segunda-feira, julho 12, 2010

Memórias paulistanas dos idos de 68. Onde curtiam os musicos, jornalistas e artistas da época!!!




Rogério Siqueira grande amigo e camarada me lembrou dia destes do grande Taiguara e dos “points” que nós mesmos e quase todo mundo do meio artístico, jornalistas e da política. freqüentavam em São Paulo, décadas atrás. Disse a ele que era boa a lembrança. de Taiguara. Ele era um figuraça. Bom musico, cabra progressista, sempre presente nos movimentos políticos e sociais de sua época.Tomamos muito “chopps’ no "Redondo",ali na esquina da Ipiranga com Consolação, em frente ao Teatro de Arena, hoje Teatro Eugenio Kusnet.(Veja abaixo post exclusivo sobre Taiguara).

Aliás, o “Redondo" teve sua época de ouro entre 1967 e 1980. Toda a cultura, a política e os jornalistas progressistas de São Paulo passavam por ali entre o happy hours e altas madrugadas. Lembro-me quando os baianos chegaram a São Paulo, lá pelos idos de 1968, para montarem no “Arena”, o espetáculo “Arena Canta Bahia”. Tinha Maria Bethania, um sucesso na época com “Carcará”, do saudoso João do Vale, Os jovens Caetano Veloso, Gal Costa (chamada Gracinha, ou Maria da Graça), TomZé, recém chegado de Salvador e ainda virgem em Sampa, Gilberto Gil, que dividia a musica com seu emprego de administrador de empresas na Gessy-Lever e a musica, Tutty e alguns outros.

Teatro, Cinema e Cia.

Depois era o "Riviera", na esquina da Paulista com Consolação e o "Ponto 4", bem do lado e onde serviam o melhor filé a parmegiana da cidade. Bons tempos. Curtia-se Teatro, musica, cinema (Belas Artes) e política, literatura, tudo junto numa miscelânea criativa que da mesmo saudades! Neste triângulo do centro velho de São Paulo, circulavam na noite, não só jornalistas como Moacyr de Oliveira Filho, o Moa e José Eduardo Faro Freire, o Zezão, que gostava também do "ParisBar" um bar muito simpático da Praça Dom José Gaspar, artistas como Plínio Marcos, Raul Cortes, Juca de Oliveira, gente que fazia sucesso naquela época.

Alias o pessoal de cinema, Ozualdo Candeias, Carlão Riechembah, Jairo Ferreira, David Cardoso, o jovem Silvio de Abreu (hoje consagrado novelista da “Globo”) e o povo da “Boca do Lixo”, que era onde ficavam as distribuidoras e produtoras de cinema sério ou “pornochanchadas”, freqüentavam mesmo era o “Soberano”, na Rua Aurora, em plena boca do lixo, onde conviviam com a baixa prostituição e lojas de produtos elétricos. Só altas horas era que os cineastas e atores boêmios subiam para a Consolação e a Paulista.

Uma curiosidade é que o pessoal de cinema não era muito de freqüentar as noitadas. Talvez porque as filmagens começavam cedinho e eles tinham que estar inteiros para trabalhar.

Preservar e cultuar o passado para criar o futuro

Já o pessoal de Teatro frequentava o Gigetto, na Rua Avanhandava, bem perto do "Terceiro Uísque", e o “Jogral”, conhecida como catedral do samba paulista e onde cantava e mandava o Luiz Carlos Paraná, parceiro de gente famosa, que vez ou outra ia lá dar uma cancha, como se dizia na época. Chico Buarque ainda morava em São Paulo e vivia entre o Bar do Zé, na Maria Antonia (famosa pela Faculdade de Filosofia da USP, onde comecei cursar Ciências Sociais) e o Terceiro Uísque.

Tinha ainda o Spazzio Pirandello, o "Sujinho" da Rua Augusta e o "Bar das Putas" na Consolação. Outros freqüentadores assíduos daqueles lugares eram o Adoniram Barbosa, Geraldo Filme e Germano Mathias, Osvaldinho da Cuíca, Carlão da Vila, a fina flor do samba paulista. Lugares de boas lembranças que temos que preservar para a história da boemia paulistana não ficar no limbo. Saravá.

Paulinho da Viola tem uma musica que fala em preservar o passado para viver o presente e planejar o futuro. Grande Poeta. È um dos poucos grandes sambistas, junto como o paulistano Germano Mathias que ainda não estão no PCdoB. O partido tem esta obrigação também. de preservar e cultivar a memória cultural de nosso povo.

Um comentário:

Unknown disse...

Comentario postado em nome de José Eduardo Faro freire, o inesquesivel e inquebrantavel Zezão. Um simbolo do jornalismo e da resistencia dos "anos de chumbo".


Oi Luiz querido
Muito obrigado pela menção a mim e ao meu querido Paribar. Há pouco tempo o local foi comprado pelo Luiz. Ele é um dos mais ardentes defensores da tentativa de restaurar o centro de São Paulo. Foi um patrocinador do programa Piano na Praça - toda tarde de domingo um pianista jovem tocava ao ar livre na Praça José Gaspar. Mas o objetivo completo era inalcançável. Sucessivas reformas tornavam impossível restaurar fisicamente completamente o local.Os quadros do Darwin e o auto retrato do meu guru, culto e paciente com o pirralho metido que eu era, Sérgio Milliet estavam em mãos de donos não identificados. Principalmente, o espírito da cidade já não é o mesmo. Mas ele fez o que pode. Hoje lá está o Paribar, com o mesmo nome, com as mesmas cadeiras de vime, com o mesmo toldo.Evidentemente, pouquíssimos frequentadores da velha época. Eu era um dos mais jovens e hoje sou um velho caquético. O Piva e o Massao Ono acabaram de montar em seu pingo e galopar para fora deste mundo velho sem porteiras (como dizíamos no sul) Nas raras vezes que este ermitão sai da caverna ainda vai lá.Ás vezes com a Mariana, filha adotiva que não se conforma em não ter nascido antes -e como filha biológica- e ter que se contentar em viver aquela época pelas minhas memórias e pelos raros relatos, como o que você pintou com tanta precisão e sensibilidade. Às vezes fisicamente sozinho, mas com a saudade enchendo a mesa com pessoas que partiram e com outras que- como você, se mudaram. E principalmente de uma época em que os boêmios eram intelectuais e muitos engajados na defesa da liberdade. Ver o relato daquela época escrito por um dos mais engajados, o mais bravo de todos, é muito emocionante
Obrigado em nome de todos os que se foram e dos poucos que restam
um puta abraço
zezão