sexta-feira, maio 29, 2009

"CHE", sempre lembrado

“Che”, sempre atual e imprescindível!!!!!


Esta me foi enviada pelo Luiz Carlos Antero, sobre o filme “Che”-o Argentino

Quem ainda não foi ver esse filme porque sabe que vai chorar muito, sabe também que a honra, a dignidade e a solidariedade, entre outras virtudes que não se esgarçaram de modo generalizado nesses tempos, não são negociáveis. Nesses tempos em que a compulsão de roubar e enriquecer dominou uma certa parcela de “esquerda”, aquela que acha um abuso essa estória de algemar o Daniel Dantas e seus congêneres, disseminada em todas as esferas do poder (ou melhor, de governo, pois a esquerda ainda não chegou lá). Resgatar Che é resgatar a energia humana e revolucionária que engrandece a América libertária e repõe no grande patamar os grandes sentimentos.
Boa leitura e, com todo o afeto, um bom filme!

Fonte: www.evaldolima.blogspot.com.br
“Che – O Argentino”
por Remo M. Brito Bastos
Amigos,

Assisti ontem, IMPERDÍVEL, muito bom mesmo! O filme é “épico” de mais de quatro horas e os realizadores optaram por dividi-lo em duas partes. Acabo de assistir à primeira, intitulada “Che – O Argentino”. O diretor é Steven Soderbergh, um cineasta que não cansa de surpreender ao buscar novas e diferentes fontes de inspiração para suas obras, ao invés de render-se a fórmulas de sucesso fácil. Não causou surpresa, portanto, o anúncio de que iria dirigir uma biografia de Che Guevara, um dos controversos líderes da revolução cubana que se transformou num verdadeiro ícone e é até hoje odiado pela direita (que o enxerga como a encarnação de Belzebu na Terra) e celebrado pela esquerda (que o considera um dos maiores exemplos de coragem e dedicação na luta contra a opressão das elites).

Começo dizendo que se trata de um filme difícil de classificar. Apesar de trazer Che no nome, não se trata de uma tentativa de biografá-lo. Apesar de ele aparecer em quase todas as cenas, o diretor não se preocupa em aprofundar a personalidade de Guevara, optando por uma narrativa não-linear, onde alterna ações da guerrilha na Sierra Maestra com uma viagem de Che aos EUA já como Ministro de Cuba, onde faz pronunciamentos na ONU, dá entrevistas e participa de festas – numa delas ironiza o infame senador McCarthy, agradecendo-o em nome da causa revolucionária pela fracassada tentativa de invadir Cuba pela Baia dos Porcos. A primeira parte termina com a vitória dos guerrilheiros e sua partida para Havana.

Assim, o filme pula de um evento para outro sem muita preocupação em situar a ação dentro da cronologia ou explicar o que está acontecendo. Mesmo a figura de Che é tratada com reverência e distanciamento, o que é reforçado pela atuação contida e metódica de Benício Del Toro, que literalmente encarna o personagem fisicamente!

Para quem conhece mais a fundo a história da revolução cubana, “Che” vai agradar porque traz uma recriação precisa de vários acontecimentos e diálogos descritos em muitos livros sobre o assunto. Não por acaso, o jornalista estadunidense John Lee Anderson, autor da biografia de Guevara, serviu como consultor especial ao projeto. Anderson é aquele sujeito que humilhou os autores da ridícula “reportagem” sobre Che, publicada em 2008 no panfleto de extrema-direita da editora Abril, a famigerada revista Veja.

Por outro lado, essa aproximação distanciada e nem um pouco didática confundirá a cabeça do espectador comum que, acostumado a se “informar” pela mídia grande, pode ter dificuldade em conseguir entender direito o que se passa na tela e, por causa disso, poderá perder o interesse. O que é sempre uma pena.

O que mais gostei no filme foi que quase toda intervenção do Che é fundamentada em seus princípios éticos, como homem de sólida formação moral que foi. Destaca-se por quase todo o filme a preocupação daquele grande revolucionário em EDUCAR os companheiros, pois o homem educado sabe e entende PORQUE ESTÁ LUTANDO, e chegou a alfabetizar até mesmo as pessoas comuns da comunidade. Outro exemplo desse espírito formador do Che aparece exatamente na última cena do filme, quando estão todos, de jipe, já vitoriosos, se dirigindo à Havana, e estranhamente passa um carro de luxo lotado de guerrilheiros. Che manda entao alcançar o carro e fazê-lo parar. Dirige-se ao motorista e pergunta por que ele está com aquele carro, que nao lhe pertence. O rapaz responde: "Tomei-o, comandante, ora, era de um latifundiário que oprimia, explorava e até matava seus trabalhadores...". Che retrucou: Pois volte agora mesmo para a cidade de onde está vindo e devolva este carro, que não lhe pertence. Nós fizemos esta revolução para denunciar exatamente este tipo de comportamento, e eu preferiria ir à Havana a pé do que num carro roubado"

Che foi o maior homem que já existiu nas três Américas. Honras máximas a ele que, hoje mito, inspira milhões de inconformados com a crueldade e a indiferença do capitalismo.

PENSAMENTO DO CHE:

"Não nego a necessidade objetiva do estímulo material, mas sou contrário a utilizá-lo como alavanca impulsora fundamental, porque ela termina por impor sua própria força às relações entre os homens."

"Acima de tudo procurem sentir no mais profundo de vocês qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. É a mais bela qualidade de um Revolucionário."

"Os poderosos podem matar uma, duas até três rosas, mas nunca deterão a primavera."

"Não há fronteiras nesta luta de morte, nem vamos permanecer indiferentes perante o que aconteça em qualquer parte do mundo. A vitória nossa ou a derrota de qualquer nação do mundo, é a derrota de todos."

"Nossos filhos devem possuir as mesmas coisas que as outras crianças, mas eles devem também devem ser privados daquilo que falta às outras."

"Vale milhões de vezes mais a vida de um único ser humano do que todas as propriedades do homem mais rico da terra".

"O verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de generosidade; é impossível imaginar um revolucionário autêntico sem esta qualidade".

"É muito fácil agir com frieza quando se está no poder, mas um líder precisa de força moral tambem pela compaixão."

"No momento em que for necessário, estarei disposto a entregar a minha vida pela liberdade de qualquer um dos países da América Latina, sem pedir nada em troca."

-----

No trajeto do aeroporto de Havana ao centro da cidade há um outdoor com o retrato de uma criança sorrindo e a frase: "Esta noite 200 milhões de crianças dormirão nas ruas do mundo. Nenhuma delas é cubana." Algum outro país do Continente merece semelhante cartaz à porta de entrada?

O regime sócio-político econômico cubano também tem, como os outros regimes, seus defeitos, muito embora a maioria deles causados pelo covarde embargo econômico estadunidense que já dura mais de 50 anos. Todavia, esses defeitos precisam ser analisados com honestidade, parcimônia e isenção sob a perspectiva histórica que os originou, pois a evolução dos processos sócio-econômicos pelos quais passou a sociedade cubana e das decisões a que foi obrigado a tomar o governo revolucionário para manter a soberania, a independência de sua nação e a dignidade de seu povo, até hoje, pode explicar com bastante consistência a natureza heterodoxa do regime político que ainda tem sido necessário viger em Cuba.

Por Remo Brito Bastos
--
GRUPO DA SOCIEDADE CIVIL
A FORÇA DO POVO!
Fortaleza-Ceará

Nenhum comentário: