segunda-feira, outubro 31, 2011

Michael Moore, o cineasta que veio da classe operaria, da seu testemunho de resistencia!!!


Viver entre os 1% - por Michael Moore, da Carta Maior

Quando se é trabalhador, de família de trabalhadores, todos cuidam de todos, e quando um se dá bem, ou outros vibram de orgulho – não só pelo que conseguiu ter sucesso, mas porque, de algum modo, um de nós venceu, derrotou o sistema brutal contra todos, que comanda um jogo cujas regras são distorcidas contra nós. Nós conhecíamos as regras, e as regras diziam que nós, ratos das fábricas da cidade, nunca conseguíamos fazer cinema, ou aparecer em entrevistas na televisão ou conseguíamos fazer-nos ouvir em palanque nacional. O artigo é de Michael Moore.

Amigos,

Há 22 anos, que se completam nesta terça-feira, estava com um grupo de operários, estudantes e desempregados no centro da cidade onde nasci, Flint, Michigan, para anunciar que o estúdio Warner Bros, de Hollywood, comprara os direitos de distribuição do meu primeiro filme, “Roger & Me”. Um jornalista perguntou: “Por quanto vendeu?”

“Três milhões de dólares” – respondi com orgulho. Houve um grito de admiração, do pessoal dos sindicatos que me cercava. Nunca acontecera, nunca, que alguém da classe trabalhadora de Flint (ou de lugar algum) tivesse recebido tanto dinheiro, a menos que um dos nossos roubasse um banco ou, por sorte, ganhasse o grande prêmio da loteria de Michigan. 

Naquele dia ensolarado de novembro de 1989, foi como se eu tivesse ganho o grande prêmio da loteria – e o pessoal com quem eu vivia e lutava em Michigan ficou eufórico com o meu sucesso. Foi como se um de nós, finalmente, tivesse conseguido, tivesse chegado lá, como se a sorte finalmente nos tivesse sorrido. O dia acabou em festa. Quando se é trabalhador, de família de trabalhadores, todos cuidam de todos, e quando um se dá bem, ou outros vibram de orgulho – não só pelo que conseguiu ter sucesso, mas porque, de algum modo, um de nós venceu, derrotou o sistema brutal contra todos, sem mercê, que comanda um jogo cujas regras são distorcidas contra nós.

Nós conhecíamos as regras, e as regras diziam que nós, ratos das fábricas da cidade, nunca conseguíamos fazer cinema, ou aparecer em entrevistas na televisão ou conseguíamos fazer-nos ouvir em palanque nacional. A nossa parte deveria ser ficar de bico calado, cabeça baixa, e voltar ao trabalho. E, como que por milagre, um de nós escapara dali, estava a ser ouvido e visto por milhões de pessoas e estava ‘cheio de massa’ – santa mãe de deus, preparem-se! Um palanque e muito dinheiro... agora, sim, é que os de cima vão ver!

Naquele momento, eu sobrevivia com o subsídio de desemprego, 98 dólares por semana. Saúde pública. O meu carro morrera em abril: sete meses sem carro. Os amigos convidavam-me para jantar e sempre pagavam a conta antes que chegasse à mesa, para me poupar ao vexame de não poder dividi-la.

E então, de repente, lá estava eu montado em três milhões de dólares. O que eu faria do dinheiro? Muitos rapazes de terno e gravata apareceram com montes de sugestões, e logo vi que, quem não tivesse forte sentido de responsabilidade social, seria facilmente arrastado pela via do “eu-eu” e muito rapidamente esqueceria a via do “nós-nós”.

Em 1989, então, tomei decisões fáceis:

1. Primeiro de tudo, pagar todos os meus impostos. Disse ao sujeito que fez a declaração de rendimentos, que não declarasse nenhuma dedução além da hipoteca; e que pagasse todos os impostos federais, estaduais e municipais. Com muita honra, paguei quase um milhão de dólares pelo privilégio de ser norte-americano, cidadão deste grande país.

2. Os 2 milhões que sobraram, decidi dividir pelo padrão que, uma vez, o cantor e activista Harry Chapin me ensinou, sobre como ele próprio vivia: “Um para mim, um para o companheiro”. Então, peguei metade do dinheiro – e criei uma fundação para distribuir o dinheiro.

3. O milhão que sobrou, foi usado assim: paguei todas as minhas dívidas, algumas que eu devia aos meus melhores amigos e vários parentes; comprei um frigorífico para os meus pais; criei fundos para pagar a universidade das sobrinhas e sobrinhos; ajudei a reconstruir uma igreja de negros destruída num incêndio, lá em Flint; distribuí mil perus no Dia de Ação de Graças; comprei equipamento de filmagem e mandei para o Vietnã (a minha ação pessoal, para reparar parte do mal que fizemos àquele país, que nós destruímos); compro, todos os anos, 10 mil brinquedos, que dou a Toys for Tots no Natal; e comprei para mim uma moto Honda, fabricada nos EUA, e um apartamento hipotecado, em Nova York.

4. O que sobrou, depositei numa conta de poupança simples, que paga juros baixos. Tomei a decisão de jamais comprar ações. Nunca entendi o cassino chamado Bolsa de Valores de Nova York, nem acredito em investir num sistema com o qual não concordo.

5. Sempre entendi que o conceito do dinheiro que gera dinheiro criara uma classe de gente gananciosa, preguiçosa, que nada produz além de miséria e medo para os pobres. Eles inventaram meios de comprar empresas menores, para imediatamente as fechar. Inventaram esquemas para jogar com as poupanças e reformas dos pobres, como se o dinheiro dos outros fosse dinheiro deles. Exigiram que as empresas sempre registassem lucros (o que as empresas só conseguiram porque despediram milhares de trabalhadores e acabaram com os serviços de saúde pública para os que ainda tinham empregos). Decidi que, se ia afinal ‘ganhar a vida’, teria de ganhá-la com o meu trabalho, o meu suor, as minhas ideias, a minha criatividade. Eu produziria produtos tangíveis, algo que pudesse ser partilhado com todos ou de que todos gostassem, como entretenimento, ou do qual pudessem aprender alguma coisa. O meu trabalho, sim, criaria empregos, bons empregos, com salários decentes e todos os benefícios de assistência médica.

Continuei a fazer filmes, a produzir séries de televisão e a escrever livros. Nunca iniciei um projecto pensando “quanto dinheiro posso ganhar com isso?”. Nunca deixei que o dinheiro fosse a força que me fizesse fazer qualquer coisa. Fiz, simplesmente, exatamente o que queria fazer. Essa atitude ajuda a manter honesto o meu trabalho – e, acho, ao mesmo tempo, que resultou em milhões de pessoas que compram bilhetes para assistir aos meus filmes, assistem aos programas que produzo e compram os meus livros.

E isso, precisamente, enlouqueceu a direita. Como é possível que alguém da esquerda tenha tanta audiência no ‘grande público’?! Não pode ser! Não era para acontecer (Noam Chomsky, infelizmente, não vai aparecer no Today View de hoje; e Howard Zinn, espantosamente, só chegou à lista dos mais vendidos do New York Times depois de morto). Assim opera a máquina dos meios de comunicação. Está regulada para que ninguém jamais ouça falar dos que, se pudessem, mudariam todo o sistema, para coisa muito melhor. Só liberais sem personalidade, que vivem de exigir cautela e concessões e reformas lentas, aparecem com os nomes impressos nas páginas de editoriais dos jornais ou nos programas da televisão aos domingos.

Eu, de algum modo, encontrei uma brecha na muralha e meti-me por ali. Sinto-me abençoado, podendo viver como vivo – e não ajo como se tudo fosse garantido para sempre. Acredito nas lições que aprendi numa escola católica: que se tens sucesso, maior é a tua responsabilidade por quem não tenha a mesma sorte. “Os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos.” Meio comunista, eu sei, mas a ideia é que a família humana existe para partilhar com justiça as riquezas da terra, para que os filhos de Deus passem por esta vida com menos sofrimento.

Dei-me bem – para autor de documentários, dei-me super bem. Isso, também, faz enlouquecer os conservadores. “Você está rico por causa do capitalismo!” – gritam. Hummm... Não. Não assistiram às aulas de Economia I? O capitalismo é um sistema, um esquema ‘pirâmide’ que explora a vasta maioria, para que uns poucos, no topo, enriqueçam cada vez mais. Ganhei o meu dinheiro à moda antiga, honestamente, fabricando produtos, coisas. Nuns anos, ganho uma montanha de dinheiro, noutros anos, como o ano passado, não tenho trabalho (nada de filme, nada de livro); então, ganho muito menos. “Como é que você diz que defende os pobres, se você é rico, exatamente o contrário de ser pobre?!” É o mesmo argumento de quem diz que, “Você nunca fez sexo com outro homem! Como pode ser a favor do casamento entre dois homens?!"

Penso como pensava aquele Congresso só de homens que votou a favor do voto para as mulheres, ou como os muitos brancos que foram às ruas, marchar com Martin Luther Ling, Jr. (E lá vem a direita, aos gritos, ao longo da história: “Hei! Você não é negro! Você nem foi linchado! Por que está a favor dos negros?!”). Essa desconexão impede que os Republicanos entendam por que alguém dá o próprio tempo ou o próprio dinheiro para ajudar quem tenha menos sorte. É coisa que o cérebro da direita não consegue processar. “Kanye West ganha milhões! O que está a fazer lá, em Occupy Wall Street?!”. Exatamente – lá está, exigindo que aumentem os impostos a ele mesmo. Isso, para a direita, é definição de loucura. Todo o resto do mundo somos muito gratos que gente como ele se tenha levantado, ainda que – e sobretudo porque – é gente que se levantou contra os seus interesses pessoais financeiros. É precisamente a atitude que a Bíblia, que aqueles conservadores tanto exaltam por aí, exige de todos os ricos.

Naquele dia distante, em novembro de 1989, quando vendi o meu primeiro filme, um grande amigo meu disse o seguinte: “Eles cometeram um erro muito grave, ao entregar tanto dinheiro a um sujeito como tu. Essa massa fará de ti um homem perigosíssimo. É prova do acerto do velho dito popular: ‘Capitalista é o sujeito que te vende a corda para se enforcar a ele mesmo, se achar que, na venda, pode ganhar algum dinheiro.”

Atenciosamente,

Michael Moore

MMFlint@MichaelMoore.com
27/10/2011

Tradução do coletivo da Vila Vudu

sexta-feira, outubro 28, 2011

Crise ambiental e do capitalismo!!!


Verdadeiros motins eclodem nas principais praças onde floresceu e dominou o capitalismo.   O sistema financeiro cresceu tanto que sufocou a produção e por fim o consumo. Jovens, pais de família, desempregados e excluídos de tudo ocupam Wall Street, a City de Londres e outras capitais europeias. Na Grécia, em Portugal e na Espanha os trabalhadores tomam a frente e dirigem os protestos.
Enfim, a crise do capitalismo é forte, latente e expansionista e os partidos e organizações revolucionarias, com pouquíssimas exceções, não estão à altura de responder aos anseios da humanidade e da história. Mas de qualquer forma se gesta a revolta e dai vai inevitavelmente desembocar na Revolução que trará bem estar, justiça e paz a humanidade.
Abaixo, artigo do amigo e revolucionário Celso Lungaretti, postado em seu blog e reproduzido aqui, alerta para uma outra questão vital dentro da crise geral do capitalismo. A destruição do meio ambiente:


CATÁSTROFE AMBIENTAL SERÁ A CRISE DEFINITIVA DO CAPITALISMO?

Celso Lungaretti (*)


"A grande crise do capitalismo virá quando chegar a catástrofe ambiental. Penso que haverá desastres cada vez mais frequentes e profundos. Haverá um momento de virada na história, uma espécie de barbárie ou alguma forma de regulação global dos mercados. (...)

Não sei quando isso acontecerá, mas essa será a crise de fundo do capitalismo: destruir as condições de sua própria existência, destruindo o ambiente, modificando condições que nunca deveriam ter sido modificadas."
A previsão é de Michael Burawoy, presidente da Associação Internacional de Sociologia, em interessante entrevista à repórter Eleonora de Lucena, da Folha de S. Paulo.
Fez-me lembrar a tese soturna de Friedrich Engels: se uma classe dominante consegue perpetuar relações de produção condenadas, que estão travando o desenvolvimento das forças produtivas, acaba ensejando o advento da barbárie.
Assim, quando a escravidão se tornou anacrônica e contraproducente, era Spartacus e seus gladiadores que encarnavam a possibilidade de, mediante sua extinção, o Império Romano ascender a um degrau superior de civilização. Ao derrotá-los, Roma tirou de cena os únicos sujeitos históricos capazes de darem uma resposta positiva à contradição existente.
Detida a revolução que a transformaria  por dentro, fazendo-a evoluir, sobreveio a estagnação, o enfraquecimento e, finalmente, a destruição por parte dos que vinham  de fora  e expressavam um estágio de desenvolvimento há muito superado por Roma. O relógio da História andou para trás.

Agora, podemos estar diante de uma situação semelhante. O capitalismo se torna cada vez mais pernicioso e destrutivo, porque esgotou seu papel histórico e tem sobrevida parasitária. 

Desenvolveu enormemente as forças produtivas, permitindo que a humanidade finalmente ultrapassasse a barreira da necessidade; hoje estão dadas as condições para a produção de tudo aquilo de que cada habitante do planeta necessita para uma existência digna.
Mas, tendo como prioridade máxima o lucro e não o atendimento das necessidades humanas, desperdiça criminosamente tal potencial, impõe uma desnecessária e embrutecedora penúria a parcela considerável da humanidade, provoca turbulências econômicas cada vez mais frequentes, multiplica as agressões ambientais e malbarata os recursos naturais finitos dos quais depende a sobrevivência de nossa espécie.
Por enquanto, graças aos mimos que proporciona aos que participam do sistema (ao preço da exclusão de tantos outros seres humanos), à avassaladora eficiência tecnológica e à manipulação científica das consciências por parte de sua nefanda indústria cultural, tem conseguido evitar a revolução -- cada vez mais necessária e premente. Até quando?
Marcuse acreditava numa resposta provinda de quem estivesse fora do sistema, não submetido à sua lógica unidimensional, que exclui alternativas e veda o espírito crítico.
É exatamente o que começa a suceder, como, aliás, está bem caracterizado nestas outras afirmações do sociólogo Burawoy (foto abaixo):
"Estive em Barcelona e vi os indignados. Agora também em Wall Street. São muito similares. Resistem a se engajar no sistema político, em levantar temas políticos...
Todos esses movimentos refletem uma era de exclusão. (...) O centro de gravidade desses movimentos são os excluídos, os desempregados, estudantes semiempregados, juventude desempregada, até membros precários da classe média. É um conglomerado de grupos diferentes todos vivendo um estado de precariedade porque foram excluídos da possibilidade de ter uma posição estável [dentro do sistema, pois esta se tornou] um privilégio para poucos.

...É um movimento muito fluido e flexível. (...) Há espontaneidade, flexibilidade. É fascinante. Aparecer, desaparecer. É parte de sua força e de sua fraqueza.
...os participantes são de esquerda, são radicais democratas participativos, que preferem estruturas horizontais a verticais. Protestam contra o capitalismo que enxergam ao seu redor".
Mas, esses pequenos Davis serão suficientes para derrotar o terrível Golias dos dias atuais? Provavelmente, não.
No entanto, a barbárie também ronda as fronteiras do império -- não mais na forma de contingentes humanos, mas sim das forças de destruição que o capitalismo engendrou contra si, mas se abaterão sobre nós todos.
Então, as catástrofes ambientais que assolarão o planeta nas próximas décadas devem forçar os homens a unirem-se na luta pela sobrevivência. Será o momento em que, obrigados a tomar seu destino nas mãos, poderão dar um novo rumo à economia e à sociedade, que vão ser obrigados a reconstruir.
O certo é que, lembrando a canção célebre de Neil Young, estamos saindo do azul e entrando nas trevas.
Quiçá saiamos delas regenerados.
* jornalista e escritor. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com

sexta-feira, outubro 21, 2011

Intelectual, cientista, ativista americano, Noan Chomsky, põe o dedo na ferida do Império Americano!!

Noan Chomsky



PALESTINOS.IMPESSOAS. LIVRES!

AO ANALISAR TROCA DE PRISIONEIROS HAMAS-ISRAEL, NOAN CHOMSKY SUSTENTA:

ELITES OCIDENTAIS E MIDIA TRATAM 3/5 DO PLANETA COMO SUB-HUMANOS!


Depoimento a Amy Goodman, do Democracy Now | Tradução: Antonio Martins

Noam Chomsky, professor emérito do Massachussets Institute of Technology (MIT), linguista mundialmente renomado e ativista politico, falou segunda-feira (17/10) à noite no Barnard College, em Nova York, sobre o conflito entre Israel e Palestina. Poucas horas antes, as duas partes haviam completado uma troca histórica de prisioneiros. O soldado israelense Gilad Shalit voltou para casa, depois de cinco anos no cativeiro em Gaza. Em contrapartida, Israel libertou 477 prisioneiros palestinos. Outros 550 estarão livres em dois meses. Quarenta dos prisioneiros serão deportados para Síria, Qatar, Turquia e Jordânia.

Na terça-feira (18/10), houve celebração gigantesca em Gaza. Grupos de apoio aos palestinos aprisionados frisam que mais de 4 mil permanecem no cárcere em Israel.
Horas antes de sua conferência, Chomsky foi entrevistado por Amy Goodman, do site “Democracy Now”. “Penso que o soldado israelense Gilad Shalit deveria ter sido libertado muito tempo atrás”, disse ele. Mas provocou: “Falta algo nesta história. Não há imagens das mulheres palestinas e nenhuma discussão sobre a história dos palestinos libertados. De onde eles vêm?”

Noan Chomsky põe o dedo na ferida!!

Para explicar este ocultamento, Chomsky usou um neologismo poderoso e terrível: impessoas. A legislação dos Estados Unidos e da maior parte dos países ocidentais conserva princípios jurídicos democráticos. Porém, para ele, três décadas de retrocessos políticos e culturais reinstituíram uma forma ideológica de racismo que era comum no período da caça aos índios, ou da escravidão. É como se a parte não-branca da humanidade estivesse excluída dos das garantias civis, por ser sub-humana. Este retrocesso explicaria, por exemplo, a campanha de execuções praticada por Washington, em várias partes do mundo, por meio de aviões não-tripulados. E tornaria ainda mais indispensável a onda de rebeldia “contra políticos e banqueiros”, que se espalha precisamente nos países onde o retrocesso é mais grave. Ou mesmo vitórias parciais, como a libertação dos 477 prisioneiros palestinos e do soldado Gilad Shalit.

Leia, a seguir, a fala de Chomsky a “Democracy Now” – que inclui, quase ao final, curiosa menção ao Brasil….

Há cerca de uma semana, o New York Times publicou uma matéria intitulada “O Ocidente celebra a morte de um clérigo”. Era Anwar al-Awlaki, morto por um avião não-tripulado (drone). Não foi apenas morte: foi assassinato, e outro passo a mais na campanha global de assassinatos do governo Obama, que está quebrando recordes em matéria de terrorismo internacional.

Bem, nem todo o Ocidente celebrou. Houve alguns críticos. Quase todos criticam a ação pelo fato de Awlaki ser um cidadão norte-americano. Ou seja, ele era uma pessoa, ao contrário de suspeitos que são assassinados intencionalmente ou por “dano colateral”. Significa que os tratamos como formigas em que se pisa quando se anda pela rua. Não são cidadãos norte-americanos – portanto, são impessoas, e podem ser livremente mortos.

Alguns lembrarão – se tiverem boa memória – que havia um conceito jurídico anglo-saxão chamado “presunção de inocência”. Todos éramos inocentes até prova em contrário em juízo. Ele está tão mergulhado na história que é quase impossível resgatá-lo – mas de fato, existiu. Alguns dos críticos ao assassinato lembraram a Quinta Emenda à Constituição norte-americana, segundo a qual nenhuma pessoa – “pessoa”, atentem – será privada da vida, liberdade ou propriedade sem o devido processo legal. Bem, é claro que nunca se pretendeu aplicar a emenda a impessoas.

E há impessoas de diversas categorias, Em primeiro lugar, a população indígena, seja nos territórios já então possuídos ou nos seria conquistados depois. O princípio não se aplicava a eles. E, é claro, não valeu para os negros e não-brancos, que constituem três quintos da população do planeta.Esta segunda categoria de impessoas foi, em tese, promovida pela 14ª Emenda. Essencialmente com as mesmas palavras da Quinta Emenda, ela passava a incluir os antigos escravos negros. Bem, ao menos em teoria. Na prática, quase não aconteceu. Depois de aproximadamente dez anos, os três quintos da espécie foram reconduzidos à categoria de impessoas pela criminalização segregacionista da vida negra. Em essência, ela restabeleceu a escravidão – talvez em condições até piores – e estendeu-se até a Segunda Guerra Mundial. E está sendo reinstituída agora, depois de trinta anos de severo retrocesso moral e social nos Estados Unidos.

Leis, ora, as leis!!

Bem, a 14ª Emenda está sendo vista agora como problemática. O conceito de pessoa era ao mesmo tempo muito amplo e muito estreito. As cortes trabalharam para superar ambos os problemas. O conceito de pessoa foi ampliado para incluir ficções legais, criadas e conservadas pelo Estado, que são chamadas de corporações; e foi estreitado para excluir alienígenas indocumentados. Isso vem até o presente: casos recentes da Suprema Corte deixa claro que as corporações não apenas são pessoas, mas pessoas com direitos bem superiores às de carne e osso: um tipo de superpessoas. Os mal-chamados “acordos de livre comércio” deram-lhes direitos assombrosos. E, é claro, a Suprema Corte acrescentou alguns.

Mas a necessidade crucial era assegurar que a categoria de impessoas incluísse os que escaparam dos horrores que criamos na América Central e México, e tentam chegar aqui. Eles não são pessoas, são impessoas. Isso inclui, é claro, os estrangeiros, especialmente se acusados do terror . É, aliás, um conceito que passou por uma transformação interessantíssima desde 1981, quando Ronald Reagan chegou ao governo e declarou a guerra global ao terror – GWOT, na terminologia fantasiosa de hoje. Não vou me aprofundar no assunto, exceto para um breve comentário sobre como o termo é usado atualmente, quase de modo imperceptível.

O garoto simbolo das impessoas!!

Tomemos, por exemplo, Omar Khadr. É um garoto de quinze anos, um canadense. Foi acusado de um crime muito severo – ou seja, a tentativa de defender seu povoado no Afganistão contra invasores norte-americanos. É, óbvio, um crime grave praticado por um terrorista perigoso. Por isso, Omar foi enviado primeiro para a prisão secreta de Bagram, depois para Guntánamo, por oito anos. Foi considerado culpado de alguns crimes. Todos sabemos o que isso significa. Quem quiser, pode obter alguns detalhes na própria Wikipedia – ou mais, em outras fontes.

Omar declarou-se culpado de alguns crimes e foi condenado a mais oito anos. Poderiam ser mais – até trinta – se não tivesse confessado a culpa. Afinal de contas, é um crime grave. Como ele é canadense, o país poderia requerer sua extradição. Mas recuou, com a coragem que lhe é peculiar. Não querem ofender o chefe, compreensivelmente.
Bem, o crime de resistência à agressão não é uma nova categoria de terrorismo. Talvez alguns de vocês sejam velhos o suficiente para lembrar do slogan “terror contra o terror”, que foi usado pela Gestapo, e que nós recuperamos. Nada disso desperta interesse, porque todas as vítimas pertencem à categoria de impessoas.

Para voltar a nosso assunto, o conceito de impessoas é central no debate desta noite. Os judeus israelenses são pessoas; os palestinos, impessoas. E muitas consequências emergem daí, como se vê frequentemente. Tenho comigo umclipping do New York Times. Matéria de capa de quarta-feira, 12 de Outubro: “Acordo com Hamas libertará israelenses preso desde 2006”. É Gilad Shalit. E bem próxima à matéria, uma imagem de quatro mulheres quase em agonia pela sorte de Gilad. “Amigos e apoiadores da família do sargento Gilad Shalit recebem informação sobre o acordo, na tenda de protesto da família, em Jerusalém”, é a legenda.

Prisões secretas!

É compreensível. Penso que o soldado deveria ter sido libertado há muito tempo. Mas falta algo em toda esta história. Não há imagens das mulheres palestinas, nem discussão alguma sobre a história dos palestinos que serão libertados. De onde vêm?

Haveria muito a dizer sobre isso. Não sabemos, por exemplo – ao menos, não consegui ler no NYTimes – se a libertação inclui os palestinos – as autoridades palestinas eleitas – que foram sequestradas e aprisionadas por Israel em 2007, quando os Estados Unidos, a União Europeia e Israel decidiram dissolver o único parlamento eleito livremente no mundo árabe. A este gesto, chamou-se “promoção da democracia”.

Não sei o que aconteceu com eles. Há mais gente mantida na prisão exatamente há tanto tempo quanto Gilad Shalit – na verdade, um dia a mais. Na véspera da captura do soldado, na fronteira, as tropas de Israel entraram em Gaza, sequestraram dois irmãos – os irmãos Muamar – e fizeram-nos atravessar a fronteira, evidentemente numa violação às Convenções de Genebra. Eles desapareceram no sistema prisional de Israel. Eu não tenho a mínima ideia sobre o que lhes aconteceu: nunca li uma palavra sobre isso. Tanto quanto eu saiba, ninguém se importa, o que é compreensível. Afinal de contas, impessoas.

O que quer que pensemos sobre a captura do soldado – um membro de um exército agressor –, o sequestro de civis é um crime muito mais severo. Mas apenas se fossem pessoas. O assunto realmente não tem importância. Não é que seja ignorado. Você consulta os jornais do dia seguinte à captura dos irmãos Muamar e lê algumas linhas, aqui e ali. Mas é insignificante, claro – o que faz algum sentido, já que há milhares de palestinos nas prisões israelenses, muitos sem acusação.

Além disso, há o sistema de prisões secretas — como a Facility 1391, se você quiser pesquisar na internet. É uma prisão secreta, ou seja, certamente uma câmara de torturas, em Israel. Quando foi descoberta, houve vasta reportagem no país, assim como na Inglaterra e no resto da Europa. Mas não vi uma linha nos Estados Unidos, ao menos nos meios que as pessoas leem mais frequentemente. Escrevi sobre o tema, assim como alguns outros. Mas são, outra vez, impessoas, e naturalmente ninguém se importa. O racismo é tão profundo que se converte em algo como o ar que respiramos: não o notamos, ele permeia tudo.

O título da fala de hoje [Os Estados Unidos e Israel-Palestina: Guerra e Paz] tem certa ambiguidade. Poderia ser interpretado, erroneamente, como algo que confirma a imagem convencional das negociações. Os Estados Unidos interessados aqui, e duas forças recalcitrantes lá. Os EUA como um jogador sereno, tentando reunir dois grupos militantes e difíceis, que não parecem capazes de falar um com o outro. É uma versão inteiramente falsa. Se houvesse alguma negociação séria, ela seria organizada por uma parte neutra – talvez, o Brasil. De um lado, teríamos os Estados Unidos e Israel. De outro, o mundo. É rigorosamente verdadeiro. Mas é uma destas coisas infaláveis.

quinta-feira, outubro 20, 2011

UMA VISITA SENTIMENTAL AS TERRAS CAPIXABAS!!!



NO ESPIRITO SANTO, ATRAVESSEI E CURTI OS DOIS LADOS DA PONTE!!

Realizei nos ultimos dez dias uma viagem sentimental e porque não, politica também, pelo meu querido Espirito Santo. Encontrei o mesmo povo simpático e acolhedor e um Estado em plena efervecencia econômica e infelizmente politicamente apático, em função da perniciosa hegemonia politica exercida há mais de 10 anos pelo grupo do ex-governador Paulo Hartung e seus acólitos.

Mas a tendência neste campo é mudar, até porque os grupos(vide a família Mauro) e partidos escamoteados do poder central e satelizados, tendem a reagir por conta das eleições municipais do próximo ano. Todos querem visibilidade e espaço para crescer, inclusive o nosso glorioso PCdoB. Mas isto veremos com o desenrolar das articulações que já se iniciaram. Agora é trabalhar e dar tempo ao tempo.

Os amigos

Mas queria mesmo era ver os meus queridos e solidários amigos. Ví logo no primeiro dia, nosso camarada Nilo Walter e a Sandrinha Rangel, de Itapoã, em Vila Velha. Depois fui ver meu querido amigo e companheiro de velhas guerras vencidas e a vencer, Carlos Fernando e sua imbatível companheira Paula Leonardo(fotos abaixo), em Marataizes. Grande alegria em ver Carlos Fernando lutando bravamente para vencer as agruras de sua doença com ajuda da Paulinha e mais animado e com a cabeça a mil.
Carlos Fernando e Dino Graccio
Paulinha, companheira e guardiã de Carlos Fernando

Depois revi, após muitos anos, Walter Araujo, antigo companheiro de Partido, tocando com sucesso seus negócios e preocupado em articular mais espaço para atuação institucional do Partido no Estado. Tambem foi me ver no “Hotel Camburão” o inefável Dino Graccio,(na foto acima com Carlos Fernando) com sua sempre imbatível verve e se tornando cada vez mais um artista plástico de respeito e cheio de planos e sonhando com a volta do inesquecível jornal “Araponga”.

Sempre presente

Andou comigo e me protegeu nos dias que estive por lá, com sua lealdade de sempre, o Luiz Antonio, conhecido como “Abobrão”. Estive e troquei idéias e planos com o sempre amigo e camarada Gildo Ribeiro. Vi também Vanda Gasparini e o inefável Ronaldo Montalvão. Vi brevemente, mas com prazer, Marcos Monjardim, agora feliz porque vai ser papai novamente e sua bela esposa.

Fui ver a minha sogra, mãe da minha sempre querida companheira Polyana, dona Creusa, meu cunhado Wellisson e sua irmã Paula e ainda a promissora sobrinha Raniere, lá em Fundão, sempre “Fundão dos Indios”. Mas faltou tempo para estar com os camaradas Luiz Palauro e nosso camarada prefeito da cidade, o promissor Anderson.

Estive também com Radagasio, tio da Polyana e figura impar e simpática. Comemos juntos em sua casa no bairro da Glória em Vila Velha, um belo churrasco e degustamos um garrafa de uísque numa tarde agradabilíssima.

Minha memória ia me traindo e quase esqueço de citar figuras impares: Carlito Osório, o veterano comunista que após anos afastado, esta voltando ao seu lar, o PCdoB. Tivemos eu, ele e sua filha a fotógrafa Carla Osório e seu neto Igor, um lauto e agradavel almoço à beira da Praia. E outro, "ex" comunista, hoje, sei lá o que, mas ótima e civilizada pessoa, o academico Fernandão Herkenhof, a quem infelismente não deu tempo de ver pessoalmente e prosear sobre as coisas e as voltas que o Mundo da!

Conheci pessoalmente Fernando Claro e sua mulher Sandra, a quem nutria uma longa amizade apenas virtualmente e os adorei. Este Claro tem muito a iluminar este Espirito Santo cheio de guetos escuros, agora que pode exercer livremente sua profissão de advogado.

Fui a Santa Cruz na casa “santuário” ecológico, do Chico Martins, irmão dos amigos e camaradas Carlos Umberto e João Martins. Outro dia agradável! Um almoço simples e muita conversa, além de conhecer os avanços do Chico em seus trabalhos com cerâmica artística. E com o meu cineasta, artista plastico e amigo,Tião Fonseca. Sempre cheio de planos e batalhas a batalhar.

Fui a Barra do Jucu, terra da magia, do som dos tambores do Congo e das novas bandas regeeiras, para ver o grande jornalista, parte da história da imprensa capixaba, Pedro Maia, com quem almoçamos um belo peixe no “Marébaixa”. E não poderia deixar de lado, a visita ao apartamento acolhedor do Coronel Klinger Sobreira de Almeida, diretor do Grupo Aguia Branca, escritor e amigo de todas as horas. Momentos agradáveis ao lado de sua esposa Maria, poetisa e cantora das mais sensíveis.

Faltou ver muita gente

Enfim, foram dez dias de muita conversa, troca de afagos e matança de saudades. Só senti não ter podido estar com meu amigo, companheiro e “guru”, Ruy Ribeiro Crespo. Tinhamos tanto a falar e experiencias a trocar e saudades a resgatar, mas uma doença na família dele, impediu nosso encontro. Agora é arranjar um tempo para ir lá só para estar com ele e dividir e aproveitar sua abrangente e vital energia positiva.

Deixei de ver também meu velho amigo e companheiro Max Mauro, Joel Rangel, o grande Iran Caetano, sempre ocupado por seus plantões hospitalares, Antonio Gurgel, o Eugenio querido, Anderson Falcão, hoje ocupada autoridade municipal em Vila Velha, o artista Carlos Luz, o Zé Maria e o Tadeu Paiva, que morando agora em Piuma me dificultou ve-lo. O Antonio Carlos Lacerda, também não consegui encontrar.

Faltou ver ainda o combativo advogado e amigo solidário em todas as horas, Homero Mafra Junior, agora dirigindo audaciosamente a OAB/ES, os irmãos Chieppe. Nilton, Luiz Wagner, Aylmer,Renan, amigos de sempre e empreendedores de sucesso e muita gente mais.

Ouros amigos e companheiros aqui não citados, mas não esquecidos, vou tentar por todos os meios nos ver na minha próxima visita a esta abençoada e tão maltratada terra do Espirito Santo. Até breve a todos que vi e não vi!!!!

quarta-feira, outubro 19, 2011

Quem for a Vitória, no Espirito Santo, evite o Hotel Camburi!!!!

Praia de Camburi, em Vitória é linda! Mas evitem o Hotel Camburi!!!!


Acabei de chegar a Brasilia, nesta terçá-feira, dia 19, vindo do Espirito Santo, onde fui visitar amigos queridos e tentar ajudar companheiros do Partido a conseguirem seus pleitos. Viagem exitosa e boa, não fosse o hotel onde fiquei hospedado a partir de uma reserva feita pela “Decolar.com” e que eu não tinha como cancelar porque já havia pago.

HOTEL CAMBURI, bem na praia mais bonita e praticamente a única da cidade, a Praia de Camburi. O lugar devia se chamar ”HOTEL CAMBURÃO”, tal o abandono que a família proprietária, os Perin, dona de outros dois bons hotéis na cidade, deixou aquele hotel em frente ao mar.

As televisões dos apartamentos, mais pareciam tocadas a lenha tão velhas estão. Os telefones também do tempo do “onça”, velhos e com defeitos. Sem serviço de copa a noite para atender os hóspedes. O mobiliário velho e desgastado, enfim, um caos, apesar da boa vontade dos funcionários que tentam naquela porcaria, dar bom atendimento e atenção aos hospedes que inadvertidamente caem naquela “arapuca”.

Espero que a “Decolar.com” e os Perins, se tiverem conhecimento deste post, tomem providencias. Senão, minha gente, vão para alguma pousada e para outros bons hotéis que Vitória , Vila Velha e até Serra, ali ao lado, oferecem. Tenho dito!!!

terça-feira, outubro 18, 2011

MARIGHELLA-Filme documentário é lançado em Festival do Rio de Janeiro!!!

Carlos Marighella-Um herói brasileiro!!!

"Eu queria entender o que levou uma pessoa – e toda uma geração – a abrir mão de forma radical de todos os confortos, entregando a vida a uma utopia de Brasil". - Isa Grinspum Ferraz. diretora do filme e sobrinha de Marighella.

Marighella com a familia, numa casa do suburbio carioca onde vez ou outra se refugiava.



Se ainda fosse vivo, o líder revolucionário Carlos Marighella completaria em dezembro 100 anos. Morto em São Paulo, em 1969, numa emboscada comandada pelo delegado Sérgio Fleury, o baiano se tornou um dos maiores ícones da esquerda no Brasil, principalmente pelo papel que teve na luta armada contra a Ditadura Militar no país.

Para homenagear o revolucionário e marcar o centenário do seu nascimento, foi lançado no Festival do Rio o documentário "Marighella", dirigido por sua sobrinha, Isa Grinspum Ferraz (O Povo Brasileiro, 2011). Em entrevista ao Cartaz de Cinema, a diretora falou sobre o processo de produção do filme, a sua convivência com o tio, a parceria com Mano Brown na trilha sonora e disse que pretende inserir o longa no circuito comercial no ano que vem.

Como foi realizar esse documentário sobre uma figura tão emblemática da história brasileira e com quem mantinha um laço familiar?

De certa forma, esse filme é uma dupla "prestação de contas": com a minha história pessoal e com a história do país, que relegou Marighella à sombra. A vida de Marighella é uma verdadeira saga: ele militou ininterruptamente de 1932 a 1969, quando foi assassinado em uma rua de São Paulo. Teve um papel importante na vida política brasileira do século XX, sempre dialogando com o seu tempo. Mulato baiano, pobre, poeta, desde cedo combateu as desigualdades sociais. Foi um homem de ação, que lutou contra a ditadura Vargas, foi deputado constituinte, tentou mudar o país de mil formas ao longo de toda a sua vida. E morreu por isso. Mas toda essa trajetória de Marighella ficou apagada, ofuscada por sua militância dos anos finais - aliás pouquíssimos anos - nos quais ele radicalizou e optou pela luta armada para combater a ditadura militar brasileira. E mesmo sobre esse período também se sabe pouco. O que ficou foi um nome estigmatizado, o de um assassino frio, um aventureiro meio louco. A história do Brasil ainda deve ser contada direito.



Voce chegou a conviver com seu tio Carlos Marighella?

Sim, convivi com ele até a sua morte. Ele era casado com uma irmã de minha mãe, Clara Charf, e ficava muito em nossa casa, desde que eu nasci. Eu não associava seu rosto às fotos dos jornais, revistas e aos cartazes de procura-se que havia por toda parte. Pra mim, ele era um tio queridíssimo, que brincava comigo e meus irmãos, que era alegre e engraçado, e que aparecia e sumia periodicamente. O filme se estrutura sobre essa oposição entre a minha visão de criança e a ação política de Marighella na vida do país.

Marighella já havia sido tema de um documentário bem repercutido de Silvio Tendler, aqui no Brasil. O que podemos esperar de novo no seu filme?

A vida de Marighella é tão rica e densa que comporta vários recortes. O Silvio teve um olhar, Chris Marker teve um outro, eu tenho um terceiro. E muitos ainda surgirão. Aliás, assim espero. De certa forma, esse filme é o "meu" Marighella, está pontuado por minha experiência pessoal e por minha intensa procura, desde criança, por conhecer mais sobre ele e entender melhor os mistérios que o cercavam. Isso é um diferencial. Mas acho que o fato de eu ser sobrinha fez também com que os meus entrevistados ficassem mais à vontade. Eles foram muito generosos. O material captado é excepcional, de uma sinceridade e grandeza humana impressionantes. Eu queria entender. Eu queria investigar profundamente o que levou uma pessoa – e toda uma geração – a abrir mão de forma radical de todos os confortos, entregando a vida a uma utopia de Brasil. É cada vez mais difícil – e falo de todas as gerações que vieram depois dos anos 60/70 – compreender isso. É só dentro do contexto do Brasil e do mundo naquele momento que podemos nos aproximar de uma resposta. Mas em verdade não são respostas o que o filme dá. Ele apenas joga luz sobre um personagem. E através dele, sobre um período do nosso país.

Como surgiu a parceria com Mano Brown, para a trilha?

Eu queria trazer Marighella para os dias de hoje. Por um lado, suas inquietações ainda fazem sentido: o Brasil não conseguiu resolver grande parte dos problemas mais dramáticos que nos acompanham desde sempre. Ainda estão aí a injustiça social, a desigualdade, o preconceito, a educação de baixa qualidade, a falta de acesso democrático aos bens culturais, etc. Hoje o que vale é o consumo ligeiro, a qualquer preço. Esses são temas que Mano Brown, com seu rap cortante, tematiza hoje para o público de hoje. E faz isso de dentro, com a força de quem sabe do que está falando, e com uma carga poética extraordinária. Por outro lado, a linguagem dele encarna um outro olhar, novo, e eu também queria isso no filme. Minha vontade é abrir essas questões para mais gente, fazendo pensar sobre o futuro desse país. Mano Brown trouxe uma contribuição marcante para o filme.


Há alguma previsão de estreia no Nordeste?

Nossa idéia é lançar o filme comercialmente no início do ano que vem em vários lugares do país. Vamos atrás disso.


Fonte: Ricardo Felix(Brigadas Populares), Cartaz de Cinema e Rede Democrática

Tudo esta fora da Ordem!!! O CAPITALISMO DESMORONA EM TODO MUNDO!!!!

Manifestação popular anticapitalista em Roma-Italia



Diante dos terremotos que abalam o mundo, Ignacio Ramonet propõe a reinvenção da política para reencantar os seres humanos

Por Ignacio Ramonet, Le Monde Diplomatique en español
Tradução: Daniela Frabasile


Agora que os atentados de 11 de setembro acabam de completar uma década, e passados três anos da quebra do banco Lehman Brothers, quais são as características do novo “sistema-mundo”?

A regra vigente hoje em dia é a dos terremostos. Terremotos climáticos, terremotos financeiros, terremotos nas bolsas de valores, terremotos energéticos e alimentares, terremotos comunicacionais e tecnológicos, terremotos sociais e geopolíticos, como os que causaram as insurreições da “Primavera Árabe”…

Existe uma falta de visibilidade geral. Acontecimentos imprevistos irrompem com força sem que nada — ou quase nada — os faça emergir. Se governar é prever, vivemos uma evidente crise de governança. Os dirigentes atuais não conseguem prever nada. A política se revela impotente. O Estado que protegia os cidadãos deixou de existir. Existe uma crise na democracia representativa: “não nos representam”, dizem com razão os “indignados”. As pessoas constatam a falência da autoridade política e reclamam que ela volte a assumir seu papel de condutora da sociedade, por ser a única que dispõe da legitimidade democrática. Insistem na necessidade de que o poder político limite o poder econômico e financeiro. Outra constatação: uma carência de liderança política em escala nacional. Os líderes atuais não estão a altura dos desafios.

Os países ricos (América do Norte, Europa e Japão) padecem do maior terremoto econômico-financeiro desde a crise de 1929. Pela primeira vez, a União Europeia vê ameaçada sua coesão e sua existência. E o risco de uma grande recessão econômica debilita a liderança internacional da América do Norte, ameaçada também pelo surgimento de novos pólos de poder (China, Índia, Brasil) em escala internacional.

Em discurso recente, o presidente dos Estados Unidos anunciou que dava por terminadas “as guerras do 11 de setembro” — ou seja, as do Iraque e do Afeganistão — contra o “terrorismo internacional”, que marcaram militarmente a última década. Barack Obama recordou que “cinco milhões de americanos vestiram o uniforme nos últimos dez anos”. Isso não significa que Washington tenha saído vencedor nesses conflitos. As “guerras do 11 de setembro” custaram ao orçamento estadunidense entre 1 bilhão e 2,5 bilhões de dólares: carga financeira astronômica, que teve repercussões no endividamento dos Estados Unidos e, consequentemente, na degradação de sua situação econômica.

As guerras têm-se revelado pírricas. No fim das contas, o Al-Qaeda em certa medida se comportou com Washington do mesmo modo que Ronald Reagan com Moscou quando, nos anos 1980, impôs à URSS uma extenuante corrida armamentista que acabou esgotando o império soviético e provocando sua implosão. A “desclassificação estratégica” dos Estados Unidos começou.

Na diplomacia internacional, a década confirmou a emergência de novos atores e de novos pólos de poder, sobretudo na Ásia e na América Latina. O mundo se “desocidentaliza” e é cada vez mais multipolar. Destaca-se o papel da China, que aparece, em princípio, como a grande potência que nasce no século XXI — embora a estabilidade do Império do Meio não esteja garantida, pois coexistem em seu seio o capitalismo mais selvagem e o comunismo mais autoritário. A tensão entre essas duas forças causará, cedo ou tarde, uma fratura. Mas, por hora, enquanto o poder dos Estados Unidos declina, a ascensão da China se confirma. Já é a segunda potência econômica do mundo (à frente do Japão e da Alemanha). Além disso, por deter parte importante da dívida estadunidense, Pequim tem nas mãos o destino do dólar…

O grupo de Estados gigantes reunidos no BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) já não obedece automaticamente as grandes potências ocidentais tradicionais (Estados Unidos, Reino Unido, França), ainda que estas continuem se autodesignando como “comunidade internacional”. Os BRICS demostraram recentemente, na crise da Líbia e da Síria, que se opõem às decisões das potências da OTAN e no âmbito da ONU.

Dizemos que existe crise quando, em qualquer setor, algum mecanismo deixa de funcionar, começa a ceder e acaba se rompendo. Essa ruptura impede que o conjunto da máquina continue funcionando. É o que está ocorrendo na economia desde que a crise eclodiu, em 2007.

As repercussões sociais do cataclismo econômico são de uma brutalidade inédita: 23 milhões de desempregados na União Europeia, e mais de 80 milhões de pobres… Os jovens aparecem como as vítimas principais. Por isso, de Madri a Telavive, passando por Santiago do Chile, Atenas e Londres, uma onda de indignação levanta a juventude do mundo.

Mas as classes médias também estão assustadas porque o modelo neoliberal de crescimento as abandonou na beira da estrada. Em Israel, uma parte delas uniu-se à juventude para rechaçar o integrismo ultraliberal do governo de Benjamín Netanyahu.

O poder financeiro (os “mercados”) se impuseram ao poder político, e isso irrita os cidadãos. A democracia não funciona. Ninguém entende a inércia dos governos frente à crise econômica. As pessoas exigem que a política assuma sua função e que intervenha para corrigir os erros. Não será fácil: a velocidade da economia é hoje a mesma que um raio, enquanto a velocidade da política é a mesma que um caracol. Será cada vez mais difícil conciliar o tempo econômico com o tempo político — e também crises globais com governos nacionais.

Os mercados financeiros reagem de forma exagerada frente a qualquer informação, enquanto os organismos financeiros globais (FMI, OMC, Banco Mundial) são incapazes de determinar o que vai acontecer. Tudo isso provoca, nos cidadãos, frustração e angústia. A crise global produz perdedores e ganhadores. Os ganhadores se encontram, principalmente, na Ásia e nos países emergentes, que não têm uma visão tão pessimista da situação quanto os europeus. Também existem muitos ganhadores no interior dos países ocidentais, cujas sociedades se encontram fraturadas pelas desigualdades entre ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres.

Na realidade, não estamos suportando uma crise, mas um feixe de crises, uma soma de crises mescladas tão intimamente umas com as outras que não conseguimos distinguir as causas e os efeitos. Porque os efeitos de umas são as causas das outras, e assim até formar um verdadeiro sistema. Ou seja, enfrentamos uma crise sistêmica do mundo ocidental que afeta a tecnologia, a economia, o comércio, a política, a democracia, a guerra, a geopolítica, o clima, o meio ambiente, a cultura, os valores, a família, a educação, a juventude…

Vivemos um tempo de “rupturas estratégicas” cujo significado não compreendemos. Hoje, a internet é o vetor da maioria das mudanças. Quase todas as crises recentes têm alguma relação com as novas tecnologias de comunicação e de informação. Os mercados financeiros, por exemplo, não seriam tão poderosos se as ordens de compra e venda não circulassem na velocidade da luz pelas pistas da comunicação que a internet colocou à sua disposição. Mais que uma tecnologia, a internet é um ator das crises. Basta lembrar o papel do WikiLeaks, Facebook, Twitter nas recentes revoluções democráticas no mundo árabe.

Desde o ponto de vista antropológico, essas crises estão se traduzindo em aumento do medo e do ressentimento. As pessoas vivem num estado de ansiedade e incerteza. Voltam os grandes pânicos frente a ameaças indeterminadas, como a perda do emprego, os choques tecnológicos, as biotecnologias, as catástrofes naturais, a insegurança generalizada… Tudo isso constitui um desafio para as democracias. Porque esse terror se transforma às vezes em ódio e repulsa. Em vários países europeus, esse ódio se dirige hoje contra os estrangeiros, os imigrantes, os diferentes. Está aumentando a rejeição contra todos os “outros” e crescem os partidos xenofóbicos.

Outra grave preocupação mundial: a crise climática. A consciência do perigo que representa o aquecimento global aumentou. Os problemas ligados ao meio ambiente estão voltando a ser altamente estratégicos. A próxima cúpula internacional do clima, que acontecerá no Rio de Janeiro, em 2012, constatará que o número de grandes catástrofes naturais aumentou, assim como sua espetacularização. O recente acidente nuclear em Fukushima aterrorisou o mundo. Vários governos já deram passos para trás em relação à energia nuclear e apostam agora — em um cenário marcado pelo fim próximo do petróleo — nas energias renováveis.

O curso da globalização parece suspenso. Cada vez mais se fala em desglobalização, de declínio… o pêndulo foi longe demais na direção neoliberal e agora poderia ir na direção contrária. Já não é mais tabu falar em protecionismo para limitar os excessos do livre comércio, e pôr fim às realocações e à desindustrialização dos Estados desenvolvidos. Chegou a hora de reinventar a política e reencantar o mundo.

fonte : Outras Palavras

domingo, outubro 16, 2011

PCdoB defende ministro do Esporte, Orlando Silva e revela trama da direita inconformada!!!!

Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB.

PCdoB rechaça calúnia de Veja e apoia ministro Orlando
Ministro Orlando Silva, novo alvo da direita e da "imprensa marrom" a serviço da Direita!


Na edição que circula desde este sábado, dia 15, a revista Veja, sem apresentar provas, acusa o PCdoB de ter montado “uma estrutura dentro do Ministério do Esporte para desviar dinheiro público”. Diz que o ministro do Esporte Orlando Silva seria o “chefe” da suposta operação. Em entrevista a jornalistas da TV Brasil e Rede Brasil, em São Paulo, o presidente do PCdoB Renato Rabelo, no final da tarde de hoje, dia 15, rechaçou acusações contra o PCdoB e defendeu Orlando Silva.



Com uma orientação marcadamente de direita, a publicação da família Civita acostumou-se a veicular de modo sensacionalista factóides e denúncias falsas com o propósito de desmoralizar lideranças progressistas. Recentemente, o ex-ministro José Dirceu foi vítima de uma trama do gênero.

O presidente do PCdoB destaca que a resposta de Orlando Silva à Veja “foi segura e esclarecedora”. Leia abaixo mais detalhes da entrevista concedida por Renato Rabelo:

“O ministro Orlando Silva tanto através de uma nota à imprensa divulgada pelo Ministério quanto por uma entrevista coletiva concedida no México, no sábado, dia 15 apresentou uma defesa nítida e firme. Seguro e convicto de que tudo não passa de calúnia e armação, ele mesmo apresentou um pedido ao ministro da Justiça para que a polícia federal investigue as denúncias apresentadas por esse caluniador, João Dias. E, mais, já no início da próxima semana, também por sua iniciativa, Orlando irá à Câmara dos Deputados para desmascarar cabalmente essa acusação leviana. O ministro nos pronunciamentos já referidos apresenta um fato, por si só, esclarecedor. Esse indivíduo João Dias firmou em 2005 e 2006 dois contratos com o Ministério do Esporte referentes ao Programa Segundo Tempo. Recebeu o dinheiro previsto no contrato e não realizou as obrigações devidas. Resultado, o ministro Orlando encaminhou um expediente ao Tribunal de Contas da União (TCU) que exige que João Dias devolva aos cofres públicos mais de 3 milhões de reais, atualizados pelos valores de hoje. Tudo indica, portanto, que esse cidadão age por vingança, por represália contra a medida moralizadora do Ministério do Esporte.”

Acusação sem prova

“A reportagem lança uma acusação caluniosa ao PCdoB de desvio de dinheiro público para caixa dois de campanha. E qual prova apresenta? Nenhuma. Não há na reportagem absolutamente nada para sustentar tão grave acusação. A revista se apoia tão somente nas palavras de João Dias que, em suas declarações, não apresenta nenhuma prova concreta. E mais. Ele é um indivíduo sem idoneidade. Ano passado foi preso, acusado por corrupção, é um soldado investigado pela própria polícia militar. Além disso, é réu em processo do Ministério Público Federal. Um esclarecimento: a reportagem repete, por várias vezes, que João Dias “é militante do PCdoB”. Não procede. Na verdade teve um vínculo efêmero com a nossa seção do Distrito Federal. Soldado da polícia militar se filiou para se candidatar em 2006 e, imediatamente, depois da eleição, conforme a legislação estipula, foi desligado de nosso Partido. Eu pergunto: é correto – com base apenas nas palavras de uma pessoa com uma trajetória como essa, com folha corrida na polícia – uma revista lançar um ataque contra a honorabilidade de um Partido como o PCdoB, com 90 anos de atuação no país? Claro que não, é uma ignomínia que não tem nada de jornalismo. Pelo contrário, é algo que afronta o direito do povo de ter uma comunicação de qualidade, com um jornalismo baseado na verdade.

Campanha orquestrada contra o PCdoB

“Desde o início do ano o PCdoB tem sido alvo de sucessivos ataques deste tipo, visando a manchar sua reputação. Usam sempre uma mesma fórmula: assacam contra lideranças do Partido que exercem responsabilidades no governo federal para, de tabela, atingir o Partido, como instituição. Em todos os casos – como este agora da matéria de Veja –, na ausência de fatos, na inexistência de provas, recorrem a um enredo falso e a testemunhas desqualificadas, sem idoneidade.

“Fico pensando que a motivação mais de fundo disso vem do campo político conservador, reacionário, que não se conforma com o fato de um partido de esquerda, como o PCdoB, a um só tempo histórico e renovado, ser uma legenda que cresce e se fortalece na sociedade brasileira. Ao que parece é uma tentativa desesperada de querer jogar o PCdoB na vala comum. Mas, não vão conseguir.

domingo, outubro 09, 2011

Uma conversa sobre "Comissão da Verdade" e FHC e Serra!!


Conversa com Joelson!!

Eu-Sobre o artigo “O Brasil precisa de FH e José Serra”, publicado no Blog da Boi Tempo, li e gostei. È mais ou menos isto mesmo. Mas o Brasil precisa de muito mais. Como diz o Aluizio Palmar e outros que estão na frente desta luta pela “VERDADEIRA COMISSÂO DA VERDADE”, temos que fazer uma faxina não só nos gabinetes do poder, mas nos escritórios dos mandarins das industrias e das finanças e nos porões e lixões das delegacias de Policia e do Judiciario. Hoje o Pau de Arara continua presente nas delegacias, as prisões tão lotadas de gente que como diz Gilberto Gil, meio brancos, pobres, meio e totalmente negros, os filhos da classe trabalhadora. Enfim, continua aqui em baixo na periferia do poder politico e economico, na era medieval. È por ai.
Por isto a Comissão da Verdade tem que ser ampliada, estadualizada e municipalizada para varrer e descobrir toda sujeira e barbarie ainda presente e as antigas.
Joelson Mendonça- com certeza! mas eu acho bem difícil punir, pq essas pessoas tÊm forte ligação com o poder político e ainda exercem influência

EU- Estes caras, como Bolsonaro teem base social e politica, tem veia social e por isto não desaparecerão assim. Numa democracia capenga e elitista como a nossa, esta gente sempre tera espaço. Até porque as oligarquias que representam, tem ainda por cima, o controle da industria da informação, jornais, rádios e TVs para fazer deles uns deuses.

Joelson Mendonça-e ainda têm o poder de ameaçar


Eu-Ameaçam e cumprem porque tem um Judiciario feito por eles e para servi-los.
Pois é! Os partidos de esquerda e os movimentos
sociais e organizações que lutam pelos direitos humanos tem que se mobilizar, criar um verdadeiro movimento de massas, para exigir que esta comissão se amplie e tome o rumo que deveria ter. Além de investigar dvem ter o poder de divulgar tudo que for descoberto e leve aos tribunais os ainda sobreviventes torturadores e seus chefes e mandantes. Enfim, ir fundo na questão.
Senão será mais uma perfumaria para aplacar o animo dos incautos e enganar a sociedade e manter os cadáveres ainda insepultos e no ar os berros dos que sofreram a bárbarie dos porões da Ditadura.

sexta-feira, outubro 07, 2011

A Rebeldia que começa no coração do sistema capitalista



A rebeldia no coração do sistema
Publicado em 6 de outubro de 2011 por Antonio Martins



A rebeldia no coração do sistema
Publicado em 6 de outubro de 2011 no Boletim “Outras Palavras” por Antonio Martins

Manifestações contra ditadura das finanças crescem em Nova York, espalham-se pelos EUA e promovem encontros políticos que talvez sejam inspiradores em todo o mundo.



É provocativo viver momentos que farão história, e tentar compreendê-los. Por suas inúmeras novidades, 2011 será lembrado durante muito tempo — e a partir de agora, há um motivo a mais.

Occupy Wall Street, um movimento de contestação do sistema que nasceu com ousadia mas alcance limitado, em 17 de setembro, ganhou nos últimos dias novas dimensões. Inspirado pelas ideias da autonomia e contracultura — mas reforçado por jovens mais movidos pela defesa de seus interesses que pela ideologia anticapitalista –, espalhou-se, no fim-de-semana, por dezenas de cidades norte-americanas: do Texas ao Havaí; de Boston a Memphis.

Na segunda-feira, recebeu a adesão de alguns dos maiores sindicatos norte-americanos. Ontem (5/10), já engrossado por este apoio, organizou uma marcha de 15 mil pessoas, em Manhattan. Ao receber adesões e influências, está se convertendo, antopofagicamente, em algo muito distinto de todas as tendências que o compõem — anarquismo, hippíes, juventude desencantada, trabalhadores organizados. Talvez aí residam sua potência e sua capacidade de contribuir com a construção de uma nova cultura política — uma necessidade que também ficou mais clara que nunca este ano.


Um texto publicado hoje, em nossa revista virtual, ajuda a compreender as origens do movimento. Foi produzido para The Nation por Nathan Schneider, um ativista ligado à cultura de paz e à organização dos movimentos de base (grassroots, no jargão político norte-americano) [e traduzido pela rede Vila Vudu]. Revela que os preparativos para um acampamento próximo ao centro financeiro de Nova York e do mundo começaram em julho.

Foram conduzidos por três pequenos coletivos: Adbusters (uma rede global anti-consumista, fundada no Canadá e presente em especial na América do Norte), Day of Rage (uma rede de grupos jovens cujos alvos parecem ser, como na Espanha, os banqueiros e políticos) e Anonymous (uma espécie de guerrilha digital em rede, que luta especialmente pela liberdade na internet).

Redigido na forma de perguntas e respostas, o breve texto de Nathan reconhece que o início foi difícil. Os organizadores esperavam reunir 20 mil pessoas em Wall Street, em 17 de setembro — um sábado. Mobilizaram um décimo disso. Os participantes enfrentaram a vida dura com coragem. Quase todos com menos de 25 anos, dormiram ao frio, em colchonetes finos, sobre o chão da Liberty Plaza (veja o mapa), próxima a pontos por onde trafegam trilhões de dólares todos os dias.

Mas tinham a seu favor dois fatores muito poderosos. Primeiro, o caráter simbólico do ato. Num país em que a direita domina o debate político, acua e coloca em xeque o próprio presidente e conquistou as ruas (por meio do Tea Party), o pequeno grupo de garotos e garotas foi capaz de fazer o que oestablishment progressista não conseguiu. Encarar a onda conservadora, produzir um fato político que revela audácia, convicção e atitude. Tocar simbolicamente, além disso, numa das grandes chagas da sociedade norte-americana: a imensa concentração de riquezas em favor do sistema financeiro, que está ameaçando inclusive os direitos básicos da maior parte da população.

O segundo fator que impulsionou o movimento está relacionado a isso, e é muito concreto. Ao questionar o mercado financeiro, os jovens acampados abriram diálogo com milhões de norte-americanos que estão angustiados com dívidas imobiliárias, junto aos cartões de crédito, ligadas ao financiamento de automóveis ao pagamento de mensalidades escolares e a um enorme feixe de contratos que se relacionam com a garantia da vida quotidiana. Estes milhões de endividados sofrem com a ausência de políticas que aliviem seus dramas, enquanto assistem, há pelo menos dois anos, aos anúncios de socorro público trilionário aos bancos e instituições que… provocaram a crise financeira. Como não se revoltar? “As coisas pioraram tanto que todo mundo quer participar”, contou a repórteres doFinancial Times Ross Fuentes, uma garota acampada de 23 anos que integra o Partido do Socialismo Libertário — umas das organizações que se envolveram nos protestos desde a fase mais difícil.


A partir do final da semana passada, chegaram os sindicatos. Havia muitas razões para eles se envolverem, num cenário em que o desemprego ultrapassa 10%, os salários reais caem há anos, os trabalhadores estão muito endividados e não têm nenhuma certeza em relação a seu futuro? As necessidades comuns romperam barreiras. Há várias décadas, as relações entre sindicalismo e movimentos de contracultura são tensas — e conflituosas, na maior parte do tempo — nos Estados Unidos.

O povo se junta!!

Reportagem de Tina Susman, no Los Angeles Times revela: um sinal de que é possível superar velhos traumas surgiu ontem, na passeata em Nova York. Entre as milhares de pessoas, encontraram-se, lado a lado, jovens anticapitalistas e enfermeiras em defesa do sistema de saúde. A fusão e diálogo entre os públicos, notou Tina, apareceu na diversidade das mensagens exibidas pelos participantes: “Havia cartazes protestando contra o racismo, o presidente Obama, os republicanos, os democratas, a fome, as guerras no Iraque e Afeganistão. Em contrapartida, defendia-se os direitos dos trabalhadores, os dos prisioneiros em greve de fome, mais impostos para os milionários e a reestruturação do sistema financeiro”.

Num sinal de que o movimento pode se enraizar, estavam presentes ícones da cultura norte-americana. A presença de Michael Moore (veja seu inspirado discurso acima) era de se esperar — assim como o apoio expresso há dias, ao movimento, por intelectuais de esquerda como Noam Chomsky e Tarik Ali. A novidade foi a participação, na marcha, de atores como Tim Robbins e Penn Badgley.
Se mantiverem esta amplitude, e o foco no sistema financeiro, as manifestações do Occupy Wall Street podem acrescentar um ingrediente novo, a um cenário marcado pelo atrelamento das elites dos países mais ricos a dogmas e por sua irresponsabilidade diante de problemas de enorme gravidade.


Também nos Estados Unidos, há sinais de que a opinião pública prefere buscar o novo. A reportagem em que o New York Times registrou a difusão das manifestações revela que em Chicago, como inúmeras outras cidades, a paisagem dos acampamentos é marcada por mesas onde se oferece comida grátis — talvez um símbolo de que relações não-mercantis podem se espalhar. A ideia, que pode ter feito Milton Friedman revirar na tumba, está sendo bem aceita por seus concidadãos. Os gêneros são coletados junto à população. Na segunda-feira (3/2), os organizadores viram-se incapazes de consumir todo o alimento que lhes foi doado, e convidaram os sem-teto para compartilhar a refeição.

quinta-feira, outubro 06, 2011

Os Maxs caminham para o precipicio!!!



Li no “Seculo Diario” de hoje que Max Filho e talvez o pai, vão para o PSDB! Com um histórico progressista, democrático e popular, o que vão fazer no partido da direita neoliberal? Depois não entendem porque não se elegem, vão perdendo seguidores e eleitores e constantes eleições. Criem juízo, ainda é tempo de voltar atrás! Vão para o PCdoB que sempre esteve de portas abertas para eles ou outro partido mais a esquerda. Quem sabe até no PT. Mas pro PSDB, não!!! Deste jeito vão acabar no DEM e na vala dos desterrados políticos. Tá no Blog do Luiz Aparecido em www.luizap.blogspot.com

quarta-feira, outubro 05, 2011

Celso Lungaretti põe o dedo na ferida letal do Capitalismo




Celso Lungaretti é um escritor, jornalista, ex-preso politico e militante revolucionario!!!
Candidato nosso para compor a "Comissão da Verdade", criada pelo governo da Presidente Dilma!!!
Vejam seu Blog em www.naufrago-da-utopia.blogspot.com

REFLEXÕES SOBRE O CAPITALISMO PUTREFATO

No artigo 'Temos que abandonar o mito do crescimento econômico infinito', escrito para a BBC, o professor Tim Jackson, da Universidade de Surrey, resume as teses que vem defendendo desde 2006 e sistematizou em sua conhecida obra Prosperity without Growth - Economics for a Finite Planet (Prosperidade sem Crescimento: Economia para um Planeta Finito), lançada no final de 2009.

O diagnóstico é correto, mas, como bom schoolar do sistema, ele não o leva até as últimas consequências. Vamos ao que interessa (trechos):
"Nas últimas cinco décadas, a busca pelo crescimento tem sido o mais importante dos objetivos políticos no mundo.

A economia global tem hoje cinco vezes o tamanho de meio século atrás. Se continuar crescendo ao mesmo ritmo, terá 80 vezes esse tamanho no ano 2100.

Esse extraordinário salto da atividade econômica global não tem precedentes na história. E é algo que não pode mais estar em desacordo com a base de recursos finitos e o frágil equilíbrio ecológico do qual dependemos para nossa sobrevivência.

Na maior parte do tempo, evitamos a realidade absoluta desses números. O crescimento deve continuar, insistimos.

As razões para essa cegueira coletiva são fáceis de encontrar.

O capitalismo ocidental se baseia de forma estrutural no crescimento para sua estabilidade. Quando a expansão falha, como ocorreu recentemente, os políticos entram em pânico.

...Questionar o crescimento é visto como um ato de lunáticos, idealistas e revolucionários.
Ainda assim, precisamos questioná-lo. O mito do crescimento fracassou. Fracassou para as 2 bilhões de pessoas que vivem com menos de US$ 2 por dia.

Fracassou para os frágeis sistemas ecológicos dos quais dependemos para nossa sobrevivência.
...Os dias de gastar dinheiro que não temos em coisas das quais não precisamos para impressionar as pessoas com as quais não nos importamos chegaram ao fim.

Viver bem está ligado à nutrição, a moradias decentes, ao acesso a serviços de boa qualidade, a comunidades estáveis, a empregos satisfatórios.

A prosperidade, em qualquer sentido da palavra, transcende as preocupações materiais.
Ela reside em nosso amor por nossas famílias, ao apoio de nossos amigos e à força de nossas comunidades, à nossa capacidade de participar totalmente na vida da sociedade, em uma sensação de sentido e razão para nossas vidas".
TRABALHO HUMANO JOGADO NO RALO

Faltou Jackson explicar melhor por que "o capitalismo ocidental se baseia de forma estrutural no crescimento para sua estabilidade".

Em meados do século retrasado Marx já esgotava esta questão.

A contradição entre a produção coletiva e a apropriação individual gera um permanente desequilíbrio entre a oferta e a procura, já que os produtores não temos capacidade aquisitiva para adquirir tudo que produzimos. Fica faltando aquela parte dos frutos do nosso trabalho que é usurpada pelo capital, a mais-valia.

Para evitarem-se aquelas crises terríveis de excesso de produção (escassez de consumidores, na verdade), a economia capitalista se voltou cada vez mais para o parasitário, instituições financeiras à frente; o suntuário e a indústria bélica. São formas de se jogar no ralo o trabalho humano sem proveito para a humanidade, muito pelo contrário.

Afora os mecanismos de crédito que vão empurrando o acerto das contas cada vez mais para a frente, permitindo aos consumidores adquirirem o que não podem bancar, até que o elástico arrebenta e vêm as recessões.


Não há como sanar-se a irracionalidade econômica do capitalismo -- é ela que o condena à extinção. Ou nos condena, se não conseguirmos escapar de suas garras em tempo.

A expansão econômica apenas adia o desfecho para o qual suas contradições apontam, ao custo de comprometer cada vez mais "os frágeis sistemas ecológicos dos quais dependemos para nossa sobrevivência".

Então, mudar este foco não é uma questão de convencer as pessoas a abdicarem do consumismo em prol do amor familiar. A lógica perversa do sistema, martelada dia e noite por sua nefanda indústria cultural, vai exatamente na direção oposta.

Sob o capitalismo, nem mesmo a substituição do transporte individual pelo coletivo está sendo implementada como deveria, embora cada automóvel novo que sai da fábrica seja mais um prego em nosso caixão.

Então, uma "prosperidade" que "transcede as preocupações materiais" só será possível quando as motivações maiores dos seres humanos deixarem de ser a ganância e a busca da diferenciação, trocadas pela cooperação solidária e pela priorização do bem comum.

Em outras palavras, quando o homem despertar do pesadelo capitalista.