sexta-feira, agosto 31, 2012

Major Curió e Brilhantes Ustra vão as barras dos Tribunais. COMISSÃO DA VERDADE COMEÇA A AGIR!!


Mais cruel dos assassinos da Guerrilha do Araguaya

Coronel Brilhante, chefão dos Torturadores e asssassinos



Justiça determina abertura de ação penal contra militares por crimes na ditadura
AGUIRRE TALENTO
DE BELÉM

Militares que atuaram na repressão durante o regime militar (1964-85) responderão a ação penal por supostos crimes cometidos durante a ditadura.

A Justiça Federal em Marabá (685 km de Belém) aceitou denúncia do Ministério Público Federal e determinou a abertura de ação penal contra o coronel da reserva Sebastião Rodrigues Curió, 77, e contra o tenente-coronel da reserva Lício Maciel, 82.

Ambos combateram a guerrilha do Araguaia (1972-1975), na região sul do Pará, e são acusados do crime de sequestro qualificado.

A Procuradoria sustenta que corpos de militantes de esquerda supostamente mortos por eles até hoje não foram encontrados e, por isso, podem ser considerados como desaparecidos.
O crime de sequestro qualificado prevê pena de prisão de dois a oito anos.

A ação contra Curió havia sido rejeitada em março, mas o Ministério Público Federal recorreu e agora conseguiu mudar a decisão.

Antes, o juiz federal João César Otoni de Matos havia entendido que a Lei da Anistia, de 1979, perdoou crimes cometidos durante a ditadura militar e por isso rejeitou a abertura da ação.

ANISTIA

Em São Paulo, uma ação semelhante contra o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra foi rejeitada pela Justiça Federal, sob entendimento da Lei da Anistia.
É, portanto, segundo a Procuradoria, inédita a decisão da juíza federal Nair Cristina de Castro pela abertura dos processos. Ela já determinou que os acusados sejam ouvidos. As decisões são da última terça-feira (28) e foram divulgadas nesta quinta (30) pela Justiça Federal no Pará.

A juíza diz que, se o crime de sequestro continua até o presente momento, não se aplica a ele a Lei da Anistia, pois ultrapassou o período dos crimes anistiados.

O tenente-coronel Lício Maciel diz que o guerrilheiro Divino Ferreira de Souza foi baleado em combate. Maciel diz que não pode ser acusado de sequestro porque Divino foi levado a uma enfermaria e, posteriormente, militares o informaram que ele havia morrido.
Procurado pela reportagem, o coronel Sebastião Curió não quis comentar o caso.

Ulstra é convocado

A Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo aprovou ontem a convocação do coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do Doi-Codi, principal órgão de repressão da ditadura militar (1964-85).

Ele é acusado de comandar práticas de tortura contra presos políticos na unidade, que foi criada sob o nome de Oban (Operação Bandeirante). O militar nega a participação direta em maus-tratos.

Como a comissão municipal não tem poderes para forçar a presença de testemunhas, a convocação será feita pela Comissão Nacional da Verdade, explicou o vereador Italo Cardoso (PT).

Os dois órgãos assinaram termo de cooperação para permitir a tomada de depoimentos em São Paulo.

O vereador Gilberto Natalini (PV), que é ex-preso político e integra a comissão, diz ter sido torturado por Ustra.

"Ele me bateu durante várias horas e me obrigou a declamar poesias nu e diante dos soldados para me humilhar", disse Natalini.

"Ele me batia com uma vara de cipó de um metro e meio de comprimento. Tive que ficar equilibrado com os pés em cima de latas de leite em pó. Também sofri choques elétricos. Tudo pelas mãos dele", afirmou.

No último dia 14, numa decisão inédita, o Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou sentença de primeira instância que reconheceu Ustra como torturador. Ele ainda pode recorrer. O militar, que se recusa a dar entrevistas, não foi localizado ontem.

A comissão também aprovou um convite para o ouvir o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto. Ele foi um dos signatários do AI-5, o ato institucional nº 5, que endureceu o regime e instituiu a censura prévia a partir de 1969.

Os vereadores querem questioná-lo sobre sua suposta participação na arrecadação de recursos para a Oban, que foi criada com a ajuda de empresários paulistas.
Segundo um assessor, Delfim só deve se pronunciar depois de ser convidado formalmente. De acordo com Italo Cardoso, o convite por ser transformado em convocação caso ele não o aceite.

Torturas hoje

A Comissão Nacional da Verdade deverá incluir no relatório recomendações contra a tortura praticada hoje por corporações policiais. Ontem, no Pará, membros da comissão ouviram relatos sobre torturas em um presídio do Estado e na Aeronáutica.

Eles disseram que o relatório vai se restringir ao período de 1946 a 1988, mas as recomendações incluirão fatos atuais.

"É claro que [haverá] recomendações em relação à estrutura policial do Brasil, que não pode continuar como está. Nós ratificamos a convenção da tortura, e a tortura continua sendo aplicada em todos os Estados", disse o cientista político Paulo Sérgio Pinheiro. "A tortura ainda está institucionalizada", disse o ex-procurador-geral Cláudio Fonteles.

A comissão anunciou que encaminharia ao cartório que registrou a morte do jornalista Vladimir Herzog, morto em 1975, pedido de alteração em sua certidão de óbito. "Queremos que seja incluída a informação 'morto por tortura nos porões da ditadura'", disse Fonteles. A versão da ditadura é que Herzog se suicidou.

No Rio, outra integrante da comissão, Maria Rita Khel, disse que jamais poderia ter "saudade daquele tempo em que se praticou terrorismo de Estado". Khel disse ser difícil determinar, com apenas três meses de trabalho, que resultados a Comissão da Verdade conseguirá, mas se disse cética em relação às chances de localizar corpos de desaparecidos.

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