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sexta-feira, setembro 23, 2011
Duas visões da atual crise do Capitalismo. A coisa tá feia mesmo!!!!
Este artigo do revolucionário Carlos Pompe é publicado originalmente no “Portal Vermelho”, mas pela sua importancia e atualidade, repubublicamos aqui!!!
A crise na visão de Delfim Netto e do PCdoB
Na semana que passou, Antonio Delfim Netto publicou o artigo Garantia
legal, abordando a atual crise capitalista. Dias antes, Renato Rabelo fez uma
intervenção sobre o mesmo assunto. As visões de mundo opostas dos dois
analistas ficaram bastante evidenciadas.
Delfim escreveu que o capitalismo “é sujeito a crises porque: 1º) O
próprio comportamento do homem oscila entre o entusiasmo e a depressão
e 2º) As ‘respostas’ do sistema produtivo (variações da oferta) aos estímulos
da demanda são, simultaneamente, condicionadas pelas incertezas do futuro
opaco e pela natureza do avanço da tecnologia”.
O presidente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Renato Rabelo,
fez um informe ao Comitê Central, que o incorporou ao documento do
encontro, afirmando: “Esta crise acelera o já constatado declínio progressivo
e relativo da hegemonia do imperialismo estadunidense, enquanto cresce o
papel da República Popular da China – país socialista – pela pujança da sua
economia (o 2º. maior PIB do mundo: 5 trilhões e 700 bilhões de dólares, acima
do Japão) e sua ascendente influência geopolítica”. E, mais adiante: “Para
compreender o essencial desta grande crise lançamos mão também de
outras categorias: a luta de classes na fase atual da vida do capitalismo, e do
conceito de que a economia é, em verdade, Economia Política. Os ultraliberais
responsáveis pela crise continuam à frente do comando político de grandes
potências. O neoliberalismo, embora desmoralizado pelo fracasso, recrudesceu
no centro capitalista”.
Duas abordagens sobre a mesma crise, duas visões distintas, de classe,
do momento econômico. Delfim é um economista conceituado, ex-ministro
da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento (todos os cargos, durante a
ditadura militar), professor emérito da Faculdade de Economia e Administração
da Universidade de São Paulo e professor titular de análise macroeconômica.
No entanto, vê como primeiro fator de uma crise capitalista a oscilação
humana “entre o entusiasmo e a depressão”. E, no segundo fator, adjetiva
o futuro (“opaco”, na sua opinião) e fica preso ao “deus mercado” (relação
entre oferta e demanda) e ao avanço tecnológico. Nada de contradição entre
modo e relação de produção. Nada de antagonismo entre a produção social
e a apropriação privada. Nenhuma possibilidade de o avanço tecnológico
converter-se em elevação do padrão de vida da comunidade e redução da
jornada de trabalho. Embora filho de trabalhadores e apesar de ter começado
sua vida profissional como contínuo (hoje chamado Office-boy) numa fábrica
de sabonetes, ele se impregnou da ideologia burguesa e com ela faz suas
análises. Como escreveu Marx no terceiro volume d´O Capital, “a economia
vulgar se limita a interpretar, a sistematizar e a pregar doutrinariamente as
ideias dos agentes do capital, prisioneiros das relações de produção burguesa”.
Diferente é a postura dos que se colocam sob a visão do mundo dos
proletários, que, ao analisar o capitalismo, o fazem tendo por perspectiva,
não o “futuro opaco”, mas a luta por uma nova sociedade que o substitua,
como fez o presidente do PCdoB. Trata-se de uma indicação dada
por Lênin, o líder da revolução socialista na Rússia de 1917, que, em
Materialismo e empiriocriticismo, referiu-se aos economistas e pensadores
burgueses como “caixeiros viajantes” dos capitalistas e disse ser tarefa dos
marxistas “saber assimilar e reelaborar as aquisições destes ‘caixeiros’ (por
exemplo, não dareis um passo no domínio do estudo dos novos fenômenos
econômicos sem utilizar os trabalhos destes caixeiros) e saber cortar-lhes a
tendência reacionária, saber aplicar a nossa própria linha e combater toda a
linha das forças e classes que nos são hostis”.
Daí os comunistas acompanharem as análises dos economistas
que são ideólogos e, até, sicofantas do capital, como os classificou Marx
no primeiro volume d´O Capital, mas não verem na crise do sistema um
problema de humor ou temperamento, e sim uma questão da essência deste
tipo de sociedade dividida em classes exploradas e exploradoras. Como
afirmou Renato Rabelo, insere-se “na concepção marxista acerca das crises
do capitalismo, para nossa compreensão da situação atual, que as crises
fazem parte dos ciclos do capital e, independentemente de suas intensidades,
o capitalismo não se destrói por si mesmo. Se não for confrontado por
alternativas distintas -- que inaugurem um novo ciclo político e econômico,
que levem a rupturas do sistema -- ele encontra sempre saídas, embora
provocando maiores desastres econômicos, sociais e políticos, para prosseguir
com seu processo de expansão. A profundidade da crise é o fator objetivo,
imprescindível à mudança radical, revolucionária. Mas se o fator subjetivo
mudancista ou revolucionário, que é decisivo, não atua no sentido de nova
condução, de novo ciclo, não haverá mudança nem revolução”.
A crise está aí. Decisivo, no entanto, o fator subjetivo, a luta dos
trabalhadores no campo econômico, político e ideológico. Luta que ganha
maior potência se unida e organizada.
Lutemos também no twitter: @Carlopo
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