segunda-feira, julho 25, 2011

Ainda sobre o insano assassinato de Marcio Leite de Toledo!!!



40 ANOS DEPOIS AINDA SE DISCUTE A ATITUDE ESTUPIDA E IRRESPONSAVEL DO ASSASSINATO DO MILITANTE DA ALN, MARCIO LEITE DE TOLEDO!

ME UNO AQUELES QUE QUESTIONAM O COMPORTAMENTO DO "COMANDANTE CLEMENTE" EM "JUSTIÇAR" MARCIO SEM NENHUMA BASE REAL. OS TEMPOS ERAM DE PARANÓIA E ESTRESSE EXTREMO, MAS ACREDITO QUE NEM MARIGHELA, NEM JOAQUIM CAMARA FERREIRA CHEGARIAM AO EXTREMO DE MATAR MARCIO.
VIVI AQUELA ÉPOCA E TINHA OS MESMOS QUESTIONAMENTOS DE MARCIO, MAS TIVE A SORTE DE CONSEGUIR DISCUTIR MEUS QUESTIONAMENTOS E ATÉ MEU DESLIGAMENTO DA ALN COM O PROPRIO "TOLEDO". SENÃO PODERIA TER TIDO O MESMO DESTINO INSANO DE MARCIO.
AUTOCRITICA DO "CLEMENTE" PODERIA E DEVERIA SER APROFUNDADA PARA ENTERRARMOS ESTE ASSUNTO DE VEZ!!

Reproduzo aqui mensagem do Alipio Freire que ajuda a esclarecer os fatos em parte.A verdade tem que vir a tonam de todos os lados!! È o que penso!!!



Camaradas e Amig@s,

segue em arquivo e no corpo da mensagem o texto "O assassinato de Márcio, revivido após 40 anos".
Márcio (Márcio Leite de Toledo), militante da ALN, foi morto em um ponto no dia 23 de março de 1971, por seus companheiros de organização, quando pretendia discutir com eles suas divergências acerca do rumo político que trilhavam.

Márcio, naquele ponto, não era apenas o Márcio.
Ele representava um conjunto de militantes da sua organização, que divergiam da linha adotada pela direção, entre os quais, o camarada Renato Martinelli, autor do texto que segue e que me pediu que o divulgasse. Conheci o Renato Martinelli há uns cinco anos: um camarada sério, discreto e modesto - uma grande figura. Fomos apresentados por uma querida amiga em comum, Malu Alves Ferreira. Fizemos amizade, embora (infelizmente) nos vejamos ou saibamos um do outro, muito raramente. Naquela ocasião, ele acabara de lançar seu livro "Um grito de Coragem - memórias da luta armada", pela Com-Arte Editora-Laboratório. O livro tem como assunto o "episódio" Márcio. É impressionante o tom e o modo de tratar assunto tão delicado e ao mesmo tempo tão grave - ou tão delicado por ser tão grave. Apesar de toda a defesa do seu camarada assassinado e a manifestação da sua repulsa à decisão do Comando de sua organização no sentido da execução do Márcio, bem como sua crítica aos executores, o livro impressiona pela precisão, cuidado e respeito com que trata aqueles que critica e aos quais responsabiliza.

O assunto - pelo que entendo - volta agora à discussão, em conseqüência dos 40 anos da morte de Mácio e, sobretudo, pelas recentes declarações do Camarada Carlos Eugênio Paz - o Clemente, a respeito do trágico "episódio".

Conheci Carlos Eugênio pessoalmente em Olinda, durante um seminário sobre direitos humanos, organizado pelos nossos companheiros Amparo Araújo, Marcelo Santa Cruz e outros camaradas militantes da área dos direitos humanos e da memória sobre os anos da ditadura. Naquela ocasião (1997-1998) Carlos Eugênio acabara de lançar seu segundo livro de "memórias romanceadas", "Nas trilhas da ALN" (Editora Bertrand Brasil), e eu, juntamente com os camaradas Izaías Almada e J.A de Granville Ponce, havíamos lançado (final de 1997) o nosso "Tiradentes - um presídio da ditadura" (Ed. Scipione Cultural). Assim, Carlos Eugênio e eu fomos convidados para do seminário em Olinda, não apenas para participar das mesas de debate, mas também para o lançamento dos respectivos livros. Lá nos conhecemos e estabelecemos uma boa amizade, facilitada pela leitura que eu fizera dos seus dois livros (o primeiro, "Viagem à luta armada", Editora Civilização Brasileira, 1996), além dos fortes laços de amizade e camaradagem que me uniam desde muito tempo a Maria Sarmento (mãe do Clemente), uma das mais admiráveis figuras que conheci da geração de militantes comunistas anterior à nossa. O livro "As trilhas da ALN", na sua parte final, trata exatamente do "episódio" Márcio, que ali é tratado pelo nome de Mário.

Embora já conhecesse em linhas gerais o acontecimento, a primeira vez que li sobre Márcio e sua morte, foi na primeira edição de "O Combate nas Trevas" (Editora Ática - 1987) do nosso Camarada e historiador Jacob Gorender (PCBR), no seu capítulo "A violência do oprimido".

Outro livro, lançado em 2003 pela Editora Papel Virtual, onde podemos ler sobre o assunto, leva o título de "Márcio - o guerrilheiro", do nosso camarada militante e advogado da área dos direitos humanos, Antonio Pedroso Júnior (ALN). O livro é apoiado numa boa pesquisa e carrega o tom mais duro (dos que aqui cito) contra a decisão e execução do assassinato.

Para quem pretenda entender a polêmica que, me parece, ora é retomada, convém ler os quatro trabalhos. Para quem não tenha tempo ou não pretenda ler todos, sugiro que leiam, pelo menos, "Um grito de coragem", do nosso grande amigo e camarada Renato Martinelli.

Do meu ponto de vista, os maiores beneficiários dessa discussão serão os jovens militantes de hoje, de modo a se comprometerem em jamais cometer equívocos dessa natureza e desse porte.

Putabraço,
Alipio Freire



Caro camarada Alípio, junto estou lhe enviando o texto acima,
solicitando a sua colaboração na divulgação do mesmo.
Agradeço antecipadamente.
Abração do Renato Martinelli


O assassinato de Márcio, revivido após 40 anos.

Márcio Leite de Toledo foi assassinado na tarde do dia 23 de março de 1971, há mais de 40 anos, quando atraído para uma cilada preparada por aqueles que até então julgava seus companheiros.

A iniquidade cometida contra o militante da ALN, ocorreu após alguns meses da traição de José da Silva Tavares, que levou à prisão, tortura e ao assassinato de Joaquim Câmara Ferreira, sucessor de Carlos Marighella no comando da organização revolucionária que combatia a ditadura, instaurada pelas elites brasileiras, com o apoio dos Estados Unidos, em 1º de Abril de 1964.

Em 23 de março de 1971, Márcio compareceu ao fatídico “encontro” de peito aberto, certo de que era a oportunidade que estava aguardando para colocar na mesa e quiçá resolver as divergências até então existentes entre ele e os “companheiros do comando”; tratamento que consta em um texto recuperado, no qual Márcio expõe as suas críticas e divergências com a direção da ALN.

Marighella foi assassinado em 4 de novembro de 1969, quando atraído pela repressão para um “encontro”; Câmara Ferreira foi assassinado no dia 23 de outubro de 1970, igualmente atraído para um “encontro”.

Valorosos companheiros e companheiras foram assassinados pelos agentes do sistema de repressão organizado pela ditadura; muitos deles quando atraídos para um “encontro”.

Márcio Leite de Toledo, igualmente foi assassinado, vítima de um erro estalinista, disseram-me à época, quando compareceu a um “encontro”, só que ao invés de atraído pela repressão assassina, desta vez, o foi por um grupo de companheiros comandados por Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz, então com 20 anos de idade.

O mesmo Carlos Eugênio, o “Último comandante militar da ALN”, como é literalmente denominado na recente entrevista, hoje com 60 anos de idade, reitera os mesmos injustos e infundados argumentos cometidos no passado, através da declarada certeza sobre as futuras, portanto supostas atitudes do companheiro Márcio, caso não tivesse sido executado.

Eugênio, assombro-me, como que ungido da capacidade de prever o futuro, afirma textualmente em sua recente entrevista: “Preferia que não tivéssemos precisado chegar a esse ponto, mas tenho certeza que os danos seriam maiores se houvesse hesitado”.

Afinal..., pergunto: A quais benditos futuros danos está se referindo o entrevistado na sua absurda previsão!?

Que grande lástima, que falta de respeito à vida e à memória de Márcio Leite de Toledo, um militante de primeira hora da ALN, um denodado combatente da luta do povo brasileiro contra a ditadura civil-militar, instaurada no país em 1964.



Renato Martinelli - 20 de julho de 2011

Autor do livro “ Um Grito de Coragem” - memórias da luta armada

2 comentários:

Apelido disponível: Sala Fério disse...

O que sei sobre o assunto, através de leituras de depoimentos de gente que conviveu com ele, é que o Marcio teria deixado furo em duas ações das quais participou, pondo em risco a vida de alguns companheiros. Isso é relatado pela Linda Tayah (companheira de José Milton Barbosa) e pelo próprio Carlos Eugênio. Outra é que ele, que era ligado à direção da organização, estaria insistindo em se desligar da mesma sem obedecer a um esquema de proteção coletiva, negando-se a viajar ao exterior. Difícil saber quem tinha razão e julgar os fatos em um momento tão distante.

https://twitter.com/_kika25 disse...

O problema deste caso é q, na verdade, sequer sabemos qm apertou o gatilho.
Ao apertar o gatilho, a pessoa assumiu uma responsabilidade. Estranho é q ñ assuma a responsabilidade pelas consequências deste e demais gestos, precedentes, q levariam ao endurecimento do regime militar e causariam dor e morte a tantos.