domingo, julho 31, 2011

Beleza e determinação de uma nova liderança Latino-Americana



Camila a bela lider estudantil chilena!
Deu no Portal Vermelho e merece ser repicado!!

Camila Vallejo: a voz da nova geração política no Chile


Filha de Reinaldo Vallejo e Mariela Dowling – membros do Partido Comunista perseguidos na ditadura –, Camila Vallejo Dowling, se destaca como uma das principais líderes da CONFECH (Confederação dos Estudantes do Chile), órgão recém criado para congregar as diversas federações estudantis responsáveis pela chamada “primavera estudantil chilena” e quer alimentar um movimento social que, segundo ela, já ultrapassou o âmbito meramente educacional.

Após realizar três megamanifestações em frente ao Palácio de La Moneda – a maioria com mais de 150 mil pessoas em Santiago – Camila se tornou a primeira figura política de destaque nacional de uma geração que era considerada apolítica e desinteressada, qualificações rejeitadas por ela.

“A ditadura gerou um grande contingente de jovens apolíticos, educado através do medo, mas os que se manifestam hoje são outros. Após aquela geração, surgiu uma juventude muito forte, ainda que inexperiente. Ela é mais crítica e quer recuperar a política com ideias mais amplas; quer outra democracia”, afirma a militante, dona de um olhar reto, direto, frequentemente confundido com braveza.

Camila preside a FECH (Federação dos Estudantes da Universidad de Chile). Quando os estudantes de diferentes federações estudantis reuniram sua indignação e criaram a CONFECH, em maio deste ano, ela rapidamente se impôs como porta-voz e foi o rosto das primeiras marchas e manifestações realizadas pelo movimento, que combate o lucro nas instituições educacionais chilenas e pede o retorno da educação pública gratuita e de qualidade. Isso porque, no Chile, escolas e universidades chamadas públicas cobram mensalidades.

Uma “primavera” que floresceu num dos outonos mais frios do país nos últimos anos. A temperatura já flertava com os graus negativos no começo do mês de maio quando o atraso nas bolsas de estudos concedidas pelo Ministério da Educação terminou com a paciência de milhares de pais e estudantes ao longo do país.

Foi quando Camila e a CONFECH se tornaram protagonistas e os estudantes incrementaram as marchas e protestos bem humorados, com “beijaços” e coreografias em grupos. Eventos que conseguiram derrubar o ministro Joaquín Lavín e contribuíram para a queda da popularidade do presidente Sebastián Piñera, além de mudar a percepção da sociedade sobre a politização dos jovens no país.

Segundo o Servel (Serviço Eleitoral do Chile), o número de inscritos para as eleições dentro da faixa etária entre 20 e 30 anos variou negativamente nos últimos cinco anos.
No entanto, os que se manifestam não encontram espaço na política devido ao sistema eleitoral -- binominal --, que favorece a continuidade e dificulta a renovação geracional.

Para Camila, os governantes chilenos têm facilidade para corromper a democracia real, “mas os novos espaços de participação popular estão sendo criados, nas redes sociais, por exemplo, e no fim, essa geração que está criando espaços vai fazer com que as barreiras geracionais acabem sendo derrubadas pelo próprio peso.”

Machismo

Após os primeiros atos, os meios de comunicação apontaram os holofotes sobre Camila, mas frequentemente destacando sua beleza física, em detrimento das qualidades intelectuais. “Tive de aguentar coisas que colegas homens jamais tiveram de enfrentar”, diz, para depois destacar que o impacto do movimento na sociedade relegou esse rótulo machista sobre as mulheres a um segundo plano: “Vejo isso com bons olhos”.

Ela comemora também a possibilidade de um maior intercâmbio político entre estudantes da região sul-americana. “Na medida em que os países fortalecerem a unidade regional, os movimentos estudantis também o farão. Pretendemos comparecer ao CLAE (Congresso Latinoamericano e Caribenho de Estudantes)”.

Partido Comunista

Camila é militante do Partido Comunista, mas destaca que a confederação que representa agrega estudantes de diferentes vertentes políticas e que a disposição por mudanças no país é equivalente entre todos. “O nefasto desempenho das políticas educacionais da Concertação, que defendeu o modelo instaurado por Pinochet, ajudou a nossa causa a unir forças, e agora, com a direita de volta ao poder, querendo reforçar a privatização do sistema e o lucro das instuições, ficou mais fácil reunir pessoas insatisfeitas”, analisa.

Em um congresso estudantil realizado em Punta Arenas, no extremo sul do Chile, Camila e a CONFECH começaram a confeccionar o que denominaram “um Grande Acordo Social para a Educação”, em clara resposta ao GANE (Grande Acordo Nacional para a Educação) lançado há duas semanas por Piñera e recusado pelos estudantes. Segundo eles, ele legaliza o lucro e aprofunda o atual modelo de educação. “Pretendemos levar essas propostas ao Executivo e ao Legislativo. Vamos batalhar para que elas sejam aceitas nessas instâncias. Para isso também contamos com o apoio já observado pelos trabalhadores e pela sociedade em geral”, finalizou Camila.

Fonte: Operamundi

segunda-feira, julho 25, 2011

ANP e Haroldo Lima desmentem e esclarecem denuncias da "Revista Època" e de Josias de Souza, da "Folha de São Paulo"


Haroldo Lima

ANP rebate “acusações” e “falsidades” da revista Época

Em nota divulgada por sua assessoria de imprensa, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) rebateu as acusações de corrupção e aparelhamento divulgadas na edição desta semana da revista Época.

Segundo a nota, a publicação da Editora Globo “veiculou falsidades e desconsiderou dados verdadeiros que já lhe tinham sido informados há dois anos. Generaliza suas aleivosias irresponsáveis e agride toda a comunidade que trabalha na Agência”.

Confira abaixo a íntegra do texto.

Nota da Assessoria de Imprensa da ANP

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) repele, energicamente, as acusações feitas pela revista Época em reportagem de capa da edição de 23/7/2011. A revista veiculou falsidades e desconsiderou dados verdadeiros que já lhe tinham sido informados há dois anos. Generaliza suas aleivosias irresponsáveis e agride toda a comunidade que trabalha na Agência. Em respeito a seus servidores e à sociedade, a ANP presta os seguintes esclarecimentos:

Os Srs. Antonio José Moreira e Daniel Carvalho, que aparecem na gravação e foto divulgadas e foram apresentados, repetidas vezes, na reportagem como “assessores da ANP”, nunca foram assessores desta Agência. Nunca foram sequer do quadro de servidores permanentes da Agência. Antonio José Moreira é servidor da Procuradoria da Fazenda Federal e foi destacado para o acompanhamento de processos da ANP, atuando em dependência da Agência, como ocorre com os demais órgãos públicos. Daniel Carvalho foi apenas estagiário na ANP. Além disso, a revista maldosamente os apresenta como se estivessem hoje na ANP, sendo que ambos já estão fora dessa Instituição há mais de dois anos.

A reportagem também não informa que, tendo tomado conhecimento em 2009 da gravação referida na matéria, um funcionário da Assessoria de Inteligência da própria ANP acompanhou a advogada Vanuza Sampaio, ao Ministério Público para a apresentação da denúncia, ficando claro que a ANP estaria, como permanece até agora, à disposição do Ministério Público para os esclarecimentos necessários.

Essas informações, que a reportagem ignora, tinham sido fornecidas pela ANP à Revista Época há mais de dois anos.

O ex-superintendente de Abastecimento da ANP Edson Silva interpelou judicialmente a advogada Vanuza Sampaio, através de seccional da OAB/RS, para que confirmasse em juízo as acusações agora veiculadas pela revista Época. Em sua resposta, a advogada negou que tivesse conhecimento de qualquer irregularidade por ele praticada.

Edson Silva afirma que jamais autorizou quem quer que seja a falar em seu nome ou fazer tratativas do tipo que a revista lhe atribui e nega que tenha havido qualquer encontro em um "café nas cercanias da sede da ANP, no centro do Rio", como consta na reportagem.

A ANP nunca teve conhecimento de qualquer irregularidade praticada pelo ex-superintendente de Abastecimento Roberto Ardenghy.

As insinuações feitas por Época contra o ex-diretor Victor Martins, merecem também nossa repulsa e o nosso protesto, vez que a revista Época volta a se apoiar em denúncias levantadas há anos e que foram consideradas falsas, depois de ampla investigação, pela já referida CPI do Senado Federal.

Ao contrário do que afirma a revista, a ANP não se exime de fiscalizar nem tolera irregularidades no mercado de combustíveis. A prova maior disso é a qualidade dos combustíveis brasileiros, que estão de acordo com os melhores padrões mundiais, resultado do rígido controle exercido pela ANP, que envolve operações regulares de fiscalização realizadas em coordenação com o Ministério Público, órgãos estaduais e municipais.

Quanto à acusação de aparelhamento político, a revista Época desconsidera que o quadro permanente de servidores da ANP só foi constituído na atual administração, por meio de dois concursos públicos que permitiram a contratação de mais de 650 servidores, repita-se, todos concursados. São profissionais capacitados, que servem à sociedade com dedicação e correção, não sendo merecedores do tratamento ofensivo que lhes foi dispensado pela revista.

Ainda sobre o insano assassinato de Marcio Leite de Toledo!!!



40 ANOS DEPOIS AINDA SE DISCUTE A ATITUDE ESTUPIDA E IRRESPONSAVEL DO ASSASSINATO DO MILITANTE DA ALN, MARCIO LEITE DE TOLEDO!

ME UNO AQUELES QUE QUESTIONAM O COMPORTAMENTO DO "COMANDANTE CLEMENTE" EM "JUSTIÇAR" MARCIO SEM NENHUMA BASE REAL. OS TEMPOS ERAM DE PARANÓIA E ESTRESSE EXTREMO, MAS ACREDITO QUE NEM MARIGHELA, NEM JOAQUIM CAMARA FERREIRA CHEGARIAM AO EXTREMO DE MATAR MARCIO.
VIVI AQUELA ÉPOCA E TINHA OS MESMOS QUESTIONAMENTOS DE MARCIO, MAS TIVE A SORTE DE CONSEGUIR DISCUTIR MEUS QUESTIONAMENTOS E ATÉ MEU DESLIGAMENTO DA ALN COM O PROPRIO "TOLEDO". SENÃO PODERIA TER TIDO O MESMO DESTINO INSANO DE MARCIO.
AUTOCRITICA DO "CLEMENTE" PODERIA E DEVERIA SER APROFUNDADA PARA ENTERRARMOS ESTE ASSUNTO DE VEZ!!

Reproduzo aqui mensagem do Alipio Freire que ajuda a esclarecer os fatos em parte.A verdade tem que vir a tonam de todos os lados!! È o que penso!!!



Camaradas e Amig@s,

segue em arquivo e no corpo da mensagem o texto "O assassinato de Márcio, revivido após 40 anos".
Márcio (Márcio Leite de Toledo), militante da ALN, foi morto em um ponto no dia 23 de março de 1971, por seus companheiros de organização, quando pretendia discutir com eles suas divergências acerca do rumo político que trilhavam.

Márcio, naquele ponto, não era apenas o Márcio.
Ele representava um conjunto de militantes da sua organização, que divergiam da linha adotada pela direção, entre os quais, o camarada Renato Martinelli, autor do texto que segue e que me pediu que o divulgasse. Conheci o Renato Martinelli há uns cinco anos: um camarada sério, discreto e modesto - uma grande figura. Fomos apresentados por uma querida amiga em comum, Malu Alves Ferreira. Fizemos amizade, embora (infelizmente) nos vejamos ou saibamos um do outro, muito raramente. Naquela ocasião, ele acabara de lançar seu livro "Um grito de Coragem - memórias da luta armada", pela Com-Arte Editora-Laboratório. O livro tem como assunto o "episódio" Márcio. É impressionante o tom e o modo de tratar assunto tão delicado e ao mesmo tempo tão grave - ou tão delicado por ser tão grave. Apesar de toda a defesa do seu camarada assassinado e a manifestação da sua repulsa à decisão do Comando de sua organização no sentido da execução do Márcio, bem como sua crítica aos executores, o livro impressiona pela precisão, cuidado e respeito com que trata aqueles que critica e aos quais responsabiliza.

O assunto - pelo que entendo - volta agora à discussão, em conseqüência dos 40 anos da morte de Mácio e, sobretudo, pelas recentes declarações do Camarada Carlos Eugênio Paz - o Clemente, a respeito do trágico "episódio".

Conheci Carlos Eugênio pessoalmente em Olinda, durante um seminário sobre direitos humanos, organizado pelos nossos companheiros Amparo Araújo, Marcelo Santa Cruz e outros camaradas militantes da área dos direitos humanos e da memória sobre os anos da ditadura. Naquela ocasião (1997-1998) Carlos Eugênio acabara de lançar seu segundo livro de "memórias romanceadas", "Nas trilhas da ALN" (Editora Bertrand Brasil), e eu, juntamente com os camaradas Izaías Almada e J.A de Granville Ponce, havíamos lançado (final de 1997) o nosso "Tiradentes - um presídio da ditadura" (Ed. Scipione Cultural). Assim, Carlos Eugênio e eu fomos convidados para do seminário em Olinda, não apenas para participar das mesas de debate, mas também para o lançamento dos respectivos livros. Lá nos conhecemos e estabelecemos uma boa amizade, facilitada pela leitura que eu fizera dos seus dois livros (o primeiro, "Viagem à luta armada", Editora Civilização Brasileira, 1996), além dos fortes laços de amizade e camaradagem que me uniam desde muito tempo a Maria Sarmento (mãe do Clemente), uma das mais admiráveis figuras que conheci da geração de militantes comunistas anterior à nossa. O livro "As trilhas da ALN", na sua parte final, trata exatamente do "episódio" Márcio, que ali é tratado pelo nome de Mário.

Embora já conhecesse em linhas gerais o acontecimento, a primeira vez que li sobre Márcio e sua morte, foi na primeira edição de "O Combate nas Trevas" (Editora Ática - 1987) do nosso Camarada e historiador Jacob Gorender (PCBR), no seu capítulo "A violência do oprimido".

Outro livro, lançado em 2003 pela Editora Papel Virtual, onde podemos ler sobre o assunto, leva o título de "Márcio - o guerrilheiro", do nosso camarada militante e advogado da área dos direitos humanos, Antonio Pedroso Júnior (ALN). O livro é apoiado numa boa pesquisa e carrega o tom mais duro (dos que aqui cito) contra a decisão e execução do assassinato.

Para quem pretenda entender a polêmica que, me parece, ora é retomada, convém ler os quatro trabalhos. Para quem não tenha tempo ou não pretenda ler todos, sugiro que leiam, pelo menos, "Um grito de coragem", do nosso grande amigo e camarada Renato Martinelli.

Do meu ponto de vista, os maiores beneficiários dessa discussão serão os jovens militantes de hoje, de modo a se comprometerem em jamais cometer equívocos dessa natureza e desse porte.

Putabraço,
Alipio Freire



Caro camarada Alípio, junto estou lhe enviando o texto acima,
solicitando a sua colaboração na divulgação do mesmo.
Agradeço antecipadamente.
Abração do Renato Martinelli


O assassinato de Márcio, revivido após 40 anos.

Márcio Leite de Toledo foi assassinado na tarde do dia 23 de março de 1971, há mais de 40 anos, quando atraído para uma cilada preparada por aqueles que até então julgava seus companheiros.

A iniquidade cometida contra o militante da ALN, ocorreu após alguns meses da traição de José da Silva Tavares, que levou à prisão, tortura e ao assassinato de Joaquim Câmara Ferreira, sucessor de Carlos Marighella no comando da organização revolucionária que combatia a ditadura, instaurada pelas elites brasileiras, com o apoio dos Estados Unidos, em 1º de Abril de 1964.

Em 23 de março de 1971, Márcio compareceu ao fatídico “encontro” de peito aberto, certo de que era a oportunidade que estava aguardando para colocar na mesa e quiçá resolver as divergências até então existentes entre ele e os “companheiros do comando”; tratamento que consta em um texto recuperado, no qual Márcio expõe as suas críticas e divergências com a direção da ALN.

Marighella foi assassinado em 4 de novembro de 1969, quando atraído pela repressão para um “encontro”; Câmara Ferreira foi assassinado no dia 23 de outubro de 1970, igualmente atraído para um “encontro”.

Valorosos companheiros e companheiras foram assassinados pelos agentes do sistema de repressão organizado pela ditadura; muitos deles quando atraídos para um “encontro”.

Márcio Leite de Toledo, igualmente foi assassinado, vítima de um erro estalinista, disseram-me à época, quando compareceu a um “encontro”, só que ao invés de atraído pela repressão assassina, desta vez, o foi por um grupo de companheiros comandados por Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz, então com 20 anos de idade.

O mesmo Carlos Eugênio, o “Último comandante militar da ALN”, como é literalmente denominado na recente entrevista, hoje com 60 anos de idade, reitera os mesmos injustos e infundados argumentos cometidos no passado, através da declarada certeza sobre as futuras, portanto supostas atitudes do companheiro Márcio, caso não tivesse sido executado.

Eugênio, assombro-me, como que ungido da capacidade de prever o futuro, afirma textualmente em sua recente entrevista: “Preferia que não tivéssemos precisado chegar a esse ponto, mas tenho certeza que os danos seriam maiores se houvesse hesitado”.

Afinal..., pergunto: A quais benditos futuros danos está se referindo o entrevistado na sua absurda previsão!?

Que grande lástima, que falta de respeito à vida e à memória de Márcio Leite de Toledo, um militante de primeira hora da ALN, um denodado combatente da luta do povo brasileiro contra a ditadura civil-militar, instaurada no país em 1964.



Renato Martinelli - 20 de julho de 2011

Autor do livro “ Um Grito de Coragem” - memórias da luta armada

sexta-feira, julho 22, 2011

Câmeras e Cidadania!!






Câmeras e Cidadania


JAIME SAUTCHUK (*)

A paranoia da insegurança pública é a justificativa para uma avassaladora invasão da privacidade das pessoas no mundo inteiro, inclusive no Brasil. As câmeras espalhadas em lugares públicos vão muito além da finalidade alegada e servem para muitos outros usos, o que fere os direitos dos cidadãos.

Começa pelo começo. O regime sócio-econômico hoje predominante no mundo não convive com o pleno emprego e mantém o exército de reserva de que falava Karl Marx. Ou seja, é a massa de desempregados, que serve para regular os salários, para baixo. É a lógica capitalista.

Além disso, dentro do próprio sistema há enorme defasagem entre o avanço tecnológico, que promove a automação da produção em todos os setores, e a carga horária dos trabalhadores. Basta ver quantas pessoas são necessárias, hoje, para produzir mil automóveis. Ou para plantar, colher e carregar mil hectares de soja.

Isto, somado ao crescimento da população na maioria dos países, gera um contingente enorme de supostos desocupados, que, em boa parte, se ocupam do crime. As organizações do crime são gigantescas e contam com a proteção de polícias e do judiciário, ou seja, advogados e juízes. Mas os avulsos seguem o mesmo rumo.

O magnata vive em castelos e anda de helicóptero, meio de transporte em que São Paulo é a cidade campeã mundial. E é largamente usado no Brasil inteiro. Já o cidadão comum é forçado a amurar as casas, trancar portas e janelas, fazer mini-fortalezas para se proteger em verdadeiros presídios familiares.

A violência está sempre por perto, mesmo em cidades menores, tidas até poucos anos atrás como tranquilas. É comum vermos na mídia que a polícia pegou tal e qual com a ajuda de imagens registradas em algum lugar, mas no dia seguinte o cara está nas ruas de novo. E as câmeras continuam lá.

É certo que essas câmaras são instrumentos úteis em muitos casos, mas os limites dessa vigilância é que não são claros. A transmissão direta de sessões do legislativo e do judiciário, inclusive do Supremo Tribunal Federal, por exemplo, são de grande serventia pública, com caráter até educativo.

Mas, de todo modo, essas emissoras só transmitem as sessões públicas dessas instituições. E a gente sabe que as negociatas não ocorrem nessas ocasiões. Ocorrem no gabinete ou na fazenda do prefeito, em hotéis de luxo e outros recintos onde não há olhos eletrônicos.

Se a investigação da polícia, dos tribunais (em especial os de contas), das corregedorias de órgãos de governo, do ministério público, de qualquer fiscalizador, enfim, depender dessas imagens, pobres de nós.

A proliferação de câmeras por todo lado, portanto, não está fiscalizando o crime organizado, nem os grandes contraventores. Bisbilhotam a vida do cidadão comum, em verdade. É salvaguarda de patrimônio, não da cidadania.

Em muitos lugares, até o interior de residências é filmado, sem quem os moradores saibam. A máxima “quem não deve, não teme” não vem ao caso. Pela lei, nem a polícia pode entrar numa habitação sem autorização judicial.

Este é um aspecto da questão. Mas há muitas outras variantes. Vejamos situações corriqueiras. Numa greve de trabalhadores de algum setor, por exemplo, seus líderes são identificados no ato. E punidos por isso.

Ou, então, a pessoa que não quer mostrar suas preferências religiosas, sexuais ou políticas. Ela teria direito ao sigilo, mas não tem.

Mais grave ainda é o fato de que não há controle nenhum sobre esses bancos de dados formados aleatoriamente. Nem regras para seu armazenamento. Quem fará uso dessas imagens? Por quanto tempo podem ficar nos arquivos?

Afinal, são peças que podem ser usadas para muitas finalidades, inclusive chantagens pessoais ou mesmo políticas. Ou seja, são potenciais armas de crimes.

O Ministério da Justiça está estudando o assunto. E, no Congresso, há propostas tramitando. O certo é que o governo tem instrumentos para controlar o setor. E pode partir do que é consenso em órgãos do próprio governo e de entidades de universidades e de defesa da cidadania.

A proposta é: quem quiser gravar imagens terá que ter autorização do governo, e este deve determinar as regras e fiscalizar o uso. E, é claro, o cidadão precisa ter instrumentos para reparar eventuais danos.

Ou, então, vamos colocar câmeras em todos os lugares.

*Jornalista,escritor e colunista do Portal Vermelho

segunda-feira, julho 18, 2011

O Brasil deve avançar contra as trevas!!!


Luiz Carlos Antero


Um fato saudável. Na linhagem da mais generosa tradição do
pensamento marxista criador, Renato Rabelo (1) levantou questões
fundamentais acerca do futuro do movimento revolucionário, essencial
a um futuro exitoso para a humanidade e o Brasil. Sua pedagógica
intervenção coincide com um momento nacional que requer das
forças avançadas uma inteligente postura diante das tentativas de
glorificação de um nebuloso passado derrotado no plano eleitoral com
a contribuição do PCdoB.

Por Luiz Carlos Antero*

Ao considerar “indispensável manter a identidade comunista e ao mesmo
tempo atuar no curso real da luta política” numa “realidade de defensiva
estratégica e numa fase de acumulação de forças num sentido
revolucionário”, Rabelo examinou os desafios da atualização do
pensamento marxista e as alterações na correlação de forças no mundo.

Quando é avaliado o papel da China e dos países emergentes nas
circunstâncias da profunda crise dos EUA, Europa e Japão, aflorou-me à
memória uma entrevista realizada (ao lado de José Carlos Ruy) com um
dirigente do PC da China em dezembro de 2001 — durante o 10º
Congresso do PCdoB, realizado no Rio de Janeiro.

O comunista chinês ali tangenciou a possibilidade de restauração da
bipolaridade e exaltou as excelências de um mundo multipolar. Foi
também no Rio, quase dez anos depois, no recente Encontro
Internacionalista realizado na UFRJ, que Renato pronunciou sua
esclarecedora conferência que confirma tais rumos.

Novo ciclo, nova influência

É nas circunstâncias dessa “nova realidade internacional e de mudança do
cenário nacional, levando-se em conta o ciclo político aberto por Lula e
continuado por Dilma Rousseff”, que o Brasil é promovido a “uma nova
dimensão” também no quadro mundial, realçando-se, no pensamento de
Renato Rabelo, “a importância de atualizar a teoria revolucionária”. É
quando o movimento comunista “começa a recuperar sua influência no

processo de acumulação de forças (no sentido ideológico, político e prático
da influência concreta na sociedade)”.

Uma reflexão assim posta é um vigoroso sopro renovador num País que
vive hoje um ambiente auspicioso, mas ameaçado, aqui ou acolá, pelo
velho pensamento neoliberal que busca a estagnação e a imbecilização da
política. Por vezes, tacitamente assimilado pela fase inercial que sucedeu
ao desaparecimento de circunstâncias e lideranças que marcaram o curso
histórico significativo da trajetória republicana — a exemplo de João
Amazonas de Sousa Pedroso, Mauricio Grabois, Leonel de Moura Brizola,
Miguel Arraes e outros tantos exemplares do pensamento nacional e de
extração patriótica e popular. Boa parte deles eliminada com a ferocidade
planejada para que nada restasse desse pensamento.

FHC: o ocasional paladino

Neste elo, entre as tarefas mais atuais coloca-se uma, muito especial, que
trata de resgatar o gigantesco atraso proporcionado pelas quatro décadas
perdidas que se remontam aos períodos do regime militar (1964-1985) e
neoliberal que acometeu o País (ao longo dos anos 1990 até 2002).

São períodos na essência complementares, articulados e siameses, e raros
intervalos nos quais trataram de consagrar a transição negociada — que, da
Nova República a Fernando Henrique Cardoso, transitando pela vitória de
Fernando Collor, já em 1989, lograram barrar a efetivação de avanços a
uma transição de ruptura. Um desdobramento cirúrgico à destruição do
pensamento nacional alcançado na ditadura.

Emblemática da atual presença deste velho pensamento derrotado em 2002,
2006 e 2010, foi a recente (e bizarra) glorificação do mesmo FHC, que
reaparece “forçando a barra” como ocasional paladino da (possível)
descriminalização da maconha. Mas o que se torna impossível à nação é
tragar seu conservador perfil fisiológico de entreguista e embusteiro da
chantagem inflacionária.

Em seu conjunto, destacaram-se, neste cenário, sinais dessa pasmaceira
plasmada de ternura cínica e que, na plácida “maresia”, ainda subsiste às

transformações requeridas e aos avanços acenados nas três recentes
eleições presidenciais.

Tudo em nome de uma “estabilidade” que custa ao país uma maquiada
instabilidade e sua ruptura com o prodigioso passivo construído pela
mesma elite de estelionatários que “pensou” o Plano Real e, na tradição,
aqueles 502 anos de solidão, concentração fundiária, cidades infladas e
apartadas, perversa e secular espoliação do trabalho, vandalismo,
truculência, miséria e agudas contradições.

Genuflexa “renovação”

Carece de sinergia a desconstrução da herança nascida do casamento entre
a era neoliberal e o regime militar: a concentração da renda e a blindagem
dos espiões e torturadores fascistas, os sagrados frutos das privatizações, a
política macroeconômica e suas elevadas taxas de juros, ciladas cambiais,
restrições estruturais à elevação da massa salarial dos trabalhadores,
sangria da poupança nacional rumo ao centro hegemônico financeiro
mundial, discutíveis investimentos do FAT (BNDES) aos muito ricos,
manutenção dos gargalos ao pleno desenvolvimento — no contexto da
afirmação e prosperidade da tendência multipolar.

É como se tudo isso fosse um intocável pacote cenográfico da TV Globo
financiado pelo governo, sem contestação, na vigência do perfil
subordinado — e instituído no coração do movimento progressista. Esse
pacote de maldades, derrotado pelo povo brasileiro em três eleições
consecutivas, prorroga assim seu espaço no vácuo das alterações na
correlação de força e preservação dos fundamentos da estagnação
conservadora com a religiosa manutenção dos “contratos” — postulados
caninos de uma genuflexa “renovação” política do Brasil.

Alterando o rumo da prosa

Neste ambiente, a deposição de Antonio Palocci — pela qual se pediu
desculpas ao mercado e se teceu elogios a sua perniciosa “contribuição” —
não tem significado além do tilintar dos brindes no reduto do “fogo
amigo”. E os propósitos comemorados na vitória eleitoral de 2010

permanecem num proverbial e envergonhado lugar.

Salvo a atuação (tacitamente silenciada pela mídia imperial) dos
movimentos sociais e a atividade irrequieta das mídias alternativas, a
população, de quem depende o rumo da prosa, assiste àquele pronunciado
pregão do fim da história. Mesmo porque — não obstante altos índices de
aprovação — o que cresce, no espaço contraditório de governo, é a
simpatia no campo dominante pelas ações de retrocesso democrático
quanto, por exemplo, ao fim das coligações proporcionais ou à capitulação
aos interesses “florestais” do imperialismo.

Em busca da luz

Nessa estragada viagem de FHC, o Brasil persiste como o confortável salão
que dá lugar à festa do capital especulativo, da pax dos banqueiros onde
gingam os agiotas, brincam os doleiros e lucram os lobistas e aventureiros
em geral; o país da blindagem a Daniel Dantas et caterva, aos torturadores
do regime militar, aos faceiros (e facínoras) proprietários do império da
mídia.

É ainda o país onde corre solta a folia das multinacionais concessionárias
da (criativamente nossa) energia, da (lucrativa) telefonia; onde dominam as
agências reguladoras, a exemplo da ANEEL e demais proteções de Estado
aos interesses privados, abarcando uma infinidade de emergências sociais
— dos convênios de saúde, que prosperam à sombra da renovada sangria
do SUS, à superexploração tarifária que transfere lucro às potências
imperiais.

Certamente não foi para isso que, ao longo de décadas, lutou-se e enlutou-
se tanto a nossa terra, que se plantou e cultivou-se a plataforma de um
próspero projeto nacional e social de desenvolvimento. Urge a
inauguração, de preferência com Dilma, de um amplo e atento movimento
de atualização dos avanços no Brasil. De uma enérgica, criativa, habilidosa
e renovada Frente Brasil Popular.

(1) Renato Rabelo, presidente do PCdoB (Partido Comunista do Brasil)
palestrou sobre “Os desafios dos Partidos Comunistas no século 21”:

http://www.pcdob.org.br/noticia.php?id_noticia=157648&id_secao=1 ; e,
no seminário "Governos de esquerda e progressistas na América Latina e
no Caribe - Balanço e perspectivas", aprofundou sua análise acerca da
natureza, do atual estágio e das agudas repercussões da crise do
capitalismo: http://www.vermelho.org.br/noticia.php?
id_noticia=157830&id_secao=7 .

* Luiz Carlos Antero é sociólogo, jornalista, escritor e membro da Equipe
de Pautas Especiais do Vermelho

domingo, julho 17, 2011

Alma danada/Coração partido


Acostumado as lutas e pelejas coletivas
Meu coração sangra quando travo querelas miúdas ou grandes
a nível pessoal.
Tratar os sentimentos com frieza e descompaixão como exigem estas guerras
Me diminuem mesmo quando ganho as batalhas.
Por isto choro silencioso e contido no fundo da alma.
O amor e a amizade não se apagam com atos de rompantes
Quanto mais se mexem nestas feridas, mais entristece minha alma
Se é que nestes momentos a tenho!
Amo de paixão quem participou da minha vida
Tanto em momentos curtos ou longos períodos de entrega absoluta.
Sofro também porque quem comigo convive sofre junto.
Ainda não consegui, sequer creio que deseje conseguir, ser frio e isento.
Luto com paixão em defesa de minhas crias, filhos,netos, mulheres, amigos, camaradas e causas justas.
Mas sou pequeno ao travar estas batalhas pessoais
Mais sangrentas que as batalhas medievais, do tempo das laminas cortantes
No embate homem a homem, olho no olho.
Mas o destino e a maldade de algumas “pessoas” as vezes nos obrigam a travar estas lutas.
E ai tenho que ser cruento e desalmado e isto, sinto que mata parte de minha alma!!!
Mas tenho que me recriar e sair inteiro destas desalmadas lutas!! E vou conseguir!!
Como Corisco, tenho que brilhar na escuridão para iluminar o caminho daqueles que me seguem!!!

quarta-feira, julho 13, 2011

NOVAS RELAÇÕES INSTITUCIONAIS NO BRASIL PÓS LULA!!!


Cientista politico José Alvaro Moisés



Esta me foi enviada pelo honoravel amigo e defensor do bem estar da humanidade, professor Fernando Herkenhof, diretamente de Virória/ES.

Entrevista do Prof. José álvaro Moisés que obteve grande repercussão na mídia, sobre o presidencialismo de coalização que se estabeleceu no Brasil. Para quem se interessar, segue em anexo o estudo acadêmico com características jornalísticas coordenado pelo professor com a participação de diversos colegas e estudiosos da Universidade de São Paulo. Um documento cuidadoso e relevante.
Parlamento no fosso: Entrevista Prof. José Álvaro Moisés






Estudo inédito mostra que o "presidencialismo de coalizão" no Brasil acaba por esvaziar a atuação do Congresso

Ivan Marsiglia

Lançado sexta-feira de modo inusual na tradição acadêmica - via internet, em formato e-book - O Papel do Congresso Nacional no Presidencialismo de Coalizão traz uma nova e preocupante visão das instituições democráticas no País. A tese central do cientista político José Álvaro Moisés, coordenador do estudo, é que "a democracia incorporou a hipertrofia do Poder Executivo herdada do período militar".

A pesquisa, realizada pelo Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo, baseia-se em dados empíricos sobre o desempenho do Parlamento brasileiro entre 1995 e 2006, abrangendo os dois mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso e o primeiro de Luiz Inácio Lula da Silva. Mostra que, se por um lado o chamado "presidencialismo de coalizão" resolveu o problema da governabilidade - apontado no estudo pioneiro do cientista político Sérgio Abranches em 1988 -, por outro esvaziou de protagonismo o Congresso Nacional. E prejudicou seu papel de fiscalização do Poder Executivo.

Na entrevista a seguir, o professor José Álvaro Moisés expõe os riscos embutidos nesse padrão de funcionamento das instituições, fala da consequente deterioração da vida política no País e discute os percalços vividos pela presidente Dilma Rousseff com sua base de apoio no Congresso.

Que novidades a pesquisa traz?

Nosso estudo está situado em uma agenda de pesquisas sobre a democracia apoiadas em dados empíricos. Ele se insere numa tradição de trabalhos realizados desde os anos 90 sobre Legislativo e Executivo. A contribuição nova, creio, é um olhar que não se restringe ao ângulo da governabilidade - segundo o qual o Congresso tem respondido de maneira positiva ao Executivo e mostrado um padrão de funcionamento em que parlamentares são disciplinados em relação aos partidos e suas lideranças. Isso é importante, e diversos colegas da área de ciência política, como Fernando Limongi, Angelina Figueiredo, Fabiano Santos e Amorim Neto já o afirmaram. Já não existe o risco, sintetizado na formulação clássica do Sérgio Abranches sobre o "presidencialismo de coalizão": a ideia de que temos um pluripartidarismo fragmentado, governadores fortes demais e um federalismo problemático que impediriam o Executivo de agir. Mas os estudos de meus colegas não tratam das consequências desse padrão de funcionamento. A pergunta que fica é: se o Congresso tem sua agenda fundamentalmente definida pelo Executivo, atendendo à governabilidade, como ficam a representação da diversidade da sociedade e suas funções de fiscalização?

Qual é a resposta?

Que todos os incentivos institucionais existentes desde a Constituição de 1988 quase que forçam os parlamentares a se comportarem de maneira reativa e positiva em relação ao Executivo. E perde-se a dimensão de accountability, ou seja, de autonomia do Congresso para, nos casos necessários, corrigir a ação do Executivo. Isso não quer dizer que, na doutrina de divisão de poderes, Executivo e Legislativo tenham que entrar em conflito, mas não se pode perder essa ação permanente de fiscalização.

Como se explica que em um quarto de século o Congresso tenha passado de uma situação de protagonismo, com a Constituinte e o debate sobre parlamentarismo, para o padrão atual, "mais reativo que proativo"?

Tem a ver com decisões tomadas no contexto da formação do "centrão", durante a Constituinte. Não podemos esquecer que ela se realizou sob a égide do governo Sarney. E que as escolhas institucionais feitas estavam muito focadas no que houve no período 1946-1964 - quando tivemos momentos de paralisia decisória por conta da queda de braço entre o Executivo e o Legislativo. O regime militar introduziu uma mudança em relação a esse aspecto com os decretos-lei. Hoje, a continuação dos decretos-lei são as medidas provisórias. Manteve-se a hipertrofia do Executivo que caracterizava o regime militar após a redemocratização. Isso prejudica a qualidade de nossa democracia. Um sistema democrático não pode representar a ditadura da maioria sobre a minoria. Já no século 19 John Stuart Mill chamava a atenção para isso.

Apesar da maioria folgada que possui nas duas casas, a presidente Dilma Rousseff tem tido grande dificuldade nas votações no Congresso. Isso não contradiz sua hipótese?

Isso é ocasional, parte do jogo através do qual se arma o funcionamento do presidencialismo de coalizão. Temos uma situação em que a presidente eleita não foi a figura que liderou a formação da coalizão. Então, está tendo que enfrentá-la agora, ex post facto, depois que o governo começou. O que os parlamentares da base aliada estão dizendo? "Nós formaremos a coalizão majoritária se forem respondidas as nossas demandas de distribuição de cargos e de recursos das emendas." Veja bem, não estou dizendo que isso é ilegítimo. Partidos existem para disputar o poder. O problema é em que condições. No caso brasileiro, em vez das condições de estabelecimento da coalizão estarem subordinadas à negociação pública de um programa, isso não ocorre. Por isso, Dilma está numa saia justa, obrigada a fazer uma série de concessões que havia dito que não faria.

Esse tipo de negociação explica por que o Congresso é tão impopular? O estudo registra que 80% dos brasileiros desconfiam da instituição e menos de 16% a aprovam.

São dados que trouxe de minha pesquisa anterior, sobre a desconfiança dos cidadãos nas instituições. Creio que há uma percepção dos eleitores de que as instituições não estão funcionando para aquilo que foram criadas. E aí temos duas leituras: uma diz que na democracia o que importa é que as instituições produzam decisões. Outra que, além de decisões, as instituições têm uma dimensão valorativa, que diz respeito a sua missão. Qual é a do Congresso? Incorporar a diversidade de posições da sociedade. Entretanto, como afirma meu colega professor Edson Nunes, da PUC-SP, no Brasil todo mundo está representado dentro do Congresso - mas este não age de forma a responder a essa representação. Sentimentos e aspirações da sociedade que colidam com a maioria jamais se realizam. Claro que nem sempre a opinião pública é justa com o Congresso. Por exemplo, verificamos na pesquisa que as CPIs produzem resultados de fato, encaminham relatórios ao Ministério Público e fazem proposições em lei para corrigir os problemas detectados. Mas isso não aparece de maneira clara para o eleitor. Se você pensar em todo o período democrático, dos anões do orçamento ao mensalão, passando pelos desmandos na compra de ambulâncias, há uma dimensão positiva que pouco aparece nas pesquisas de opinião. Não por acaso, 1/3 dos eleitores brasileiros acredita que a democracia poderia funcionar sem o Congresso ou partidos políticos. É perigoso ter por muito tempo uma percepção pública que deslegitime as instituições.

O sr. citou o "mensalão". Um trecho da pesquisa afirma que ele teria sido consequência da dificuldade de compreensão por Lula do presidencialismo vigente. Pode explicar?

Fernando Henrique sempre soube que o presidente sozinho não governa. No seu primeiro mandato, Lula não levou isso em consideração. No segundo, ele corrigiu. A experiência do "mensalão", desse ponto de vista, foi educativa. Lembre-se que antes de Lula assumir houve uma tentativa liderada pelo futuro ministro José Dirceu de fazer aliança com o PMDB, que Lula vetou. Seu governo ficou apoiado numa coalizão incompleta, com um ministério formado em grande parte pelo PT, e se desestabilizou. Autores como o professor Lúcio Rennó, da UnB, dizem que o presidencialismo de coalizão depende da virtude do presidente. Se o mandatário tiver habilidade e capacidade de negociar, cria uma base homogênea para acompanhá-lo.

Como se faz isso?

Com base em um programa de governo, claramente anunciado. Dizer para a sociedade: "Vai haver coabitação de partidos no governo, mas o programa que eles têm a realizar é este aqui". Como fiz parte do governo Fernando Henrique, o que vou dizer agora pode soar como observação parcial. Mas quero fazê-lo, tomando um passo de distância. Desde antes do início do governo, o presidente admitiu que o PFL faria parte da coligação. Chamou o PFL para governar e compartilhar responsabilidades. Por exemplo, foi feita uma correção na estrutura financeira, pelo Proer, apesar de uma série de bancos serem administrados por lideranças do PFL. O Econômico, na Bahia, foi fechado, o que deixou Antônio Carlos Magalhães muito bravo. O mesmo ocorreu no Paraná, com o Bamerindus. Em Minas Gerais, foi o banco da família Magalhães Pinto. Todos segmentos conservadores que faziam parte do bloco do governo. Mas o programa foi cumprido. É possível fazer uma composição com forças que não sejam homogêneas e, ao mesmo tempo, manter uma linha programática durante todo o mandato. Quando isso não ocorre o governo pode ficar sujeito a chantagens de sua base, como tem acontecido com a presidente Dilma.

Nota-se nos últimos anos um certo esvaziamento no perfil dos parlamentares. Quase não se veem mais os grandes tribunos. É um sintoma do problema que o sr. aponta?

É o resultado dessa deterioração na vida política, no padrão de comportamento e de decisões do Parlamento. Nós citamos na pesquisa o depoimento de parlamentares que em 2010 decidiram não disputar as eleições. Jefferson Péres foi um deles. Pedro Simon disse que não iria, acabou disputando, mas também se diz desiludido. Figuras de qualidade acabaram se afastando da vida parlamentar - porque esta perdeu importância. A hipertrofia do Executivo sobre o Legislativo é tal no Brasil hoje que o presidente praticamente define a agenda das casas, a partir dos líderes e da composição das mesas. E, além das medidas provisórias, tem a prerrogativa exclusiva de definir o orçamento e a famosa possibilidade de pedir "urgência" ou até "urgência urgentíssima" (risos). É o recurso do recurso.

Isso não ocorre em outras democracias?

Muitos cientistas políticos consideram haver no mundo uma tendência de fusão dos Poderes Executivo e Legislativo. Aparentemente, isso seria mais visível no parlamentarismo, onde o líder do Parlamento se transforma em chefe de governo. Ainda assim, o presidente brasileiro é provavelmente um dos mais poderosos do mundo. Nos EUA, onde as instituições foram formadas sob forte influência de Montesquieu, os federalistas estavam preocupados em criar pesos e contrapesos para as instituições. Há alguns meses, congressistas americanos ameaçaram votar um orçamento que não correspondia ao desejo do governo Obama. O impasse só se resolveu mediante uma negociação de natureza institucional, entre os dois poderes.

Fala-se em "hiperativismo do Judiciário". O presidente do STF, Cezar Peluso, argumentou que "o Legislativo tem que legislar". É uma resposta ao vazio deixado pelo Legislativo?

Sim. Eu não concordei com a decisão do STF a respeito da cláusula de barreira, por exemplo. Mas a lei, que foi produzida no Congresso, tinha problemas de tecnicalidade jurídica. O Congresso, às vezes, mesmo quando toma decisões importantes não leva em conta os cuidados necessários para que a lei não seja barrada no Supremo. Será que não foi o que aconteceu com a Lei da Ficha Limpa, que veio como uma legítima aspiração da sociedade? É mais um problema de eficácia do Legislativo. Outro exemplo é a união civil de homossexuais, definida pelo STF. Ela não poderia ter sido objeto de lei no Congresso? Tenho certeza de que há projetos nesse sentido lá. O problema é que eles nunca tramitaram. Descobrimos que há 26 mil projetos parados na Câmara e 8 mil no Senado. Mas incluir ou não um projeto para votação nas casas depende da vontade da coalizão majoritária.

O desempenho deficitário do Parlamento brasileiro dificulta o trabalho da oposição?

Como toda a lógica do sistema vai na direção de estimular os parlamentares a aprovarem proposições feitas pelo Executivo, isso induz a uma diluição do papel da oposição. Parlamentares que queiram ter suas emendas contempladas são obrigados a incluí-las nos programas do governo. E acabam empurrados a votar com a coalizão majoritária. Claro que há questões de interesse nacional, as quais a oposição pode e deve apoiar. Mas quando se verifica que em 45% das votações a oposição segue a orientação do governo, algo está errado.

O filósofo espanhol Daniel Innerarity disse sobre a ""primavera árabe"" e os movimentos na Grécia e Espanha que ""há um assalto generalizado contra a ideia da intermediação, uma visão segundo a qual a vontade geral é algo que se pode construir sem instituições"". A democracia representativa está em crise?

Vi essa afirmação e estive dialogando com o professor Renato Janine Ribeiro sobre isso. Acho que, primeiro, é preciso separar os casos. O anseio por democracia no mundo árabe não se confunde com a situação na Grécia e Espanha, que têm instituições, estruturas partidárias, direitos garantidos. Ainda que existam déficits de representação, democracias como a Itália e França introduziram mecanismos de consulta direta à população, como plebiscitos e referendos. A revolta popular no mundo árabe é uma força revolucionária que está gestando perspectivas novas. Mas veja que, no caso do Egito, a desmobilização ocorreu quando a junta militar que assumiu o poder prometeu uma nova Constituição. Ou seja, a ideia de que se ia institucionalizar foi uma resposta, boa ou má, aceita pelos manifestantes. Outra coisa é quando se defende a destruição das instituições. Aí, o risco que se corre é o da violência, da submissão dos mais fracos pelo poder dos mais fortes. No Brasil, ou no mundo, a democracia representativa precisa de reformas. Mas ela não está em questão. Precisamos valorizá-la e melhorar sua qualidade.

FONTE: ALIÁS/O ESTADO DE S. PAULO

quinta-feira, julho 07, 2011

BRASIL PRECISA CONTROLAR A PRODUÇÃO DE NIÓBIO-Questão se segurança nacional!!!!


Maior ina de Nióbio do Mundo em Araxá!!


NIÓBIO : Voce sabia disso ???

O Brasil há décadas não tem nenhum controle sobre um metal estratégico e caríssimo, usado para alta tecnologia militar e maquinaria pesada e de alto valor agregado e que praticamente só ele produz. Mais de 14 bilhões de dólares do metal NIÓBIO, estimado por baixo por especialistas, são verdadeiramente roubados e contrabandeados do Brasil para países do primeiro Mundo. A presidente Dilma, que foi ministra das Minas e Energia, deveria ter conhecimento desta questão gravíssima e tomar providencias para que o DNPM-Departamento Nacional de Produção Mineral ou até a Secretaria da Presidencia da República para assuntos Estratégicos, assumisse o controle da exploração e venda deste mineral.

È uma questão se soberania e segurança nacional que não pode mais ser ignorado pelo governo e pelos cidadãos brasileiros.

Nióbio, o metal que só o Brasil fornece ao mundo. Uma riqueza que o povo brasileiro desconhece, e tudo fazem para que isso continue assim.A cada vez mais, no dia-a-dia, o tema é abordado em reportagens nas mídias escrita e televisiva, chegando a já ser alarmante.

Como é possível que metade da produção brasileira de nióbio seja subfaturada “oficialmente” e enviada ao exterior, configurando assim o crime de descaminho, com todas as investigações apontando de longa data, para o gabinete presidencial?

Preço aviltado

Como é possível o fato do Brasil ser o único fornecedor mundial de nióbio (98% das jazidas desse metal estão aqui), sem o qual não se fabricam turbinas, naves espaciais, aviões, mísseis, centrais elétricas e super-aços; e seu preço para a venda, além de muito baixo, seja fixado pela Inglaterra, que não tem nióbio algum?

Fontes dignas de atenção indicam que o minério de nióbio bruto era comprado no garimpo a 400 reais/quilo, cerca de U$ 255,00/quilo (à taxa de câmbio atual e atualizada a inflação do dólar).

O nióbio não é comercializado nem cotado através das bolsas de mercadorias, como a London Metal Exchange, mas, sim, por transações intra-companhias.
Estima-se que seu preço real seja negociado a $90 dólares/quilo. UM VERDADEIRO ROUBO AO BRASIL E SEU POVO.

Sabichões tentam tirar proveito

Em 1997, FHC, então presidente da república, tentou vender a jazida de nióbio de São Gabriel da Cachoeira – AM por $600 mil reais, sendo que a jazida (ela sozinha suficiente para abastecer todo o consumo mundial de nióbio por 1.400 anos) havia sido avaliada pela CPRM em $1 Trilhão de dólares!


Tal ação lesa-pátria foi impedida por um grupo de militares nacionalistas, especialmente o almirante Roberto Gama e Silva.

EUA, Europa e Japão são 100% dependentes do nióbio brasileiro. Como é possível, em não havendo outro fornecedor, que nos sejam atribuídos apenas 55% dessa produção, e os 45% restantes saíndo extra-oficialmente, não sendo assim computados.

Questão estratégica e de soberania nacional

O Brasil possui 98% das jazidas de nióbio disponível no mundo, sendo o único fornecedor de 45 países dos quais os maiores importadores de ferro-nióbio são os Estados Unidos, o Canadá, a Alemanha, a Rússia, os Países Baixos, o Japão, a França, Taiwan, Venezuela, Suécia, México, Colômbia, Coréia do Sul, Arábia Saudita, África do Sul e Luxemburgo. A indústria ótica japonesa compra muito óxido de nióbio como matéria-prima usada na confecção de óculos.

Estamos perdendo cerca de 14 bilhões de dólares anuais, e vendendo o nosso nióbio na mesma proporção como se a Opep vendesse a 1 dólar o barril de petróleo. Mas petróleo existe em outras fontes, e o nióbio só no Brasil; podendo lastrear nossa moeda (Real) em nióbio e não em dólar. Não é uma descalabro alarmante?

O niobio é tão indispensável quanto o petróleo para as economias avançadas e provavelmente ainda mais do que ele. Além disso, do lado da oferta, é como se o Brasil pesasse mais do que todos os países da OPEP juntos, pois alguns importantes produtores não fazem parte dela.