NÃO DÁ! FOI TERRFÍVEL O QUE FIZERAM E CONTINUAM FAZENDO COM MINHA FAMÍLIA!

QUANDO VAMOS SER LIVRES? QUANDO VOU PARAR DE SER TRATADA COMO CRIMINOSA? DESDE QUE ME CONHEÇO POR GENTE A SITUAÇÃO NÃO SE ALTERA!
ABRAÇOS.

Neusah “NINA CERVEIRA

domingo, julho 22, 2012

Povo de Aracaju decide seu destino nestas eleições!!


Amor e ódio: que destino queremos dar a Aracaju?

Christian Lindberg Lopes do Nascimento[1]


            Desde o nascedouro da cultura ocidental, vivemos um conflito interno envolvendo dois polos: de um lado as paixões, os sentimentos e do outro a razão. O filósofo grego Sócrates incumbiu a primazia do segundo sobre o primeiro. Na modernidade, os filósofos iluministas reforçaram esta tendência, porém, em meados do século XIX, o pêndulo iniciou um movimento de reversão. Com os avanços dos estudos no campo da psicologia e a radicalização do individualismo, as paixões foram alçadas a um novo patamar, com repercussões coletivas e, principalmente, particulares. Porém, filósofos agrupados na denominada Escola de Frankfurt, alertaram aqueles que subjugam as paixões no sentido de não asfixiá-la por completo, apontando para a necessidade de a razão esclarecedora abrir espaço, de forma racional, para os sentimentos.
            Digo isto porque a eleições de 2012, na cidade de Aracaju, está polarizada por dois projetos antagônicos, não só na forma de gerir o Estado, mas, principalmente, na perspectiva de humanizar a nossa cidade. O eleitor aracajuano, geralmente bem informado e crítico, sabe e conhece o que representa cada um dos postulantes ao cargo de prefeito e vice-prefeito da capital sergipana.
            De um lado temos um candidato que já foi tudo na vida política: prefeito biônico durante a ditadura militar, governador e que está presente na vida pública há aproximadamente 30 anos. Com tanto folego, é um postulante que tem base de apoio real, embora seu agrupamento político tenha perdido as últimas eleições no Estado e nunca tenha governado Aracaju, desde a redemocratização do país na década de 80.
            Do outo lado, o jovem candidato que entrou na vida pública há pouco tempo, fruto da renovação política que o país tem vivido, desde a metade da década passada. Porém, ele representa um projeto que governa Aracaju desde o ano de 2000 e o Estado de Sergipe, a partir de 2006, além de ser filho de um dos políticos mais tradicionais e ativo do cenário sergipano.
            Considerando o perfil de cada candidato, nesse momento, o que vale mais é o projeto que cada um representa. Aristóteles, na sua Ética a Nicomaco, já nos alertava para que dirigissemos nossa vida em busca da felicidade, compreendendo este termo como aquilo que está relacionado à totalidade dos cidadãos que habitam uma cidade. Se é ingênuo ou não esta afirmação aristotélica, o que nos interessa é o fato de que a busca da felicidade é um ato racional e que visa o bem comum.
            Este raciocínio é válido à medida que o aracajuano é, culturalmente falando, um indivíduo pacato, solidário e fraterno, e que, somado aos traços já mencionados, o torna um eleitor criterioso, que age guiado pela vontade soberana e pensando no bem comum. A vingança, o ódio, a birra, o rancor, nunca foram as marcas dos residentes em Aracaju, muito menos a ação irracional.
Ao mesmo tempo, é muito nítido a diferença dos projetos que estão em jogo. Talvez os mais antigos, como eu, tenham recordações de como Sergipe foi governada nos anos 90, já os mais novos também sabem como o Estado era gerido no início da década passada. Aracaju é orgulho de todos porque seus moradores souberam escolher, racionalmente, o melhor caminho a ser trilhado e os condutores mais hábeis e democráticos para administrar nossa cidade.
            Tenho ciência que não vivemos em uma redoma repleta de perfeição. Aracaju precisa progredir na democratização da gestão do aparato estatal, aperfeiçoar a administração da máquina pública, consolidar os serviços públicos e torná-los mais eficiente, finalizar o processo de inclusão daqueles que ainda estão excluídos da cidadania. Enfim, nossa cidade tem know-how, recursos humanos qualificados e criatividade suficiente para enfrentar os problemas do presente e prepará-la para os desafios do futuro. Está nas mãos de cada um o caminho a ser percorrido, mas lembre-se, o resultado final da sua escolha vai impactar no perfil da cidade que você almeja para o futuro próximo, o seu e o de todos que aqui residem.
1-Christian Lindberg Lopes do Nascimento
Graduado em Filosofia e mestre em Educação pela UFS. Atualmente é doutorando em Filosofia da Educação na UNICAMP. Email: christian.lindberg76@gmail.com 




sábado, julho 21, 2012

O Homem da "Civilização Brasileira" e seu legado!






Ênio Silveira, o editor de O Capital no Brasil


Carlos Pompe*


Há 145 anos, no dia 17 de julho de 1867, Karl Marx publicou sua principal
obra, O Capital, cujo objetivo era “descobrir a lei econômica do movimento da
sociedade moderna”, conforme ele escreve no Prefácio. Mas, no Brasil, a obra
só chegou no século passado. Trechos do livro fizeram parte de seleções de
textos de Marx até que, nos anos 1960, Ênio Silveira publicou não apenas o
livro I, mas também os volumes II e III, preparados por Friedrich Engels, e IV
(Teorias da Mais Valia), preparado por Karl Kautsky. Todos com tradução do
baiano Reginaldo Lemos de Sant'Anna.


A saga editorial dO Capital em terras brasileiras foi curiosa. Justamente sob
o regime mais obscurantista da república, a ditadura terrorista que sufocou
o país de 1964 a 1985, o livro magno de Marx foi publicado na íntegra pela
primeira vez. E sua segunda tradução, coordenada por Paul Singer, foi
distribuída às bancas de revista de todo do país, integrando a coleção Os
economistas, da Editora Abril, quando era lembrado o centenário de morte
do autor. Os rascunhos da obra, conhecidos como Grundisse, só ganharam
edição brasileira, vertidos ao português por Mario Duayer, em 2011 (Boitempo
Editorial).


A coragem editorial de Ênio Silveira, que era filiado ao Partido Comunista
(ficou com o PCB, de Prestes) merece ser lembrada, nestes períodos em que
o país tenta recuperar sua memória história. Ênio nasceu em 18 de novembro
de 1925. Assumiu a direção da Editora Civilização Brasileira em 1948. Entre
1964 e 1969, foi preso sete vezes. Os militares golpistas ainda bloquearam seu
acesso aos bancos. Mesmo assim, continuou publicando pensadores marxistas
e oposicionistas. Não se limitava à edição de obras políticas. Publicou artistas
como Dalton Trevisan e Domingos Pellegrini Jr; bancou a tradução de Ulisses,
de James Joyce, por Antonio Houaiss.


Várias de suas edições foram apreendidas pela ditadura, causando-lhe
prejuízos financeiros irreparáveis e prejudicando (na verdade, uma tentativa
de impedir) a inteligência nacional. Trouxe ao Brasil obras de Antonio Gramsci,
Bertolt Brecht, György Lukács, Júlio Cortazar, F. Scott Fitzgerald, Manuel
Scorza, Franz Kafka, William Faulkner. Publicou também Nelson Werneck
Sodré, Carlos Nelson Coutinho, Leandro Konder... Dentre as coleções que a
Civilização Brasileira lançou, marcaram época os Cadernos do Povo Brasileiro
e o Violão de Rua, onde saiu o poema de Vinícius de Morais, o Operário em
construção.


Para ter uma gama tão grande de títulos, fazia também seus truques. Artur
José Poerner conta, sobre a publicação de seu O poder jovem, história da
participação política dos estudantes brasileiros, em 1968: “Em 28 de março,
o assassinato do estudante paraense Edson Luís de Lima Souto, numa
invasão policial do restaurante do Calabouço, me obrigou a escrever uma
Nota Complementar ao livro. E o Ênio, sem qualquer ressalva aos originais,
me comunicou que, com o agravamento da situação, o livro, já com o prefácio
escrito por outro querido amigo, o dicionarista Antonio Houaiss, precisaria de
mais um texto, uma espécie de salvo-conduto que garantisse a sua circulação.


Rejeitei os nomes inicialmente aventados para um segundo prefácio, dos
governadores de Minas Gerais, Magalhães Pinto, e de São Paulo, Abreu
Sodré. Acuado, acabei solicitando o texto ao general nacionalista Pery
Constant Bevilaqua, que, pelos seus votos liberais, acabaria punido pelo Ato
Institucional nº 5. O prefácio de Houaiss virou apresentação”.


Ao longo de sua vida, encerrada em 11 de janeiro de 1996, editou cerca de 6
mil livros. A Editora Civilização Brasileira, em dificuldades econômicas, acabou
sendo comprada por Alfredo Machado, da Editora Record, que continua
lançando novas edições de O Capital.


*Carlos Pompe é jornalista, revolucionario, editor do Vemelho/DF e curioso do Mundo e das gentes! 

quinta-feira, julho 19, 2012

Elza Maria faz seis anos de vida! Minha alegria de v ida!!




Hoje, dia 19 de julho, há seis anos atrás,nascia no Hospital das Forças Armadas( que ironia do destino)em Brasilia, minha querida e dileta filha Elza Maria Demoner da Silva. Elza em homenagem  a revolucionaria Elza Monerat e a lutadora Elza Soares e outras Elzas amigas e revolucionarias amigas minhas e Maria, em homenagem a todas as mulheres do Mundo, a quem sempre amei e me dediquei. Que ela seja feliz e herde de nós, seus pais, um Mundo melhor, mais justo e solidário. Toda a felicidade do universo. Amo ela de montão. È minha eterna “Bebe”. São seis anios de vida, que se multiplicarão em centenas para alegria minha e da humanidade!! Salve Elza Maria. Tudo de bom para você e conte sempre com seu pai dedicado e solidário!!

Frei Beto expõe os dois lados da Igreja Católica durante a Ditadura Militar!!


Frei Beto mostra a foto de Frei Tito, torturado a tal ponto que se matou!

‘A partir de d. Paulo mudou tudo’, diz Frei Betto sobre apoio da Igreja ao golpe!
O religioso, um dos principais nomes na luta contra a ditadura, conta que foi o arcebispo quem levantou a bandeira em defesa dos direitos humanos após as denúncias de torturas
Ricardo Galhardo - iG São Paulo | 19/07/2012 08:00:07
No primeiro momento, a Igreja Católica e outras organizações religiosas apoiaram o golpe militar de 1964. Alguns religiosos, como o então cardeal de São Paulo d. Agnelo Rossi, chegaram a encobrir torturas e outras atrocidades. Foi só com o passar do tempo, o surgimento de denúncias rotineiras sobre desrespeitos aos direitos humanos e a caracterização cada vez mais clara do regime como uma ditadura, que a Igreja mudou de lado e passou a ser um dos pilares na defesa da democracia. A opinião é do escritor Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, testemunha e personagem desta história.
Durante a conversa com o iG na sala de música do convento dos dominicanos, um oásis de árvores e passarinhos encravado no bairro do Sumaré, zona oeste de São Paulo, Frei Betto disse que a situação mudou a partir da intervenção direta do papa Paulo VI, que substituiu d. Rossi por d. Paulo Evaristo Arns. “A partir de d. Paulo mudou tudo”, afirmou

iG - Em vários momentos a Igreja Católica e outras organizações religiosas ajudaram no combate à ditadura militar. Havia uma articulação entre elas?

Frei Betto – Na verdade, quando houve o golpe em 1964 a Igreja Católica, através da CNBB, apoiou agradecendo a Nossa Senhora Aparecida ter livrado o Brasil da ameaça comunista. Ocorre que setores da Igreja, em especial a JUC (Juventude Universitária Católica) da qual eu era dirigente e a JEC (Juventude Estudantil Católica), que faziam parte da Ação Católica, estavam muito identificados com a esquerda e contra a ditadura. Eles já haviam inclusive dado origem a um dos grupos de esquerda duramente reprimidos, a Ação Popular, da qual Betinho (o sociólogo Herbert Souza, morto em 1997) foi um dos fundadores. Então a repressão, que no início ficou muito confortável com o apoio da CNBB, passou a achar que a Igreja fazia jogo duplo. Porque ela fazia um discurso de apoio aos militares, mas na prática estava contra. Para vocês terem uma ideia, nós da JUC e JEC morávamos juntos no Rio de Janeiro e fomos presos no dia 6 de junho de 1964, isso tudo eu descrevo no livro “Batismo de Sangue”. E porque fomos presos? Havíamos feito algum movimento contra a ditadura? Não. Fomos presos na chamada noite do arrastão da Ação Popular. Para o Cenimar (órgão de inteligência da Marinha), Ação Católica e Ação Popular eram a mesma coisa. Ficamos 15 dias presos. Não houve processo nem nada.

iG – Como a Igreja reagiu a isso?


FB - Aí começou aquilo que aos olhos da ditadura era jogo duplo e com atitudes de bispos progressistas cada vez mais críticos à repressão na medida em que ela vai crescendo. A partir daí muitos bispos, com destaque para a atuação de d. Helder Câmara, começam a defender as vítimas e vai se alargando o fosso entre a Igreja Católica e a ditadura. Isso também acontecia em menor escala com outras Igrejas. E o caldo entornou com a prisão nossa, dos dominicanos, em 1969, e o assassinato do padre Henrique Pereira Neto, da pastoral da juventude do Recife. Ele foi torturado, assassinado e jogado no campus universitário. E nós torturados, Frei Tito massacrado, depois veio a morrer em consequência disso.

iG – O apoio continuou quando surgiram as denúncias de tortura?

FB - Tínhamos algumas figuras de proeminência na Igreja Católica como o cardeal Vicente Scherer no Rio Grande do Sul e o cardeal Agnelo Rossi aqui em São Paulo do lado da ditadura, dizendo que não havia tortura. Tanto que quando o Rossi foi nos visitar no Dops ele nos viu todos quebrados, nós dissemos que havíamos sido torturados, o delegado disse “não eminência, eles caíram da escada” e o Rossi saiu do Dops e disse à imprensa que não houve tortura.

iG – Houve participação do Vaticano na mudança de postura da Igreja brasileira?

FB - Roma nos apoiou na figura do o cardeal Agostinho Casarolli, segundo na hierarquia do Vaticano. Portanto, o papa Paulo VI nos apoiou. O governo geral dos dominicanos em Roma também nos apoiou e quando o papa ficou sabendo do episódio no Dops decidiu tirar o d. Rossi de São Paulo com aquele esquema que a Igreja usa de promover para remover. O papa pediu para o cardeal Rossi ir a Roma e então aconteceu um episódio folclórico. O Rossi ficou hospedado no mesmo lugar onde sempre ficam os brasileiros, chamado Pio Brasileiro, e celebrou uma missa dizendo no sermão que no Brasil não havia tortura, que tudo era uma campanha comunista. Em seguida, depois do sermão, na oração dos fiéis, os seminaristas brasileiros começaram a dizer “rezemos por fulano, assassinado pela polícia nas ruas de São Paulo segundo o ‘Observatório Romano’, rezemos pela sicrana que foi muito torturada segundo a ‘Rádio Vaticana’”, etc. Eles acabaram com o Rossi, pois as fontes eram os próprios veículos de imprensa do Vaticano. Quando Rossi voltou para São Paulo na chegada ao aeroporto foi comunicado por jornalistas sobre sua demissão e que d. Paulo Evaristo Arns, que era auxiliar dele, era o novo arcebispo. E a partir de d. Paulo mudou tudo.

iG - As tensões diminuíram?

FB - Não. Se agravaram porque d. Paulo bateu de frente com a ditadura todo o tempo. Foi ele quem fundou o grupo Clamor, a Comissão de Justiça e Paz, o Brasil Nunca Mais. Uma série de instrumentos que ele foi criando para defesa dos direitos humanos. E assim a Igreja foi se afastando até o ponto de emitir notas contra a ditadura.

iG – A preocupação com os direitos humanos ficou acima das ideologias políticas?

FB - Tinha um padre da TFP (Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade) que nos visitava e não acreditava na existência de tortura até o dia em que viu o Frei Tito chegar do DOI-Codi todo arrebentado. O padre entrou em parafuso porque era um homem honesto.

iG – A ditadura tentou impedir a ação da Igreja?

FB - Proibiram que estrangeiros nos visitassem porque nós, os dominicanos, éramos a caixa de ressonância mais forte na Europa sobre os arbítrios da ditadura. Nós tínhamos a Igreja por trás. Ninguém na esquerda tinha algo parecido. Tanto que nos separaram. Ficamos dois anos como presos políticos e os dois últimos anos como presos comuns. Fomos parar no Carandiru e depois em Presidente Venceslau. Depois da proibição aos estrangeiros o bispo de Lins foi nos visitar no presídio Tiradentes com o cardeal holandês Bernardus Alfrink, um dos mais progressistas da Igreja. Sabendo da proibição aos estrangeiros o bispo falou que o cardeal era seu sacristão. O cardeal então nos entrevistou, anotou tudo, na mesma noite embarcou para a Holanda e ao chegar a Amsterdam toda a imprensa já estava convocada para uma coletiva na qual foi tudo denunciado. E assim a posição das igrejas foi mudando até chegar ao ápice com o livro Tortura Nunca Mais (com mais de mil relatos colhidos clandestinamente entre 1979 e 1985 com apoio de d. Paulo, o rabino judeu Henry Sobel e o pastor protestante Jamie Wright).

iG – O cerco maior foi em torno dos dominicanos?

FB – Não só. Temos o caso dos padres franceses, a tentativa de assassinar d. Pedro Casaldáliga e aí eles mataram um outro padre jesuíta lá em Rio Bonito. Havia uma festa, dom Pedro estava com roupas normais e o padre vestido de clérigo. Acharam que o padre era o bispo e o mataram. Teve muitos outros episódios que foram tão fortes quanto o nosso.

iG – Havia algum respeito dos militares pelo fato de vocês serem da Igreja?

FB – Não. De jeito nenhum. Ao contrário. Por que o Frei Tito morreu em função da tortura? Nossa prisão foi igual à dos demais. A repercussão foi muito grande. Saiu na imprensa do mundo todo. O que aconteceu foi que quando a ditadura se deu conta da repercussão ela percebeu que não tinha sustança para justificar a violência com que fomos presos e decidiu que nós tínhamos que assinar um documento assumindo que havíamos participado de operações armadas. O primeiro a ser retirado do presídio Tiradentes para assinar o documento foi o Frei Tito. Ele não assinou, foi três dias torturado dia e noite até o ponto em que ou ele cedia ou morria. Então ele cortou o pulso com uma lata e com isso impediu que os demais passassem pela mesma coisa. Mas a partir daí ele ficou todo quebrado psicologicamente. Isso teve uma repercussão imensa. A revista Look deu ao Frei Tito o prêmio de melhor matéria do ano de 1971.

iG – O papel da Igreja na luta contra a ditadura no Brasil estava dentro do contexto da América Latina?

FB – Sim. As histórias se repetem em alguns países. Mas na Argentina, por exemplo, foi o contrário. Lá a Igreja apoiou oficialmente a ditadura. Embora padres e bispos tenham ido contra, a conferência episcopal apoiou a ditadura até o fim ao ponto de nomear capelães que participaram de sessões de tortura e dos voos da morte. Mas em geral a Igreja da América Latina foi contra as ditaduras.

iG – A Igreja ajudava a conscientizar os fiéis sobre as arbitrariedades do regime?

FB – No primeiro momento, a Igreja foi totalmente a favor da ditadura. Chegaram a permitir a vinda do padre Patrick Peyton, americano, que era agente da CIA e promoveu aquelas marchas da família com Deus pela liberdade usando a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Depois a Igreja foi recuando e se tornando crítica. Aqui na nossa igreja, por exemplo, a missa aos domingos lotava porque o sermão feito pelo Frei Chico era sempre crítico à ditadura. Ele tinha o cuidado de mimeografar para distribuir na saída. Tinha gente até na calçada de uma igreja em que cabem 800 pessoas sentadas. Não era por fé. Ali era um espaço onde se respirava liberdade. Enquanto isso ocorria um outro fenômeno que eram as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) crescendo por baixo, sem chamar atenção da repressão. E elas são a sementeira de todo movimento social que veio depois. Hoje é difícil encontrar um político de extração popular que não tenha origem nas CEBs. O Lula é uma exceção.
Colaborou Gisele Silva, iG São Paulo

Luiz Manfredini, escritor e revolucionario em tempo integral!!



Publicado por waltersorrentino em 17/07/2012 no seu blog www.waltersorrentino.com.br
Luis Manfredini, escritor, com vocês no Conversa.com. Juntos, o Departamento Nacional de Quadros do PCdoB e a Fundação Maurício Grabois, tivemos gratificante trabalho de produzir uma obra da qual Manfredini foi o organizador. “Vidas, veredas: paixão – memórias da saga comunista” é como vai se chamar e já está no prelo. Pedi a Manfredini para compartilhar com vocês o caráter desse trabalho e aproveitar para dar a conhecer aos amigos do blog esse escritor que admiro, além de ser grato companheiro de partido.

Caro Manfredini, bem vindo ao Conversa.com do blog. Acabamos de terminar um trabalho conjunto escrito por você. Ele se liga diretamente ao conceito de atual geração dirigente da corrente comunista no país, todavia pouco conhecida na singularidade das histórias pessoais. Fale um pouco do livro para o leitor.
Sim, foi um trabalho de fôlego que envolveu quase 40 entrevistas presenciais e umas 50 outras realizadas a partir de roteiros por escrito, além de ampla pesquisa bibliográfica. O foco central foi levantar e expor a trajetória pessoal desse amplo conjunto de revolucionários em sua luta contra a ditadura e pelo socialismo no Brasil, em sua maioria sob as dramáticas condições da clandestinidade e da repressão policial. E o resultado, que logo será posto ao julgamento dos leitores, foi um largo painel de como a corrente comunista enfrentou as lutas a que se propôs. O que chama a atenção na obra é que ela inova ao romper com a tradição que mandava examinar os revolucionários quase só como militantes, a partir de suas idéias e condutas políticas, relegando a plano secundário as pessoas que continham tais idéias e produziam tais condutas, deixando de perceber o quanto a personalidade de cada uma dessas pessoas, suas origens, suas influências muitas vezes determinavam os rumos de suas idéias e condutas. Então, o que verte desses perfis é humanidade pura, com seus ingredientes de drama, tragédia, hilaridade, aventura. Quantos conhecem essa faceta? Raríssimos. Agora conhecerão a vida que pulsava por trás dessa trajetória de lucidez e valentia. E certamente aprenderão com elas.
Leia o restante desta postagem no Blog do Sorrentino em www.waltersorrentino.com.br Vale muito a pena!!!!