quinta-feira, dezembro 29, 2011

Que venha 2012!!!

O cabalistico 2011 esta nos seus estertores. Teve até o 11/11/2011. O capitalismo e a tirania agonizam pelo mundo todo, inclusive nas suas metrópoles. E os povos, principalmente os jovens começam a se levantar pelo fim deste sistema desumano e cruel. Vamos  entrar  em 2012 com  disposição de luta e preenhe de transformações. Otimismo será o que movera nossas intenções e ações.
Tchau 2011 e que venha o 2012. Aos amigos e a humanidade,  desejo que se realizem ou pelo menos comecem  a ser realizados, os sonhos de todos nós, de saúde, paz,  amor,  solidariedade, fim da violência e das injustiças. Vamos lá minha gente. !!!!!

segunda-feira, dezembro 26, 2011

SIMPLEMENTE EDÍRIA (1920-2011) *

Por Augusto Buonicore **

Edíria morreu neste Natal. No começo, tendia a vê-la apenas como companheira de João Amazonas. Nestes últimos anos, conforme fomos conversando e ouvindo suas histórias, fui me dando conta da enorme injustiça que cometia e da grandeza desta instigante personagem feminina, uma artista talentosa e camarada exemplar. Este singelo artigo é fruto dessas longas e agradáveis conversas que tivemos no seu modesto apartamento na rua Ruy Barbosa em São Paulo.


Nasce a artista e militante comunista

Edíria Carneiro nasceu em 1920 na cidade de Salvador. Sua mãe era muito católica, mas seu pai era um juiz de idéias bastante avançadas para época. Muito cedo ela se interessou pela cultura, por isso ingressou na Escola de Belas Artes. Neste período começou a participar do movimento estudantil e colaborou, como ilustradora, na revista Seiva, dirigida pelo comunista João Falcão. Vendo o seu interesse por temas políticos e sociais, o jovem Mário Alves a recrutou para o PC do Brasil.

Por sua atuação, acabou sendo eleita delegada ao Congresso da UNE, que se realizou no Rio de Janeiro em julho 1945. Comentaria ironicamente: “votaram em mim porque me consideravam mais simpática ou com mais coragem de sair da Bahia naqueles tempos de fim de guerra”.

Edíria entre os delegados baianos (terceira da direita para esquerda). Mario Alves, sentado na ponta esquerda.

A viagem de navio foi uma festa. Nenhum dos jovens estava muito preocupado com a ameaça representada pelos submarinos alemães. Apenas o comandante pensava nisso. Quando escurecia, mandava apagar todas as luzes e cobrir as escotilhas para não chamar a atenção de possíveis inimigos. Por segurança, também parava os motores à noite, atrasando a viagem. As famílias dos passageiros acabaram entrando em desespero com o atraso e a falta de notícias. Temiam pelo pior.
A vida cultural e política no Rio de Janeiro cativaram a jovem Edíria que decidiu não voltar mais para Bahia. Passou a morar e militar no bairro de Ipanema. Um dia perguntaram-lhe se queria ser ilustradora do jornal comunista A Classe Operária e ela aceitou de pronto. O editor-chefe era Maurício Grabois da qual se tornou admiradora e amiga.















Edíria ao lado de Maurício Grabois na frente da sede nacional do PC do Brasil
 
Na sede nacional do Partido, onde funcionava o jornal, é que conheceria João Amazonas. No início o achou meio reservado. Um belo dia, pensando que todos os dirigentes haviam saído, ela e uma amiga resolveram conhecer os demais andares do prédio. Para surpresa delas, no quarto andar, encontraram João e começaram a conversar. Foi essa a primeira vez que Edíria teve a oportunidade de falar com aquele que seria seu companheiro por toda vida.
Passado alguns meses, em meados de 1947, houve uma festa partidária. As festas eram comuns naqueles anos em que o PC do Brasil desfrutava de legalidade. Edíria estava um pouco deslocada, quando João chegou e, gentilmente, convidou-a para dançar. Ele já era deputado federal e tinha realizado uma brilhante campanha para o Senado, no qual conquistara um honroso segundo lugar.
Ao final do baile, João perguntou-lhe se desejava ir ao cinema. Ela, sem perder tempo, aceitou a proposta.. Naquela noite os dois comunistas assistiram Sempre no meu coração. Nada mais adequado. Assim começou o namoro que duraria cerca de 55 anos.
Contudo, esse tempo de relativa liberdade logo terminaria. Em agosto de 1947, o PC do Brasil teve cassado seu registro e em janeiro do ano seguinte seus parlamentares perderiam seus mandatos, entre eles João Amazonas. Era o início da Guerra Fria e iniciava-se uma dura repressão aos comunistas. Sem mandato e imunidade parlamentar, Amazonas passou a ser procurado pela polícia e entrou na clandestinidade.

Tempos clandestinos

Amazonas foi para São Paulo, contudo, antes de partir, perguntou se Edíria queria morar com ele. Mesmo prevendo a difícil vida que a esperava, aceitou alegremente o convite e também mergulhou na clandestinidade. A ordem do Partido era partir sem dizer nada para ninguém, como se fosse a um passeio. Viajou num trem noturno levando apenas uma bolsa contendo apenas o estritamente necessário.
Alguém havia lhe reservado um quarto de pensão e quando chegou, telefonaram para João avisando que “Amélia” já estava em São Paulo. Alguns dias depois recebeu um comunicado que deveria deixar a pensão e ir ao encontro dele. Daí por diante passaram viver juntos.
Naqueles anos a relação com os outros membros da Comissão Executiva do Partido Comunista dava-se por meio de Apolônio de Carvalho e sua esposa. Os contatos eram feitos através das companheiras desses dois dirigentes nacionais: Edíria e Renée. As duas amigas encontravam-se “casualmente” em igrejas e jardins públicos levando sacolas iguais. Depois de uma rápida conversa uma pegava a sacola da outra. A missão estava cumprida. Dentro dos embrulhos estavam as correspondências secretas, além de livros e revistas.













Edíria enquanto vivia na clandestinidade.
Ao lado de sua babá, que a abrigou diversas vezes.

Em 1950 o casal voltou para o Rio de Janeiro. A vida clandestina trouxe inúmeras dificuldades à família Amazonas. Quando a primeira filha ia nascer, João estava acompanhando uma greve em São Paulo. Edíria, como combinado, foi ter o filho num hospital em Laranjeiras, mas descobriu que não tinha dinheiro para pagar e ninguém estava lá para socorrê-la. Ela fingiu que estava doente e ficou deitada pensando apenas como sair daquela situação embaraçosa. Certo momento ficou tão deprimida que acabou chorando. A enfermeira entrou no quarto, notou as lágrimas e pensou que havia sido abandonada pelo ‘pai da criança’.
Aflita, Edíria esperou a chegada da senhora que morava com ela e lhe pediu que procurasse Déia Paraguassu, companheira de Diógenes Arruda Câmara. No dia seguinte, Déia foi visitá-la e resolveu a situação. Então, finalmente, pode deixar a maternidade com a pequena Zélia, a filha recém-nascida. Somente alguns dias depois, João conseguiu vê-la e soube o que tinha acontecido.
Quando do nascimento do segundo filho, em 1953, Amazonas também estava acompanhando movimentos grevistas em São Paulo. Conseguiu chegar dois dias antes do nascimento de João Carlos. Contudo, menos de um mês depois viajou para a União Soviética, onde permaneceu por dois longos anos. Ele chefiava um grupo de militantes que faria um curso de aprofundamento em marxismo-leninismo.
Edíria ficou com os dois filhos pequenos e foi morar com a esposa de Mário Alves, que também tinha ido para União Soviética. Era uma casinha no pé de um morro que não tinha água. Havia apenas uma bica distante e elas tinham que carregar latas de água na cabeça até a casa onde moravam. Ao contrário do que diziam os conservadores, a vida das famílias dos dirigentes comunistas não era nada fácil.
Neste momento, foi convocada a fazer o Curso Stalin. Não tendo com quem deixar as duas crianças, levou-as consigo. “Foi um sufoco!”, exclamou mais tarde. Saiu-se tão bem que foi convidada por Jacob Gorender para ministrar algumas aulas. Ela resistiu, pois era muito tímida. Contudo, não podia recusar tão gratificante tarefa. O lugar escolhido para sua estréia foi a estratégica base dos marítimos, uma das mais importantes do país.
A sede da Escola dos Marítimos ficava em São Gonçalo, Rio de Janeiro. Além das aulas, a professora Helena – esse era o seu nome de guerra - dava palestras sobre as teses do IV Congresso que se realizaria em 1954. Essas atividades, destinadas aos amigos e simpatizantes, serviam para recrutar novos membros para o PC do Brasil. Ela ficou muitos meses cumprindo esta gratificante tarefa na área da formação. Um dos seus maiores orgulhos foi saber, durante o congresso, que aquela base operária tinha sido a que mais recrutou membros, graças ao seu trabalho de professora.
Quando Amazonas voltou, se opôs que Edíria continuasse dando aulas naquelas condições. Achava que poderia representar um perigo para a segurança dela e do núcleo dirigente. Mas, o secretário de organização, Diógenes Arruda, ainda a enviou para dar algumas palestras aos operários de Morro Velho, Minas Gerais. Cumprida esta tarefa chegou ao fim sua carreira de professora dos cursos partidários. Edíria e seus filhos voltaram à vida nos aparelhos desertos.
João estava novamente na União Soviética quando do nascimento de Helena, a terceira filha. Quem ia fazer o parto era a Maria Grabois, irmã do Mauricio. No entanto, ela atendia num hospital em Copacabana e Edíria morava em Del Castilho, subúrbio do Rio de Janeiro. Quando estava para nascer a filha, tomou um táxi e no caminho parou numa Casa de Saúde para averiguar a situação. O médico bstante preocupado disse: ‘já vai nascer’. Então, ela acabou dando a luz ali mesmo em Piedade, bairro Bonsucesso.
Amazonas e Edíria, por razões de segurança, mudavam-se constantemente. Chegaram a perder as contas do número de casas em que moraram entre 1948 e 1957. Estima-se que foram mais de 16 locais. Isso representava uma dificuldade extra, especialmente para as crianças. Elas viviam trocando de escolas e às vezes até de nome. Não fincavam raízes e nem podiam cultivar amizades mais permanentes.

Comunistas a céu aberto

Em 1958, depois que havia sido destituído do secretariado do Comitê Central, João Amazonas foi transferido para o Rio Grande do Sul. Essa mudança coincidiu com o momento de redução das perseguições políticas e o fim dos pedidos de prisão preventiva. Este era um compromisso que havia sido assumido pelo presidente Juscelino Kubitschek, eleito com apoio dos comunistas. Assim, todos os seus dirigentes puderam voltar à legalidade e colocar sua vida em ordem.


João e Edíria logo após o casamento em 1958

João e Edíria aproveitaram a conjuntura favorável para legalizar sua situação. O casamento civil e o registro das crianças se deram em Niterói, no cartório do camarada Lincoln Cordeiro Oest. O ex-deputado paraense Agostinho de Oliveira, propôs que se fizesse uma festa de casamento e de despedida para a família Amazonas, que estava se mudando para Porto Alegre. O evento foi muito animado. Os convidados dançaram a noite toda ao som de um velho rádio.
Aqueles anos representariam uma verdadeira revolução para eles, pois puderam romper com a angustiante vida clandestina. Em Porto Alegre, fizeram muitos amigos, iam ao cinema e ao teatro. Amazonas dirigia o partido no estado e Edíria integrou-se a uma célula de artistas e intelectuais. Ali pode voltar a freqüentar exposições e tornou-se aluna do renomado pintor Iberê de Camargo.
Contudo, no final de 1961, a decisão de romper com Prestes e reorganizar o PC do Brasil, levou a uma nova modificação na vida de Amazonas e sua família. Afinal, ele era profissional do Partido há muitos anos e precisava refazer sua vida. Necessitava principalmente arranjar meios de sobrevivência para continuar sua ação revolucionária.
João e Edíria passaram por enormes dificuldades materiais. No Natal de 1961 não tinham nem mesmo como dar presentes para os filhos. Foi preciso que um casal de intelectuais comunistas, Riopardense Macedo e Leda Maria, dessem uma festa e distribuíssem brinquedos as crianças. Todos ficaram muito emocionados e jamais esqueceram aquele ato de solidariedade.
As necessidades impostas pela reorganização do Partido levaram que Amazonas deixasse o Rio Grande do Sul e fosse para o Rio de Janeiro. No entanto, estavam sem um tostão. Os móveis e algumas roupas tiveram que ser vendidos para que conseguissem algum dinheiro para as passagens.
Inicialmente, Edíria e as crianças ficaram na casa da antiga babá. Depois, com apoio do pai, foram para Bahia e ali permaneceram menos de dois meses. Neste ínterim João conseguiu alugar um bom apartamento em São Paulo para onde acabou se mudando com a família. A situação financeira, no entanto, continuava crítica. O casal tinha um apartamento, mas ainda não tinha os móveis. Aproveitando os seus conhecimentos de artista plástica, Edíria conseguiu um emprego de estilista numa confecção paulista. Com esse salário começou lentamente a mobiliar seu novo lar.
Ainda no primeiro ano que estava em São Paulo, o SESC organizou o chamado Salão do Trabalho. Edíria enviou três xilogravuras e ganhou a medalha de ouro. A instituição ainda ficou com os três quadros. Com o dinheiro do prêmio e das vendas comprou presentes de Natal para as crianças e completou o mobiliário da casa. Mais tarde Edíria conseguiu um emprego no Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP).
Enquanto isso, Amazonas se envolvia de corpo e alma no trabalho de reorganização do PC do Brasil. A sede d’A Classe Operária ficava no Rio de Janeiro. Por isso, viajava muito e somente nos finais de semana podia estar com a família. Aos domingos ia ao Ibirapuera, onde as crianças andavam de patins e corriam pelo parque. A situação parecia estar melhorando, mas isso não duraria muito tempo. Estávamos nas vésperas do golpe militar.

Tempo fechado, temperatura sufocante e ar irrespirável.

Com a instauração da ditadura, Amazonas entrou novamente na clandestinidade. Eles não podiam mais se ver nos finais de semana. Passaram a ter encontros em “pontos” na rua e às vezes eram levados para algum aparelho partidário, que nem ao menos sabiam onde ficava.
Essa situação não era nada fácil para as crianças. Aos filhos mais velhos Edíria contou tudo o que ocorria. João não podia vê-los porque a ditadura estava atrás dele. O mais difícil era explicar para Helena, a caçula, com apenas sete anos de idade. Um dia ela perguntou: “Mamãe, você não tem arrependimento de ter se casado com o pai? Ele nem liga para nós”. Seguindo a sugestão de João, mesmo sem saber se a menina entenderia, Edíria buscou pacientemente explicar a situação.
O casal Amazonas recebeu a notícia da decretação do AI-5 pelo rádio, quando estava num “aparelho” em São Paulo. Até aquele momento ainda podiam dar-se ao luxo de se encontrar algumas poucas vezes. O recrudescimento da repressão e as necessidades impostas pela montagem da guerrilha no Araguaia levaram que Amazonas se afastasse ainda mais de sua família. De vez em quando, alguém telefonava querendo saber como estavam as coisas.
Quando ocorreu a Chacina da Lapa, em dezembro de 1976, Amazonas fazia uma visita oficial à China. Não podendo mais voltar ao Brasil, estabeleceu-se na França. No exílio foi constatado que padecia de uma doença grave. Edíria foi ao seu encontro e resolveu ficar definitivamente no exterior. Para isso teve que se afastar dos filhos – que já estavam crescidos – e o emprego público.





Casal Amazonas ao lado de Enver Hoxha, Nexhmije Hoxha e Ramiz Alia.

Edíria resolveu retomar os estudos e matriculou-se no ateliê de Stanley Hayter, um artista gráfico mundialmente conhecido. Além de não ser caro, fornecia atestado para os alunos estrangeiros apresentarem às autoridades de imigração, condição para permanecerem na França. Ela aproveitou o exílio para visitar as galerias e exposições. Chegou mesmo a apresentar trabalhos em várias delas. Mesmo no exterior, João Amazonas vivia clandestino, com identidade falsa. Passava-se por português cujo sobrenome era Pereira. A segurança ainda era necessária, pois a polícia política brasileira mantinha sob vigilância os líderes oposicionistas no exterior. Uma vez João e sua família – os filhos os estavam visitando em Paris – foram seguidos por vários homens que suspeitavam fossem policiais brasileiros. Quando estavam no metrô, para se desvencilhar deles, ameaçaram descer numa estação parisiense. Foram até a porta e Helena saltou. Os homens saltaram em seguida, mas ela rapidamente voltou ao vagão e os supostos policiais ficaram do lado de fora. Uma verdadeira cena de filme de suspense policial.


Encontro familiar em Paris durante o exílio

Voltando e pintando o amanhã.

A notícia da anistia foi recebida com festa pelos exilados. João ficou eufórico, queria arrumar tudo, distribuir as coisas que não podia trazer ao Brasil. Viajou em 24 de novembro. Edíria seguiria alguns dias depois, pois tinha que organizar os pertences familiares e acertar a entrega do apartamento no qual viviam. Desde que voltou ao Brasil ela foi - ainda que timidamente – retomando sua produção artística, aproveitando-se de tudo que havia aprendido em Paris
Em 2002 o estado de saúde de João Amazonas piorou e ele veio a falecer. Quando estava nos seus últimos momentos de vida, diante da recusa em alimentar-se, foi-lhe perguntado: “Seu João, do que é então que o senhor gosta? E ele respondeu incontinente: “Eu gosto mesmo é de Edíria!". Em cartas ainda se referia a ela como minha eterna namorada. Este é um lado do grande dirigente comunista que ainda é pouco conhecido.
Apesar das dificuldades crescentes, fruto da idade avançada, Edíria manteve uma ativa militância político-cultural. Extraordinariamente, nos últimos anos, tinha inclusive aumentado o ritmo de sua produção artistica e de participações em exposições. Destaque especial merece as realizadas sob patrocínio da Escola Florestan Fernandes - ligada ao MST – da Fundação Maurício Grabois – vinculada ao PCdoB - e da União Brasileira de Mulheres (UBM). Ela doou várias de suas obras para entidade ligadas às lutas sociais. Sendo, por isso mesmo, homenageada por essas instituições.


Edíria durante do 11º Congresso do PC do Brasil

Durante toda sua vida – desde que era estudante de “belas artes” na Bahia - sempre procurou vincular sua obra ao projeto de emancipação social. Uma de suas últimas séries de quadros era intitulada As excluídas. Um sensível panorama da opressão que ainda sofre as mulheres trabalhadoras em nosso país e no mundo. Edíria viveu e morreu como verdadeira artista comunista.

* Utilizei-me amplamente das entrevistas feitas, em ocasiões diferentes, pela equipe composta por mim, Pedro de Oliveira, José Carlos Ruy, Fernando Garcia e Priscila Lobregati. Aproveitei também de outras entrevistas concedidas a Olívia Rangel, Osvaldo Bertolino e Mazé Leite.

** Augusto C. Buonicore é historiador e secretário geral da Fundação Maurício Grabois.

Vejam comunicado do Comitê Central do PCdoB - http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=171866&id_secao=8

terça-feira, dezembro 20, 2011

Boas Festas!!!




Boas Festas, Feliz 2012
Amizades!
Desejo a todos um Bom Natal, Boas Festas e um Ano Novo de 2012 repleto de coisas ótimas. Saude, Paz, Prosperidade e Felicidades. Força e perseverancia para conquistarmos o que almejamos e lutemos por um Brasil e um Mundo melhor. Sem fome, miséria, violência e muita solidariedade entre os homens e as Nações.
Ano que vem estamos aqui de novo ou a qualquer momento em situação extraordinária!!!!

segunda-feira, dezembro 19, 2011

Manu Chao - Clandestino Clip INMIGRANTES (Potro Productions)

Não é nenhuma paranóia esquerdista. È um alerta para findarmos este ano e entrarmos no próximo pensando e se preparando para dar a resposta!!!



Ameaça golpista sobre os governos progressistas na América Latina 


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Na América Latina há uma ameaça latente de setores militares de ultradireita que buscam reeditar a Operação Condor contra os governos progressistas, a mesma que nas décadas dos anos 70 e 80 e com o auspício de Washington assolou os países do Cone Sul, no sentido de realizar um trabalho supranacional de desestabilização com os auspícios de dirigentes da catadura do ex-presidente Álvaro Uribe Vélez, denuncia a jornalista argentina, investigadora e ativista de direitos humanos, Stella Calloni.
Fonte Adital Entrevista a Stella Calloni.
Com o apoio da CIA, de fundações norte-americanas, bem como do neofranquista Partido Popular, da Espanha, a ultradireita latino-americana está empenhada a todo custo em propiciar golpes de Estado ou criar circunstâncias de choque em países da região governados por líderes de esquerda. Fundamentalmente, o foco está dirigido contra os governos de Hugo Chávez, na Venezuela; Rafael Correa, no Equador; Evo Morales, na Bolívia; Cristina Fernández de Kirchner, na Argentina; e Daniel Ortega, na Nicaragua, ao mesmo tempo em que lança fogos contra os presidentes Dilma Rousseff, do Brasil e José Mujica, do Uruguai; da União das Nações Sul-americanas (Unasul) e, claro está, contra o Fórum de São Paulo, que reúne aos partidos de esquerda do hemisfério.
Stella Calloni, investigadora experiente dos horrores cometidos pelas ditaduras militares da América do Sul, autora do livro Operación Cóndor, pacto criminal (Edições La Jornada, México, 2001), assinala que Unoamérica (http://www.unoamerica.org/) nasceu na Colômbia, em dezembro de 2008 e está integrado por militares acusados de violação de direitos humanos e comprometidos com as ditaduras latino-americanas que buscam reeditar o tresnoitado discurso anticomunista da Guerra Fria.
Em consonância com Unoamérica, o ex-presidente Uribe Vélez criou, recentemente, sua Fundação Internacionalismo Democrático (http://fidauv.org/) e uma de suas primeiras tarefas é trabalhar pelo desprestígio dos governos de Chávez e Correa.
A jornalista e escritora argentina conta que na direção de Unoamérica está o golpista venezuelano Alejandro Peña Esclusa, atualmente na prisão por ter sido encontrado em sua residência, em junho de 2010, material explosivo e de estar vinculado com o terrorista salvadorenho Francisco Chávez Abarca, deportado por autoridades de Caracas para Cuba, em julho de 2011.
Para falar sobre os planos da ultradireita latino-americana, que é um instrumento de Washington na região, e analisar a atual conjuntura política do continente, o Observatório Sociopolítico Latinoamericano – http://www.cronicon.net/ dialogou, em Buenos Aires, com Stella Calloni.
Acompanhados por um bom café no Centro Cultural da Cooperação Floreal Gorini, em plena Avenida Corrientes, a investigadora nos fez uma consciente análise da realidade latino-americana e da ingerência estadunidense.
Calloni é uma jornalista experiente; escritora e poetisa. Foi correspondente de guerra na América Central e se especializou em política internacional. Em sua vasta obra publicada estão incluídas crônicas, ensaios e livros, entre outros, como Torrijos y el Canal de Panamá (1975); La guerra encubierta contra Contadora (1993); Nicaragua: el tercer día (1986); Panamá, pequeña Hiroshima (1992); Los años del lobo: Operación Cóndor (1999); Operación Cóndor, pacto criminal (2001); Argentina: de la crisis a la resistencia (2002); la invasión a Irak, guerra imperial y resistencia (2002); América Latina siglo XXI (2004); Evo en la mira. CIA y DEA en Bolivia (2009).
Atualmente, é correspondente do Cone Sul para o diário La Jornada, do México e também atua como docente universitária. Entre as múltiplas distinções que recebeu, destacam-se o Premio Latinoamericano José Martí (1986); Premio Madres de Plaza de Mayo (1998); Premio Margarita Ponce Derechos Humanos de la Unión de Mujeres Argentinas y Premio Latinoamericano de Periodismo Samuel Chavkin, da revista Nacla Report of the Americas de Nueva York, ambos em 2001; além do Premio Escuela de Comunicaciones de la Universidad de la Plata, Argentina (2002).
Em função jornalística, percorreu praticamente toda a América Latina, bem como vários países da Europa, da África. Portanto, suas análises são feitas a partir de apalpar a realidade no próprio terreno. É conferencista internacional sobre temas de geopolítica latino-americana e sobre direitos humanos.
A INVASÃO SILENCIOSA DOS EUA NA AMÉRICA LATINA
- A senhora considera que a ingerência dos Estados Unidos tem se configurado de maneira mais sutil, ou continua sendo mantida a mesma estratégia de finais de século XX para dominar os povos?
- Se eles, em todos os seus documentos de política exterior, começaram a considerar que deviam levar em conta a Doutrina Monroe (“América para os americanos”) equivale assinalar que ela continua sendo a base de muitas coisas que eles fazem, com algo muito mais grave: agora o lema é “o mundo para os americanos”. Tudo isso, mais a reconfiguração que aconteceu após as Torres Gêmeas, que é um fato que ainda não sabemos quem é o responsável; pois, poderão dizer o que queiram, mas provas não existem de nenhuma espécie; é como se você me dissesse que alguém possa me dar uma prova de que a pessoa que mataram no Paquistão era Bin Laden. Não há provas; não existem e o que Estados Unidos digam, para mim não tem nenhuma veracidade, porque mentem eternamente. Após a configuração dessa doutrina de segurança hemisférica, começa também a nova doutrina de guerra preventiva, de guerra sem fronteiras e sem limites; desconhecendo as soberanias nacionais, ao mesmo tempo em que executam outra vertente de trabalho, que é sutil: o envio de todas essas fundações que nasceram durante o esplendor conservador de Reagan para evitar a presença direta da CIA, sobretudo depois de 1975, quando se formou a Comissão Church no Senado estadunidense para investigar o papel dessa Agência de Inteligência no golpe de Estado no Chile, o que motivou que, nos anos 80, a renovação da estratégia de conflitos e de guerra de baixa intensidade, que tem como base a contrainsurgência, que, em linguagem norte-americana, é a permissão aberta para todo tipo de ilegalidade no plano militar, político, cultural, social, econômico etc. Quando já se recicla para o período dos anos 90, são conformadas a NED (National Endowment for Democracy, fundação para a democracia; porém, teríamos que perguntar-nos que tipo de democracia), a Usaid (a agência internacional para o desenvolvimento, que nunca teve esse papel). Mas, sabemos que onde se instala esse organismo, há uma interferência direta dos Estados Unidos e a CIA está por trás. Com isso, conseguiram a invasão silenciosa na América Latina. Pude verificar isso diretamente no próprio terreno, por exemplo, na Bolívia, e observei como essas fundações trabalham, criando ONGs, que cumprem um papel chave na guerra de baixa intensidade; isto é, desestabilização de governos; intromissão em lugares; trabalho com grupos indígenas, como é o caso boliviano, no qual buscaram um líder indígena para fazê-lo aparecer, com o propósito de substituir a Evo Morales. Infelizmente, os governos latino-americanos ainda são muito débeis e não têm a suficiente clareza no sentido de que devem deter esse intervencionismo que pode levar a situações muito complicadas. De fato, no golpe de Estado na Venezuela, estavam a NED, a Usaid e outras fundações, inclusive socialdemocratas da Europa, que ficaram metidas no esquema internacional da CIA.
A ULTRADIREITA MILITAR LATINO-AMERICANA
- E no golpe de Estado em Honduras contra o presidente Manuel Zelaya?
- Em Honduras, também; e aí a intervenção teve também a participação de Unoamérica, sobre a qual a Colômbia deve ter muito cuidado e estar bem atenta às suas atuações. É uma fundação que nasceu na Colômbia, com um grupo de militares da ultradireita e com vários ex-militares de todas as ditaduras da América Latina.
- Qual é seu propósito?
- O propósito é praticamente executar a Operação Condor levada a outro plano. Apesar de que a Operação Condor não pode ser repetida. Unoamérica coincide no trabalho supranacional para poder mover-se sem nenhum limite nos vários países. Esses militares de ultradireita sustentam o mesmo que na época do Plano Condor, no sentido de que assim como o Cone Sul tinha que combater a coordenadora guerrilheira que havia se integrado nos anos 70, agora tem que enfrentar tanto os governos de esquerda, que participam no Fórum São Paulo, quanto a Unasul, a qual consideram igualmente uma organização supranacional; portanto, eles devem atuar para evitar o comunismo, porque falam do comunismo como se fosse no tempo da Guerra Fria. Por isso, nuclearam ao pior que encontram de militares envolvidas nas ditaduras latino-americanas e realizam um trabalho especial dentro dos grupos de segurança dos exércitos e das polícias, reciclando o discurso anticomunista do passado. Fazem um trabalho nas Forças Militares da região porque têm suas velhas conexões e, por isso, jogaram um papel determinante no golpe de Estado em Honduras. Alejandro Peña Esclusa, que hoje está preso na Venezuela e que é o presidente de Unoamérica, foi condecorado por Roberto Micheletti por sua colaboração efetiva para dar o golpe. Unoamérica provê mercenários, faz contrainsurgência para as necessidades da CIA, se move por toda a América Latina; vários de seus integrantes estiveram na Bolívia metidos no golpe de Estado que tentaram contra Evo Morales e, sobretudo, na tentativa de assassiná-lo.
- Conhecendo a catadura de um ex-presidente colombiano, como o tão questionado Álvaro Uribe Vélez, que papel ele joga em Unoamérica, de acordo com suas investigações?
- Vários militares que fazem parte de Unoamérica, segundo os registros que tenho, apóiam aos grupos paramilitares na Colômbia e são muito próximos a Uribe. Na Argentina, temos já a lista dos vinculados a essa fundação, que é encabeçada pelo coronel do grupo de caras-pintadas, Jorge Mones Ruiz, bem como há militares da ultradireita boliviana, uruguaia; eles buscaram os remanescentes das velhas ditaduras latino-americanas e se apóiam politicamente em grupos ultradireitistas da região.
- Geopoliticamente falando, nas atuais circunstâncias, quais são os aliados mais importantes dos Estados Unidos na América Latina?
- Geopoliticamente, enquanto está a invasão silenciosa, por cima estão mandando tropas e o porta-aviões dos Estados Unidos na região obviamente é a Colômbia com todas as suas bases militares e com sua estrutura. Além disso, o golpe de Honduras conservou a base de Palmerola e as novas como a Base de Gracia de Dios, que lhes permite controlar a Nicarágua.
- Aqui na Argentina, existe o convencimento de que na Colômbia estão operando as sete bases que o governo de Uribe entregou ao Comando Sul dos Estados Unidos. No entanto, a Corte Constitucional proibiu a utilização dessas bases. Segundo suas investigações, ditas bases militares estão realmente operando?
- Na realidade estão aí. É algo muito similar ao que acontece com a Base Mariscal Estigarribia, do Paraguai, ou com a Base de Palmerola, em Honduras. Aí, o que existem são pistas onde podem aterrizar aviões grandes, como têm feito na Colômbia. Essas bases não estão ocupadas permanentemente por soldados norte-americanos porque eles nunca se metem em lugares fechados. Agora, os Estados Unidos não necessitam enviar soldados para fazer funcionar as bases militares; mas as têm à sua inteira disposição. Obviamente, têm tudo preparado para se acaso necessitam mandar tropas. Ou, como acontecia na Bolívia, em que metiam uma estrutura da DEA dentro de uma base, que utilizaram quando quiseram matar Evo Morales, na época em que era deputado. Algo parecido estão fazendo na Colômbia.
JUAN MANUEL SANTOS E SUA RELAÇÃO COM O MOSSAD
- Na Colômbia também operam o Mossad (Agência de Segurança Israelita) e o Mi6 (Serviço de Inteligência Inglês). Em outros países latino-americanos também operam?
- O Mossad está no Paraguai, na Bolívia, na Venezuela e na Guatemala. Na Venezuela, sua presença é muito forte e na Colômbia opera há muitos anos, inclusive, antes que chegasse seu agente Yair Klein, que treinava e trazia da Jamaica armas para os grupos paramilitares. O problema é que o Mossad, atualmente, tem mais força do que a CIA; vários de seus membros se infiltram em comunidades judias dos países latino-americanos; porém, além disso, estão presentes no Iraque e na Líbia. Nas tarefas e na direção de todas as movidas de guerra suja, o Mossad é chave. No caso colombiano, o presidente Santos é filho do Mossad e ele não pode separar-se de Israel. Não se pode esquecer o papel que Santos jogou no ataque a Sucumbíos, quando a soberania equatoriana foi violada, para atacar o acampamento de Raúl Reyes. Recordo o sorriso de hiena de Santos quando mataram esse chefe guerrilheiro. Não creio que Santos queira a paz na Colômbia, como Israel tampouco a quer; o que ele deseja terminantemente é exterminar de qualquer maneira a um grupo político-militar insurgente.
- E no México, cuja situação social é muito explosiva?
- Nessa ocupação geopolítica, do Plano Colômbia, que é um plano de recolonização do continente, passaram para o Plano Mérida, do México. Esse plano é uma cópia do Plano Colômbia e, de fato, em seis anos, o México caiu em uma violência atroz. Nesse lapso, temos o mesmo número de mortos que na Colômbia e a isso devemos somar a destruição do campo mexicano e da cultura profunda dos povos, com o Tratado de Livre Comércio que assinou com os Estados Unidos e com o Canadá.
DESINFORMAÇÃO, ARMA DE GUERRA
- Falemos de outro aspecto fundamental para condicionar os povos, que é a guerra midiática…
- A guerra midiática é parte do projeto contrainsurgente. Hoje, a desinformação é uma arma de guerra utlizada para armar um projeto de guerra como aconteceu no Iraque, com a invenção das armas de destruição massiva, ou com o que aconteceu na Líbia, onde nunca houve um bombardeio de Gadafi contra a população civil, o que está totalmente provado. Para controlar o mundo, necessitam controlar a informação.
- A senhora denunciou o aproveitamento das máfias durante a etapa de esplendor do neoliberalismo…
- Um dos aspectos que temos que identificar nesse período histórico é a presença mafiosa nos governos. Os Estados Unidos estão sob o poder de máfias; sempre as usou para seus jogos. Necessitam da máfia; não podem sobreviver a esse esquema sem ela. Quem recebe a droga nos Estados Unidos: Onde é recebida? Mas, vem matar no lado mexicano; porém, por que não se dedicam a pescar do outro lado aos que recebem a droga? Por que os aviões carregados de droga chegavam às bases do Comando Sul, na Florida? E não era Manuel Antonio Noriega quem a mandava, porque ele não tinha nenhuma capacidade de operar com o Comando Sul. Mentiram de uma forma descarada na invasão do Panamá (em 20/12/1989) e percebi tudo porque eu estava lá. A gênese de todas as intervenções tem uma mentira por detrás e um aparelho de desinformação, que agora é mais fácil porque controlam tudo.
A LIDERANÇA DE CHÁVEZ
- Apesar de uma matriz de manipulação midiática, boa parte das pessoas na América Latina já não acreditam, e isso pode ser observado em países como a Venezuela, o Equador, a Bolívia, a Argentina, o Uruguai… Que pensa?
- O que acontece é que não entenderam que o processo neoliberal iria trazer uma realidade social terrível e as pessoas começaram a ter um olhar distinto. Isso aconteceu em países como a Venezuela, com Chávez, cujo povo passou a ser pensante e consciente.
- Falando da Venezuela, a senhora esteve recentemente em Caracas. Como está a liderança de Chávez? Tem possibilidade de reeleger-se em outubro de 2012?
- Sim, tem possibilidade de reeleger-se; inclusive, os índices de popularidade e de apoio ao seu governo aumentaram. Vejo que há uma grande consciência nas pessoas com relação aos alcances positivos do processo político liderado por Chávez. As coisas e os grandes avanços que foram feitos na Venezuela não são divulgados; porém, há uma recuperação do sentido de pátria, de defesa, de dignidade; e a enfermidade de Chávez produziu um apressamento nas bases para solidificar a unidade e a organização.
- Processos integracionistas que estão acontecendo na América Latina, como Unasul e Celac constituem uma pedra no sapato de Washington?
- Sim; qualquer coisa que seja unidade e integração é uma pedra no sapato. A unidade africana e a intenção que tinha Gadafi de concretizar uma moeda comum na África incomodam aos Estados Unidos. São coisas que eles não podem aceitar. Agora, tem uma América Latina com uns países modelo de algo distinto. No começo, não davam importância porque sempre os Estados Unidos conseguia interferir; por exemplo, em processos como o Mercosul. Porém, agora, a coisa é diferente, e nisso Chávez teve uma presença histórica, porque foi a cabeça para produzir uma federação distinta. Essa nova integração política e comercial dos países da América Latina é alto terrível para os Estados Unidos e, sobretudo, os fatos protagonizados por presidentes como Chávez e Evo Morales. No caso da Bolívia, Morales retirou a CIA e a DEA. Desde que a DEA saiu da Bolívia, e isso para os colombianos é essencial, o país deixou de ter uma violência no índice que tinha; deixou de morrer gente por conta da suposta guerra contra o narcotráfico. A embaixada norte-americana contava com um escritório na casa de governo, junto a do presidente da Bolívia. Quando Evo Morales assumiu perguntou por uma porta fechada junto ao seu escritório, que conduzia aos escritórios da DEA e da CIA. Para que saibamos até onde chegou a ingerência norte-americana sem que os países da América Latina o soubessem.
O BLOQUEIO A CUBA, DELITO DE LESA HUMANIDADE
- Falemos de Cuba. Hoje, a revolução cubana não é nenhuma ameaça aos Estados Unidos. No entanto, em pleno século XXI, como se explica que Washington continue mantendo o bloqueio econômico à ilha? Não é o caso de delito de lesa humanidade?
- Claro! É um delito de lesa humanidade. Além disso, tudo o que o bloqueio produziu, as consequências das agressões (como a guerra química e biológica contra Cuba), a cifra de doentes, o número de mortes pela dengue hemorrágica, mais a invasão a Bahia Cochinos, está reconhecido pelo próprio Congresso dos Estados Unidos. Mas Cuba continua sendo um exemplo de como poder resistir a noventa milhas do império para manter uma revolução que não quer sair do socialismo. Em contraste, os Estados Unidos ficaram em mãos de uma máfia que eles mesmos criaram. Uma máfia cubana que conta com senadores, representantes, governadores, prefeitos, todos com um passado espantoso e com relações profundas com o narcotráfico. Tentaram destruir Cuba por todos os meios, o bloqueio foi feito, inclusive, mais forte; porém, não puderam asfixiá-la e não creio que consigam.
AMÉRICA LATINA E SEU MELHOR MOMENTO HISTÓRICO
- Com exceção de países como o México, a Colômbia, o Chile e algumas nações da América Central, a América Latina está passando por um bom momento histórico, que pensa?
- Historicamente, a América Latina está passando por seu melhor momento; tem conseguido salvar-se da crise econômica e mostrar ao mundo que o remédio que estão utilizando na Europa não serviu para nada; portanto, podemos dizer que estamos à vanguarda da resistência, com lideranças como as de Chávez, Kirchner, Evo, Correa que brotaram dentro de um jogo eleitoral que os Estados Unidos impunham como salvação. Quantas tropas necessitarão para poder controlar o mundo? O certo é que os Estados Unidos vão a caminho de afundar. E em relação com a América Latina temos que dizer que nossos governos não podem mostrar nem um pouquinho de debilidade, porque qualquer abertura dá pé para que se meta esse poder imperial; temos tudo para evitar e uma mostra disso é o que aconteceu com a OEA, que já não tem voz; está falando como um afônico, porque a Unasul a substituiu mesmo sem ser ainda um organismo totalmente sólido.

sexta-feira, dezembro 16, 2011

Em homenagem a Oscar Niemayer e outros highlanders que lutam para tornar o Mundo melhor, Luiz Carlos Antero me enviou artigo abaixo que nos anima mais!!





Os outros não sei, mas eu e meus amigos LCAntero, Marcos Tenório, Caio Carneiro Campos, Bininha, Moa, Laurez Cerqueira, Antonio Eduardo Molina Mandel, o "Alemão", Jaime Sautchuk, Zé Reinaldo, Umberto e Antonio Martins, Gildo Ribeiro, Celso Lungaretti, Rubens Ferrari, o "Tupa", Iran Caetano, Carlos Pompe,  Xaolin da Rocinha, Luiz Ignacio Lula da Silva, Carlos Fernando Lima, Dyneas Aguiar, Dino Graccio, Rubens Gatto, Renato Rabelo, Elias Jabbour, meu irmão Fernando Lopes da Silva e outros jovens, não tão antigos assim e  cultivadores da vida, esperamos que a Ciência e o juizo nos de a oportunidade de superarmos até as expectativas cientificas dos 150 anos de vida em média. Nossa meta é os 300 anos. Dai pra lá. Viva a ciencia e a Revolução que nos guia!!!!


Não me esqueci das mulheres deste Panteão, não! È que elas são tantas que noutro post vou enumerar algumas que passarão dos150 anos mantendo suas belezas e charme e ardor revolucionario!!





Qual é o limite de tempo para a vida humana?
Mark Rowh* http://www2.brasil-rotario.com.br/

   Quando Jeanne Calment, de Arles, França, morreu, em agosto de 1997, o mundo todo se voltou para a notícia. Ela não era artista, política, nem figura famosa, mas isso não importava. O que chamou a atenção do público foi a rara longevidade de Jeanne: aos 122 anos, era considerada a pessoa mais velha do mundo.
   E as outras pessoas, podem esperar viver tanto quanto Jeanne Calment, ou talvez mais? Afinal de contas, o aumento da expectativa de vida tem sido um dos marcos do século 20. Será que essa tendência irá continuar? Qual será o limite da expectativa de vida? Pesquisadores de várias áreas estão explorando essas questões, com a descoberta de algumas possibilidades bastante animadoras.
   " ficarei surpreso se, nas próximas duas ou três gerações, pessoas chegarem aos 150 anos," declara o dr. Suresh I.S. Rattan, pesquisador do Laboratório de Envelhecimento Celular da Universidade de Aarhus, na Dinamarca. "Teoricamente, não há um limite no sentido de haver mecanismos reguladores estritos para que a vida termine. Na prática, é uma questão de um número maior de pessoas ter uma chance de viver mais".
   O certo é que ninguém tem uma expectativa de vida demarcada, mas, na média, homens e mulheres que vivem no mundo de hoje podem esperar viver mais do que qualquer outro ser humano das gerações anteriores.
   De acordo com a Organização Mundial de Saúde - OMS - apenas meio século atrás, a maioria das pessoas morria aos 50 anos. Agora, a expectativa de vida no mundo inteiro excede os 65 anos, e os que nasceram nesta década podem esperar viver mais de 75 anos.
   Esses números refletem mais do que a tendência para os adultos viverem mais. A queda da mortalidade infantil por doenças e problemas no parto também aumentou a expectativa média de vida. Avanços na medicina, melhor alimentação e outros fatores aumentaram muito não só a qualidade de vida, mas também sua duração.
   Esse quadro, certamente, não é tão promissor nos países em desenvolvimento, onde doenças, guerras, pobreza e fome são responsáveis por muitas perdas. Mas as melhorias sociais devem trazer progressos também nessa área.
   Mesmo nas sociedades mais avançadas, com os melhores sistemas de saúde, os últimos anos de uma pessoa podem se constituir em um longo período de declínio. Envelhecimento e doenças desgastam o corpo e a mente de pessoas que antes eram saudáveis. Os cientistas vêm pesquisando esses processos - a partir de vários ângulos - dando, nos últimos anos, um novo impulso ao estudo sobre o que faz as pessoas envelhecerem. À medida que as descobertas aumentam, descobrem-se mais possibilidades de redução dos efeitos negativos do envelhecimento, ou talvez um retardamento do processo.
   "Envelhecer é um processo complexo, que envolve a estrutura genética dos indivíduos, em conjunto com o estilo de vida e o meio ambiente," diz o dr. Ian Kill, conferencista da Universidade Dundee, na Escócia.
   De acordo com Kill, compreender a natureza do envelhecimento é semelhante a compreender a natureza do câncer. "A pesquisa sobre o envelhecimento está no mesmo ponto em que a pesquisa sobre o câncer estava 20 anos atrás," afirma. "Entretanto, com novas tecnologias à disposição - particularmente as relacionadas à engenharia genética - os progressos serão mais rápidos."
   As teorias sobre o envelhecimento cabem em várias categorias. Uma crença antiga é a de que o objetivo principal de todos os seres vivos, do ponto de vista biológico, é a reprodução. Uma vez que a idade da reprodução é ultrapassada, os seres são "programados" geneticamente para diminuir seu ritmo e morrer.

      As pesquisas
   Algumas teorias focalizam o fato de que muitas das células do corpo se dividem rotineiramente, mas, eventualmente, param de fazê-lo. Por exemplo: nas experiências em laboratório, alguns tipos de células humanas se reproduzem 100 vezes, depois param. Se for encontrado um meio de estimular as células para que continuem a se reproduzir, a vida poderá ser prolongada.
   Outra pesquisa se concentra nos danos sofridos pelas células à medida que o tempo passa. Por exemplo: o corpo normalmente produz substâncias químicas conhecidas como radicais livres, que, acredita-se, causam danos genéticos que levam ao envelhecimento. Bloquear esses danos poderia ser uma forma de prolongar a vida. Em laboratórios do mundo inteiro, cientistas estão estudando esses e outros fatores relacionados ao envelhecimento.
   * Pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong estão investigando formas de proteger o tecido humano dos danos dos radicais livres. Um dos pontos principais são os possíveis efeitos antienvelhecimento dos remédios tradicionais chineses, muitos deles derivados de ervas e outras substâncias orgânicas.
   * Na Universidade de Sussex, Inglaterra, os cientistas tentam isolar os genes relativos à determinação do tempo de vida dos seres humanos. Um dos pontos que mais tem atraído interesse é o telomere - parte da ponta do cromossomo - que vai ficando mais curto com a idade.
   * Os pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Irvine, EUA, estão estudando a importância da boa forma física no processo antienvelhecimento. Uma área de estudos permanentes é a redução da ingestão diária de calorias. Essa medida demonstrou ter efeitos fantásticos em animais de laboratório, mas os cientistas não chegaram a um acordo a respeito do possível impacto sobre os seres humanos.
   * Os cientistas do Instituto de Pesquisas do Envelhecimento, em Melbourne, Vic., Austrália, estão investigando os aspectos clínicos de problemas associados com a idade avançada. As pesquisas incluem a lentidão para a cura de feridas na pele, dores crônicas e o mal de Alzheimer (doença neurológica degenerativa envolvendo demência progressiva). Mesmo quando não está diretamente ligado à extensão da vida, esse trabalho ajuda na melhoria da qualidade de vida dos anciãos e da redução de problemas que levam à invalidez e à morte.

      Limite para a vida
   Uma questão-chave é: existe uma "parede biológica" além da qual ninguém é capaz de passar? Não, responde o dr. Kenneth Manton, professor e diretor de pesquisas sobre demografia da Universidade Duke, em Durham, Carolina do Norte, EUA. Ele argumenta que, para isso ser verdadeiro, deveria haver um único processo, no qual todos os órgãos e células do corpo parassem de funcionar de uma só vez. Mas há muitos fatores envolvidos na determinação da longevidade.
   Baseado em estudos atuais sobre população, Manton acha que o limite de vida agora pode ser de até 135 anos, mesmo que não haja grandes descobertas científicas. Com a reengenharia genética e outras intervenções médicas, ele acha que esses números podem ser mais elevados.
   Por outro lado, alguns pesquisadores estão preocupados com o fato do progresso da medicina dar às pessoas esperanças irreais sobre longevidade. Mesmo que algumas pessoas cheguem a viver 130 ou 150 anos, todos os especialistas concordam que elas serão uma minoria. A maior parte das pessoas irá realmente viver mais, em média, em comparação com as gerações anteriores, mas a porcentagem de pessoas vivendo mais de 100 anos continuará a ser pequena, pelo menos no futuro próximo.
   O dr. David W.E. Smith, professor da cadeira de patologia do Centro Buehler de Envelhecimento da Universidade Northwestern, em Evanston, Illinois, acha que é importante as pessoas compreenderem que não poderão viver indefinidamente, e que não existe tecnologia disponível para fazê-las viver para sempre.
   "Minha opinião é de que uma expectativa de vida de, no máximo, 122 anos, não irá mudar muito no futuro," afirma Smith. "Haverá aumento na expectativa média, e números mais elevados de pessoas idosas terão um efeito periférico na expectativa de vida, mas esta terá um limite."

      Maior número de idosos
   Embora a expectativa máxima de vida seja discutível, o crescente número de idosos já é um fato. Com os contínuos progressos médicos, a população mundial de pessoas entre os 90 e 100 anos tem grandes possibilidades de crescer. Hoje, nos EUA, já há mais de 50 mil pessoas acima dos 100 anos.
   Esses progressos trazem à tona, também, muitas questões éticas. Se mais pessoas viverem até idades muito avançadas, terá a sociedade os recursos necessários para mantê-las? À medida que a população mundial cresce, e que esse crescimento se torna um problema, será ético criar uma camada crescente de cidadãos bastante idosos? Se intervenções especiais podem ajudar as pessoas a viver significativamente mais, a maior longevidade irá se tornar domínio de uma minoria rica que poderá custear tratamentos de saúde radicais?
   "Já estamos com problemas de superpopulação," declara o dr. Augustine G. DiGiovanna, professor de biologia na Universidade Estadual Salisbury, em Maryland, EUA. "Estender a vida de muitas pessoas tornará o problema pior. Melhor seria se tentássemos resolver os atuais e futuros problemas de superpopulação antes de nos deixarmos levar pela idéia de fazer as pessoas viverem mais anos."

      Qualidade de vida
   Uma outra preocupação é com a qualidade de vida durante a velhice. Se os avanços para aumentar a longevidade não vierem acompanhados de melhorias também da saúde e bem-estar geral dos idosos, por que viver mais? "O trabalho para estender a vida humana só valerá a pena se também for usado para melhorar a qualidade de vida das pessoas, melhorando a maneira como irão envelhecer, e não só o número de anos que vão viver," diz Rattan, da Universidade de Aarhus.
   Felizmente, há grandes promessas para fazer os últimos anos de vida mais saudáveis e mais produtivos. Cada vez com mais freqüência, os pesquisadores anunciam progressos na compreensão de males como o câncer, o diabetes e a doença de Alzheimer. Quando esses progressos forem combinados com as pesquisas específicas sobre o envelhecimento, o potencial para que as pessoas tenham uma vida mais longa e produtiva será cada vez maior.
   "Uma expressão que está sendo cada vez mais usada é longevidade saudável," conta o dr. Ian Kill, da Universidade de Dundee. "É uma forma muito mais precisa de descrever os objetivos da pesquisa sobre envelhecimento. Acho que o interesse do público sobre essas pesquisas se concentra no interesse em viver 200 anos. Isso não faz sentido, já que viver mais 100 anos não valerá nada se eles forem passados no hospital. Entretanto, se mais indivíduos forem capazes de atingir a segunda metade da vida com boa saúde, aí teremos tido progresso."
   À medida que o século 21 se aproxima, muitos dos desafios se concentram na compreensão do processo de envelhecimento e na solução dos problemas que as pessoas enfrentam em decorrência desse envelhecimento. Mas os conhecimentos médicos continuam a se expandir, aumentando o número de pessoas que anseiam por desfrutar dos "anos dourados".




quinta-feira, dezembro 15, 2011

Salve Oscar Niemayer!!


Salve, Salve Oscar Niemeyer!! O Poeta da arquitetura da vida e do socialismo!!!

Não é mole não. 104 anos de lutas em favor do povo brasileiro, ainda trabalhando e militando como comunista. Por isto é que tambem não paro! Viva Niemeyer e os comunistas!!!


O homem que desafia as linhas retas e o tempo. Oscar Niemeyer completa 104 anos nesta quinta-feira, 15 de dezembro. O famoso arquiteto brasileiro!!

Comissão da Verdade: Hora de agir e punir os monstros da Ditadura!!!

Os que participaram do massacre dos remanescentes da guerrilha do Araguaya e os que assassinaram os dirigentes comunistas na Lapa,estão por ai vivendo no bem bom de pensões e aposentadorias polpudas das Forças Armadas e articulando contra a contra a Democracia. Cadeia neles!!

terça-feira, dezembro 13, 2011

Comunistas e o Samba!!!!! Uma história de cumplicidade!1


Não é de hoje que o PCdoB, com sambistas , musicos e intelectuais  de peso  como militantes, atua nesta área. Artigo abaixo da Valéria Lima Guimarães, pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro,  mostra nossa simbiose com o samba e as manifestações artísticas desde nossa fundação e  liberdade  politica entre 1945/1947 até a Ditadura Militar . Hoje temos Martinho da Vila, Leci Brandão, também deputada estadual do PCdoB de São Paulo e vários outros músicos e sambistas que são militantes ou simpatizantes do Partido.
E o partido se abre para artistas e intelectuais que defendem nossos valores nacionais, nossa cultura, do samba ao Hip-Hop e ao Rock. Além  dos escritores, pesquisadores, artistas plásticos como Rubens Ianelli e muitos outros.  Todos que buscam um Brasil melhor e nossos valores e a diversidade cultural, teem espaço no Partido. Tudo que é popular, de massas e valoriza nosso povo tem abrigo neste PCdoB velho de samba  e jovem de rock e hip-hop!!!
Martinho da Vila!
Jorge Mautner!


Bambas comunistas: militância vermelha em outros carnavais


Durante o período de legalidade do Partido Comunista do Brasil, entre 1945 e 1947, os comunistas tiveram intensa participação nas escolas de samba – para dançar e também para se aproximar do povo.

Por Valéria Guimarães*


Cassado desde 1928, o Partido Comunista do Brasil (PCB) voltou à legalidade em 1945. A alegria durou pouco – dois anos depois, cairia novamente na clandestinidade –, mas foi o bastante para o PCB montar uma grande estrutura e viver seu período áureo. Tornou-se um grande reduto de intelectuais, explorou ao máximo o carisma de Luiz Carlos Prestes, teve jornais e editoras. Para se aproximar ainda mais das "camadas populares", adotou uma parceria estratégica com o samba. Sacudindo a poeira de anos de clandestinidade, o PCB ficou íntimo dos sambistas e das agremiações carnavalescas. Prova disso é que esteve bem perto de organizar o carnaval carioca de 1947. 

Em viagem pela União Soviética no final de 1957, Mário Lago visitou a Rádio de Moscou. Diante do que viu, não pensou duas vezes: "Olha, eu só tenho esperança de que, se algum dia o Partido Comunista tomar o poder no Brasil, não faça o rádio que os camaradas estão fazendo. Vai ser uma chatice e ninguém vai ligar o rádio!" O relato está no livro Mário Lago: Boemia e política, da historiadora Mônica Veloso, publicado pela Fundação Getúlio Vargas em 1997. Militante e boêmio, Lago era um crítico contumaz do trabalho de propaganda política do partido e da postura ortodoxa dos "camaradas" que renunciavam à vida social em nome da causa comunista. Para ele, não fazia sentido ser militante 24 horas por dia. "Você não pode abrir mão de sua individualidade. Você é um militante naquele momento. Está cumprindo uma tarefa, fazendo uma reunião, está estudando uma coisa. Agora, você continua sendo o homem comum que trabalha numa loja, trabalha numa fábrica, e quando sai do trabalho vai ver o seu futebol, vai se divertir." Para o compositor, ator e escritor, vida social e militância política nunca foram incompatíveis. Conversas de botequim poderiam ser uma eficiente propaganda partidária. Falar a linguagem do povo e "ser igual a qualquer um" era a senha para conquistar as massas populares para o partido. 

Difícil, para muitos intelectuais do PCB, era conseguir adaptar discurso e prática às circunstâncias. Em correspondência a seu filho Júnior Ramos, encontrada no Arquivo Graciliano Ramos, do Instituto de Estudos Brasileiros da USP, o romancista alagoano escrevia sobre as dificuldades de lidar com as camadas populares em um comício realizado no Rio de Janeiro, em 1945: "Talvez metade do auditório fosse formado pelas escolas de samba. (...) Deus me deu uma figura lastimosa, desagradável, cheia de espinhos. Resolvi não fazer ao público nenhuma concessão: escrevi na minha prosa ordinária, que, se não é natural, pois a linguagem escrita não pode ser natural, me parece compreensível. (...) Decidi, pois, falar num discurso como falo nos livros. Iriam entender-me?". 

Os intelectuais no PCB 
Cassado desde 1928, o PCB volta à cena política em 1945, permanecendo na legalidade até 1947. Tempo suficiente para montar uma grande estrutura e conhecer o período áureo de sua história. De cerca de dois mil militantes no final dos anos 1920, o PCB passa a contar com 200 mil filiados. Mesmo com pouco tempo para a campanha, o desconhecido Yedo Fiúza, lançado pelo partido para concorrer à presidência da República em 1945, obtém a marca expressiva de 10% dos votos. O partido elegeu 14 deputados federais e fez de Luiz Carlos Prestes seu representante no Senado. A crescente popularidade do PCB rendeu-lhe grandes resultados nas eleições para prefeitos e vereadores de 1947, formando a maior bancada do Distrito Federal. 

Diversos fatores motivaram a entrada em massa de intelectuais e do operariado no partido. Entre eles, a campanha vitoriosa da União Soviética no combate às forças do Eixo; a volta do PCB à legalidade num cenário de relativa distensão política, caracterizada pela democratização de 1945; e o prestígio de Luiz Carlos Prestes, no partido desde a década de 1930. Jorge Amado, Graciliano Ramos, Monteiro Lobato, Edison Carneiro, Cândido Portinari, Dorival Caymmi, Procópio Ferreira, Nélson Pereira dos Santos, Oscar Niemeyer, o maestro Francisco Mignone, o jornalista Pedro Mota Lima, o cronista Álvaro Moreyra, o pianista Arnaldo Estrela e o cientista Mário Schemberg faziam parte do respeitável grupo de intelectuais filiados ao PCB. 

Os intelectuais e os artistas do PCB colocavam em prática a política cultural do partido, baseada no realismo socialista, modelo estético stalinista que chegou ao Brasil na segunda metade dos anos 1940. A produção de uma arte "genuinamente" proletária era um dos principais instrumentos de educação política das massas. Cabia aos intelectuais do partido alfabetizar os "camaradas" iletrados e ministrar "aulas de conhecimentos gerais", além de esclarecer pontos fundamentais da teoria marxista-leninista. Teatro, cinema, cartazes, exposições, conferências, poemas: todos os recursos materiais e humanos disponíveis eram utilizados a serviço da causa comunista. 

Dispondo de uma estrutura bastante razoável, a imprensa comunista nos anos 1945-1947 cresceu vertiginosamente. O partido contava com diversos jornais e revistas, além de duas editoras, o que deu um grande impulso ao trabalho de divulgação do comunismo no Brasil. Voltado para as massas, o diário comunista Tribuna Popular, de circulação nacional, chegou a tiragens de 50 mil exemplares. Veiculava notícias das agências comunistas internacionais, publicava matérias sobre o movimento operário e a luta camponesa, mas também dava substancial espaço para o entretenimento, visto como um importante instrumento de educação política das massas. Falava-se de cinema, teatro, esportes (com destaque para o futebol), música, notas sociais, fofocas sobre políticos e personalidades em evidência. Os anunciantes, em muitos casos, buscavam uma associação entre os produtos e a linha política do partido, como no caso do "Sabão Russo – contra erupções, espinhas e panos" ou dos perfumes Cavaleiro da Esperança. Na compra dos perfumes por atacado, o consumidor era contemplado com folhinhas com retrato de toda a bancada comunista na Constituinte de 1946. 

A foice e o pandeiro 
O samba, reconhecido nos anos 1940 como uma das maiores formas de expressão artística popular, fruto de um complexo processo que Hermano Vianna chamou de "mistério do samba", também foi privilegiado pelos comunistas. É amplo o espaço dedicado ao mundo do samba na Tribuna Popular. As colunas "O Povo se Diverte" e "O Samba na Cidade" eram publicadas com regularidade. Notas sobre a agenda e os preparativos dos bailes carnavalescos, cartas de leitores sobre o carnaval, homenagens feitas pelas agremiações carnavalescas à Tribuna Popular, divulgação dos assuntos de interesse da União Geral das Escolas de Samba (Uges) faziam do jornal comunista um espaço de participação e representação do mundo do samba. Um forte vínculo ideológico estabelecia-se entre a Uges e o Partido Comunista. 

As escolas de samba eram vistas pelo PCB como organismos de concentração das camadas populares e tiveram um importante papel na estratégia de comunicação com o operariado, fiel frequentador dos grêmios recreativos, uma de suas raras opções de lazer. Por caminhos diversos, como visitas às quadras das escolas, realização de festas eleitorais, nas quais as escolas de samba eram as principais atrações, promoção de torneios de futebol com exibição das escolas de samba e visitas de sambistas à sede da redação da Tribuna, o Partido Comunista se aproximava das camadas populares. Na verdade, havia uma negociação recíproca: a aproximação com os comunistas no período da legalidade também aumentava a credibilidade do mundo do samba junto à sociedade. 

Em novembro de 1946, no campo de São Cristóvão, o PCB organizou um desfile em homenagem a Luiz Carlos Prestes, do qual participaram 22 escolas. A maioria dos enredos exaltava o Cavaleiro da Esperança. Diversos intelectuais comunistas faziam parte do corpo de jurados. Paulo da Portela, eleito Cidadão Samba em 1937, um sambista respeitado por sua luta pela aceitação social do samba do subúrbio, também fazia parte do júri. Sagrou-se campeã a escola de samba Prazer da Serrinha. O samba "Cavaleiro da Esperança", da escola Lira do Amor, de Lourival Ramos e Orlando Gagliastro, recebeu um prêmio especial, não previsto no concurso: "Prestes!/ O Cavaleiro da Esperança/ Um homem que pelo pequeno relutou/ Seu nome foi bem disputado dentro das urnas/ Oh! Carlos Prestes/ Foi bem merecida a cadeira de senador/ Passou dez anos encarcerado/ Comeu o pão que o diabo amassou/ Oh! Prestes." 

Carnaval e eleições de 47 
Percebendo o sucesso junto ao mundo do samba, os comunistas buscam estreitar ainda mais a aproximação com as agremiações carnavalescas. Era comum, quase uma regra, que um jornal organizasse os festejos carnavalescos. Em 1947, foi a vez de a Tribuna Popular pleitear o direito de organizar o carnaval. 

O primeiro bimestre daquele ano seria bastante agitado para os comunistas: eleições para a Câmara dos Vereadores, em janeiro, e promoção do carnaval. A campanha eleitoral, bastante lúdica, como reivindicava Mário Lago, utilizava em abundância versões de conhecidas marchinhas populares. "Mamãe, não quero", do comunista Jararaca (da famosa dupla caipira Jararaca e Ratinho), que seria eleito vereador, era uma das mais famosas: 
"Mamãe, não quero/ Mamãe, não quero/ Mamãe, não quero mais mamar/ Eu já estou grande/ Quero saber em quem é que eu vou votar/ Vota meu filho/ Que és moço e és viril/ Vota pra grandeza e pro progresso do Brasil/ Vota com cuidado/ com cuidado vota/ Dá o teu voto/ A um sincero patriota!/ Não vota, meu filho/ Não crê na marmelada/ Dos que prometem tudo/ E no fim não fazem nada/ Vota com cuidado/ Olhe bem a lista/ Escolha os candidatos do Partido Comunista." 

A tradicional eleição para Embaixador e Embaixatriz do Samba, no ano de 1947, foi organizada pela Tribuna Popular. Um ensaio para um outro pleito do qual o mundo do samba, dentro de poucos dias, não poderia se furtar: as eleições de 19 de janeiro, votando nos candidatos do Partido Comunista. A 15 de janeiro, lia-se na Tribuna: "Doraci de Assis conquista o primeiro lugar. A candidata do Prazer da Serrinha é seguida de perto por Tereza Lima e Luciana Batista. João Amazonas, Pedro Mota Lima e Vespasiano Luz, candidatos da Chapa Popular que os sambistas levarão ao Senado e ao Conselho Municipal, assistiram à apuração". 

Retorno autoritário 
Os planos de organizar os preparativos para o carnaval de 1947, conhecido como Carnaval da Vitória, em alusão à vitória sobre o nazi-fascismo, foram frustrados. Embora se diga que os anos 1945-1964 foram marcados pela democratização no país, permanecia ainda um forte traço autoritário, expresso na repressão da "polícia especial" às manifestações dos trabalhadores; na manutenção da censura; na cassação do PCB, em 1947; e na suspensão dos mandatos dos comunistas, em janeiro do ano seguinte. 

O PCB, mais uma vez, cairia na clandestinidade. Para diminuir a influência do partido junto às escolas de samba, foi criada uma nova entidade representativa, a Federação Brasileira das Escolas de Samba, que passou a receber a subvenção oficial e a atrair diversas escolas filiadas à União Geral das Escolas de Samba, que foi sendo esvaziada. 

Acusadas de "subversão", várias escolas de samba foram investigadas pela polícia política. Constam nos arquivos do Dops documentos relativos à "infiltração" de "elementos comunistas" nas escolas de samba, em pleno período de democratização. "Recomendava-se" a substituição desses componentes, sob pena de cassação das licenças de funcionamento. Durante a ditadura militar, a produção de documentos referentes à "subversão" nas escolas de samba aumenta consideravelmente. A documentação estende-se até o ano de 1983, quando a Unidos de Vila Isabel comemorava o aniversário de 85 anos de Luiz Carlos Prestes. 

Longe de ser encarado como uma forma de alienação popular, o samba, para os comunistas, foi fundamental para o contato com o operariado. O estreitamento dos laços entre o PCB e as escolas de samba, na segunda metade dos anos 1940, consolidou uma parceria bastante sólida. Mesmo durante o novo período de ilegalidade, que se inicia em 1948, a parceria PCB/mundo do samba não se dissolveu. Ao contrário, ganhou novo fôlego com o interesse de setores da classe média, especialmente estudantes universitários e classe artística, que buscavam abrir caminho para a participação das camadas populares nas lutas sociais. 

Em 1998, Luiz Carlos Prestes foi louvado na avenida pela Acadêmicos do Grande Rio. Dessa vez, não num desfile promovido pelo partido, mas com todo o aparato que cerca o carnaval carioca da atualidade, no desfile oficial. Sinal dos tempos. 


* Valéria Lima Guimarães é historiadora e mestre em história social pela UFRJ. 

Artigo originalmente publicado na revista Veredas do Centro Cultural Banco do Brasil.