quarta-feira, novembro 07, 2012

O futebol arte, o esporte, a serviço da TV e dos "cartolas"!!


TV no Futebol

JAIME SAUTCHUK*

Antes que a gangue de Ricardo Teixeira e José Maria Marin, na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), resolva avançar na ideia do uso de imagens da TV na arbitragem de jogos, é bom atentarmos para uns aspectos dessa mudança. Começa por saber quem iria produzir as imagens, a CBF ou alguma emissora de TV?
No plano internacional, a Fifa já autorizou experiência com dois sistemas de confirmação de gols a partir do Mundial de Clubes no Japão, no mês que vem. Nesses casos, porém, não haverá interferência humana nos equipamentos.
Um dos artefatos é o de um chip dentro da bola e outro na trave, que anuncia quando a bola ultrapassa a linha de gol. O outro são seis câmeras, afixadas nas traves e fundo de gol, que apenas avisam quando a bola passa da linha. Em ambos os casos, o aviso é dado com um sinal no relógio do juiz da partida.
O que se discute no Brasil, contudo, é o uso de imagens produzidas para a transmissão de jogos. As maiores pressões para que esse árbitro eletrônico seja adotado vêm das emissoras, interessadas em abocanhar mais algum quinhão nas já lucrativas (para elas) transmissões. E já é histórica a troca de benesses entre a direção da CBF e a Rede Globo, por exemplo.
A mais dramática interferência da TV no futebol tupiniquim é a dos horários de partidas em dias de semana. A CBF de Ricardo Teixeira adotou os jogos às 22h para que ocorram depois da principal novela da Globo. Não levou em conta o torcedor, que fica sujeito a maratonas para chegar em casa já na madrugada do dia seguinte.    
Seja qual for o gerador de imagens, há a interferência de pelo menos uma pessoa, que é o operador da mesa de corte. Sua função é selecionar as imagens que vêm de oito ou mais câmeras e colocá-las no ar, no caso de transmissões ao vivo, ou editá-las para posterior uso, o que é feito por critério pessoal, ainda que hajam regras gerais.
E até aí é só um pedaço do imbróglio. No modelo atual, caso a TV possa ser usada, será um novo elemento para alargar o tempo de jogo. Cada parada para checar imagens de um lance significa tempo correndo, ou seja, a duração dos jogos será ainda maior, já que no futebol o cronômetro não para, como no tênis e futsal, por exemplo.
O uso de câmaras iria, também, afrouxar a arbitragem. O juiz e o bandeirinha poderão marcar o que bem entenderem, pois haverá câmeras de TV com apito na boca. Se já são frequentes os descuidos – ou olhares de cabra-cega – de árbitros, é de se imaginar o que iria ocorrer com a adoção da nova técnica.
E o pior: seguindo este caminho, daqui a alguns anos teremos só um árbitro em campo. Dois outros ficarão em uma sala de TV, com cerveja e uísque, em São Paulo, Rio ou Brasília, avisando ao que estiver lá nos cafundós do Judas, em campo, que apite isso ou aquilo.  Vai ser uma gracinha.
Isto significaria, é claro, o fim do futebol. O mais correto, no entanto, seria profissionalização da atividade de arbitragem e a CBF treinar mais seus árbitros. E, ao mesmo tempo, o Ministério Público, a Justiça e a polícia devem cair em cima das quadrilhas que agem nesse meio, para controlar resultados.
Isso tudo, com a ressalva de que a maioria dos árbitros brasileiros é de gente séria e honesta. E que nada tem a ver com a direção da CBF.
*Jaime Sautchuck é jornalista, presidente do Cebrapaz/DF e defensor do meio ambiente e das causas nobres. 

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