sábado, outubro 24, 2009

Brasil sem força militar para enfrentar qualquer conflito111

Hipotético uso da força!!

Luiz Aparecido*

O presidente deposto de Honduras continua com seus 60 seguidores arranchado na Embaixada brasileira em Honduras. As negociações não andam, a Organização dos Estados Americanos-OEA e a ONU não tomam nenhuma atitude, não forçam via bloqueio e sanções, afastar os usurpadores do poder naquele pequeno pais caribenho e o impasse se arrasta por semanas e meses. O próprio Brasil, que deu guarida a Zelaya se sente impotente e aguarda um milagre que desça dos céus para resolver a questão. Afinal tudo acabou num imbróglio difícil de resolver.

Mas, e se os golpistas decidirem invadir a embaixada e evacuar Zelaya e seus seguidores e os prenderem. O que o Brasil irá fazer concretamente? Hipoteticamente só restaria ao Brasil declarar guerra e invadir Honduras e restabelecer o Estado de Direito com Zelaya na presidência. Se fosse com os americanos, certamente seria isto que iria acontecer, com o beneplácito da OEA e da ONU. Mas o Brasil faria o que?

Brasil sem força militar

Sequer um porta-aviões e navios de transporte de tropas para chegar rapidamente até lá, nós temos funcionando. Nossos comandantes militares vivem dizendo que nossas naves de guerra e até aviões de ataque, não funcionam direito e os poucos que ainda navegam e voam, o fazem por autofagia, ou seja, um quebra e vão pegando peças de outro para consertar. È feia a nossa situação de força militar. Isto para um país como o Brasil, continental e importante no panorama mundial. Econômica e socialmente um sucesso e militarmente um fiasco.

E não é por culpa do governo Lula não. Esta situação sempre foi precária e ultimamente só piorou. Depois da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, herdamos um parque bélico sucateado e sobras do conflito e um acordo militar com os Estados Unidos, que só nos transformou em força auxiliar dos americanos em sua política belecista e hegemonista.Durante os mais de 20 anos de Ditadura Militar, as Forças Armadas foram voltadas para combater os inimigos internos do regime. Mas ainda assim os militares investiram num parque bélico brasileiro.

Criaram a Embraer e a Imbel, fabricaram pequenos aviões de treinamento e ataque, na Imbel, em consórcio com outras empresas produziram muitas armas, inclusive o lança mísseis Astra, que foi vendido para vários países e atuou com sucesso em guerras no Oriente Médio e na África. Nossa Marinha, através de seu Arsenal da Marinha produziu pequenos braços de guerra, reformou e modernizou vários navios e começou a trabalhar na construção de um submarino nuclear, projeto que continua em ação.

Enfim, os militares romperam o acordo militar que tinham com os americanos e diversificaram seu arsenal e fornecedores. A doutrina de Segurança Nacional que era inspirada pelos americanos em cima da Guerra Fria, foi ultrapassada, assim como a política de combate aos inimigos internos e o fim da Ditadura mudou tudo. A partir do governo Collor, houve uma deliberada política de desmonte das nossas Forças Armadas, também inspirada pela política norte-americana e neoliberal, de que com o fim da Guerra Fria e o “fim do socialismo real”, os paises não precisavam mais de forças armadas para combater o “perigo comunista”.

Hoje, o Brasil continua sem uma política de fortalecimento de suas forças armadas e luta para, pelo menos manter o mínimo de estrutura militar. Mas países como Argentina, Peru, Chile, Venezuela e Colômbia, apadrinhada pelos Estados Unidos na sua guerra interna contra a guerrilha das FARC e dos narcotraficantes, possuem forças armadas bem mais poderosas que o Brasil e podem nos vencer em qualquer conflito armado. Com crise Hondurenha ou não, o Brasil precisa ter uma Força Militar a altura de sua importância no Mundo e para defender suas fronteiras terrestres e marítimas, que são as maiores do Mundo. È uma questão de soberania nacional que deve interessar a todos os brasileiros de qualquer tendência política,

*Jornalista e Cientista Social

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