Amor e ódio: que
destino queremos dar a Aracaju?
Christian Lindberg Lopes do Nascimento[1]
Desde o nascedouro da cultura ocidental,
vivemos um conflito interno envolvendo dois polos: de um lado as paixões, os
sentimentos e do outro a razão. O filósofo grego Sócrates incumbiu a primazia
do segundo sobre o primeiro. Na modernidade, os filósofos iluministas
reforçaram esta tendência, porém, em meados do século XIX, o pêndulo iniciou um
movimento de reversão. Com os avanços dos estudos no campo da psicologia e a
radicalização do individualismo, as paixões foram alçadas a um novo patamar,
com repercussões coletivas e, principalmente, particulares. Porém, filósofos
agrupados na denominada Escola de Frankfurt, alertaram aqueles que subjugam as
paixões no sentido de não asfixiá-la por completo, apontando para a necessidade
de a razão esclarecedora abrir espaço, de forma racional, para os sentimentos.
Digo isto porque a eleições de 2012,
na cidade de Aracaju, está polarizada por dois projetos antagônicos, não só na
forma de gerir o Estado, mas, principalmente, na perspectiva de humanizar a
nossa cidade. O eleitor aracajuano, geralmente bem informado e crítico, sabe e
conhece o que representa cada um dos postulantes ao cargo de prefeito e
vice-prefeito da capital sergipana.
De um lado temos um candidato que já
foi tudo na vida política: prefeito biônico durante a ditadura militar, governador
e que está presente na vida pública há aproximadamente 30 anos. Com tanto
folego, é um postulante que tem base de apoio real, embora seu agrupamento
político tenha perdido as últimas eleições no Estado e nunca tenha governado
Aracaju, desde a redemocratização do país na década de 80.
Do outo lado, o jovem candidato que
entrou na vida pública há pouco tempo, fruto da renovação política que o país
tem vivido, desde a metade da década passada. Porém, ele representa um projeto
que governa Aracaju desde o ano de 2000 e o Estado de Sergipe, a partir de
2006, além de ser filho de um dos políticos mais tradicionais e ativo do
cenário sergipano.
Considerando o perfil de cada
candidato, nesse momento, o que vale mais é o projeto que cada um representa.
Aristóteles, na sua Ética a Nicomaco,
já nos alertava para que dirigissemos nossa vida em busca da felicidade,
compreendendo este termo como aquilo que está relacionado à totalidade dos
cidadãos que habitam uma cidade. Se é ingênuo ou não esta afirmação aristotélica,
o que nos interessa é o fato de que a busca da felicidade é um ato racional e
que visa o bem comum.
Este raciocínio é válido à medida
que o aracajuano é, culturalmente falando, um indivíduo pacato, solidário e
fraterno, e que, somado aos traços já mencionados, o torna um eleitor
criterioso, que age guiado pela vontade soberana e pensando no bem comum. A
vingança, o ódio, a birra, o rancor, nunca foram as marcas dos residentes em
Aracaju, muito menos a ação irracional.
Ao mesmo tempo, é muito nítido a diferença dos projetos que
estão em jogo. Talvez os mais antigos, como eu, tenham recordações de como
Sergipe foi governada nos anos 90, já os mais novos também sabem como o Estado
era gerido no início da década passada. Aracaju é orgulho de todos porque seus
moradores souberam escolher, racionalmente, o melhor caminho a ser trilhado e
os condutores mais hábeis e democráticos para administrar nossa cidade.
Tenho ciência que não vivemos em uma
redoma repleta de perfeição. Aracaju precisa progredir na democratização da
gestão do aparato estatal, aperfeiçoar a administração da máquina pública,
consolidar os serviços públicos e torná-los mais eficiente, finalizar o
processo de inclusão daqueles que ainda estão excluídos da cidadania. Enfim,
nossa cidade tem know-how, recursos
humanos qualificados e criatividade suficiente para enfrentar os problemas do
presente e prepará-la para os desafios do futuro. Está nas mãos de cada um o
caminho a ser percorrido, mas lembre-se, o resultado final da sua escolha vai
impactar no perfil da cidade que você almeja para o futuro próximo, o seu e o
de todos que aqui residem.
1-Christian Lindberg Lopes do
Nascimento
Graduado em Filosofia e mestre
em Educação pela UFS. Atualmente é doutorando em Filosofia da Educação na
UNICAMP. Email: christian.lindberg76@gmail.com
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