Verdadeiros motins eclodem nas principais praças onde
floresceu e dominou o capitalismo. O
sistema financeiro cresceu tanto que sufocou a produção e por fim o consumo.
Jovens, pais de família, desempregados e excluídos de tudo ocupam Wall Street,
a City de Londres e outras capitais europeias. Na Grécia, em Portugal e na
Espanha os trabalhadores tomam a frente e dirigem os protestos.
Enfim, a crise do capitalismo é forte, latente e expansionista
e os partidos e organizações revolucionarias, com pouquíssimas exceções, não estão
à altura de responder aos anseios da humanidade e da história. Mas de qualquer
forma se gesta a revolta e dai vai inevitavelmente desembocar na Revolução que trará
bem estar, justiça e paz a humanidade.
Abaixo, artigo do amigo e revolucionário Celso Lungaretti,
postado em seu blog e reproduzido aqui, alerta para uma outra questão vital
dentro da crise geral do capitalismo. A destruição do meio ambiente:
CATÁSTROFE AMBIENTAL SERÁ A CRISE DEFINITIVA DO CAPITALISMO?
Celso Lungaretti (*)
Celso Lungaretti (*)
Não sei quando isso acontecerá, mas essa será a crise de fundo do capitalismo: destruir as condições de sua própria existência, destruindo o ambiente, modificando condições que nunca deveriam ter sido modificadas."
A previsão é de Michael Burawoy, presidente da Associação Internacional de Sociologia, em interessante entrevista à repórter Eleonora de Lucena, da Folha de S. Paulo.
Fez-me lembrar a tese soturna de Friedrich Engels: se uma classe dominante consegue perpetuar relações de produção condenadas, que estão travando o desenvolvimento das forças produtivas, acaba ensejando o advento da barbárie.
Assim, quando a escravidão se tornou anacrônica e contraproducente, era Spartacus e seus gladiadores que encarnavam a possibilidade de, mediante sua extinção, o Império Romano ascender a um degrau superior de civilização. Ao derrotá-los, Roma tirou de cena os únicos sujeitos históricos capazes de darem uma resposta positiva à contradição existente.
Detida a revolução que a transformaria por dentro, fazendo-a evoluir, sobreveio a estagnação, o enfraquecimento e, finalmente, a destruição por parte dos que vinham de fora e expressavam um estágio de desenvolvimento há muito superado por Roma. O relógio da História andou para trás.
Agora, podemos estar diante de uma situação semelhante. O capitalismo se torna cada vez mais pernicioso e destrutivo, porque esgotou seu papel histórico e tem sobrevida parasitária.
Agora, podemos estar diante de uma situação semelhante. O capitalismo se torna cada vez mais pernicioso e destrutivo, porque esgotou seu papel histórico e tem sobrevida parasitária.
Desenvolveu enormemente as forças produtivas, permitindo que a humanidade finalmente ultrapassasse a barreira da necessidade; hoje estão dadas as condições para a produção de tudo aquilo de que cada habitante do planeta necessita para uma existência digna.
Mas, tendo como prioridade máxima o lucro e não o atendimento das necessidades humanas, desperdiça criminosamente tal potencial, impõe uma desnecessária e embrutecedora penúria a parcela considerável da humanidade, provoca turbulências econômicas cada vez mais frequentes, multiplica as agressões ambientais e malbarata os recursos naturais finitos dos quais depende a sobrevivência de nossa espécie.
Por enquanto, graças aos mimos que proporciona aos que participam do sistema (ao preço da exclusão de tantos outros seres humanos), à avassaladora eficiência tecnológica e à manipulação científica das consciências por parte de sua nefanda indústria cultural, tem conseguido evitar a revolução -- cada vez mais necessária e premente. Até quando?
Marcuse acreditava numa resposta provinda de quem estivesse fora do sistema, não submetido à sua lógica unidimensional, que exclui alternativas e veda o espírito crítico.
É exatamente o que começa a suceder, como, aliás, está bem caracterizado nestas outras afirmações do sociólogo Burawoy (foto abaixo):
"Estive em Barcelona e vi os indignados. Agora também em Wall Street. São muito similares. Resistem a se engajar no sistema político, em levantar temas políticos...Todos esses movimentos refletem uma era de exclusão. (...) O centro de gravidade desses movimentos são os excluídos, os desempregados, estudantes semiempregados, juventude desempregada, até membros precários da classe média. É um conglomerado de grupos diferentes todos vivendo um estado de precariedade porque foram excluídos da possibilidade de ter uma posição estável [dentro do sistema, pois esta se tornou] um privilégio para poucos.
...É um movimento muito fluido e flexível. (...) Há espontaneidade, flexibilidade. É fascinante. Aparecer, desaparecer. É parte de sua força e de sua fraqueza.
...os participantes são de esquerda, são radicais democratas participativos, que preferem estruturas horizontais a verticais. Protestam contra o capitalismo que enxergam ao seu redor".
Mas, esses pequenos Davis serão suficientes para derrotar o terrível Golias dos dias atuais? Provavelmente, não.
No entanto, a barbárie também ronda as fronteiras do império -- não mais na forma de contingentes humanos, mas sim das forças de destruição que o capitalismo engendrou contra si, mas se abaterão sobre nós todos.
Então, as catástrofes ambientais que assolarão o planeta nas próximas décadas devem forçar os homens a unirem-se na luta pela sobrevivência. Será o momento em que, obrigados a tomar seu destino nas mãos, poderão dar um novo rumo à economia e à sociedade, que vão ser obrigados a reconstruir.
O certo é que, lembrando a canção célebre de Neil Young, estamos saindo do azul e entrando nas trevas.
Quiçá saiamos delas regenerados.
* jornalista e escritor. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com
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