quarta-feira, julho 22, 2009

40 anos do homem na Lua!!!

Os astronautas na Lua e eu na Bahia!!!!

As comemorações dos 40 anos que o homem pisou no solo lunar me encheu de lembranças. Assisti o feito do século num pequeno aparelho de TV preta e branca, num apartamento transformado em aparelho da ALN, no bairro dos Barris, em Salvador. Tinha me transformado em militante guerrilheiro há algum tempo e aproveitando umas férias do trabalho( na época tinha uma vida semi clandestina e andava com uma metralhadora INA desmontada numa famosa bolsa preta e um treizoitão debaixo do braço).

Sai de São Paulo num ônibus e parei primeiro em Vitória da Conquista, onde a Organização tinha uns contatos com jovens propensos a entrar de cabeça na guerrilha. A garotada, todos entre os 16 e 20 anos tinha pouca idéia do que iriam encontrar e fui claro com eles: “ A luta sera difícil e estamos em enorme desvantagem. Precisamos de gente para entrar em combate logo e tendo a certeza que a vida ou a liberdade poderia ser curta”.

Dos oito jovens mais aguerridos que encontrei na cidade, apenas três se dispuseram a ir para São Paulo entrar em contato direto com a ALN e se engajar na luta. Um deles, o Geraldinho, tinha mais tesão pela musica e o violão que pela guerrilha e a metralhadora. Dei como encerrada minha missão ali e junto como Geraldinho fomos para Salvador, onde já existia uma base incipiente da ALN e poderíamos articular algumas ações pela região e ainda mandar gente para São Paulo ou Rio de Janeiro.

Esta base tinha um apartamento/aparelho nos Barris e foi ali que fiquei quase um mês trancado, fazendo reuniões e discussões sobre nossas ações na Bahia e região e no dia 19 de julho assistimos todos juntos na sala doa aparelho a transmissão da chegada do homem a Lua. Ficamos maravilhados e ao mesmo tempo preocupados pelos Estados Unidos, os imperialistas tomarem a dianteira da corrida espacial contra os soviéticos, os comunistas da época. Era um mal prenuncio para todos, URSS e nós.

Esta viagem a Bahia foi emblemática porque além de reuniões e treinamento para algumas ações urbanas, só sai daquele aparelho para uma ou outra noitinha ir ao Farol da Barra e as vezes ao Mercado Modelo comer lambreta. E isto fazem 40 anos Em alguns momentos parece que foi na semana passada.

Daquela rapaziada toda nunca mais tive noticias. Só os conhecia por codinome. Alguns com certeza morreram no enfrentamento com os algozes da Ditadura e outros que possam ter sobrevivido, ou foram cuidar da vida ou estão como eu, com outras armas, lutando pelo bem estar da humanidade.

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