Três dos quatro grupos dissidentes do já inativo Exército Republicano
Irlandês (IRA), opostos ao processo de paz na Irlanda do Norte, anunciaram
nesta sexta-feira a formação de uma nova organização para prosseguir com a luta
armada. Em comunicado enviado nesta sexta-feira ao diário "The Guardian", a nova organização
revolucionaria assinala que criou uma "estrutura unificada sob um só
comando" para servir "como um Exército Republicano
Irlandês".
O grupo armado se nutre principalmente de membros do IRA Autêntico, separado do IRA em 1997 e responsável um
ano depois pelo atentado de Omagh - no qual morreram 29 pessoas -, enquanto
ficou de fora o IRA Continuidade, o outro grande grupo dissidente.
A coalizão se completa com voluntários da Ação Republicana Contra as
Drogas (RAAD), que opera na cidade de Derry. A organização conta, também, com o
apoio de um grupo de facções republicanas independentes localizadas em Belfast
e zonas rurais, conhecido como "Óglaigh na
hÉireann".
Combatentes
Segundo o "The Guardian",
entre os três estão "várias centenas" de efetivos, incluídos membros
do já inativo IRA em Derry. A nova organização, aponta o diário, deverá unir
forças para aumentar o número de ataques contra as forças de segurança e outros
alvos britânicos na região.
"Nos últimos anos, o
estabelecimento de uma Irlanda livre e independente sofreu contratempos devido
ao fracasso da liderança do nacionalismo irlandês e à fratura interna do
republicanismo", diz o comunicado.
Com essas palavras, o grupo faz
referência às divisões criadas no movimento republicano desde que o antigo
braço político do IRA, o Sinn Féin, decidiu abandonar as armas e perseguir seus
objetivos por meios democráticos.
História
O Exército Republicano
Irlandês, popularmente conhecido como IRA (siglas para Irish Republican Army),
foi um dos mais ativos grupos revolucionários do século XX. Sua atuação ficou
marcada pela formação de grupos paramilitares que arquitetavam diversos
atentados contra seu maior alvo: a Inglaterra. A oposição à nação inglesa era
prioritariamente motivada pelo interesse de tornar a Irlanda do Norte uma
região politicamente independente da Inglaterra.
Outra questão que motivava a ação deste grupo também tinha a ver com as diferenças religiosas encontradas no território norte-irlandês. A maioria da população – cerca de 60% – era praticante do cristianismo protestante e, por isso, acabava impondo seus costumes e interesses políticos em oposição a uma minoria de católicos. Com isso, parte dessa minoria religiosa viu no discurso nacionalista, militar e anti-britânico uma via de afirmação política.
Ao longo de sua trajetória, o IRA foi responsável por mais de 3500 mortes e manchou a famosa reputação diplomática inglesa com a resistência de seus integrantes. No ano de 2005, depois de uma série de tentativas de negociação, o IRA declarou o fim de sua “luta armada”. Entretanto, no final de 2007, um grupo que se intitulava parte integrante do movimento nacionalista irlandês tentou instalar uma bomba nas proximidades de um posto policial.
Em maio de 2008, um novo atentado à bomba ligado ao IRA feriu um policial. Esses dois episódios acabaram confundindo a opinião pública. Afinal de contas, o IRA acabou ou continua sendo uma ameaça latente? De fato, a grande maioria que engrossava as fileiras do movimento irlandês chegou à conclusão de que a via da luta armada não fazia mais sentido. Porém, a declaração de cessar fogo de 2005 acabou estabelecendo um “racha” que dividiu o IRA em três diferentes facções.
A primeira e a maior dessas facções é o chamado IRA Provisional. Entre 1969 e 1997, este grupo foi responsável por uma série de ações, focos de guerrilha e atentados ocorridos na Inglaterra e na própria Irlanda do Norte. Em seu auge, o IRA Provisional tornou-se a maior organização do continente europeu. No entanto, o início das negociações na década de 1990 desarticulou as ações de assalto do grupo provisional.
Os diálogos iniciais se deram entre os diversos grupos políticos norte-irlandeses e o governo do Reino Unido. Uma das mais expressivas vias de negociação foi estabelecida com o partido Sinn Fein, que representava politicamente as tendências separatistas irlandesas. No ano de 1996, grupos mais radicais negavam-se a reconhecer o esforço político britânico e, por isso, realizaram uma série de pequenos ataques. No ano seguinte, esse mesmo grupo fundou o chamado IRA Real.
O IRA Real (também conhecido como RIRA ou True IRA) estabeleceu um segundo momento de ruptura política interna dentro do movimento terrorista irlandês. No ano de 1986, disputas pelo controle político do Irish Republican Army deram origem a um grupo dissidente anterior chamado de O grupo da Continuidade (popularmente conhecido como CIRA). Os dois recentes atentados atribuídos ao IRA foram arquitetados por esses dois grupos de ruptura. De fato, o grupo “Real” e “da Continuidade” constituem uma pequena minoria que não acredita em uma resolução pacífica para o problema entre irlandeses e ingleses.
Outra questão que motivava a ação deste grupo também tinha a ver com as diferenças religiosas encontradas no território norte-irlandês. A maioria da população – cerca de 60% – era praticante do cristianismo protestante e, por isso, acabava impondo seus costumes e interesses políticos em oposição a uma minoria de católicos. Com isso, parte dessa minoria religiosa viu no discurso nacionalista, militar e anti-britânico uma via de afirmação política.
Ao longo de sua trajetória, o IRA foi responsável por mais de 3500 mortes e manchou a famosa reputação diplomática inglesa com a resistência de seus integrantes. No ano de 2005, depois de uma série de tentativas de negociação, o IRA declarou o fim de sua “luta armada”. Entretanto, no final de 2007, um grupo que se intitulava parte integrante do movimento nacionalista irlandês tentou instalar uma bomba nas proximidades de um posto policial.
Em maio de 2008, um novo atentado à bomba ligado ao IRA feriu um policial. Esses dois episódios acabaram confundindo a opinião pública. Afinal de contas, o IRA acabou ou continua sendo uma ameaça latente? De fato, a grande maioria que engrossava as fileiras do movimento irlandês chegou à conclusão de que a via da luta armada não fazia mais sentido. Porém, a declaração de cessar fogo de 2005 acabou estabelecendo um “racha” que dividiu o IRA em três diferentes facções.
A primeira e a maior dessas facções é o chamado IRA Provisional. Entre 1969 e 1997, este grupo foi responsável por uma série de ações, focos de guerrilha e atentados ocorridos na Inglaterra e na própria Irlanda do Norte. Em seu auge, o IRA Provisional tornou-se a maior organização do continente europeu. No entanto, o início das negociações na década de 1990 desarticulou as ações de assalto do grupo provisional.
Os diálogos iniciais se deram entre os diversos grupos políticos norte-irlandeses e o governo do Reino Unido. Uma das mais expressivas vias de negociação foi estabelecida com o partido Sinn Fein, que representava politicamente as tendências separatistas irlandesas. No ano de 1996, grupos mais radicais negavam-se a reconhecer o esforço político britânico e, por isso, realizaram uma série de pequenos ataques. No ano seguinte, esse mesmo grupo fundou o chamado IRA Real.
O IRA Real (também conhecido como RIRA ou True IRA) estabeleceu um segundo momento de ruptura política interna dentro do movimento terrorista irlandês. No ano de 1986, disputas pelo controle político do Irish Republican Army deram origem a um grupo dissidente anterior chamado de O grupo da Continuidade (popularmente conhecido como CIRA). Os dois recentes atentados atribuídos ao IRA foram arquitetados por esses dois grupos de ruptura. De fato, o grupo “Real” e “da Continuidade” constituem uma pequena minoria que não acredita em uma resolução pacífica para o problema entre irlandeses e ingleses.
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