sexta-feira, setembro 14, 2007

Homem ajudou matar "Che Guevara" ainda tem informações!!!!!!

O cubano Gustavo Villoldo decidiu que já era hora de desfazer-se da mecha de cabelo de Ernesto "Che" Guevara e de outros objetos que ele guardou como relíquias desde a captura e a sepultura do guerrilheiro, da qual participou há quarenta anos.

Relíquias como a mecha de cabelo, fotografias e mapas da missão de busca e captura de Che na Bolívia em 1967 vão a leilão nos dias 25 e 26 de outubro pela empresa Heritage Auctions (www.ha.com).

"Com este leilão, quero fechar uma etapa da minha vida de quase cinqüenta anos, que comecei a viver com o suicídio do meu pai em 1959 por culpa de Fidel Castro e de Che Guevara e com todo este processo de destruição do meu país", explicou Villoldo, de 71 anos, em entrevista à Efe.

"É uma maneira de pôr um ponto final. Para meus filhos, isso tudo não tem o valor histórico que eu dou", acrescentou.

Perguntado sobre qual objeto é o mais valioso do leilão, Villoldo garante que todos são documentos e objetos que fazem parte da história.

"São, por exemplo, os documentos com os poderes que recebi do presidente boliviano René Barrientos e como foi feito o processo de localização e captura de Che na Bolívia", indicou.

Mas talvez o que mais atraia os colecionadores, segundo Villoldo, é a mecha de cabelo de Che. "Cortei a mecha porque representava um símbolo da revolução dos barbudos. Foi um gesto para satisfazer meu ego e que representava o sucesso da operação que acabou com o germe da revolução castrista na Bolívia", acrescentou.

Até aquele fatídico 9 de outubro de 1967, Villoldo sofreu múltiplos revezes desde que saiu de Cuba em 1959. Pouco depois disso, ele começou a participar das missões anticastristas que culminaram em 1961 com o fracasso da Baía dos Porcos.

A decepção da invasão fez Villoldo continuar ligado ao Exército dos Estados Unidos e mais tarde a fazer parte da Agência Central de Inteligência (CIA), que lhe instruiu em missões clandestinas para acabar com a tentativa de Che de estender a revolução comunista a países africanos e latino-americanos.

Com esse objetivo, Villoldo começou as missões de busca e captura de Che em 1965 perto de Leopoldville, no Zaire, a atual Kinshasa, na República Democrática do Congo (RDC).

"Ele escapou por muito pouco com um grupo de guerrilheiros pelas águas do lago Tanganica. Dois anos depois, na serra boliviana, os erros táticos e de segurança de Guevara facilitaram sua captura", lembra Villoldo.

Em 9 de outubro se completam exatamente quarenta anos da morte do "Che" no povoado de Vallegrande, na serra da Bolívia.

"Não me matem, sou o 'Che' e tenho mais valor vivo do que morto"; estas foram as primeiras palavras de Guevara quando se entregou aos soldados do Exército boliviano em 8 de outubro de 1967.

Após sua prisão, Guevara e dois dos guerrilheiros que o acompanhavam - o peruano Juan Pablo Chang e o boliviano Willy Cuba - foram transferidos à escola da cidade de La Higuera.

Após consultar o general Alfredo Ovando Candía, o presidente Barrientos ordenou que matassem Guevara e os outros dois guerrilheiros.

Oficiais bolivianos executaram a ordem. Primeiro morreram Chang e Cuba, e minutos depois Che.

"Discutimos então o que fazer com os cadáveres. A idéia de cremação foi descartada e o general Ovando me deu a ordem de realizar um enterro num lugar secreto", lembra Villoldo.

"Em uma noite escura, chuvosa e fria, enterrei o corpo de Guevara e dos outros dois guerrilheiros com a ajuda de três soldados bolivianos", acrescentou.

Em 1995, o Governo cubano começou uma ampla operação para localizar os restos de Che Guevara. Dois anos depois, foi anunciado que tinham sido encontrados junto com outros seis cadáveres.

"Os mortos não se multiplicam nem caminham", afirma Villoldo, convencido que Guevara continua enterrado na fossa onde ele mesmo o sepultou.

Por isso, oferece à filha mais velha de Che, Aleida Guevara March, sua ajuda para localizar os restos de seu pai, porque se trata "de um assunto puramente humano e familiar".

"Escrevi (em 1997) uma carta para ela, que chegou por meios clandestinos, para viajarmos juntos a Vallegrande, mas não recebi resposta", diz Villoldo.

A oferta continua de pé.

"É certo que ela (Aleida) e a família Guevara tenham dúvida de que os restos do 'Che' estejam no mausoléu que Fidel construiu em Havana. Se o Governo da Bolívia autorizar, estou disposto a ir com ela ao lugar onde está enterrado. Tenho as coordenadas e, embora 30 anos tenham se passado, será fácil lidar com o lugar".

Essas coordenadas do lugar exato onde Che está enterrado é a única coisa que Gustavo Villoldo continuará guardando.

E continuarão em seu poder até que Aleida ou a família Guevara queiram recuperar os restos de Che para pôr definitivamente um ponto final a este capítulo da história.

quinta-feira, setembro 13, 2007

Esta é a pura verdade!!!

A IMPRENSA NO BRASIL VIROU PARTIDO POLÍTICO


Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 629



Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil.






. A imprensa no Brasil é um partido político. É o que diz o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos (*).



. A imprensa no Brasil se considera indestrutível porque ela resiste à democratização, à republicanização do Brasil.



. Os militares brasileiros hoje se submetem mais à lei do que a imprensa.



. Para Wanderley Guilherme dos Santos, restou à imprensa brasileira ter a capacidade de gerar crises, instabilidade política.



. No Governo Lula, a imprensa pratica o “quanto pior melhor”, que, antes, atribuía à esquerda: ela combate políticas que, sabe, são benéficas ao país, mas não tolera que sejam praticadas por um líder comprometido com as classes populares.



. “Isso (o compromisso com as classes populares) é algo que irrita e, conseqüentemente, faz com que aumente a disposição da imprensa para acentuar tudo aquilo que venha a dificultar e comprometer o desempenho do governo”, continuou o professor.



. Essa entrevista faz parte de um projeto sobre a mídia conservadora (e golpista!), que chegará ao seu final em 2008.









Leia a íntegra da entrevista com o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos:



Quando se fala em mídia como o “Quarto Poder”, qual é a primeira coisa que lhe vem à cabeça?



A primeira coisa que me vem à cabeça: não é uma particularidade nacional. Porque, na verdade, na teoria democrática clássica, não havia previsão para o aparecimento de um lugar institucional com poder político relevante. Então, você tinha o Parlamento e você tinha o Executivo. O Parlamento podia ser dividido em duas Casas, como quando tem Senado e Câmara, ou ser unicameral. O Executivo podia ser ou de gabinete ou uma Presidência da República. Mais o Judiciário, quando árbitro dos conflitos eventualmente surgidos entre as duas estâncias anteriores. Mas não havia, não há previsão em nenhuma teoria, de algo, de uma instituição que veio a ser a imprensa. Como também, aliás, não havia para as Forças Armadas. Não se concebia que as Forças Armadas viessem a ser um ator político relevante.



Mas, sobretudo, a imprensa. Porque, de certo modo, ela encarnaria não um poder, mas a vigilância do poder. Era a garantia do direito de opinião, a garantia do direito de expressão de idéias e a garantia de vigilância dos poderes constituídos. Então, era muito mais um órgão defensivo e reflexivo do que interferente. A partir do momento em que você tem uma sociedade de massa, ou seja, o tamanho do eleitorado traz novidades para o funcionamento da democracia – ninguém jamais imaginou eleitorado de mais de dez milhões de pessoas –, isso também trouxe uma modificação do papel das instituições. Em princípio, elas interagem com estas massas que têm peso.



O resultado foi que aquelas instituições que, de certa maneira, condicionam e influenciam a formação de opinião das massas, fazendo com que a disposição delas se altere ou se incline numa direção ou em outra, aquelas instituições passaram a ter um papel de importância.



A imprensa, os órgãos de comunicação e informação, na medida em que condicionavam e orientavam a inclinação desta população, e o peso delas se tornando cada vez maior dentro do funcionamento das democracias, fizeram com que esta instituição, a imprensa, passasse a ter um papel híbrido: de um lado, refletia o real; e de outro, ao mesmo tempo, interferia, interfere e condiciona as alternativas deste real.



É necessário deixar claro que isso não aconteceu por nenhuma conspiração, nenhum plano previamente estipulado. Foi assim, numa democracia de massa, com o problema do populismo, por exemplo. Este novo papel desempenhado pela imprensa, envolvida no seu papel constitucional, teórico, de expressão de opinião, controle e vigilância da ação dos poderes públicos, e, ao mesmo tempo, cobrar responsabilidade desta instituição pública, tem que ter norma a que deva obedecer, tem que ter instâncias de julgamento – com o qualquer agente público. E não se trata de julgamento estritamente policial, trata-se de julgamento político. Não existe consenso sobre como conciliar esta responsabilidade, que deve ser cobrada neste ato público, com o que é fundamental também numa democracia - que é o respeito à liberdade de imprensa, à liberdade de opinião.



Quer dizer, a liberdade de expressão de opinião é crucial e essencial na definição do que é democracia. Quando esta expressão de opinião pode de alguma maneira trabalhar contra a democracia, cria um problema. É o mesmo problema que se coloca em relação a partidos revolucionários. Democraticamente, é necessário que se permita a organização em partidos as diversas opiniões, correntes. Agora, em que medida este direito deve ser ou pode ser assegurado a partidos cujo objetivo é fazer com que desapareçam as instituições que permitam que ele exista - isso é uma complicação numa teoria democrática. Então, esse é um problema contemporâneo da imprensa, não é só no Brasil: como conciliar os dois papéis que a imprensa tem. Primeiro, como instituição da sociedade privada de exprimir o que se passa no mundo e a opinião da população. Por outro lado, na medida em que se comporta como ator político, ter instâncias que cobrem responsabilidade política dessa instituição.





Este problema já foi resolvido em algum país ?



Institucionalmente, não. O que você encontra é uma evolução da cultura política e também do poder da sociedade civil, do poder privado. Na verdade, até agora não se criaram instituições consensuais para a solução deste problema. Tem sido resolvido pela idéia gradativa de redução da importância da imprensa, como condicionador das atitudes da população. Isso é o que tem acontecido nas sociedades ricas, porque dependem cada vez menos das políticas de governo. Porque são ricas, porque a sociedade é abundante, então, a opinião que os jornais e as televisões começam a distribuir – dizer que o governo é isso, que o governo é aquilo, isso não tem conseqüência sobre a vida privada dos cidadãos. E por isso mesmo a opinião da imprensa deixa de ser relevante. Então, o que tem acontecido nos países mais estabilizados, não é que se tenham criado instituições de controle ou de chamada à responsabilidade, mas que os jornais e as televisões vêm perdendo importância.





Especificamente no Brasil, como é que esse cenário se desenvolveu? Quem se aproveitou?



Quem se aproveitou eu não sei. No Brasil, você tem uma circunstância peculiar que é o fato de que as empresas jornalísticas têm os interesses empresariais também fora do circuito de informação. Então, isso faz com que as opiniões da imprensa não se apoiem apenas, como se diz, pelos preceitos de seus comentários, mas pelo interesse de matérias econômicas também, que são defendidos sob a desculpa, o contexto de que está sendo defendido o interesse da população. Então, este aspecto é o aspecto que não se encontra muito nos países desenvolvidos: a distância entre empresas, empresas jornalísticas que têm interesses comercias e empresariais, além dos interesses jornalísticos.



E isso cria uma situação muito particular, porque, afinal de contas, os interesses econômicos e empresariais de proprietários de jornais deviam ter suas instâncias de defesa e não utilizar a imprensa para isso. Mas, esta é a peculiaridade do Brasil. E é isso o que se mistura com freqüência no Brasil: as campanhas políticas desenvolvidas pela imprensa, sob o pretexto de que são questões que se quer públicas, mas, na verdade, são interesses privados dos próprios empresários jornalísticos.





Paulo Henrique Amorim costuma dizer que em nenhuma democracia importante do mundo os jornais e uma só emissora de TV têm a importância política que têm no Brasil.



Quer dizer, só em países mais ou menos parecidos com o Brasil. Fora países, digamos, com renda per capita inferior a 30 mil dólares, fora países desta faixa, isso não existe. Ou seja, em todos os países (com renda superior a 30 mil dólares), a imprensa não tem esta capacidade de criar crises políticas, como tem nos países da América Latina.





Aqui no Brasil, com esta importância política que os jornais e a Globo têm, como é que eles exercem este poder?



O modo tradicional de exercer o poder em países como o Brasil, e isso tem acontecido historicamente com freqüência, é a capacidade que a imprensa tem de mexer na estabilidade, ou seja, de criar crises, cuja origem é simplesmente uma mobilização do condicionamento da opinião pública. O que a imprensa nos países da América Latina, e particularmente no Brasil, tem é a capacidade de criar instabilidades. É a capacidade que a imprensa tem de criar movimentação popular, de criar atitudes, opiniões, independentemente do que está acontecendo na realidade. Isso é próprio de países latino-americanos, mas particularmente no Brasil, em que as empresas jornalísticas têm poder econômico e capacidade e disposição para a intervenção política. Então, a arma da imprensa no Brasil, o seu recurso diante dos governos: esta capacidade de criar instabilidade política.





Como é que o senhor vê o papel da mídia no governo Lula ?



Tem dois aspectos. O primeiro aspecto é fato de o governo Lula ser um governo inédito no Brasil. É realmente um governo cuja composição de classe, cuja composição social é diferente de todos os governos até agora. Isso não foi e dificilmente será bem digerido. Agora, em acréscimo a isso é que, ao contrário do que se teria esperado ou gostariam que acontecesse, este é um governo que até agora tem se mantido fiel à sua orientação original, independentemente das discussões internas do grupo do PT. A verdade é que as políticas do governo têm prioridades óbvias, que são as classes subalternas. Isso é algo que irrita e, conseqüentemente, faz com que aumente a disposição da imprensa para acentuar tudo aquilo que venha a dificultar e comprometer o desempenho do governo.





Em que outros episódios da Historia do Brasil a imprensa usou a arma da instabilidade ?



No Brasil, tivemos em 1954, com a crise que resultou no suicídio de Vargas, em que tudo foi utilizado. Documentos falsos que foram apresentados como verdadeiros, testemunhos de estrangeiros que seriam associados a confusões internas...



Houve em 1955, na tentativa de impedir a posse de Juscelino Kubitschek. E em 1961, na crise de Jânio, na sucessão do Jânio. E em 1964.



Depois, durante o tempo do período autoritário, evidentemente, houve uma atuação explícita da imprensa. Não se falava a favor, mas também não se desafiava. Com o retorno da democracia, a imprensa interveio outra vez, na sucessão de Sarney, com todas as declarações e reportagens absolutamente falsas em relação ao candidato das forças populares, que já era Lula. Isso se repetiu nas duas eleições de Fernando Henrique, mas mais moderadamente. Foi bastante incisiva durante a primeira campanha. Na segunda, a imprensa se comportou razoavelmente. Houve certas referências, mas nada escabroso.



Mas, os dois últimos anos foram inacreditáveis em matéria de criação de fatos sobre nada: foi inacreditável. Para 50 anos de vida política, é uma participação à altura dos partidos políticos e dos militares. Quer dizer, fazem parte da política brasileira os partidos, as Forças Armadas e a imprensa.





Destes episódios que o senhor listou qual o senhor acha que é o mais emblemático ?



Eu acho que dois episódios. Primeiro, a tentativa de impedir a posse de Juscelino Kubitschek. Por quê? Porque Juscelino não era intérprete ou representante de uma classe ascendente. Ele pertencia à elite política. Era um homem do PSD – Partido Social Democrata. Juscelino era um modernizador. Portanto, a tentativa de impedir a sua posse mostra o radicalismo e a intolerância das classes conservadoras brasileiras. Quer dizer, naquele momento, não aceitava nem mesmo um dos seus membros, porque era um modernizador. Este episódio é bem emblemático. Não houve nada de dramático, de trágico ou suicídio, mas é um exemplo de até onde pode chegar a intolerância do conservadorismo brasileiro. É impressionante. Esse foi pra mim um episódio que define muito bem até onde o conservadorismo é capaz de violar os escrúpulos democráticos.



E o segundo ?



É agora com Lula, porque a posse de Lula realmente revela uma nova etapa histórica no país. E revela o quanto o conservadorismo se dispõe a comprometer o futuro do país, pelo fato de o governo estar sendo exercido pelo intérprete de uma nova composição social. Isto é, há um grupo parlamentar e há grupos privados – e neles se inclui a imprensa - dificultando a implementação de políticas que são reconhecidamente benéficas ao país, porque estão sendo formuladas e implementadas por um governo intérprete das classes populares. Isso é impressionante. Quer dizer, no fundo, aquilo que os conservadores dizem que as forças populares – segundo eles, para a esquerda, quanto pior melhor –, na prática, quem pratica o quanto pior melhor são os conservadores.





Por que, na opinião do senhor, a mídia se considera inatacável, indestrutível ?



Ela se considera indestrutível porque ela tem razões para isso. Ou seja, uma das instituições que até agora vem resistindo à democratização, à republicanização do país é a imprensa. Um país moderno e democrático é um país em que não existe instituição ou pessoa com privilégio de direitos, pessoa que não seja submetida à lei. Na medida em que a democracia se implanta nos países, se reduz o número de instituições e grupos sociais que não se submete à lei. Todo mundo fica, de fato, igual diante da lei. Isso vem acontecendo gradativamente, vagarosamente, mas inapelavelmente no Brasil. Na realidade, nós temos até que as Forças Armadas hoje, no Brasil, estão mais democraticamente enquadradas, mais juridicamente contidas do que a imprensa. Hoje, é muito mais difícil para um representante das Forças Armadas violar impunemente as leis do que a imprensa.





(*) Wanderley Guilherme dos Santos é titular da Academia Brasileira de Ciências, diretor do Laboratório de Estudos Experimentais e pró-reitor de Análise e Prospectiva da Universidade Cândido Mendes, professor titular aposentado de teoria política da UFRJ e membro-fundador do Iuperj.



Seus últimos cinco livros publicados são:

Governabilidade e Democracia Natural (FGV editora, 2007)

O Paradoxo de Rousseau (Editora Rocco, 2007)

Horizonte do Desejo (Editora FGV, 2006)

O Ex-Leviatã Brasileiro (editora Civilização Brasileira, 2006)

O Cálculo do Conflito (UFMG, 2003)

segunda-feira, setembro 10, 2007

A onda golpista continua! È bom ficarmos atentos e fortes!!!!

Não é paranóia não! A coisa é séria!
Deu no BLOG do Paulo Henrique Amorin, jornalista sério e preocupado com o futuro do país!

O GOLPE CONTRA LULA CONTINUA



Paulo Henrique Amorim



Máximas e Mínimas 474


. Uma parte do Governo acha que a tentativa de golpe da mídia conservadora (e golpista) contra o Presidente Lula “se arrefeceu!” - foi o que ouvi recentemente no Palácio do Planalto.



. Outra tese - que também ouvi de um alto funcionário do Governo - é que a imprensa ia fazer a “autocrítica”.



. E a terceira “via” é abaixar a cabeça, dizer que no Brasil há liberdade de imprensa, e que numa democracia é “assim mesmo”.



. Ou seja, o Governo e o PT têm medo da mídia.



. Ou seja, o Governo e o PT têm medo da Globo.



. Como diria a professora Marilena a Chauí, “liberdade de quem?”



. Como se sabe, a mídia conservadora (e golpista) – especialmente a Rede Globo – levou a eleição para o segundo turno.

(Clique aqui para ler “O primeiro golpe já houve. Falta o segundo”)



. A reeleição esmagadora do Presidente Lula (ganhou de Alckmin com a mesma diferença com que nocauteou Serra: 61% a 39%) poderia dar a impressão de que a mídia conservadora (e golpista) ia cair na real.



. Não caiu.



. A mídia conservadora (e golpista) continua golpista e quer derrubar o presidente Lula.



. A leitura dos jornais da mídia conservadora (e golpista) neste domingo, dia 17 – Globo, Folha e Estadão – sugeriu que o Conversa Afiada fizesse um levantamento sobre o “noticiário negativo” contra o Presidente Lula, desde que começou o segundo mandato.



. Como no primeiro mandato, quando o golpe quase deu certo, de novo é uma crise atrás da outra.



. Tem a do Vavá. Não colou a do Vavá, tem a do Vevé. Não colou a do Vevé, tem a do Vivi. A do Vovó. E a do Vuvu.



. Todo dia tem uma(s) crise(s) nova(s).



. Veja o resultado. É espantoso.



(O Conversa Afiada passará a fazer este levantamento todo mês – será chamado de “O Golpe em Marcha”.)



. Parece a Venezuela.



. O Governo de um lado e a mídia toda do outro.



. Só que o Governo Lula não bate. Prefere apanhar.



. Seguia-se uma seleção de títulos de “reportagens” do Globo, da Folha e do Estadão, que configuravam, em seu conjunto, o trabalho golpista da mídia conservadora brasileira.

quarta-feira, setembro 05, 2007

O tempo- E ele não para mesmo, como dizia Cazuza!

O autor é desconhecido, mas quem me enviou este texto primoroso foi o Celso Mathias, meu bom amigo baiano que conhece o mundo pelas avessas. Do topo à toupeira. Vale a pena ler e refletir.
O tempo

Parte I
Eu sou de um tempo distante, o chamado "Tempo do Onça", tempo em que
qualquer máquina era uma geringonça...
Sou do tempo em que se amarrava cachorro com lingüiça, que, aos domingos a
gente ia à missa...
Trago lembranças bacanas das Casas Pernambucanas, das farras, no bonde
aberto, dos chapéus da Casa Alberto.
Tempo em que adultério era crime e o Flamengo.. ainda tinha time.
Do busca-pé, do rojão, sou do tempo do xarope São João!
Venho do tempo em que menino só gostava de menina, tempo do confete e
serpentina nas festas de Carnaval do Sírio, do Monte Líbano, dos bailes do
Municipal.
Sou do tempo do bicarbonato, do lançamento do Sonrisal.
Sou do tempo em que futebol era para macho, em que ninguém sossegava o facho
nos bailes de formatura, dos play-boys botando banca.
Tempo que o telefone era preto e a geladeira era branca!
Sou do tempo em que se confiava nas companhias aéreas, em que a penicilina
curava as doenças venéreas!
Sou do tempo da Rádio Nacional, do lança perfume no Carnaval, do calouro na
hora da peneira.
Tempo em que "pó" era o mesmo que poeira...
Tempo do terno risca de giz, da calça de boca apertada, da Lapa de Madame
Satã, de poder ir torcer no Maracanã
e lembrar da mãe do juiz...
Sou do tempo do "Dói-Codi", do comigo-ninguém-pode, da ditadura
envergonhada.
Sou do tempo em que "ficar" era não ir...
Tempo de permitir passeios à beira-mar.
Tempo de se curtir a vida sem medo de bala perdida, tempo de respeito pelos
pais.
Enfim, sou de um tempo ...que não volta mais...


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Parte II
Sou do tempo da brilhantina, do laquê, da Glostora, do Gumex.
O correio não tinha Sedex o que vinha era telegrama trazendo uma má
notícia...
Sou do tempo em que a polícia perseguia todo sambista que tivesse alguma
fama.
Tempo em que mulher é que usava brinco, em que as portas não tinham trinco,
e que se dizia "demorou", só pra quem chegasse atrasado...
As calças não perdiam o vinco.
Picada, era só na bunda, se aquela febre profunda não tivesse melhorado...
No meu tempo, coca era refrigerante e todo homem elegante abria a porta do
carro.
Aceitava-se qualquer cigarro sem medo de ser um novo fato.
Só preço podia ser barato
"Bicho" era só o animal.
"Cara", o rosto do pobre mortal...
Sou do tempo do tergal, do ban-lon, do terilene, da Emilinha e da Marlene no
sucesso musical.
Sou do tempo do mocinho e o vilão com cara de mau, do "reclame" de
fortificante do óleo de fígado de bacalhau.
Sou do tempo do coreto e da banda, do velho cigarro Yolanda vendido na venda
da esquina...
Sou do tempo da estricnina, veneno tão poderoso!
Sou do tempo do leite de magnésia, do sagu, do fubá Mimoso, do fosfato que
curava a amnésia.
Sou do tempo da cocoroca do tempo da Copa Roca que muita gente não viu.
Do progresso tão abrupto que todo mundo assistiu.
Porém: Político corrupto, o rato que sai da toca, Ora!... Esse, sempre
existiu!...


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Parte III
Sou do tempo em que Benjor se chamava Jorge Bem, a carne do bife era acém,
ração de cachorro era bofe.
No meu tempo, não havia estrogonofe.
Sou do tempo do tostão e do vintém, da zona com seus bordéis, programas de
dez mil réis...
Sou do tempo da Cibalena e do Veramon
Só não vi a revista Fon-fon.
Assisti filmes do Rin-tin-tin.
Sou do tempo da confeitaria Manon da magia, do pó de pirlimpimpim.
Colecionei estampas Eucalol, acompanhei o lançamento da Avon, tomei o
fortificante Calcigenol.
Sou do tempo da PRK 30, do rádio tipo capelinha, dos contos da Carochinha,
do remédio anunciado:
"Veja ilustre passageiro o belo tipo faceiro que o senhor tem a seu lado..
Mas, no entanto, acredite, quase morreu de bronquite, salvou-o o Rhum
Creosotado!".
Sou do tempo da Cafiaspirina, da compressa de antiflugestina, do bálsamo de
benguê...
Fui leitor do almanaque Tico-Tico, tempo em que trabalhador ficava rico...
Sou do tempo da Casa Cave do taco com cera Parquetina dos discursos do
Presidente Gegê.
Sou do tempo do óleo de linhaça, andei na Maria Fumaça, li muito a revista
Cruzeiro, escrevi com caneta- tinteiro,
separei o joio do trigo, vi muito vigarista na cadeia...
Só não fui garçon da Santa-Ceia.
Também, não sou assim tão antigo!...

(autor desconhecido)