quinta-feira, novembro 28, 2013

Exitosa e prazeirosa viagem a Cuba!!





Meus amigos e camaradas!!

Passei os ultimos 11 dias em Cuba. Fui para uma atividade politica de protesto contra a presença da Base Militar/Prisão de Guântanamo em território cubano e fazer exames e consultas no centro Neurológico Cira Garcia em  Havana, um   dos melhores centros de excelencia em saude do Mundo.
Por problemas de agenda da atividade politica, organizada por  várias entidades, entre eles o Cebrapaz/DF(representado por Marcos Tenório) , Conselho Mundial da Paz e outros,  acabei não indo a Guantânamo. Priorizei meus  exames e fiquei em Havana e fui ainda a Varadero, uma das praias mas bonitas e paradisíacas do Caribe.

Em Havana andei muito  com meu companheiro de viagem, advogado e amigo Victor Mendonça Neiva( que me deu o maior apoio, me ajudando e levando aos lugares onde tinha que ir, inclusive na clinica). Fomos a "Bodeguita do Meio", "Floridita"-lugares onde frequentava o escritor Ernest Heminguay e restaurantes de Havana Vieja, onde  comemos muitos  frutos do mar e cuidamos de ir tambem a "Casa de Musica" em Miramar, onnde curtimos o melhor da musica cubana atual.

Aliás, por  toda Havana e Cuba, se transpira musica, sensualidade,solidariedade e alegria. 

Depois da chegada de Marcos Tenório das atividade de Guantânamo, fomos dar um "tour" por Havana Vieja e lugares históricos da cidade e monumentos em homenagem  a Revolução. Uma viagem insesquecível, onde pude reforçar meus espirito revolucionario e crença no socialismo. Por Havana e por onde passamos, não vimos miséria nem presença ostensiva de policia ou forças de segurança.  Se anda com tranquilidade pelas ruas das cidades. O povo sabe que o País é pobre e luta para se desenvolver e que o Bloqueio  americano e das forças reacionarios, impedem que tenham uma vida melhor,mas estão cientes que as coisas mudam para melhor em Cuba e vão superar as dificuldades com a solidariedade dos países e povos solidarios e os revolucionarios do Mundo todo. Respeitam demais o Partido Comunistas e seus lideres. Confiam que vão vencer as dificuldades em pouco tempo e melhorar a vida do povo. Que hoje já tem um dos melhores sistemas educacionais e de saude  do Mundo e onde não há fome, nem violencia!

Enfim, a viagem foi proveitosa e agradavel. Em março do ano  que  vem devo voltar lá e fiicar por mais tempo. Para curtir Cuba e continuar meu tratamento de saude!

Tratamento!!

Na Clinica Neurológica Cira Garcia, fui recebido por um médico décano, Dr.Armando Gomez, que me examinou, viu meus  últimos  exames do SARAH de Brasilia. Fez testes de sensibilidade e força muscular e movimentação  do sistema nervoso. Falei da origem da doença"Meliopatia Cervical Compressiva", expliquei-lhe todo o processo de desenvolvimento dela, como fiquei praticamente todo paralizado(inclusive nos órgãos internos),da cirurgia que liberou minhas vértebras que comprimiam a medula e minha lenta recuperação. Mostrei-lhe minhas dificuldades de movimentação e equilibrio, além da atrofia das mãos e o processo de gradativa perda de massa e força muscular.

Dr. Armando me garantiu que há possibilidade de recuperação quase ou mesmo total de minha capacidade motora e de movimentação. Me prescreveu medicação para o sistema nervoso central e injeções de complexos vitaminicos que vão me permitir recuperar massa  e força muscular e recomendou, para depois de um tempo de tratamento, voltar a fazer fisioterapia para sedimentar as melhoras. As injeções devo tomar duas ampolas semanais por tres meses. Vou sentir ostensiva melhora, segundo ele. Depois, em março, quando  acabar este tratamento, devo voltar a Havana e a Clinica, onde ele pretende fazer uma  ressonância e ver o estado geral  de minha medula e vértebras e ver o que mais ele recomendara fazer. Ai devo ficar mais algum tempo para exames mais detalhados e fazer um tratamento  com a supervisão  deles por algum tempo.

Voltei animadíssimo com a possibilidade de recuperar minhas condições de movimentação, ter um fim nas atrofias. Vou cumprir  todas suas recomendações e ministrar os medicamentos corretamente. Agora é tocar a vida e fazer o tratamento confiante em seu êxito!

Queria agradecer de publico o empenho  do Rafael Hidalgo, da Embaixada de Cuba em  Brasilia, que tudo fez e mobilizou do Partido Comunista Cubano a autoridades do Estado  cubano, para viabilizar a consulta na clinica e os exames e a futura continuidade do tratamento. E Tambem a Cristiane Silva, da Sanchatour que fez todos os trâmites para que tudo desse certo e agendou as consultas e hospedagem e passagens. E ao PCdoB nas pessoas de José Reinaldo, Renato Rabelo e Ricardo "Alemão" Abreu e sua assessora Tânia que se mobilizaram para que tudo  desse certo.

E fundamentalmente ao Marcos Tenório e ao Victor Mendona Neiva e a Silvia Grando(brasileira que estuda em Havana)que me deram a maior força em toda a viagem, procedimentos e me acompanharam por todas as atividades por lá, inclusive as prazeirosas visitas aos centros históricos, Varadero, monumentos da Revolução e curtições musicais e apreciarmos deliciosa comida  cubana.

Voltei feliz a Brasilia e mais feliz ficarei em ir melhorando e voltar a Havana para concluir o tratamento e rever e conviver com o revolucionario, resoluto e feliz povo cubano.

quarta-feira, novembro 06, 2013

RUMO A HAVANA EM BUSCA DE MAIS SAÚDE E PROTESTAR CONTRA OS NORTE-AMERICANOS!!



Que lindo lugar, heim!!!

Aos amigos ainda não cientes, informo que dia 14 próximo, quinta feira de madrugada estaremos, eu, Marcos Tenório, do Cebrapaz/DF, o combativo advogado Victor Mendonça Neira, a comunista revolucionaria ex-deputada e presidente do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes e outros  companheiros de luta pela Paz, indo para Havana, Cuba, onde participaremos de um ato internacionalista contra a Base Militar/Prisão americana de Guantânamo, incrustrada a força há quase 100 anos em pleno território cubano. Queremos a desativação da base e a devolução do seu território a quem de direito, o povo cubano.Milhares de manifestantes de todo o mundo estarão presentes nos dois ou tres dias de manifestações. Vamos enfrentar de frente o "Tigre de Papel".

E a proveitando a viagem e com a gentileza e solidariedade do povo, do governo e do PC Cubano, vou aproveitar para fazer exames e procedimentos médicos na Clinica Neurológica de Havana, considerada uma das melhores do Mundo e exames oftalmológicos. Vou tentar tratamento que  possa me livrar das sequelas da "mieliopatia cervical compressiva" que me paralizou quase totalmente e exigiu de mim dois anos de internammento no Hospital SARAH, de Brasilia e mais um ano e meio de hospital dia e tratamento até poucas semanas atrás. Só que o SARAH esgotou as possibilidades de me livrar das sequelas que atrofiam minhas mãos, interferem no meu equilibrio e me impedem de andar sem ajuda de um "andador".

Tô confiante que tratamentos  desenvolvidos na ilha caribenha e com seu próprios avanços tecnológicos na àrea de "células tronco" e "aplicações de ozônio", eu possa voltar tinindo ou pelo menos bem melhor do que estou atualmente. Na volta de lá, relato  aos amigos a viagem, os protestos, o tratamento e a convivencia com aquele povo simpático, solidario e belo. Espero ainda lá, dançar "Rumba", "Salsa", "Tcha,Tcha Tcha" e o que vier pela frente com aquelas belas morenas cubanas que encantam o Mundo. Ate Lá!!!!

segunda-feira, novembro 04, 2013

A RUA E O PODER


Para historiador, protestos carregam uma frágil força: conquistam multidões, mas sem diretrizes políticas duradoura.

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Mais uma vez, a voz das ruas. Ecos talvez das jornadas de junho, manifestações vibrantes voltaram a ocupar São Paulo. Dessa vez, na estrada federal: com multidões furiosas, caminhões incendiados e barricadas nos arredores da Rodovia Fernão Dias, zona norte, onde o estudante Douglas Martins Rodrigues, de 17 anos, morreu com um tiro disparado por um policial militar no domingo passado.


Perry Anderson, historiador e ensaísta político britânico






“As manifestações de junho marcaram o despertar político de uma nova geração. Mas outro levante popular, ainda maior, não pode ser descartado neste momento.” O alerta é do historiador britânico Perry Anderson, professor da Universidade da Califórnia, ex-editor da New Left Review, ensaísta e autor de Espectro: Da Direita à Esquerda no Mundo das Ideias (Boitempo), entre outros.

Aos 75 anos, Perry Anderson vive entre Londres e Los Angeles, mas dedica um inspirado olhar à América Latina e ao Brasil. Cá esteve para participar do Fronteiras do Pensamento em outubro, em Porto Alegre. No primeiro encontro, a impressão: um gênio difícil, dir-se-ia. Um dos mais importantes teóricos marxistas contemporâneos, o intelectual não é fã de entrevistas, escolhe suas palavras meticulosamente, voz firme, óculos quadrados e anotações datilografadas a tiracolo.

O historiador também passou por Campinas e São Paulo, onde nos reencontramos para um café filosófico nos Jardins. “Não gosto de dar entrevistas, particularmente. Todo mundo dá entrevistas atualmente, é muito fácil. É a síndrome de Andy Warhol: todos serão famosos por 15 minutos. Por isso, penso que só se deve falar quando realmente tiver algo a dizer”, justifica. Nesta entrevista exclusiva ao Aliás, Perry Anderson comenta os rumos do Brasil e do mundo em tempos de explosivos protestos populares.

Domingo passado, um jovem foi morto por um PM na Vila Medeiros, zona norte de São Paulo, provocando protestos violentos que travaram a Fernão Dias. Dilma Rousseff criticou a violência contra jovens negros da periferia, ‘a manifestação mais forte da desigualdade no Brasil’, nas palavras da presidente. Como o sr. analisa o poder (ou a fragilidade) das manifestações nas ruas desde as jornadas de junho no País?

Três grandes conquistas vieram com os protestos de junho. Primeiro, as manifestações marcaram o despertar político de uma nova geração - principalmente, mas não exclusivamente, dos jovens, dos trabalhadores oprimidos. Segundo, ao forçar espetacularmente governantes a recuar no aumento das tarifas de transporte público em grandes cidades, eles fizeram surgir uma compreensão do empoderamento social (de dimensão potencialmente nacional) para setores até então passivos da população. Por último, e não menos importante, levantaram a questão da distribuição escandalosamente distorcida das despesas públicas no Brasil. O mérito para tudo isso vai para os movimentos de esquerda que alavancaram os protestos - o MPL principalmente -, cujo eco popular foi tão expressivo que mesmo forças de direita aderiram às manifestações, paut adas por seus próprios propósitos. Assim, a fragilidade dos protestos está nessa enorme disparidade: por um lado, o pequeno núcleo organizado que inspirou as revoltas de junho; por outro, a escala das multidões que tomaram parte nessas manifestações, sem liderança política ou infraestrutura duradoura. O futuro dependerá de até que ponto essa lacuna poderá ser fechada.

No artigo Lula’s Brazil, publicado na London Review of Books, o sr. destaca a especial ênfase do ex-presidente aos mais pobres. Além da inclusão com programas como o Bolsa Família, o Brasil viu uma forte onda de consumo com a ascensão de uma ‘nova classe média’. A questão toda é sobre poder aquisitivo? É possível proporcionar inclusão e justiça social de outras maneiras?

Certamente é possível - e milhões de brasileiros mostraram neste inverno que eles entendem totalmente como: através da criação de serviços públicos decentes e equitativos para os cidadãos comuns, sobretudo transporte urbano aceitável, assistência médica, habitação social e educação fundamental. A grande conquista do governo Lula foi a criação de empregos e a elevação do poder aquisitivo dos pobres. Esses foram ganhos dentro das relações do mercado. Mas sem avanços correspondentes nas esferas da vida em que as relações de commodities não deveriam ter lugar, o risco é realmente gerar uma sociedade de consumo em que, como nos Estados Unidos, aumentar a prosperidade não é, na verdade, empecilho para aumentar, ainda mais rapidamente, a desigualdade. No Brasil, que ainda continua perto do recorde mundial de má distribu ição de renda, só uma reforma radical da estrutura tributária, da administração pública e do sistema político pode frear esse perigo. É necessário um Estado que esteja verdadeiramente sob o controle de seus cidadãos, que seja capaz de oferecer serviços honestos, justos e construtivos para eles.

Mas esse Estado é possível?

Estrategicamente, a chave para a reforma precisa ser uma transformação do sistema político, cuja involução para uma ordem decadente e ensimesmada, afastada da vida popular do país, é agora amplamente reconhecida. Os beneficiários desse sistema - principalmente no Congresso, mas também nos poderes das cidades e dos Estados - não vão aceitar, por vontade própria, nenhuma mudança séria nessa ordem. Só a pressão popular pode forçá-los a fazê-lo. A convocação para uma Assembleia Constituinte é absolutamente correta, mas não pode ser instituída por um apelo presidencial que dependa da aprovação de uma classe política para a qual uma reforma pareceria uma tentativa de suicídio. Em Brasília, o Congresso apenas se renderia à fúria das massas nas ruas e nas praças. Isso é aceitável? As manifestações de junho vieram c omo um choque para a ordem estabelecida. Outro levante popular, talvez ainda maior, não pode ser descartado neste momento. Mas, para render frutos, uma alternativa construtiva para o atual impasse deve se firmar na imaginação popular. Disso ainda há pouco sinal.

Se fosse escrever um novo artigo, talvez Dilma’s Brazil, como seria? Dilma difere muito de Lula?

Em estilo, naturalmente difere de Lula. Nesse quesito, o dom do ex-presidente é inimitável. Em substância, há poucas diferenças. O que mudou não é nem a natureza nem as ambições da administração, mas as condições em que os dois operam. O crescimento no governo Lula foi impulsionado pelos altos preços de commodities na primeira década do século, que deram ao Brasil um considerável aumento do lucro das exportações. Esse momento passou - e o crescimento caiu. O novo governo tentou contrariar a conjuntura menos favorável ao reduzir as taxas de juros e introduzir modestas medidas protecionistas para estimular a economia. Mas o investimento - baixo há décadas no Brasil, segundo os padrões internacionais - falhou e os preços dos serviços começaram a subir. Isso estreitou o espaço econômico para manobra do governo justamen te no momento em que as demandas sociais começaram a explodir, especialmente entre setores jovens da população. Encurralado entre essas duas pressões, o projeto do PT, como moldado no governo Lula, periga se esgotar. É necessário um novo modelo. Se o projeto encontrará um segundo fôlego ainda é uma questão aberta.

Após décadas de neoliberalismo, vimos a ascensão de ‘novos’ governos na América Latina, ao mesmo tempo - Chávez na Venezuela, Kirchner na Argentina, Lula no Brasil. Nomes da esquerda também foram eleitos na Bolívia, Equador e Uruguai. Olhando para trás, as expectativas sobre esses ‘novos’ governos eram muito altas?

Não tenho certeza se concordo com esse retrato. Minha impressão é que a euforia exagerada sobre o grau de uma ruptura com o neoliberalismo no novo século não era tão comum - mesmo porque ficou claro para todos que as experiências sul-americanas que você mencionou estavam se movendo no contrafluxo, quer dizer, contra a tendência do mundo, pois América do Norte, Ásia e Europa estavam ainda alinhados ao neoliberalismo. Na América Latina, é justamente o movimento contrário - não à mais privatização, nem à maior desregulamentação, lidando ainda com uma desigualdade acentuada, mas com medidas de proteção nacional, preocupação com os pobres, defesa da esfera pública - que moldou o horizonte político do continente que, apesar de todas suas irregularidades, tornou-se um farol de esperança para os povos de outros lugares.

Na época, vimos o nascimento do Fórum Social Mundial, após os fortes protestos de Seattle. Nos últimos tempos, vimos o Occupy Wall Street, os indignados espanhóis e outros movimentos contra o capitalismo. A mensagem é similar: outro mundo é possível. Por que esses movimentos explodem, expõem as contradições do sistema capitalista e depois desaparecem?

Aliás, desaparecem? Explicações sobre os padrões dessas repentinas e imponentes explosões de protestos populares - que se iniciam e desaparecem rapidamente, ainda sem provocar muitas mudanças - precisam incluir três fatores principais. Obviamente, o primeiro é a ruptura da continuidade na cultura de esquerda com a vitória do capitalismo ocidental na Guerra Fria. O segundo é o declínio, no mundo inteiro, dos partidos como forma clássica de organização política, agravando essa ruptura de continuidade. E, certamente, o terceiro é o advento da internet, que permite uma comunicação e uma mobilização muito rápidas de muitos indivíduos de outra forma dispersos. Entretanto, precisamente por permitir esse sucesso tão rápido e relativamente tão fácil, nos momentos de crise, a internet acaba desencorajando o trabalho mais lento e mais difícil de criar movimentos políticos com estrutura e organização mais duradouras.

Como o sr. analisa a resposta do Brasil ao escândalo de espionagem americana?

O Brasil certamente se saiu melhor - e mais firmemente - que qualquer país europeu. Ao cancelar a visita oficial a Washington e criticar a espionagem americana no discurso nas Nações Unidas, Dilma Rousseff mostrou gestos de dignidade que nenhum outro líder foi capaz de mostrar. Mas esses gestos permanecem limitados. O grau contínuo de submissão do Brasil ao império americano pode ser visto, por exemplo, no fracasso do país ao (não) oferecer asilo a Edward Snowden, que revelou o esquema de espionagem e desde então está sendo perseguido pela índole vingativa característica de Barack Obama, cujo registro de punições domésticas ultrapassa o de George W. Bush. Podemos ter certeza de que Snowden teria encontrado um refúgio mais feliz no Brasil democrático que na Rússia autocrática. Não ter oferecido isso a Snowden é um motivo para desonra nacional.

Ainda assim, o governo do PT mostra mais independência na política internacional?

Certamente mais que os governos de José Sarney ou de Fernando Henrique Cardoso. Mas se formos justos, precisamos lembrar que nenhuma ação de Lula ou de Dilma, apesar de muitas terem sido positivas, foi tão destemida quanto a de um oligarca da República Velha, Artur Bernardes, que, em 1926, retirou o Brasil da Liga das Nações porque eles se recusaram a dar a qualquer país não europeu um assento permanente no conselho. Essa foi uma decisão de honra.

O sr. publicou um livro sobre a Índia - The Indian Ideology. A experiência desse país seria relevante para o Brasil?

Sim. Acredito que um estudo comparativo entre essas duas democracias - grandes países, mas ainda subdesenvolvidos em certa medida - seria de grande interesse. Deveria haver mais intercâmbio intelectual e político entre Brasil e Índia. Inclusive onde suas reformas sociais oferecem paralelos. É uma pena, pensei muitas vezes, que nunca tenha havido (até onde sei) uma troca de experiências entre seus respectivos programas para redução da pobreza: o Bolsa Família, no Brasil, e a Lei Nacional de Garantia de Emprego Rural, na Índia. Um, referente a uma transferência de dinheiro; outro, à disposição de trabalho. São os dois programas mais importantes nessa linha no mundo.

O sr. é considerado um especialista em história intelectual. Tem conselhos para estudantes nesse campo?

Nunca confunda julgamentos políticos e julgamentos intelectuais. A qualidade dos pensadores sérios nunca é uma simples função de seus pontos de vista ideológicos. Pensamentos - à direita, ao centro e à esquerda - devem ser tratados com cuidado analítico e respeito crítico iguais.

E atualmente qual é o papel dos intelectuais na sociedade?

Há uma ideia generalizada de que para ser um intelectual é preciso ser crítico da ordem estabelecida. Não é verdade. Desde o nascimento moderno do termo, possivelmente mais intelectuais têm sustentado os sistemas dominantes em suas sociedades. Assim, não há uma resposta única a sua questão. O papel dos intelectuais de direita é defender e ilustrar a ordem estabelecida. O papel dos intelectuais de centro é dar eufemismos e conformidade à ordem. O papel dos intelectuais da esquerda é atacá-la radicalmente. E nós precisamos de mais intelectuais assim. 

domingo, novembro 03, 2013

O papel da "Imprensa" e a luta de classes e de idéias!

Por Altamiro Borges*

Marx, Lênin e Gramsci, entre outros pensadores revolucionários, sempre destacaram o papel dos meios de comunicação. Exatamente por entenderem a importância da luta de idéias, do fator subjetivo na transformação da sociedade, fizeram questão de desmascarar o que chamavam, sem meias palavras, de “imprensa burguesa” e de realçar a necessidade da construção de veículos alternativos dos trabalhadores.

Estes dois elementos, a denúncia do caráter de classe da imprensa capitalista e a defesa dos instrumentos próprios dos explorados, são as marcas principais destes intelectuais marxistas. Marx, Lênin e Gramsci dedicaram enorme energia ao trabalho jornalístico, escrevendo centenas de artigos e ajudando a construir vários jornais democráticos e proletários. Foram jornalistas de mão-cheia, produzindo textos que entraram para a história. Sempre estiveram sintonizados com o seu tempo, pulsando a evolução da luta de classes; nunca se descuidaram da forma, da linguagem, para melhor difundir os seus conteúdos revolucionários. 

Defesa da liberdade de expressão 

Vítimas da violenta perseguição das classes dominantes, os revolucionários nunca toleraram a censura dos opressores e foram os maiores defensores da verdadeira liberdade de expressão. A própria ampliação da democracia foi decorrência das lutas dos trabalhadores, já que nunca interessou à reacionária burguesia. Mas os revolucionários nunca confundiram esta exigência democrática com a proclamada “liberdade de imprensa”, tão alardeada pela burguesia que controla os meios de produção e usa todos os recursos, legais e ilegais, ardilosos e cruéis, para castrar a própria democracia e o avanço das lutas emancipadoras. 

Numa fase ainda embrionária do movimento operário-socialista, Karl Marx logo se envolveu na atividade jornalística. Após concluir seu doutorado em filosofia, em 1841, ele pretendia seguir a carreira acadêmica e ingressar na Universidade de Bonn, mas a brutal repressão do governo prussiano inviabilizou tal projeto e o jovem filósofo alemão manteve seu sustento através do jornalismo. Em 1842, ingressou na equipe do jornal Gazeta Renana e virou o seu redator-chefe. Sob sua direção, este periódico democrático triplicou o número de assinantes e ganhou prestígio, mas durou poucos meses e foi fechado pela ditadura prussiana. 

Sem ilusões na imprensa burguesa 

Na seqüência, entre 1848/49, passou a escrever no jornal Nova Gazeta Renana, que se transformou numa trincheira de resistência ao regime autoritário. Em menos de dois anos, Marx escreveu mais de 500 textos e tornou-se um articulista de sucesso. O combate ao código de censura do governo prussiano resultou na proibição do jornal. Marx ainda escreveu para o Die Press e o New York Tribune sobre política, economia e história. “Era um jornalismo que revelava a minuciosa leitura de Marx, seu alto grau de informação não apenas sobre os fatos e conflitos, como também sobre os atores individuais e a própria imprensa”, relata José Onofre, na apresentação do livro recém-lançado “Karl Marx e a liberdade de imprensa”. 

Em sua defesa da liberdade de expressão, ele nunca vacilou na denúncia da ditadura burguesa. Para ele, o jornal deveria ser uma arma de combate à opressão e à exploração e não um veículo neutro. “A função da imprensa é ser o cão-de-guarda, o denunciador incansável dos opressores, o olho onipresente e a boca onipresente do espírito do povo que guarda com ciúme sua liberdade”. Em outro texto, afirma: “O dever da imprensa é tomar a palavra em favor dos oprimidos a sua volta. O primeiro dever da imprensa é minar todas as bases do sistema político existente”. Por estas idéias libertárias, ele foi processado e perseguido. 

Poder do capital sobre a imprensa 

Outro que nunca se iludiu foi Vladimir Lênin. Atuando num período da ascensão revolucionária, ele foi ainda mais duro no combate aos jornais burgueses. Num texto intitulado “a liberdade de imprensa do capitalismo”, ele desnuda esta falácia. “A ‘liberdade de imprensa’ é também uma das principais palavras de ordem da ‘democracia pura’. Os operários sabem e os socialistas de todos os países reconheceram-no milhares de vezes que esta liberdade é um engano enquanto as melhores impressoras e os estoques de papel forem açambarcados pelos capitalistas, e enquanto subsistir o poder do capital sobre a imprensa”. 

“Com vista a conquistar a igualdade efetiva e a verdadeira democracia para os trabalhadores, é preciso começar por privar o capital da possibilidade de alugar escritores, de comprar editoriais e de subornar jornais, mas para isso é necessário destruir o jugo do capital... Os capitalistas chamam sempre ‘liberdade’ à liberdade para os ricos de manterem seus lucros e liberdade para os operários de morrerem à fome. Os capitalistas denominam de liberdade de imprensa a liberdade de suborno da imprensa pelos ricos, a liberdade de usar a riqueza para forjar e falsear a chamada opinião pública”. Nada mais atual! 

Numa outra fase histórica, em que o setor da comunicação ainda não era um poderoso ramo da economia, Lênin chegou a se contrapor à participação dos comunistas na imprensa burguesa. “Poder-se-á admitir que colaborem nos jornais burgueses? Não. A semelhante colaboração se opõe tanto as razões teóricas como a linha política e a prática da social-democracia... Dir-nos-ão que não há regra sem exceção. O que é indiscutível. Não se pode condenar o camarada que, vivendo no exílio, escreve num jornal qualquer. É por vezes difícil criticar um social-democrata que, para ganhar a vida, colabora numa seção secundária de um jornal burguês”. Mas, para ele, tais casos deveriam ser encarados como exceção e com princípios. 

“Boicote, boicote, boicote” 

Para encerrar este bloco, que evidencia que os marxistas nunca nutriram ilusões sobre o caráter de classe da imprensa burguesa e nem se embasbacaram com o seu poder de sedução, vale reproduzir uma longa citação de Antonio Gramsci, o revolucionário italiano de padeceu onze anos nos cárceres. No texto “Os jornais e os operários”, escrito em 1916, ele faz uma conclamação aos trabalhadores que bem poderia servir para uma campanha contra a revista Veja e outros veículos da mídia brasileira na atualidade: 

Para ele, a assinatura de jornal burguês “é uma escolha cheia de insídias e de perigos que deveria ser feita com consciência, com critério e depois de amadurecida reflexão. Antes de mais, o operário deve negar decididamente qualquer solidariedade com o jornal burguês. Deveria recordar-se sempre, sempre, sempre, que o jornal burguês (qualquer que seja sua cor) é um instrumento de luta movido por idéias e interesses que estão em contraste com os seus. Tudo o que se publica é constantemente influenciado por uma idéia: servir à classe dominante, o que se traduz sem dúvida num fato: combater a classe trabalhadora. E, de fato, da primeira à última linha, o jornal burguês sente e revela esta preocupação”. 

“Todos os dias, pois, sucede a este mesmo operário a possibilidade de poder constatar pessoalmente que os jornais burgueses apresentam os fatos, mesmo os mais simples, de modo a favorecer a classe burguesa e a política burguesa em prejuízo da política e da classe operária. Rebenta uma greve! Para o jornal burguês os operários nunca têm razão. Há uma manifestação! Os manifestantes, apenas porque são operários, são sempre tumultuosos e malfeitores. E não falemos daqueles casos em que o jornal burguês ou cala, ou deturpa, ou falsifica para enganar, iludir e manter na ignorância o público trabalhador. Apesar disso, a aquiescência culposa do operário em relação ao jornal burguês é sem limites”. 

“É preciso reagir contra ela e despertar o operário para a exata avaliação da realidade. É preciso dizer e repetir que a moeda atirada distraidamente é um projétil oferecido ao jornal burguês que o lançará depois, no momento oportuno, contra a massa operária. Se os operários se persuadirem desta elementar verdade, aprenderiam a boicotar a imprensa burguesa, em bloco e com a mesma disciplina com que a burguesia boicota os jornais operários, isto é, a imprensa socialista. Não contribuam com dinheiro para a imprensa burguesa que vos é adversária: eis qual deve ser o nosso grito de guerra neste momento, caracterizado pela campanha de assinatura de todos os jornais burgueses: Boicotem, boicotem, boicotem!”. 

Construtores da imprensa revolucionária 

Exatamente por não nutrirem ilusões na imprensa burguesa, Marx, Lênin e Gramsci sempre investiram na construção de instrumentos próprios das forças contrárias à lógica do capital. Segundo o biógrafo David Riazanov, “a Nova Gazeta Renana tratava de todas as questões importantes, de sorte que o jornal pode ser considerado um modelo de periódico revolucionário. Nenhum outro periódico russo nem europeu chegou à altura da Nova Gazeta... Seus artigos não perderam nada de sua atualidade, de seu ardor revolucionário, de sua agudeza na análise dos acontecimentos. Ao lê-los, sobretudo os de Marx, acreditamos assistir à história da revolução alemã e da revolução francesa, tão vivo é o estilo, como profundo é o sentido”. 

Já Lênin, que viveu numa fase de efervescência revolucionária, dedicou boa parte das suas energias para construção de jornais socialistas – dos mais diferentes tipos, sempre sintonizados com a evolução da luta de classes. Iskra, Vperiod, Pravda, Proletari, Rabotchaia Pravda, Nievskaia Svesdá, entre outros jornais organizados e dirigidos por ele, servirão para agregar as forças de esquerda, fazer agitação nas fábricas, aprofundar os debates ideológicos e construir o partido. Na sua mais célebre definição, Lênin sintetizou: 

“O jornal não é apenas um propagandista coletivo e um agitador coletivo. Ele é, também, um organizador coletivo. Neste último sentido, ele pode ser comparado com os andaimes que são levantados ao redor de um edifício em construção, que assinala os contornos, facilitam as relações entre os diferentes pedreiros, ajudam-lhes a distribuírem tarefas e a observar os resultados gerais alcançados pelo trabalho organizado”. A reacionária burguesia russa logo entendeu o perigo representado por estes jornais, tanto que os reprimiu ferozmente. No caso do Pravda, de um total de 270 edições, 110 foram objeto de ações judiciais e os seus redatores foram condenados a um total de 472 anos de prisão. Mas isto não abrandou o seu vigor! 

Atualidade das noções marxistas 

No caso de Gramsci, o longo período de cárcere dificultou a sua atividade jornalística e castrou seu desejo de organizar a imprensa operária. Antes da prisão, ele editou vários jornais de fábrica e empenhou-se na difusão do Ordine Nuovo. Na sua rica elaboração sobre o papel dos intelectuais e a luta pela hegemonia, ele chega a afirmar que, em momentos de crise, o jornal pode funcionar como partido político, ajudando a desnudar a ideologia dominante e a construir a ação contra-hegemônica do proletariado. Para ele, o momento da desconstrução do velho é, ao mesmo tempo, o da construção do novo. 

As contribuições de Gramsci servem para desmistificar o papel da mídia hoje, mantendo impressionante atualidade. Para ele, a imprensa burguesa é um “aparelho privado de hegemonia”, capaz de disputar os rumos da sociedade por meio de uma verdadeira guerra de posições em todas as “trincheiras ideológicas”. Através da imprensa privada e mercantil, que objetiva o lucro e que faz da notícia uma mera mercadoria, a burguesia tenta se aparentar como representante da esfera pública. Além disso, em momentos de crise da ideologia dominante e de fratura dos partidos burgueses, a imprensa se apresenta como “o partido do capital”, que organiza e amalgama os interesses das várias frações de classe da burguesia. 

*Altamiro Borges é secretário nacional de mídia do PCdoB

sábado, novembro 02, 2013

SOB A BANDEIRA DE LENIN!!


Por Carlos \Pompe*

Em 7 novembro de 1917 (25 de outubro, pelo antigo calendário russo), foi aberto, em Moscou,

o 2º Congresso dos Sovietes e Vladimir Lenin, principal líder do Partido Bolchevique, foi eleito

presidente do Conselho dos Comissários do Povo. Pela primeira vez, os marxistas alcançavam o

poder.

Além das mudanças radicais que aconteceram no território russo e, depois, na União das

Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e, mais tarde, nos países do Leste europeu e alguns

da Ásia, a Revolução Russa influenciou o pensamento progressista de todo o mundo – mesmo

onde nunca os revolucionários chegaram ao poder. Na esteira de seu sucesso, partidos foram

fundados em inúmeros países, seguindo o modelo proposto por Lenin. Inclusive em nosso país,

onde, apenas 5 anos após aquele evento, foi fundado o Partido Comunista do Brasil.

Assim como serviu de inspiração para as esquerdas de todos os continentes, a vitória dos

bolcheviques também motivou a formação de uma santa aliança direitista que os fustigou

militar, política, econômica e ideologicamente, dentro e fora de seus domínios, enquanto

estiveram no poder. A União Soviética, que decorreu da Revolução Russa, deixou de existir

em 1991 devido, principalmente, às contradições internas no país e no Partido ao longo de

sua história. Também as outras experiências socialistas europeias deixaram de existir sem que

isso fosse resultado de alguma invasão armada estrangeira. China, Vietnã, Coreia do Norte e

Cuba – neste país latino-americano, revolucionários tomaram o poder em 1959 – continuam

suas experiências de construção nacional tendo à frente partidos que se afirmam inspirados no

leninismo.

As divergências que ocorreram dentro do Partido de Lenin, em especial após a sua morte,

também influenciaram o movimento progressista mundial. Uniões e dissensões ocorreram, e

ocorrem, ao longo das décadas, em organizações onde suas lideranças reivindicam a fidelidade

ao caminho indicado pelo líder da Revolução de 1917.

Neste novembro de 2013, o PCdoB realiza seu 13º Congresso afirmando sua opção por forjar

um “partido de caráter leninista para a contemporaneidade”. Nas discussões realizadas pela

militância, em reuniões ou na Tribuna de Debates, todos os manifestantes reafirmaram o

leninismo, embora com visões diferentes de como ele deva ser aplicado à realidade atual.

Mas não houve quem renunciasse ao legado de Lenin. Disse o presidente dos comunistas,

Renato Rabelo: “O PCdoB – nesta fase de sua direção na quarta geração – conseguiu situar e

determinar, num esforço baseado na teoria marxista-leninista, compreendendo a realidade

do atual período histórico, uma visão que embasa nosso pensamento tático e estratégico,

definida no conceito: a acumulação estratégica de forças, cujo objetivo é a conquista da

hegemonia dos trabalhadores e das camadas populares, configurado no poder estatal de

caráter democrático-popular, visando à transição ao socialismo”.

No Brasil e no mundo, ocorrem inúmeras formas de luta e movimentos de resistência ao

capitalismo. Mas as orientações das lutas populares são distintas e não há hegemonia clara de

nenhuma corrente política organizada, declare-se ou não marxista. Mas neles atuam também

os que marcham sob a bandeira de Lenin.

Inspira-os as vitórias alcançadas mesmo em momentos tão adversos, como foi a invasão da

União Soviética pelos nazistas, em 1941. A Revolução Bolchevique completava, então, 24

anos. Em 7 de Novembro, com os exércitos nazistas às portas de Moscou, Stalin decide ficar

na capital e resistir ao ataque dos invasores. Como observa o professor Miguel Trujillo, “para

manter o moral do povo e dos soldados, Stalin decide realizar o desfile anual das tropas na

Praça Vermelha. Mantido em segredo até o último minuto, os soldados que dele participam

saem da Praça diretamente para o campo de batalha, onde com certeza grande parte deles

perdeu a vida. Mas salvou a humanidade dos nazistas. A Batalha de Moscou foi a primeira

grande derrota dos exércitos nazistas, e parou o avanço alemão na frente leste. A grande

virada da II Guerra viria ano e pouco depois, com a Batalha de Stalingrado”.

Stalin faz um discurso, que pode ser visto no link abaixo (são 7 minutos de discurso, com

legendas em espanhol, e 7 minutos de desfile das tropas e seus armamentos) conclamando:

“Sob a bandeira de Lenin, adiante até a vitória!”

Sigamos.

http://www.youtube.com/watch?v=1j8xakBb3So



Segundo os historiadores, o inverno de 1941 foi o mais frio do século, até então. Fazia - 40º

Celsius na Praça Vermelha

* Carlos |Pompe é revolucionario comunista, dirigente do PCdoB no Distrito Federal e curioso do mundo e das coisas..