sexta-feira, maio 29, 2009

"CHE", sempre lembrado

“Che”, sempre atual e imprescindível!!!!!


Esta me foi enviada pelo Luiz Carlos Antero, sobre o filme “Che”-o Argentino

Quem ainda não foi ver esse filme porque sabe que vai chorar muito, sabe também que a honra, a dignidade e a solidariedade, entre outras virtudes que não se esgarçaram de modo generalizado nesses tempos, não são negociáveis. Nesses tempos em que a compulsão de roubar e enriquecer dominou uma certa parcela de “esquerda”, aquela que acha um abuso essa estória de algemar o Daniel Dantas e seus congêneres, disseminada em todas as esferas do poder (ou melhor, de governo, pois a esquerda ainda não chegou lá). Resgatar Che é resgatar a energia humana e revolucionária que engrandece a América libertária e repõe no grande patamar os grandes sentimentos.
Boa leitura e, com todo o afeto, um bom filme!

Fonte: www.evaldolima.blogspot.com.br
“Che – O Argentino”
por Remo M. Brito Bastos
Amigos,

Assisti ontem, IMPERDÍVEL, muito bom mesmo! O filme é “épico” de mais de quatro horas e os realizadores optaram por dividi-lo em duas partes. Acabo de assistir à primeira, intitulada “Che – O Argentino”. O diretor é Steven Soderbergh, um cineasta que não cansa de surpreender ao buscar novas e diferentes fontes de inspiração para suas obras, ao invés de render-se a fórmulas de sucesso fácil. Não causou surpresa, portanto, o anúncio de que iria dirigir uma biografia de Che Guevara, um dos controversos líderes da revolução cubana que se transformou num verdadeiro ícone e é até hoje odiado pela direita (que o enxerga como a encarnação de Belzebu na Terra) e celebrado pela esquerda (que o considera um dos maiores exemplos de coragem e dedicação na luta contra a opressão das elites).

Começo dizendo que se trata de um filme difícil de classificar. Apesar de trazer Che no nome, não se trata de uma tentativa de biografá-lo. Apesar de ele aparecer em quase todas as cenas, o diretor não se preocupa em aprofundar a personalidade de Guevara, optando por uma narrativa não-linear, onde alterna ações da guerrilha na Sierra Maestra com uma viagem de Che aos EUA já como Ministro de Cuba, onde faz pronunciamentos na ONU, dá entrevistas e participa de festas – numa delas ironiza o infame senador McCarthy, agradecendo-o em nome da causa revolucionária pela fracassada tentativa de invadir Cuba pela Baia dos Porcos. A primeira parte termina com a vitória dos guerrilheiros e sua partida para Havana.

Assim, o filme pula de um evento para outro sem muita preocupação em situar a ação dentro da cronologia ou explicar o que está acontecendo. Mesmo a figura de Che é tratada com reverência e distanciamento, o que é reforçado pela atuação contida e metódica de Benício Del Toro, que literalmente encarna o personagem fisicamente!

Para quem conhece mais a fundo a história da revolução cubana, “Che” vai agradar porque traz uma recriação precisa de vários acontecimentos e diálogos descritos em muitos livros sobre o assunto. Não por acaso, o jornalista estadunidense John Lee Anderson, autor da biografia de Guevara, serviu como consultor especial ao projeto. Anderson é aquele sujeito que humilhou os autores da ridícula “reportagem” sobre Che, publicada em 2008 no panfleto de extrema-direita da editora Abril, a famigerada revista Veja.

Por outro lado, essa aproximação distanciada e nem um pouco didática confundirá a cabeça do espectador comum que, acostumado a se “informar” pela mídia grande, pode ter dificuldade em conseguir entender direito o que se passa na tela e, por causa disso, poderá perder o interesse. O que é sempre uma pena.

O que mais gostei no filme foi que quase toda intervenção do Che é fundamentada em seus princípios éticos, como homem de sólida formação moral que foi. Destaca-se por quase todo o filme a preocupação daquele grande revolucionário em EDUCAR os companheiros, pois o homem educado sabe e entende PORQUE ESTÁ LUTANDO, e chegou a alfabetizar até mesmo as pessoas comuns da comunidade. Outro exemplo desse espírito formador do Che aparece exatamente na última cena do filme, quando estão todos, de jipe, já vitoriosos, se dirigindo à Havana, e estranhamente passa um carro de luxo lotado de guerrilheiros. Che manda entao alcançar o carro e fazê-lo parar. Dirige-se ao motorista e pergunta por que ele está com aquele carro, que nao lhe pertence. O rapaz responde: "Tomei-o, comandante, ora, era de um latifundiário que oprimia, explorava e até matava seus trabalhadores...". Che retrucou: Pois volte agora mesmo para a cidade de onde está vindo e devolva este carro, que não lhe pertence. Nós fizemos esta revolução para denunciar exatamente este tipo de comportamento, e eu preferiria ir à Havana a pé do que num carro roubado"

Che foi o maior homem que já existiu nas três Américas. Honras máximas a ele que, hoje mito, inspira milhões de inconformados com a crueldade e a indiferença do capitalismo.

PENSAMENTO DO CHE:

"Não nego a necessidade objetiva do estímulo material, mas sou contrário a utilizá-lo como alavanca impulsora fundamental, porque ela termina por impor sua própria força às relações entre os homens."

"Acima de tudo procurem sentir no mais profundo de vocês qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. É a mais bela qualidade de um Revolucionário."

"Os poderosos podem matar uma, duas até três rosas, mas nunca deterão a primavera."

"Não há fronteiras nesta luta de morte, nem vamos permanecer indiferentes perante o que aconteça em qualquer parte do mundo. A vitória nossa ou a derrota de qualquer nação do mundo, é a derrota de todos."

"Nossos filhos devem possuir as mesmas coisas que as outras crianças, mas eles devem também devem ser privados daquilo que falta às outras."

"Vale milhões de vezes mais a vida de um único ser humano do que todas as propriedades do homem mais rico da terra".

"O verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de generosidade; é impossível imaginar um revolucionário autêntico sem esta qualidade".

"É muito fácil agir com frieza quando se está no poder, mas um líder precisa de força moral tambem pela compaixão."

"No momento em que for necessário, estarei disposto a entregar a minha vida pela liberdade de qualquer um dos países da América Latina, sem pedir nada em troca."

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No trajeto do aeroporto de Havana ao centro da cidade há um outdoor com o retrato de uma criança sorrindo e a frase: "Esta noite 200 milhões de crianças dormirão nas ruas do mundo. Nenhuma delas é cubana." Algum outro país do Continente merece semelhante cartaz à porta de entrada?

O regime sócio-político econômico cubano também tem, como os outros regimes, seus defeitos, muito embora a maioria deles causados pelo covarde embargo econômico estadunidense que já dura mais de 50 anos. Todavia, esses defeitos precisam ser analisados com honestidade, parcimônia e isenção sob a perspectiva histórica que os originou, pois a evolução dos processos sócio-econômicos pelos quais passou a sociedade cubana e das decisões a que foi obrigado a tomar o governo revolucionário para manter a soberania, a independência de sua nação e a dignidade de seu povo, até hoje, pode explicar com bastante consistência a natureza heterodoxa do regime político que ainda tem sido necessário viger em Cuba.

Por Remo Brito Bastos
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GRUPO DA SOCIEDADE CIVIL
A FORÇA DO POVO!
Fortaleza-Ceará

segunda-feira, maio 25, 2009

Guerrilha colombiana mosdtra que esta ativa!!!

Guerrilha colombiana reivindica seu movimento armado


Escrito por Camila Carduz
domingo, 24 de mayo de 2009
24 de mayo de 2009, 11:56Imagen activaBogotá, 24 mai (Prensa Latina) Ao comemorar 45 anos de fundada, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) reiteram que a paz é sua estratégia e o agir do movimento armado a táctica para chegar a ela.

Em um comunicado datado em maio desde as Montanhas da Colômbia, as FARC assinalam que a dignidade da Colômbia e o resgate do sentimento de pátria reclamam uma nova liderança que privilegie a unidade e o socialismo ao avançar para o horizonte futuro.

"Um novo grito de independência convoca-nos mostrando-nos o campo de batalha de Ayacucho do século XXI onde flama a certeza do triunfo da revolução continental, a de Bolívar e nossos próceres", agrega.

O grupo insurgente também expressa que é hora de superar a "vergonha nacional que significa um governo ilegítimo e ilegal, gerador de morte e de pobreza. Um governo que apoiado pelo de Washington, só atua para perpetuar a guerra e a discórdia enquanto garante a sangue e fogo a segurança de investimentos às transnacionais que saqueiam nossos recursos".

"Um regime apátrida, que apesar do alto número de tropas norte-americanas que intervêm no conflito interno da Colômbia, permite que nosso solo sagrado seja pisado por mais tropas estrangeiras, as expulsadas de Manta (Equador), permitindo aos Estados Unidos operar nesta terra uma base de agressão para o assalto aos povos irmãos do continente", expressa.

As FARC qualificam no comunicado ao atual governo de narco-paramilitar, que -segundo indicam- já não se altera diante das confissões de capas paramilitares que asseguram ter financiado as campanhas presidenciais de Álvaro Uribe.

Por sua vez, a guerrilha também revela que a guerra que o governo nega para não reconhecer o caráter político da insurgência em sua luta pelo poder, só no mês de março passado deixou 297 militares mortos e 340 feridos. Igualmente, fazem um chamado aos soldados a "não se deixar utilizar mais como bucha de canhão defendendo interesses que não são os seus senão os de uma oligarquia podre e criminosa, não solidária, que muito pouco faz por eles se caem prisioneiros ou ficam mutilados".

A Colômbia de hoje, enuncia o documento, não quer o guerrerismo ultramontano do governo. Quer soluções ao crescente desemprego e a pobreza. Reclama o investimento social sacrificada em aras da guerra.

"Pede - agrega educação, moradia, saúde, água potável, direitos trabalhistas, terra, estradas, eletricidade, telefonia e comunicações, mercado de produtos, renacionalização das empresas que foram privatizadas, castigo à corrupção, soberania do povo, proteção do meio ambiente, democracia verdadeira, liberdade de opinião, libertação de presos políticos".

As FARC recordam que há 45 anos surgiu nas alturas de Marquetalia (Caldas), "buscando paz para Colômbia, justiça e dignidade. Desde então, diz, somos a resposta armada dos que nada têm e os justos às múltiplas violências do Estado".

O outro caminho das Indias que a Globo não mostra!

Guerrilha de Partido Comunista Maoísta se expande na Índia







Escrito por Camila Carduz

domingo, 24 de mayo de 2009



24 de mayo de 2009, 12:13Nova Delhi, 24 mai (Prensa Latina) A insurgência camponesa do Partido Comunista Maoísta da Índia (CPI-Maoísta) começou a expandir sua base para novas áreas arborizadas do estado de Chhattisgarh, informa hoje o Serviço Indo-Asiático de Notícias (IANS).

Essa agência de notícias toma a informação do que descreve como "preocupantes relatórios da inteligência policial".

Os grupos rebeldes do proscrito CPI-Maoísta que compõem aproximadamente uns 50 mil quadros apenas nesse estado, incluídas 15 mil mulheres membros, dominam desde finais da década de 1980 os interiores da região de Bastar, uma zona rica em minerais de cerca de 40 mil quilômetros quadrados.

A princípio, a guerrilha maoísta, também chamada naxalita, estava restrita a cinco distritos dessa comarca, Dantewada, Bijapur, Narayanpur, Kanker e Bastar, além dos distritos ocidentais de Rajnandgaon próximo de Gadchiroli, no estado de Maharashtra.

Mas agora, segundo o novo informe de inteligência policial citado por IANS, têm desenvolvido novas bases em Dhamatari e inclusive no importante distrito de Raipur.

A insurgência naxalita estalou em Naxal Bari, estado de Bengala, em 1967 durante a cisma que fracionou ao movimento comunista indiano.

A partir daí, várias facções optaram pela luta guerrilheira para conquistar suas reivindicações, entre estas o então Partido Maoísta da Índia, e outras se integraram como novos partidos de esquerda na vida política do país.

O CPI-Maoísta se reconstituiu em 2004 ao que se uniram outros dois agrupamentos naxalitas, e hoje seus grupos armados operam em 14 dos 24 estados da União, e executam suas ações principalmente contra objetivos militares e policiais.

Em meados de semana, um de seus comandos emboscou um comboio policial em Maharashtra e no intercâmbio morreram os 16 agentes que viajavam no mesmo, entre eles quatro mulheres policiais.

IANS recorda que o premiê indiano, Manmohan Singh, tem descrito a insurgência naxalita como o mais grave perigo para a segurança interna da Índia.

Ultima mensagem do Amaral!

Luiz:
Pode contar comigo para o que você precisar, não só com relação ao seu Livro mas com relação a qualquer demanda que vc. precisar aqui no DF.Estou ansioso para ver o seu livro na praça, pois o mesmo fará parte do acervo da história dos combatentes da ditadura.
Com relação a sua passagem pelo Governo Cristovam, principalmente pela Administração do Gama, tinha lá um companheiro de partido que era da CEB, o Mauro Pinheiro, que é cunhado ou primo do Pedro Celso, que foi deputado distrital e federal.
Tem também o Rubem Fonseca, que foi presidente da CEB, e fez uma excelente administração por lá.
Quanto ao Hélio Doyle, foi meu colega no Colégio Dom Bosco. Hoje pelegou e está prestando serviços à direita. Aliás precisamos fazer um estudo (compêndio) psicológico para entender a mente desse pessoal, que tendo radicalizado na esquerda, serve hoje ao lado oposto.Talvez a lógica seja financeira, nada de ideológico.
O Hélio foi casado com a Maria da Conceição -Maninha que é médica, ex deputada distrital, ex-presa política ( sofreu agruras na prisão) e hoje está no PSOL( o que na minha avaliação foi um erro político).
Aliás penso que na vida tudo se pode consertar, menos o erro político.Veja o preço que estamos pagando por ter esse "mala" do Roberto Jefferson como aliado político, ele e o seu partido de aluguel , o PTB.Lembra do episódio dos Correios?. Aqui na Eletronorte eles também andaram aprontando.
Espero que vc. resolva rápidamente essa pendência com o INSS. Sou aposentado pela CEB e passei poucas e boas, com o INSS.
Um forte abraço. Amaral.

sexta-feira, maio 22, 2009

Reencontros!!

REENCONTRO E CONVERSA DE CONTERRANEOS VELHOS DE GUERRA!!!!

Através do inefável guerreiro Celso Lungaretti, reencontrei um conterrâneo de Penapolis/SP o Antonio Rodrigues do Amaral. e iniciamos um diálogo virtual que este BLOG passa a reproduzir a partir de hoje. São lembranças e inicio de um contato que pode ainda render muitos frutos. Segue abaixo as correspondências:

1- Do Amaral para mim!
Companheiro Luiz:
Ao acessar o blog do Lungaretti, li a "mensagem de um companheiro querido, veterano de muitas lutas pela liberdade e justiça social - Luiz Aparecido", no qual você conta um pedaço de sua vida, sua história de lutas, seu enfrentamento com a ditadura militar, seus projetos futuros de lançamento de um documentário relatando tudo isso, do lançamento de um livro, da sua infância, etc.. Fiquei muito feliz e ao mesmo tempo surpreso por saber que um companheiro tão aguerrido, tem tanta identidade comigo (nas lutas, nos sonhos, nos projetos futuros), inclusive por ser meu conterrâneo de PENÁPOLIS -SP. Nasci em Penápolis em 04/03/1950 e lá morei até 12/08/1961, quando me mudei com a família para Brasília, seguindo os passos de papai, que por sua vez estava seguindo os passos de Jânio Quadros, eleito Presidente da República com uma votação estrondosa para a época. Papai era janista roxo a ponto de apostar até a casa em que morávamos, na vitória do homem da vassoura, e fez campanha para ele em Penápolis. Nossa casa foi transformada em comitê de campanha e todos os dias papai acordava a vizinhança com a música símbolo da campanha: "O homem vem aí". Concorrendo com Adhemar de Barros e com o General Henrique Teixeira Lott, Jânio esteve em nossa casa, de passagem por Penápolis, tendo desembarcado de trem na Estação Ferroviária, para mais um comício pela região Noroeste. Papai conheceu Jânio nas suas andanças por Mato Grosso, como motorista da caminhão de carga (Jânio era vereador em Campo Grande) e acabaram se encontrando em um bar (Jânio gostava de uma marvada pinga como papai). Mas o Presidente viria decepcionar e deixar papai doente de cama, com a renúncia no dia 25 de agosto de 1961, exatamente no dia em que se comemora o Dia do Soldado. Alegando pressões de forças ocultas, que até hoje ninguém conseguiu decifrar que forças eram essas, Jânio deixaria milhões de viúvas pelo país, e um ciclo de desestabilização da democracia. Continuo na 2a parte. A história é longa.. Um grande abraço. Amaral

2-Minha reposta
Meu caro Antonio!
Não recebi a primeira parte do seu relato. Se puder me mandar de novo agradeço. Veja um pouco de minha história nos meus blogs
www.luiz-aparecido.zip.net
www.luizap.blogspot.com
Sou da geração do Celso Lacava, Eninho, Floriano Pastore, Paulo Sergio Mucoucah e outros. Conheci os Valente e o pessoal do Teatro e do cineclube de lá. Fiz política estudantil e comecei a militar na política lá, com o Dr. Francisco Ramalho e outros, conheci o Nagib e outros políticos da época, mas logo fui para São Paulo, junto com o Joel Pereira Gomes, e os irmãos Palhares, Walter Pini, Ruy e Jose Eduardo. Agora tem um amigo de Brasília que esta escrevendo um livro sobre minha vida política e estamos gravando um vídeo documentário sobre a época e minha trajetória. Depois de anos em São Paulo como estudante, jornalista, trabalhei nos Diários Associados, MetroNews, Folha de São Paulo e Diário Popular. Fui preso político da ditadura durante uns cinco anos e até hoje sou militante do PCdoB.
Mas estou agora em Fundão no Espirito Santo me recuperando de uma terrível doença que me deixou quase totalmente paralisado, mas fui salvo pelo hospital Sara de Brasília. Morei depois que sai da prisão no Espírito Santo, depois voltei a São Paulo e depois fui para Brasília onde fiquei muito tempo, trabalhando no Congresso, no Jornal de Brasília e no governo do Cristovan Buarque.
Mande-me a primeira parte e o terceiro de seu relato e se me autorizar vou colocar esta nossa correspondência nos meus Blogs.
Um forte abraço.
Luiz Aparecido

3-Do Amaral para mim
Companheiro Luiz:
Como te falei, sou de Penápolis e morava na esquina da Avenida Santa Casa com a Rua Siqueira Campos, que desemboca no Estádio Municipal Tenente Carriço. Nos mudamos para Brasília também porque papai, na época, era desafeto do então Prefeito de Penápolis Nagib Sabino, irmão do vereador Mário Sabino. Papai pertencia ao grupo político do ex-prefeito Joaquim Araújo, Dr. Ramalho Franco etc...O Nagib Sabino estava sendo investigado por uma CPI na Câmara Municipal, acusado de desviar dinheiro público e material de obra da construção da Escola Técnica (os caminhões de material entravam na construção, eram apontados e saiam com a mesma carga para despejar na obra que o Nagib estava construindo - um prédio de dois andares que existe até hoje lá - no centro da cidade perto da igreja matriz.O clima ficou tão tenso entre os dois que já não podiam se encontrar na cidade, era briga na certa.Assim, aproveitando a eleição do Jânio, a briga com o Prefeito Nagib Sabino e o fato de que o chefe de gabinete do Prefeito de Brasília (naquela época não havia ainda a figura do Governador do DF) era meu padrinho de crisma, portanto compadre de papai, e nos convidou para vir morar por aqui,viemos para Brasília.O Prefeito de Brasília era o embaixador Paulo de Tarso Flexa de Lima, amigo do meu padrinho José Xavier de Oliveira - Juquinha, também de Penápolis.Voltando um pouco no tempo, talvez você conheça, ou já ouviu falar no companheiro Walter Nei Valente, filho do Antonio Valente, é também nosso conterrâneo de Penápolis, é médico e foi dirigente do Sindicato dos Professores do DF, militante e fundador do PT, é meu amigo de infância e morou um pouco abaixo da minha casa na Rua Siqueira Campos, em Penápolis. O Walter hoje pelegou e está no PSDB, desiludido com o PT - mas bem que podia ter escolhido um partido mais a esquerda. Tinha também o Airton Marçal - de Penápolis - que era dirigente do Sindicato dos telefônicos do Rio de Janeiro. Êta cidade para parir celebridades ! Além da Sabrina Satto, do Pânico na TV.Chegando em Brasília, em 1961, fui estudar na Escola Classe 504, onde concluí a 5a Série - Admissão ao curso ginasial, hoje conhecido como ensino fundamental.O ensino fundamental concluí no Colégio Dom Bosco.No dia 01/04/1964, ao chegar ao Colégio Dom Bosco, me deparei com a Av. W/3 infestada por tanques do exército. Era o início do golpe militar que infelicitou o país por mais de 20 anos e deixou atrás de si um país totalmente aniquilado sob todos os aspectos. Segue depois a 3a etapa. Abraços. Amaral
4-Do Amaral para mim
Companheiro Luiz:
Fico feliz por ter recebido minhas mensagens. Pode me chamar de Amaral que é como sou conhecido no movimento sindical e político em Brasília. Quanto a colocar minhas mensagens no seu blog está plenamente autorizado. Pois bem, continuando: Após ter as aulas suspensas no Colégio Dom Bosco, me dirigi à Rodoviária com o objetivo de voltar para casa - morava na Asa Norte Quadra 403, bem no início - entretanto ao chegar lá percebi uma intensa movimentação no Teatro Nacional, à época ainda em construção. Quando entrei no Teatro, o mesmo estava lotado, lá estavam deputados, senadores, populares, estudantes. Logo na entrada estava o pessoal da UNE com pranchetas colhendo o nome do pessoal que se dispunha a resistir ao golpe militar, atendendo ao chamado de Leonel Brizola que estava no Rio Grande do Sul organizando a resistência. O pessoal estava pedindo que aguardássemos a chegada do armamento para a resistência (o armamento mais moderno na época era a metralhadora INA, de fabricação Nacional, e era a promessa do pessoal da UNE). Dei meu nome e fiquei aguardando a chegada do armamento, escutando os discursos que se revezavam na tribuna em apoio a João Goulart e a Brizola. Brasília não possuia um efetivo militar capaz de segurar uma rebelião. Assim, o exército solicitou a vinda de um contingente de Minas Gerais, aerotransportado, que chegou rapidamente à Capital. Sei que por volta das 15 horas, resolvi respirar um pouco fora do teatro por conta do calor intenso, quando avistei a chegada de dezenas de caminhões do exército lotados de soldados que imediatamente se puseram a construir casamatas nas imediações da Rodoviária. Entrei correndo no teatro e o pessoal da UNE também já tinha avistado a movimentação das tropas e foi aquele sufoco. Saímos correndo pelos fundos do teatro, tendo arrombado as portas, e nos metemos a correr cerrado adentro. Depois ficamos sabendo que Jango estava voltando do Rio de Janeiro para Brasília e tinha decidido, por aconselhamento do general chefe da casa militar a se render. Partindo de Brasília, Jango voou para Porto Alegre e imediatamente após, para o Uruguai, lá se exilando. Esse episódio (fuga de Jango e medo de resistir) resultou na briga entre Jango e Brizola, cunhados que eram, por muitos anos. Hoje penso que Brizola estava certo pois os golpistas não estavam ainda estruturados para vencer uma possível resistência, mas com a atitude de Jango o golpe se consolidou. Jango, como ele mesmo relatou, teve receio de que a resistência pudesse levar ao derramamento de um banho de sangue entre irmãos.Tinha muita admiração por Jango e o conheci à porta do Colégio Dom Bosco onde seus filhos também estudavam (faziam o pré-escolar). Era muito simpático, comunicativo, nos cumprimentou sem formalidades. Não possuía aparato de segurança, andava pelas ruas normalmente. Maria Thereza, sua bela mulher também era muito simples, muito elegante, discreta como convinha ao posto que ocupava. Vestia-se muito bem, com roupas da grife Denner, o costureiro da onda. Ia buscar pessoalmente as crianças no Colégio, encontrávamos com ela todos os dias. Jango, com seu programa de reforma de base certamente revolucionaria o país, era um nacionalista, amava o seu país e seu povo e morreu de forma solitária porque mesmo doente, os militares o impediram de voltar ao país, tendo morrido na sua fazenda no Uruguai. Voltando um pouco na história, esse episódio da resistência no Teatro Nacional é contado muito rapidamente no Livro do udenista/golpista Carlos Lacerda intitulado Depoimento, que é uma coletânea de entrevistas que o dito cujo concedeu, se não me engano, ao Jornal Correio da Manhã. Em agosto de 1967(sou muito ruim para guardar datas) resolvi abandonar os estudos e atender ao chamamento do CHE, que estava organizando a revolução nas matas da Bolívia e requisitava combatentes. Saí de Brasília, sem um tostão no bolso, viajando de carona, com uma pequena mochila de roupas nas costas e consegui chegar a Três Lagoas no Mato Grosso. Lá fiquei perambulando pelas ruas por dois meses, dormindo em praça pública, comendo de favor pelos transeuntes e residências que me ofereciam. Desesperado, sem chances de evoluir para o meu objetivo, decidi retornar para casa em Brasília. Você não pode adivinhar o desespero de meus pais, sem notícias, sem contato comigo. Quando cheguei em casa, era um mu lambo em pessoa. Penso que a morte de papai, em 1968 se deveu um pouco pelos meus arroubos revolucionários. Com minha irmã casada, tive que tomar conta de mamãe. Assim tratei de arrumar um emprego e mergulhei de corpo no trabalho porque minha cabeça estava constantemente ligada na ação dos companheiros que nas organizações de esquerda estavam trocando chumbo com a ditadura. A cada notícia de vitória dos companheiros contra a ditadura eu vibrava como se estivesse lá ajudando. Sonhei várias noites com os companheiros que via nos cartazes espalhados pela cidade: Lamarca, Joaquim Câmara Ferreira -Toledo (o velho), Carlos Marighela, Eduardo Leite - o Bacuri, Yara Iavelberg, Vera Sílvia Magalhães, etc...Aliás estive quase com o pé na luta porque pertencia, quando estudante aos quadros da UBES. Na escola seguíamos a orientação do pessoal da UNE, cujo Presidente era o Honestino Guimarães, primo do Sebastião Lopes (Tião) que era meu colega no colégio e vizinho de apartamento na SQN 4l3. A mãe do Tião (Hermione) era professora e colega de minha irmã no mesmo colégio que lecionavam. O Tião seguiu na luta enquanto eu me voltei para o trabalho para sustentar mamãe, recém viúva. O Tião esteve preso no PIC da Polícia do Exército no Setor Militar Urbano durante muitos anos.Hoje está em São Paulo, fazendo movimento sindical em Osasco.A última vez que o encontrei foi num ônibus na L2 Sul. Estava voltando do trabalho para casa (4l3 Sul) quando uma pessoa bateu no meu ombro. Era o Tião. Ficamos visivelmente emocionados com o reencontro. Descemos e ficamos conversando numa parada de ônibus até o limite das horas que o Tião possuía para ficar na rua. Estava com liberdade condicional. Nunca mais o ví, só tenho notícias através do pessoal do movimento sindical. Para encurtar a história, em 1984 entrei para o PT onde estou até hoje. Pertenço à corrente Democracia Socialista. Fui Presidente do Sindicato da minha categoria: urbanitários (CEB,FURNAS, ELETRONORTE e ELETROBRÁS) por três mandatos: (1985/1988), (1989/1991) e (1991/1995). Fui dirigente da CUT e hoje sou dirigente da zonal do PT do Núcleo Bandeirante. No Governo Cristovam, trabalhava na CEB e fui assessor da Presidência. O Presidente era o Luiz Carlos Vidal, ex-preso político, pertencia aos quadros da ALN. Sou socialista e luto pela construção de uma nova sociedade. Não desistirei da luta e nem me afastarei dela um só segundo. Me inspiro muito na figura de João Amazonas, exemplo de luta, dignidade e honradez. Atualmente estou trabalhando na ELETRONORTE, na área de meio ambiente.Estou tentando escrever um Livro, contando também minhas histórias. O título provisório é: Política não se Discute, mostrando, de forma irônica, que a política, mesmo que se queira negar, está impregnada em nossas vidas, desde o nascimento, e quem ignora isso, acaba sendo manipulado pelos espertalhões de plantão. Vamos continuar a nos falar. Precisamos nos unir. Mandei um email para o Lungaretti parabenizando pela iniciativa de criar uma espécie de Centro da Memória Revolucionária. Citei inclusive o caso da Vera Sílvia, que morreu de forma solitária, revoltada por ter passado pelo que passou, demonstrando ter vivido uma vida solitária, longe das pessoas e companheiros a quem amava e com quem lutou. Ousar lutar, ousar vencer. Abraços. Amaral.
5- Minha resposta ao Amaral
Amaral!!!!
Foi uma feliz surpresa você ter me achado agora, apesar de termos nos roçado por estes anos todos. E noto que você é um baita memorialista que vai acabar me ajudando no livro e no documentário que estamos as duras penas produzindo.
No governo Cristovan devemos ter nos cruzado porque fui subsecretario de Comunicação junto com o Moa e o Hélio Doyle e no seu ultimo ano fui para a administração do Gama que era dirigida pelo meu partido. Estou vendo aqui como coloco este nosso diálogo nos meus Blogs e continuarmos a nos falar.
Agora estou as voltas com meu pedido de anistia e auxilio doença que o INSS não me paga neste um ano e meio que estou doente. Mas a vida continua. E como digo sempre aos amigos que vacilam, "a revolução triunfara, apesar de nós".
Forte abraço
Luiz Aparecido

quinta-feira, maio 21, 2009

Reflexões sobre a Guerrilha!

DE CONFRONTOS E EXTREMOS



En Passant: Pablo Emmanuel



Há uma passagem no “Mini-Manual do Guerrilheiro Urbano”, escrito por Marighella, que certamente tenha tido sua base nas observações de Che, em seu livro “A Guerra de Guerrilhas”, que, aliás, é interessante do ponto de vista estratégico, segundo as experiências de Guevara na revolução cubana.


Discorre sobre como provocar uma ditadura até que ela monte um extenso aparato de repressão sobre a sociedade, a fim de que esta se volte contra o governo por se sentir alijada de garantias fundamentais. Assim, como afirma Che, a ditadura se desmascara, mostra-se como ela é. O que vem a gerar um descontentamento popular que poderia auxiliar as operações da guerrilha.

O general Médici, que, conforme muge o cabo Anselmo, era um “bonachão”, teve a perspicácia de manter a violência e, ao mesmo tempo, acelerar o desenvolvimento dependente e antinacionalista da economia, baseado na oferta de bens de consumo duráveis. Com a copa de 70, estava tudo perfeito. A anestesia para o povo foi daquela de deixá-lo praticamente em coma.


Durante a guerrilha urbana, ninguém da favela se levantou, preferindo a malandragem do samba na esquina, onde até uma caixinha de fósforos servia de percussão. O proletário estava com sono.

A classe média queria dirigir um Maverick e ver TV a cores.


E pronto.

Com a mídia amarrada, o governo lançou uma campanha terrível e eficiente de aniquilação moral da esquerda armada. Enquanto isto, braços paramilitares do Poder Executivo cometiam crimes tão brutais quanto as SS nazistas.


Não vivi aquele tempo, embora tenha nascido durante os eventos mais dramáticos, mas me arrisco a um palpite.

Talvez se, a partir de 1970, toda a guerrilha urbana se desmobilizasse das cidades para se infiltrar nas selvas do país, poderia formar um corpo muito maior e mais coeso do que o composto dentro das cidades, onde a luta era mais difícil e compartimentada.


Por outro lado, a guerrilha não dispunha de armamento de longo alcance. Para combate em selva, o fuzil é imprescindível. Um bom fuzil. Onde estava a Mãe Rússia que não mandou para os guerrilheiros do Brasil seus maravilhosos Kalashnikovs? Que conspiração comunista era essa afinal, em que os supostos principais interessados na posse do Brasil, que seriam os soviéticos, segundo a acusação de muitos na época, não se moviam um centímetro?

Dentro da cidade, eu concordo com o que disse Marighella sobre o uso de pistolas, revólveres e pequenas metralhadoras, enfim, armas curtas para ações rápidas.


Seria preciso assaltar pelo menos uns 20 quartéis no país para levar a fuzilaria toda, granadas, morteiros etc. Isso estava fora de cogitação, ainda mais depois que Lamarca deu um chão no arsenal de um regimento em Osasco. A vigilância se tornou implacável.

O pessoal da rede urbana talvez não tivesse condições para empreender longas marchas dentro das selvas, movimentar-se com rapidez. Talvez não tivéssemos a astúcia dos vietnamitas, por exemplo, que colocavam a resistência total como o princípio básico da sobrevivência dentro das matas, numa desenvoltura impressionante que tornou lendária a tática de guerras daquele povo.


Sei lá. Provavelmente, as Forças Armadas utilizariam bombas de fragmentação e NAPALM à larga se todas as guerrilhas fossem concentradas na Amazônia, sobretudo se Lamarca estivesse por lá, treinando militantes e camponeses que quisessem engajamento.

Segundo a tática maoísta, as cidades deveriam ser esmagadas por um cinturão formado pela guerrilha popular, sufocando, estrangulando, atacando os meios de comunicação. No Brasil não tinha gente o bastante para isto. Como arrebanhar da noite para o dia um jeca-tatu que está lá nos rincões fumando a palhinha dele, com as unhas pretas de terra e as mãos grossas como lixas?


A teimosia e a lamentável mania que a esquerda tinha de acusar outros grupos disto ou daquilo, fazendo juízos entre certos e errados, de modo dogmático, atomizavam seu aparato ideológico e militar. Havia vários raciocínios para um só objetivo, que nunca é alcançado quando um raciocínio se ocupa da destruição de um outro.

Imagino outra hipótese: a da participação armada dos trotskistas, se estivessem a fim mesmo. Na verdade, eles se abstiveram. Como seria a relação entre a linha de frente treinada em Cuba e o pessoal de Trotsky?


Eu quase tenho certeza de que, no final, os trotskistas seriam acusados pela derrota da esquerda e terminariam mortos como fizeram os comunistas contra os anarquistas na guerra contra Franco. Um banho de sangue entre as Brigadas Internacionais em uma das mais belas páginas da história da humanidade. Que desgraça!

Ramon Mercader, bandido stalinista que rachou a cabeça do velho judeu no México, por ordem do crapuloso Big Brother, terminou seus dias na ilha, sob a égide de Fidel. Provavelmente, trotskista não seria gente bem-vinda para o combate, de tal forma que esta facção se limitou a lutar através de jornais clandestinos, até criticando quem estava no combate aberto.


Alguns acusavam a ALN, por exemplo, de cair num tipo de terrorismo vulgar, de desvinculação das massas trabalhadoras, de lutar sem elas etc.

[Por falar na ALN, recordo-me da entrevista do infame cabo Anselmo que defende a tese segundo a qual o grupo de Marighella nada mais era do que o braço armado do PCB; que o Partidão não tinha ficado “neutro” na luta e que o rompimento de Marighella com o partido através daquela famosa carta era tudo farsa para que o PCB ficasse intacto e a ALN pudesse descer a madeira...]


Não há como intuir sobre o passado.

Ninguém sabe que rumo tomaria a luta armada se ela fosse essencialmente rural, sem braços nas cidades, onde ninguém quis se levantar para aderir.


De minha parte, eu não sei como procederia se vivo fosse naquelas condições. Acredito que não teria a energia [nervosa] necessária para enfrentar aquele aparato todo. Tenho respeito por aqueles que tiveram essa energia e morreram.

Reflito sobre a possibilidade de revolução, que acho ser remota aqui no Brasil, quase impossível, mesmo via eleições. Não sei até que ponto um companheiro meu não estaria disposto a me matar somente porque discordei de alguns questionamentos que foram lançados. Não sei até que ponto estaria seguro ao lado de alguém que só seria meu amigo enquanto pensasse politicamente como eu.


Eu sou comunista, não cultivo valores absolutos do stalinismo nem do trotskismo, e entendo ser melhor morrer ao lado de homens que são justos do que tomar um chão pela injustiça de um camarada de armas.

É uma honra aceitar esse tipo de morte. Porque, a rigor, a luta só é justa enquanto der combate às injustiças.


Os danos psicológicos do passado permanecem até hoje, para nossa desgraça.