
Velho companheiro,
eu comecei a escrever umas 20 linhas sobre a coluna do Clóvis Rossi e acabou saindo um artigo em que coloquei praticamente toda a minha visão revolucionária atual.
Poderia até guardar para um livro, mas acho mais importante colocar as idéias para circularem imediatamente.
E, se o que o CR prevê acontecer, a esquerda terá de repensar muitas coisas -- além de ser obrigada a responder à inevitável ofensiva propagandística da direita.
Eu propus um passo adiante. Não creio que muitos aceitem de imediato, mas a semente está lançada. O que mais eu poderia fazer?
Agradeço a força. Às vezes eu me sinto como se estivesse correndo atrás do tempo perdido. Só hoje estou podendo fazer o que gostaria de ter feito 30 anos atrás.
Um forte abraço e ótimo resto de domingo!
Celso
Meu amigo e camarada Lunga!!
Seu artigo é instigante e realmente importante. È algo para se estudar e pensar. Vou até repassar para nosso Comite Central.,Advirão criticas severas ou não. Mas voce colocou o dedo na ferida e isto é que é importante.
Vamos repassar, colocar nos blogs. Amanhã coloco no meu! e ESPERARMOS O QUE VEM AI.
VOCE ESTA SE TORNANDO UM DOS MAIS DESTACADOS E IMPORTANTES PENSADORES REVOLUCIONARIOS DE NOSSO TEMPO. Aguarde.
Um abraço e abra sua Mente e coração tambem para as criticas e uma visão diferente de Stalin e do processo revolucionario.Viu no que deu o fim das idéias e prenuncios de Stalin. Krushsov, depois Brejnev, Gorbachov , Ieltsin e o caos.
Vamos prensar. Mas dou força ao debate e te respeito pela a coraGEM e a dedicação a revolução.
Abração
lUIZaPARECIODO
EIS AI ABAIXO, O ARTIGO DO LUNGARETTI PARA DISCUTIR E PENSAR SEM PRECONCEITOS E VISANDO A UNIDADE NA DIVERSIDADE!!!!
UM IDEÁRIO PARA A REVOLUÇÃO DO SÉCULO 21
Celso Lungaretti (*)
Em sua coluna dominical -- Adeus, Fidel; adeus, silêncio? --, o veterano jornalista Clóvis Rossi aborda as "reformas econômicas que transformarão a ilha caribenha", a serem aprovadas hoje (17), no 6º Congresso do Partido Comunista Cubano.
Segundo ele, o corte de um quinto dos postos de trabalho no setor público e o estímulo à criação de um setor privado capaz de absorver tais trabalhadores implicarão a abertura do regime cubano: "às reformas econômicas que serão lançadas hoje seguir-se-á a prazo relativamente curto a reforma política".
Ele especula que a construção do porto de Mariel, financiada pelo Brasil, "só tem sentido se for para exportar para os Estados Unidos".
E, como queria demonstrar, conclui: "Se é assim, implica o restabelecimento de relações, com todo o cortejo de consequências".
Se os palpites de Clóvis Rossi estiverem certos, preparemo-nos para a grita ensurdecedora da imprensa burguesa, festejando a capitulação da pequenina ilha asfixiada pelo embargo comercial estadunidense.
E vamos, sim, dar nossa resposta a esta zombaria do jornalista:
"Na hora em que a esquerda continua sob os escombros do Muro de Berlim, começa a cair mais um muro. Talvez seja a hora de construir algo com tantos tijolos".
BECO SEM SAÍDA
Já faz quase um século que os movimentos revolucionários desviaram por atalho que acabou conduzindo a um beco sem saída.
O desvio foi decidido às vésperas da revolução soviética, quando o Partido Bolchevique discutiu dramaticamente se valia a pena tomar-se o poder num país atrasado, contrariando duas premissas marxistas: a da revolução internacional e a da construção do socialismo a partir das nações economicamente mais pujantes (e não o contrário!).
Prevaleceu o argumento de que, embora a Rússia não estivesse pronta para o socialismo, serviria como um estopim da revolução mundial, começando pela revolução alemã, prevista para questão de meses. Então, o atraso econômico russo seria contrabalançado pela prosperidade alemã; juntas, efetuariam uma transição mais suave para o socialismo.
"...finalmente, um tirano
substitui o Comitê Central..."
Deu tudo errado. A reação venceu na Alemanha, a nova república soviética ficou isolada e, após rechaçar bravamente as tropas estrangeiras que tentaram restabelecer o regime antigo, viu-se obrigada a erguer uma economia moderna a partir do nada.
Quando o ardor revolucionário das massas arrefeceu -- não dura indefinidamente, em meio à penúria --, a mobilização de esforços para superação do atraso econômico acabou se dando por meio da ditadura e do culto à personalidade.
A Alemanha nazista era o espantalho que impunha urgência: mais dia, menos dia haveria o grande confronto e a URSS precisava estar preparada. O stalinismo foi engendrado em circunstâncias dramáticas.
A república soviética acabou salvando o mundo do nazismo -- foi ela que quebrou as pernas de Hitler, sem dúvida! --, mas perdeu sua alma: já não eram os trabalhadores que estavam no poder, mas sim uma odiosa nomenklatura.
Concretizara-se a profecia sinistra de Trotski: primeiro, o partido substitui o proletariado; depois, o Comitê Central substitui o partido; finalmente, um tirano substitui o Comitê Central.
Com uma ou outra nuance, foi este o destino das revoluções que tentaram edificar o socialismo num só país: ficaram isoladas, tornaram-se autoritárias e não tiveram pujança econômica para competir com o mundo capitalista, acabando por sucumbir ou por se tornarem modelos híbridos (como o chinês, que mescla capitalismo na economia com stalinismo na política).
E AGORA, JOSÉ?
Agora, só nos resta voltarmos ao princípio de tudo: Marx.
Reassumirmos a tarefa de engendrar uma onda revolucionária que varrerá o mundo.
Esquecermos a heresia de solapar o capitalismo a partir dos seus elos mais fracos, pois o velho barbudo estava certíssimo: as nações economicamente mais poderosas é que determinam a direção para a qual as demais seguirão, e não o contrário.
Isto, claro, se tivermos como meta a condução da humanidade a um estágio superior de civilização. Pois o cerco das nações prósperas pelos rústicos e atrasados já vingou uma vez, quando Roma sucumbiu aos bárbaros... e o resultado foi um milênio de trevas.
Se, pelo contrário, quisermos cumprir as promessas originais do marxismo, as condições hoje são bem propícias do que um século atrás:
"...só unidos e solidários os
homens conseguirão sobreviver..."
• o capitalismo já cumpriu seu papel histórico no desenvolvimento das forças produtivas e está tendo sobrevida cada vez mais parasitária, perniciosa e destrutiva -- tanto que mantém a parcela pobre da humanidade sob o jugo da necessidade quando já estão criadas todas as premissas para o reino da liberdade, e o 1º mundo sob o jugo da competitividade obsessiva, estressante e neurótica, quando já estão criadas todas as premissas para uma existência fraternal, harmoniosa e criativa;
• os meios de comunicação que ele desenvolveu, como a internet, facilitam a disseminação e coordenação dos movimentos revolucionários em escala mundial, de forma que um novo 1968, p. ex., hoje seria muito mais abrangente (está longe de ser utópica, agora, a possibilidade de uma onda revolucionária varrer o mundo);
• a necessidade de adotarmos como prioridade máxima a colaboração dos homens para promover o bem comum, em lugar da ganância e da busca de diferenciação e privilégio, será dramatizada pelas consequências das alterações climáticas e da má gestão dos recursos imprescindíveis à vida humana, gerando crises tão agudas que só unidos e solidários eles conseguirão sobreviver.
Nem preciso dizer que a forte componente libertária original do marxismo tem de ser reassumida, pois os melhores seres humanos, aqueles dos quais precisamos, jamais nos acompanharão de outra forma (esta é uma das conclusões mais óbvias a serem tiradas dos acontecimentos das últimas décadas).
A bandeira da liberdade deve ser empunhada de novo pelos que realmente a podem concretizar, não pelos que só têm a oferecer um cativeiro com as grades introjetadas, pois a indústria cultural as martela dia e noite na cabeça dos videotas.
É este o edifício sólido que podemos começar a construir com os tijolos dos muros tombados.
* jornalista e escrito. htpp://naufrago-da-utopia.blogspot.com