Hildegard Angel em seu Blog, www.hildegardangel.com.br
O poder pode derivar de muitas forças. Jânio Quadros, ao abrir mão do poder maior da República
ou supostamente o maior poder, referiu-se às “forças ocultas”. Até hoje não
sabemos quais foram elas.
Hoje, porém, sabemos quais forças estiveram por
trás do golpe militar de 1964. E a quem quiser se aprofundar recomendo o vídeo O
dia que durou 21 anos que explica tudo em detalhes,
sem deixar dúvida sobre dúvida.
A República repousa
sobre três poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário.
Há também o quarto poder, que muitos julgam até ser o primeiro de fato, que é o
da Mídia. Por todos os seus méritos, nada define melhor a grande mídia no país
do que as Organizações Globo, concentradora
de vários segmentos das comunicações, abrangendo as mídias impressa,
televisionada, internet, radiofonia etc. É um poder excepcional.
No universo das comunicaçoes, aí compreendendo
imprensa, música, cinema, televisão, teatro, internet, literatura, podemos
mesmo dizer que há dois brasis. Aquele que está na Globo e o que não está na
Globo. Este último é o Brasil dos profissionais de segunda classe, os de menor
cotação no mercado.
Recentemente, um articulista do sistema “global”
comparou quem não escreve na mídia impressa a sambista de segundo grupo. O
poder lhe permite isso.
O quarto poder permite
tudo. Permite toda a forma de arrogância. Uma prepotência embriagadora,
etílica. Atitudes soberbas. Como a que levou, não faz muito tempo, um conhecido
autor de novela a, num concorrido evento literário, destratar aos gritos um
estimado crítico de cinema por discordar de apenas uma frase de um artigo a seu
respeito.
Nesse porre de poder, as pessoas perdem
completamente o senso da realidade, do ridículo, da humanidade, da ética, da
compostura.
Também em outras atividades, esse desvario sobe à
testa. Está muito em pauta na atualidade discutir-se as transmissões do canal
da TV Justiça. Não são atores que as protagonizam. Não são
personagens de ficção. São pessoas reais. Um Poder que deveria me trazer
conforto e confiança, porém, me perturba, aflige. Me assusta.
E eu que pensei que não viveria novamente, neste
país, cenários de silêncio amedrontado…
O último medo emblemático que guardo na memória foi
o da atriz Dina Sfat, ao participar, em 1981, como
entrevistadora do programa Canal Livre tendo
o general Dilermando Monteiro na
berlinda. Ela se manteve muda todo o tempo. Quando lhe pediram ao final que
fizesse uma pergunta ao general,Dina disse
apenas: “Eu tenho medo dos militares”. A frase de Dina virouHistória.
Caros leitores, tenho, agora, como jornalista,
reportadora de fatos, observadora dos momentos brasileiros e vítima de alguns
deles, a triste missão de lhes informar que o meu medo voltou. E desta vez o
medo que sinto não é dos militares…
Dina Sfat
tinha medo. E eu tenho uma má notícia para lhes dar: o medo de que falava Dina
Sfat voltou!
Um comentário:
Excelente texto!
Adorei o blog.
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