sexta-feira, outubro 23, 2009

Homenagem a Marighella!!!!

Companheiros e amigos

No dia 4 de novembro se completam 40 anos do assassinato de Carlos Marighella.
Frente a essa efeméride um grupo de companheiros relembra seu significado e o legado da luta histórica de Carlos Marighella.

Se você quiser aderir a essa manifestação, assine,através da Internet neste site :



http://www.PetitionOnline.com/19692009/petition.html



Programe atividades em sua comunidade e local de atuação para debater essas ideias
Saudações
Comissão Organizadora 1969 2009 - 40 anos - Marighella Vive

Aos brasileiros

EM MEMÓRIA DE CARLOS MARIGHELLA
Carlos Marighella tombou na noite de 4 de novembro de 1969, em São Paulo, numa emboscada chefiada pelo mais notório torturador do regime militar. Revolucionário destemido, morreu lutando pela democracia, pela soberania nacional e pela justiça social.

Da juventude rebelde, como estudante de Engenharia, em Salvador, às brutais torturas sofridas nos cárceres do Estado Novo; da militância partidária disciplinada, às poesias exaltando a liberdade; da firme intervenção parlamentar como deputado comunista na Constituinte de 1946, à convocação para a resistência armada, toda a sua vida esteve pautada por um compromisso inabalável com as lutas do nosso povo.

Decorridos quarenta anos, deixamos para trás o período do medo e do terror. A Constituição Cidadã de 1988 garantiu a plenitude do sistema representativo, concluindo uma longa luta de resistência ao regime ditatorial. Nesta caminhada histórica, os mais diferentes credos, partidos, movimentos e instituições somaram forças.

O Brasil rompeu o século 21 assumindo novos desafios. Prepara-se para realizar sua vocação histórica para a soberania, para a liberdade e para a superação das inúmeras iniqüidades ainda existentes. Por outros caminhos e novos calendários, abre-se a possibilidade real do nosso País realizar o sonho que custou a vida de Marighella e de inúmeros outros heróis da resistência. Garantida a nossa liberdade institucional, agora precisamos conquistar a igualdade econômica e social, verdadeiros pilares da democracia.

A América Latina está superando um longo e penoso ciclo histórico onde ocupou o lugar de quintal da superpotência imperial. Mais uma vez, estratégias distintas se combinam e se complementam para conquistar um mesmo anseio histórico: independência, soberania, distribuição das riquezas, crescimento econômico, respeito aos direitos indígenas, reforma agrária, ampla participação política da cidadania. Os velhos coronéis do mandonismo, responsáveis pelas chacinas e pelos massacres impunes em cada canto do nosso continente, estão sendo varridos pela história e seu lugar está sendo ocupado por representantes da liberdade, como Bolívar, Martí, Sandino, Guevara e Salvador Allende.

E o nome de Carlos Marighella está inscrito nessa honrosa galeria de libertadores. A passagem dos quarenta anos do seu assassinato coincide com um momento inteiramente novo da vida nacional. A secular submissão está sendo substituída pelos sentimentos revolucionários de esperança, confiança no futuro, determinação para enfrentar todos os privilégios e erradicar todas as formas de dominação.

O novo está emergindo, mas ainda enfrenta tenaz resistência das forças reacionárias e conservadoras que não se deixam alijar do poder. Presentes em todos os níveis dos três poderes da República, estas forças conspiram contra os avanços democráticos. Votam contra os direitos sociais. Criminalizam movimentos populares e garantem impunidade aos criminosos de colarinho branco. Continuam chacinando lideranças indígenas e militantes da luta pela terra. Desqualificam qualquer agenda ambiental. Atacam com virulência os programas de combate à fome. Proferem sentenças eivadas de preconceito contra segmentos sociais vulneráveis. Ressuscitam teses racistas para combater as ações afirmativas. Usam os seus jornais, televisões e rádios para pregar o enfraquecimento do Estado. Querem o retorno dos tempos em que o deus mercado era adorado como o organizador supremo da Nação.

Não admitimos retrocessos. Nem ao passado recente do neoliberalismo e do alinhamento com a política externa norte-americana, nem aos sombrios tempos da ditadura, que a duras penas conseguimos superar.

A homenagem que prestamos a Carlos Marighella soma-se à nossa reivindicação de que sejam apuradas, com rigor, todas as violações dos Direitos Humanos ocorridas nos vinte e um anos de ditadura. Já não é mais possível interditar o debate retardando o necessário ajuste dos brasileiros com a sua história. Exigimos a abertura de todos os arquivos e a divulgação pública de todas as informações sobre os crimes, bem como sobre a identidade dos torturadores e assassinos, seus mandantes e seus financiadores.

Precisamos enfrentar as forças reacionárias e conservadoras que defendem como legítima uma lei de auto-anistia que a ditadura impôs, em 1979, sob chantagens e ameaças. Sustentando a legalidade de leis que foram impostas pela força das baionetas, ignoram que um regime nascido da violação frontal da Constituição padece, desde o nascimento, de qualquer legitimidade. E procuram encobrir que eram ilegais todas as leis de um regime ilegal.

Sentindo-se ameaçadas, estas forças renegam as serenas formulações e sentenças da ONU e da OEA indicando que as torturas constituem crime contra a própria humanidade, não sendo passíveis de anistia, indulto ou prescrição. E se esforçam para encobrir que, no preâmbulo da Declaração Universal que a ONU formulou, em 10 de dezembro de 1948, está reafirmado com todas as letras o direito dos povos recorrerem à rebelião contra a tirania e a opressão.

Por tudo isso, celebrar a memória de Carlos Marighella, nestes quarenta anos que nos separam da sua covarde execução, é reafirmar o compromisso com a marcha do Brasil e da Nuestra America rumo à realização da nossa vocação histórica para a liberdade, para a igualdade social e para a solidariedade entre os povos.

Celebrando a memória de Carlos Marighella, abrimos o diálogo com as novas gerações garantindo-lhes o resgate da verdade histórica. Reverenciando seu nome e sua luta, afirmamos nosso desejo de que nunca mais a violência dos opressores possa se realimentar da impunidade. Carlos Marighella está vivo na nossa memória e nas nossas lutas.

Brasil, 4 de novembro de 2009.

segunda-feira, outubro 12, 2009

Houve erro, mas o alerta valeu!!!

Houve um engano, companheiros.

A notícia é velha mesmo, de 2007, e não vale mais. O assunto já foi recolocado e respondido pela Comissão de Anistia. Ou seja, Lamarca continua anistiado com promoção militar e sua viúva, Maria, recebe a pensão mensal.

Se for possível explicar, a notícia veio pelo grupo Os Amigos de 68, formado basicamente por cariocas ex-exilados e ex-presos, além de nordestinos simpáticos. Eles já pediram desculpas pelo engano.

Acontece que nem eles, nem quem leu e repassou, protestou e discutiu, inclusive eu, lemos a notícia na íntegra, onde constava a data. Peço desculpas em nome deles e no meu - embora tenha repassado inicialmente este e-mail que vocês todos receberam. Quem repassou deve fazer o mesmo.

Erramos todos. Mas desde ontem isso já havia sido corrigido.

Beijo.
Rose.

sábado, outubro 10, 2009

Barak Obama não merece este Nobel da Paz!

NOBEL PRECIPITADO

*Por Luiz Aparecido

O Comitê do Premio Nobel decidiu este ano, intempestivamente, conceder o Premio Nobel da Paz ao presidente norte-americano Barak Obama. Será merecido??
A mídia americana e mundial, controlada pelos mesmos homens e corporações que dominam o Mundo, celebram alegremente o premio. Mas não acredito que o presidente americano, o primeiro negro a chegar ao governo( não ao poder)seja merecedor desta honraria.

Ele até agora mantêm, com vagas promessas de acabar, a agressão americana no Iraque, no Afeganistão, interferindo em assuntos internos de vários paises do mundo, ameaçando nações soberanas, como Coréia do Norte e Irã e por ai vai. Os suspeitos de terrorismo (sem culpa formada ou julgamento justo) contra alvos americanos, continuam detidos e sendo torturados na Base usurpada de Guantanamo, em Cuba. O bloqueio econômico e humanitário que sufoca o povo cubano continua e a belicosidade americana permanece inalterada, apesar dos vários discursos de Barak Obama de que um dia mudara tudo isto.

Mas até agora nada mudou na beligerante política externa norte-americana e não creio que mudara tão cedo, se mudar!

O mundo espera

A eleição de Barak Obama presidente norte-americano, enfrentando o “status quo” mantido pelas corporações que formam o poder do imperialismo norte americano, foi um feito extraordinário para a sociedade americana. Afinal. Há poucas décadas os negros sequer podiam andar na mesma calçada que os brancos, freqüentar os mesmos ambientes e escolas e em certos Estados do Sul, sofriam as mais bárbaras perseguições e segregações. Portanto, eleger um negro presidente da República, já é um feito que mostra a sociedade americana e o cidadão médio daquela potencia mudando suas concepções de mundo.

Mas não podemos esquecer, que o tripé do poder americano, sediado nas corporações do setor industrial/militar, no sistema financeiro hegemonista e no poder do setor de comunicação/entretenimento e mídia, se mantém inalterado. E a crise econômica que foi gerada nos Estados Unidos e difundida por todo mundo capitalista, não foi combatida a partir de sua germinação. Pelo contrario, para manter o poderio das corporações, Barak Obama usou o potencial do Estado americano para socorrer os setores mais atingidos pela crise, que foram os crediticios/financeiros e as indústrias automobilística e bélica.

E a crise por lá continua, tendo sido seus efeitos mais graves apenas empurrados para debaixo do tapete. E quem mandava nos setores chaves do poderio americano continuam mandando, ou seja, o Pentágono, Wall Street e a CIA.

O golpe recente em Honduras, onde o presidente eleito e legitimamente no poder, foi deposto num golpe militar típico daqueles articulados pela CIA e seus amigos internos, ou seja, a classe dominante hondurenha e seus sócios americanos. Então onde estão as mudanças prometidas por Barark Obama e seu espírito e ações pela paz mundial. Continua inclusive sustentando política,financeira e militarmente Israel, que mantém sua agressão contra o povo e a nação palestina e fustigando os paises árabes independentes.

Se realmente Barak Obama decidir cumprir parte de suas promessas de campanha e terminar com as agressões americanas em várias partes do Mundo, aplicar até mesmo sua interna reforma do sistema de saúde, que beneficiara o povo pobre dos Estados Unidos( é isto mesmo, há milhões de pobres naquele país e miséria terceiro-mundista em vários locais) democratizar a mídia e o capital, acabar com o poder soberano do setor industrial/bélico e outras, pode mesmo é acabar com um tiro na cabeça. Que é como os americanos que realmente estão no poder, costumam resolver suas diferenças políticas.

*Jornalista/Cientista Social

segunda-feira, outubro 05, 2009

Congresso do PCdoB pode dar samba!!!!

O glorioso Partido Comunista do Brasil, o PCdoB esta em todo país discutindo suas teses e debatendo suas idiossincrasias em preparação de seu novo Congresso. Este processo sempre foi muito rico e o momento em que vivemos nós, os comunistas, entre a malfadada crise do socialismo real desde a queda do Muro de Berlin e o fim da União Soviética o transforma em mais rico ainda. A recente e ainda presente crise do capitalismo, gerada a partir do próprio pólo do capitalismo, transforma as discussões em mais ricas e mais esclarecedoras ainda.

Por isto. e talvez por isto, não entendo porque crises internas, motivadas pela má compreensão da luta de classes, idiossincrasias pessoais e motivos menores estão enpanando as discussões sobre as teses do Congresso e o esforço de fazermos um partido grande, massivo e a altura de seu objetivo que é fazer a revolução( qual método e caminho, ainda vamos descobrir) e engrandecer o Brasil. Ninguém é dono da verdade num momento destes e só a discussão séria e leal aos princípios pode nos levar a algum lugar. Bem distante de ser uma sublegenda do PT ou um partidinho de pseudo quadros iluminados, cujas lamparinas não clareiam sequer os próximos passos. Tenho dito, Benedito. Que o Cintra o tenha, com toda sua sabedoria de sambista da vida.Sem nenhuma ironia.

Congresso do PCdoB pode dar samba!!!!

O glorioso Partido Comunista do Brasil, o PCdoB esta em todo país discutindo suas teses e debatendo suas idiossincrasias em preparação de seu novo Congresso. Este processo sempre foi muito rico e o momento em que vivemos nós, os comunistas, entre a malfadada crise do socialismo real desde a queda do Muro de Berlin e o fim da União Soviética o transforma em mais rico ainda. A recente e ainda presente crise do capitalismo, gerada a partir do próprio pólo do capitalismo, transforma as discussões em mais ricas e mais esclarecedoras ainda.

Por isto. e talvez por isto, não entendo porque crises internas, motivadas pela má compreensão da luta de classes, idiossincrasias pessoais e motivos menores estão enpanando as discussões sobre as teses do Congresso e o esforço de fazermos um partido grande, massivo e a altura de seu objetivo que é fazer a revolução( qual método e caminho, ainda vamos descobrir) e engrandecer o Brasil. Ninguém é dono da verdade num momento destes e só a discussão séria e leal aos princípios pode nos levar a algum lugar. Bem distante de ser uma sublegenda do PT ou um partidinho de pseudo quadros iluminados, cujas lamparinas não clareiam sequer os próximos passos. Tenho dito, Benedito. Que o Cintra o tenha, com toda sua sabedoria de sambista da vida.Sem nenhuma ironia.

segunda-feira, setembro 14, 2009

30 anos de história da reorganização do PCdoB no Espirito Santo

30 ANOS ATRAS-REVIVEVNDO A REORGANIZAÇÃO
DO PCDOB NO ESPIRITO SANTO(primeira parte)

CHEGANDO EM TERRAS CAPIXABAS!

Foi num dia primeiro de janeiro de 1979, num calor de rachar e modorrento começo de tarde, que desembarquei em Vitória, na antiga rodoviária da Praça Misael Pena, perto do Parque Moscoso. Tinha saído de São Paulo na noite anterior com duas missões: uma profissional, de assumir o Departamento de Projetos Especiais da Rede Tribuna e outro de procurar os remanescentes do PCdoB que restavam no Estado e reorganizar o Partido.

Tinha saído da cadeia depois de mais de três anos de cana dura e pouco antes de ser decretada a Anistia. Trabalhei neste período em São Paulo, na redação da Revista Manchete e me articulava com o partido, que ainda vivia na clandestinidade, mas botava suas manguinhas de fora, lançando o jornal “Tribuna Operaria”, organizando movimentos de massa como o “Movimento Contra a Carestia” e atuando subliminarmente no antigo MDB, onde preparávamos o lançamento do primeiro deputado federal comunista e operário desde a legalidade de 1945, o Aurélio Peres.

Nesta época ainda subsistia no partido as duas estruturas montadas para sobreviver aos anos de chumbo, quando os militares dizimaram as organizações de luta armada e andava ferozmente atrás do PCdoB, que vinha da luta da guerrilha do Araguaia. Eu quando sai da prisão, contatei a estrutura 1 e foi esta que determinou minha vinda para o Espírito Santo. Na época precisávamos de gente audaciosa e com certa cobertura legal para reorganizar o Partido em vários Estados, onde ele tinha sido praticamente dizimado. A mim coube escolher entre Pernambuco e Espírito Santo.

Tive sorte de em dezembro de 1978, encontrar no prédio da Folha de São Paulo onde fui ver uns amigos, o Sergio Alves, que no inicio de minha carreira profissional, tinha me ajudado muito na “Ultima Hora”, onde trabalhamos sob a direção do lendário Samuel Wainer. Ele então me contou, que tinha assumido a direção do jornal “A Tribuna”, no Espírito Santo e que o grupo João Santos, dono do empreendimento, entre outros, tinha em mente montar um complexo de comunicação no Estado, com emissoras de rádio e Televisão. Sergião, como o chamávamos, me convidou então para vir com ele enfrentar a tarefa, porque ele tinha falta de pessoal mais qualificado na época para tocar os projetos.

Juntou a fome com a vontade de comer. Comuniquei a novidade ao partido que adorou a idéia e Ozéias, que era meu dirigente mais imediato concordou que eu fosse para o Espírito Santo. Chegaria inclusive, numa situação legal e com cobertura suficiente para iniciar a procura pelos camaradas comunistas dispersos e até recrutar mais gente para o partido. E foi nesta que embarquei sózinho, mas com a promessa de trazer logo depois minha companheira na época, a “italiana” Adelina Bracco, que também ajudaria no Jornal e a reorganizar o partido.

Nas primeiras semanas, encontrei o Sergio Alves (naquele mesmo primeiro dia), que me acomodou num apartamento que o Grupo João Santos possuía na Praia da Costa, em Vila Velha, fui conhecer o funcionamento do Jornal e preparar minha estrutura de trabalho e mergulhar nos arquivos para conhecer melhor o Espírito Santo. E tentar achar os remanescentes do combalido PCdoB.
CADÊ OS CAMARADAS?(Segunda parte)

Quando sai de São Paulo, o partido me indicou apenas codinomes, pessoas que já tinham se retirado da luta e apenas uma pessoa que poderia me ajudar a encontrar os membros do Partido dispersos. Um tal de Zanata, que quando o encontrei, um mês depois de ter chegado ao Espírito Santo, era ligado as pastorais da Igreja católica, que ficou até assustado quando lhe falei em encontrar membros do partido. Ainda vivíamos na Ditadura, apesar dela estar nos seus últimos estertores e o medo da repressão ainda prevalecia. Ele já estava comprometido com o projeto do PT, onde esta até hoje.

Estava na estaca zero quando voltei a São Paulo para buscar minha mulher e companheira da época, a italiana Adelina Bracco, que veio para trabalhar na A Tribuna comigo e me ajudar na reorganização do partido. Ela foi para a editoria de Política do jornal ser repórter, também com o objetivo de tentar encontrar algum comunista desgarrado. Acabou que ela cobrindo a Assembléia Legislativa, encontrou o Gildo Ribeiro, que era do partido e conhecia muita gente no Estado e os camaradas remanescentes que continuavam dispostos a reorganizar o partido.

Com a ajuda entusiasmada do Gildo, chegamos ao Dines Brozeguin, que tinha uma oficina de mecânica pesada perto do Aeroporto, o Paulo Mossoró, Nilson “Bigode” e mais tarde o Nilo Walter, Ildefonso, Mauro Edem e outros de Vila Velha, o seu Guilherme de Cachoeiro e outros arredios comunistas. Havia ainda um grupo de jovens e pessoal de esquerda, que faziam um jornal alternativo da época, chamado “Posição”, liderados por um comunista, Luzimar Nogueira Dias, que estava arredio e desconfiado de nós, pela ousadia de nos mostrarmos comunistas ainda em plena Ditadura. Ele tinha contatos coma a outra estrutura do Partido, que por motivos óbvios, não me conhecia, nem sabia de nossa tarefa no Estado.

Com este pessoal, eu e a Adelina gastamos muito “latin” para convencê-los de que era a hora de cuidadosamente, mas com ousadia, reorganizarmos o partido. Do pessoal do “Posição”, veio logo o Namy Chequer, que por sinal levamos também para trabalhar na editoria de Política de “ A Tribuna” e começamos a trabalhar a cabeça dos irmãos Martins, Joãozinho, que depois foi o primeiro deputado estadual do partido desde 1946, o Carlos Umberto e o Chiquinho. Eles estavam, como muitos outros jovens de esquerda, entusiasmados com o projeto de formação do PT que estava nascendo naquela época.

Nesta tarefa, o Namy ajudou muito a convencer os irmãos Martins a vir para o PCdoB, inclusive Joãozinho, que naquele tempo morava em Cachoeiro de Itapemirim e trabalhava no Banco do Brasil. Na “Tribuna” também tinha o Luiz Rogério Fabrino, antigo militante do PCdoB que estava desligado e aderiu imediatamente ao nosso projeto. Logo depois chegou de São Paulo o Clóves Geraldo, que entrou na estrutura do partido e ajudou ele a crescer numérica e teoricamente. Ainda de São Paulo, veio o capixaba que lá estava ha muito tempo, Graciano Dantas, que também entrou na Tribuna e na estrutura do partido.

Por ai começamos as primeiras reuniões, formamos a primeira célula partidária e começamos o trabalho político usando a estrutura do PMDB. Tínhamos como aliados o então deputado Dilton Lyrio e Roberto Valadão, cujo irmão e cunhada, Arildo e Áurea, tinha morrido combatendo na Guerrilha do Araguaya. E ainda Max Mauro, recém eleito deputado federal e antigo simpatizante do PCdoB.

A partir disso, enquanto corria o ano de 1979, fomos remontando o partido e recrutando outras pessoas. Muitos que tinham participado do partido antes da “queda” de 1972, que praticamente dizimou o partido no Estado, não demonstraram interesse em voltar a militar. Direito deles.

CRESCENDO E APARECENDO (Terceira Parte)

Já corria os anos 80, quando Antonio Alaerte, Zizi Mareto e João Amorim e Wanda Gasparini, Graça e outras amigas delas vieram para o PCdoB. Já ali por 1981 e 1982, quando fizemos a campanha vitoriosa do Gildo para vereador em Vitória, tínhamos um razoável contingente, alem de outros jovens que Joãozinho e Carlos Umberto foram recrutando. E ainda Zé Maria, Mastela e Walter Araújo, a Jô e outros. Ainda entre 79 e 80, Luzimar Nogueira Dias, que era uma referencia para estes jovens, depois de uma viagem ao Rio de Janeiro, onde lhe garantiram que éramos do PCdoB, acabou por aderir a nossa estrutura. Nesta época as duas estruturas do partido haviam já se fundido e com a Anistia e a volta de João Amazonas, Renato Rabelo e outros, novo alento alcançou o partido que crescia e se desenvolvia, adquirindo respeitabilidade na vida política local.

A”Tribuna Operaria” era nossa senha e porta voz. Criamos uma sede para a sucursal do jornal em Vitória, onde funcionava a direção provisória(ainda clandestina) do partido. Foram tempos difíceis, mas alvissareiros para o partido que ia ressurgindo cheio de energia e planos futuros. A direção nacional nomeou um assistente para o Estado, que foi no inicio o Ronald de Freitas e depois o Dineias Aguiar, na época conhecido como Décio, ou Careca.

Já com um bom numero de militantes e respeitabilidade política, começamos a preparar a nossa Conferencia de Reorganização, que aconteceu, clandestinamente, num apartamento alugado para este fim, na Praia da Costa, em Vila Velha. Foi Dineas Aguiar que dirigiu a Conferencia que elegeu a primeira direção formal e traçou a tática e a estratégia para o futuro do partido. Mais ou menos nesta época, ressurgiu da Clandestinidade e se reintegrou ao partido, Carlito Osório, o conhecido “Cascata”, que não ficou muito tempo, preferindo depois de algum tempo trilhar outros caminhos políticos. Outro que se reintegrou ao partido definitivamente foi Hélio Garcia, camarada histórico de Colatina, que tinha estado até na China se preparando para a luta.

Na primeira eleição que participamos dentro do PMDB em 1982, elegemos um aliado “quase” militante, Josmar Pereira suplente de deputado, que assumiu o mandato graças à ajuda do então governador Gerson Camata e o Gildo Ribeiro vereador por Vitória. E ainda ajudamos nas campanhas para deputado Federal do Max Mauro e demos até uma forcinha para Nelson Aguiar também se eleger deputado federal.

MEMÓRIAS GILDEANAS (Quarta parte)


Como recorda muito bem Gildo Ribeiro, “uma figura de grande importância que conviveu conosco durante um grande período foi sem dúvida o inicialmente Décio, depois Careca e por fim Dinéias Aguiar. Nos meados da´década de sessenta até fins dessa e inícios da década de 70. Por força de um vendaval que varreu o PCdoB-ES, quase do mapa, ficamos quase todos dispersos”.

Memória viva do PCdoB em terras capixabas, Gildo diz que “é bom lembrar que o Partido jogou um papel importante na campanha das Diretas Já. Ao ponto de fazermos a aproximação do PT com PMDB e outras forças, sendo que umas das principais reuniões para tal fim, se deu no Centro Comunitário de Ilha de Santa Maria e Monte Belo, inclusive com a presença do Deputado dissidente da Arena, o Deputado Teodorico Ferraço, que apoiava o Paulo Maluf. Dali nasceu uma organização que culminou com um dos maiores comícios da história do Espírito Santo, o Comício das Diretas Já”.

“Se envolveram nesta tarefa não só os já citados, como os deputados estaduais Salvador Bonomo, Nilton Baiano, o pessoal do Partidão e em seguida o próprio Governador e o seu Vice José Moraes e quase todos que tinham cargos comissionados e posição política contra o regime militar. Nosso papel de convencimento de que, passada a luta pelas Diretas Já, derrotada em votação no Congresso através da emenda Dante de Oliveira, mas vitoriosa no campo político e popular era preciso avançar, nos levou e as demais forças políticas, a entender que o caminho para derrotarmos a ditadura seria agora sim, pelo colégio eleitoral, como ficou provado. Gildo lembra ainda, “que Tancredo fez grandes comícios por aqui e demos nossa pequena mais forte e entusiasmada colaboração”.

Com o partido consolidado, tive necessidade de voltar a São Paulo em 1985, tanto por problemas familiares, como para me integrar a Comissão Nacional de Agitação e Propaganda, que tinha já a Editora Anita Garibalde, editando a Tribuna Operaria, a Revista “Princípios”, livros de clássicos do Marxismo Leninismo, de João Amazonas, Diógenes Arruda Câmara e outros autores do partido e com a legalidade recém conquistada, o jornal oficial do partido “A Classe Operaria”.

UMA PARTIDA COM MUITAS VOTAS (quinta parte)

Antes disso recontatamos o camarada Iran Caetano que servia o partido em Minas Gerais, mas tinha no Espírito Santo seu berço de lutas. Falamos com o Comitê Central e o pessoal de Minas, articulamos sua volta com condições de sobrevivência, o que não foi difícil, pois ele é um médico muito conceituado. Quando Iran voltou passou a integrar a direção que já tinha o Namy Chequer, o João Martins, o Clóves Geraldo e outros. O Partido tinha crescido e já estava presente em várias cidades do interior, no movimento estudantil, em alguns sindicatos e prestigio político em todo o Estado.

Na outra eleição que o partido participou ativamente em 1986, já com cara própria e não mais dentro da estrutura do PMDB, elegemos João Martins deputado estadual pela nossa sigla. Pela legenda do PCdoB elegemos o Namy Chequer vereador em Vitória em 1988 e o Professor Ramos suplente de vereador em Vila Velha, mas assumiu o mandato a maior parte do tempo. Eu já estava em São Paulo, mas toda eleição vinha para o Espírito Santo dar uma força. Depois disto é que vieram as eras Namy e Anderson Falcão, que dominam partido até hoje.

Depois de um longo período em São Paulo fui deslocado para Brasília, mas nunca deixei de em todas as eleições e períodos de férias estar presente no Espírito Santo. Como estou agora, num exílio convalescente da terrível doença que me pegou de jeito e quase me paralisa todo. Mas se não arrumar algum emprego, assessoria, consultoria, algo para fazer, terminando o verão bato azas de volta ao Planalto Central do Brasil. E sinto no Espírito Santo, alguns comunistas capixabas menos abnegados e generosos que antes, mais ainda um grande e solidário povo.

quarta-feira, setembro 02, 2009

Solidariedade ao Lungaretti!!

Estão tentando calar uma das vozes mais combativas do Brasil, obstruindo sua comunicação como Mundo via Blogs e outros instrumentos da Internet. Abaixo se grito de protesto!! Leiam e divulguem!!!

"Companheiros, amigos e internautas em geral,

há muito eu vinha sofrendo pressões ostensivas ou veladas que preferi ignorar, para não conferir demasiada importância a covardes que agem nas sombras.

Era uma verdadeira enxurrada de armadilhas de hackers que me chegava diariamente, tentando penetrar no meu computador (a desproporção entre a quantidade recebida por mim e pelos outros internautas era suspeita, mas deixei pra lá).

Depois, houve mensagens ameaçadoras postadas como comentários nos meus dois blogues. Deletei-as.

E existia quem se desse ao trabalho de postar diariamente até 20 "comentários" no blogue Celso Lungaretti - O Rebate, com apenas uma enorme série de hieroglifos. Deletei-os.

As ameaças de morte pipocaram até no CMI, a maioria sendo tirada do ar pelos administradores.

Finalmente, hoje o meu blogue Náufrago da Utopia amanheceu bloqueado para novas postagens "devido a possíveis violações dos termos de serviço do Blogger". A acusação seria de se tratar de um blogue de spams (!).

Já requeri o desblogueio, mas não sei quando ocorrerá. Se alguém conhecer forma de agilizar o trâmite, agradeço. Eu não encontrei o caminho para tanto.

É sintomático que isto ocorra às vésperas do julgamento do Caso Battisti no STF, quando precisarei como nunca do meu blogue para centralizar a disponibilização de artigos relativos à batalha que estarei travando.

Por enquanto, informo que os meus textos diários agora estão sendo disponibilizados no blogue Celso Lungaretti - O Rebate.

E, ao contrário do que vinha fazendo, passarei a enviar TODOS pela rede de e-mails, não apenas os por mim considerados mais significativos.

É o caso do que está abaixo. Eu pretendia disponibilizá-lo só no blogue e mandar para entidades de direitos humanos. Mas, se está havendo interesse em me tirar do ar, é o momento de me manter tão no ar quanto possível.

A luta continua."

CELSO LUNGARETTI

segunda-feira, agosto 31, 2009

Vem coisa ai!!!

Nos próximos dias vai estar nos blogs a história dos 30 anos de minha pimeira chegada ao Espirito Santo e a narrativa de como reorganizamos o PCdoB em terras capixabas!!

quinta-feira, agosto 20, 2009

Que anistia é esta???

Estes miseros 80 paus que “ganhei” da Comissão de Anistia ainda dependem de um monte de coisas burocraticas para que eu o receba, fora os 20% do advogado e outros quesitos.Ainda tenho que pagar as dividas que contrai com meus amigos nos momentos mais difíceis,que dá quase que toda a pseudoindenização. E minha pensão estipulada pela Comissão de Anistia é de 1.080 reais. Da para viver como um nababo, hein?
Mas estou apelando ao STJ para reverter isto. Espero que saia resultado logo, pois estou numa pindaiba tão grande que vim morar em Fundão, no Espirito Santo.
Vou continuar lutando pelo que acho de direito meu, depois de tres prisões que resultaram em cinco anos atras das grades e muita porrada cujas sequelas levo no lombo até hoje.
Abração e veja meus blogs de vez em quando.
Luiz Aparecido

segunda-feira, agosto 17, 2009

Batalhasverbais e outras!

Brigas & Encrencas

Luiz Aparecido

Muitos dos que me conhecem, bem ou mais ou menos, me consideram briguento e encrenqueiro. Isto vai da minha vida profissional, pessoal e até partidária. Não é sem motivo, claro, esta visão que alguns têm de mim. Sou da Paz, mas também preparado para a luta, estando bem ou mal armado ou até mesmo desramado. Mas esta historia de briguento e encrenqueiro acaba virando folclore, distorce a verdade dos fatos muitas vezes e cria uma imagem que não corresponde à verdade da vida.

Já fui mais encrenqueiro que hoje, em que a idade e á vida me deram um pouco de sabedoria. Mas não gosto de mentiras, injustiças e falsidade e, muito menos de violência contra os despossuidos de força e poder. Agora eu acho que ficar brigando por coisas pequenas e insignificantes não vale a pena. Você fica colecionando um monte de pequenos inimigos, que as vezes são até gente boa, que hora ou outra pisou na bola e lhe desagradou ou ofendeu.

Decidi há tempos, que “só vou brigar agora com quem merecer que eu o mate”. Para não ficar colecionando desafetos e perder tempo com picuinhas que não valem o sacrifício de uma boa briga. Mas não quer dizer isto que deixarei de lutar pelo que acredito e defender quem ou o que merece.

Rememorando

Lembro-me de uma primeira briga minha que podia ser evitada, quando eu iniciava a carreira de jornalista no “Jornal da Tarde”, em São Paulo. Numa redação cheia de estrelas eu era iniciante e aprendiz. Perdi a estribeiras um certo dia em que o “genial” e genioso editor chefe, Murilo Felisbeto, rasgou na minha cara o texto de uma reportagem que fiz e ele achou mal escrita. Em vez de me pedir que refizesse a matéria, ele estrelissimo e autoritário como as vezes em que estava atacada ficava, me ofendeu rasgando a matéria na frente de toda redação.

Não tive duvidas de pegar uma das máquinas escrever (na época ainda não havia computador nas redações) e lhe jogar na cara. Bateu no peito de e caiu no chão a peça de ferro. Não causou muitos danos não. Apenas escoriações e um chilique do Murilo que era dado a estes estremiliques. È claro que fui chamado à sala do diretor do jornal, o gentilíssimo Ruy Mesquita e demitido imediatamente, depois de um sermão contra minha violenta atitude.

Poderia usar como desculpa a vida que vivia, com a adrenalina a mil, pois estudava de manha na Universidade, trabalhava no jornal e ainda por cima militava numa organização da luta armada, a ALN, tudo ao mesmo tempo. Mas foi uma atitude burra e infantil a minha. Ainda bem que não atrapalhou meu avanço profissional,pois dali fui para os Diários Associados e passei por outros veículos, nunca mais repetindo aquele tipo de ato.

Encrencas
Mas entrei em varias encrencas na militância política, tanto dentro das organizações que militei e até no PCdoB em que milito até hoje. Algumas valeram apena porque defendi pessoas e idéias que considerava corretas. Quando Fui para o Espírito Santo, comprei brigas de outros em campanhas eleitorais e na luta política. Briguei e ofendi adversários, que eram apenas adversários e não inimigos como os tratei na época. Houve também equívocos de minha parte ou erro de tratamento na disputa. Um deles foi com o hoje deputado Lelo Coimbra, numa época em que ele foi candidato a vice-governador na chapa do governador Paulo Hartung. Misturei alhos com bugalhos e ele se sentiu ofendido porque ataquei um irmão dele de forma virulenta. Falta de discernimento meu. Já com José Carlos Gratz o ataquei pelo que ele representava na época em que o chamado crime organizado mandava no Estado. Desta briga não me arrependo e nem faço reparos.

Também tive uma pinimba que acabou em processo com o atual senador pernambucano e então governador Jarbas Vasconcelos. Ele não me processou diretamente, mas colocou aliados em cima de mim. Apenas denunciei esquemas de favorecimentos no governo dele para empresas que haviam bancado sua campanha. Quem me alimentou de dados para meus ataques, simplesmente me deixaram na mão. Mas é a vida.

Encrencas tive no PCdoB também por defender idéias e pessoas que considerava estarem corretas. Mas tudo isto são águas passadas. Volto aquela máxima lá de cima: agora só vou brigar com quem for matar.

quarta-feira, julho 29, 2009

Refletindo sobre o novo socialismo!!

Reflexões sobre o novo socialismo!!!!

Como sabem sou amigo de Deus da Silva, que em homenagem a Pedro Pomar, me enviou a reflexão que publico abaixo.Mas é bom lembrar que tudo começou na época de Lenin, quando Nikolai Kalinin formulou os alicerces da NEP(Nova Politica Economica)na construção da União Sovietica. Alias, todos nós revolucionarios, precisamos aproveitar o momento e voltar a se debruçar sobre os livros e estudar melhor a obra de N. Kalinin!

"A respeito da análise do socialismo com características chinesas, ou vietnamitas, alguns setores da esquerda aceitam as teorias a granel dos pensadores liberais. Segundo elas, a China e o Vietnã já teriam se tornado capitalistas, só faltando liquidar ou transformar seus partidos comunistas, assim como os Estados que eles comandam.

Essas teorias não aceitam que seja socialista um país que, em seu processo de desenvolvimento, utilize mercado, propriedade privada e integração ao mercado mundial capitalista, mesmo em combinação com planejamento estatal, propriedade estatal, propriedade coletiva, industrialização e agricultura familiar. Afirmam que essas aparências de socialismo estão, na verdade, subordinadas ao processo de expansão capitalista.

Se a China e o Vietnã houvessem afundado sob essa sopa aparentemente eclética, se seus partidos comunistas e seus Estados nacionais não continuassem afirmando estarem na fase inicial da construção socialista, e fizessem como os russos e europeus do leste, que admitiram o capitalismo como sua salvação, talvez não se devesse perder tempo com suas experiências.

No entanto, ao contrário dos países que seguiram a cartilha do Consenso de Washington, tanto a China quanto o Vietnã estão se transformando de países atrasados, durante boa parte do século 20, em países avançados e desenvolvidos. A China, em especial, que iniciou mais cedo as reformas em seu socialismo, está ingressando paulatinamente num estágio de país desenvolvido, enquanto o Vietnã evolui para se tornar um novo "tigre" asiático."

segunda-feira, julho 27, 2009

Tristeza!!!

Vida roubada!!!

Elon Rocha Moita, 35 anos, mãe do meu filho dileto Yuri Rocha da Silva, foi assassinada numa quebrada e numa errada na noite/madrugada de sábado para domingo ultimo, 25/26 de julho, na Vila Planalto, em Brasília. Foi atingida por 4 tiros fatais, atendida no hospital, mas não resistiu.

Figura doce, solidária e amorosa, mas descabeçada. Entrou numa errada e a vida não a perdoou. Ficaram aos prantos e com um profunda tristeza arraigada no coração, a mãe dela dona Maria da Paz(veja a ironia), os irmãos, a filha Lissa Lee e meu querido filho Yuri. E os muitos amigos que ela deixou e cultivou durante toda a vida.

Queira a vida e a natureza, que agora o profundo e grande amor que sinto pelo Yuri, ajude ele a superar a tristeza de perder a mãe de forma tão cruel!

quarta-feira, julho 22, 2009

40 anos do homem na Lua!!!

Os astronautas na Lua e eu na Bahia!!!!

As comemorações dos 40 anos que o homem pisou no solo lunar me encheu de lembranças. Assisti o feito do século num pequeno aparelho de TV preta e branca, num apartamento transformado em aparelho da ALN, no bairro dos Barris, em Salvador. Tinha me transformado em militante guerrilheiro há algum tempo e aproveitando umas férias do trabalho( na época tinha uma vida semi clandestina e andava com uma metralhadora INA desmontada numa famosa bolsa preta e um treizoitão debaixo do braço).

Sai de São Paulo num ônibus e parei primeiro em Vitória da Conquista, onde a Organização tinha uns contatos com jovens propensos a entrar de cabeça na guerrilha. A garotada, todos entre os 16 e 20 anos tinha pouca idéia do que iriam encontrar e fui claro com eles: “ A luta sera difícil e estamos em enorme desvantagem. Precisamos de gente para entrar em combate logo e tendo a certeza que a vida ou a liberdade poderia ser curta”.

Dos oito jovens mais aguerridos que encontrei na cidade, apenas três se dispuseram a ir para São Paulo entrar em contato direto com a ALN e se engajar na luta. Um deles, o Geraldinho, tinha mais tesão pela musica e o violão que pela guerrilha e a metralhadora. Dei como encerrada minha missão ali e junto como Geraldinho fomos para Salvador, onde já existia uma base incipiente da ALN e poderíamos articular algumas ações pela região e ainda mandar gente para São Paulo ou Rio de Janeiro.

Esta base tinha um apartamento/aparelho nos Barris e foi ali que fiquei quase um mês trancado, fazendo reuniões e discussões sobre nossas ações na Bahia e região e no dia 19 de julho assistimos todos juntos na sala doa aparelho a transmissão da chegada do homem a Lua. Ficamos maravilhados e ao mesmo tempo preocupados pelos Estados Unidos, os imperialistas tomarem a dianteira da corrida espacial contra os soviéticos, os comunistas da época. Era um mal prenuncio para todos, URSS e nós.

Esta viagem a Bahia foi emblemática porque além de reuniões e treinamento para algumas ações urbanas, só sai daquele aparelho para uma ou outra noitinha ir ao Farol da Barra e as vezes ao Mercado Modelo comer lambreta. E isto fazem 40 anos Em alguns momentos parece que foi na semana passada.

Daquela rapaziada toda nunca mais tive noticias. Só os conhecia por codinome. Alguns com certeza morreram no enfrentamento com os algozes da Ditadura e outros que possam ter sobrevivido, ou foram cuidar da vida ou estão como eu, com outras armas, lutando pelo bem estar da humanidade.

terça-feira, julho 21, 2009

Aos meus amigos!

Amigo é para sempre!!!

Posso falar de cátedra que tenho amigos e o valor deles. Lá de longe de minha infância e adolescência, juventude, idade madura e pré-velhice, ou melhor idade, cultivei e fui cultivado por amigos. VOCE É UM AMIGO QUE NÃO POSSO ESQUECER NUM DIA COMO ESTE, DEDICADO A AMIZADE!

Como dizem os irreverentes cariocas “amizade é quase amor”. Digo até mais. Amizade é mais que amor ou equivalente.

Quando a coisa aperta é que vemos que temos ou não amigos. Aprendi em varias fazes de minha turbulenta vida, que sempre tive amigos de fé, camaradas. Procurei cultiva-los como o mais sensível lírio dos campos.

A você hoje dedico meu dia, meus pensamentos, meus sentimentos e minha vida.

Um grande abraço e saiba que meu coração pulsa hoje pensando em você!

Luiz Aparecido

quarta-feira, julho 15, 2009

Nova Operação Condor!!

Como dizem por ai, sou ateu e comunsta, mas amigo de "Deus". A mensagem abaixo foi ele quem me mandou e republico!!!!

OPERAÇÃO CONDOR E O GOLPE DE HONDURAS
"Como sempre acontece, a História provou o contrário com o Golpe em Honduras.
Quando foi deflagrado o golpe, o Império tratou de ganhar tempo, não reconhecendo o governo golpista, mas, quem observou bem os acontecimentos desde o primeiro instante percebeu que a Cia e os grandes interesses estadunidenses não só colaboraram como planejaram esse golpe" dra. Nina Cerveira
A OPERAÇÃO CONDOR E O GOLPE DE HONDURAS
Quando defendi minha Tese de doutorado sobre a Operação Condor na USP (2007), concluí que minhas pesquisas apontavam para a permanência de todo aparato que a criou e ainda que ela estava entrando em sua fase quatro: a criminalização dos movimentos populares.
A banca aprovou a Tese e a indicou para publicação, porém senti que as pessoas não levaram muito a sério o que indiquei como a possível crise do capitalismo que estava apontando no horizonte, o que levaria a uma fase cinco da operação condor: golpes de estado na América Latina.
Todos eram unânimes em dizer que não havia mais perigo nem clima para esse tipo de golpe.
Que o Império estadunidense tinha outras preocupações e a América Latina não era prioridade.
Como sempre acontece, a História provou o contrário com o Golpe em Honduras.
Quando foi deflagrado o golpe, o Império tratou de ganhar tempo, não reconhecendo o governo golpista, mas, quem observou bem os acontecimentos desde o primeiro instante percebeu que a Cia e os grandes interesses estadunidenses não só colaboraram como planejaram esse golpe.
Ninguém pode ser tão ingênuo ao ponto de ignorar que bastaria um telefonema da Casa Branca para restituir Zelaya a seu cargo e Honduras a Institucionalidade.
Esse foi apenas um ensaio para o plano maior que os EUA reservam para o Sub- Continente.
(nina cerveira)

domingo, junho 21, 2009

Restabelecer verdade histórica!!!

Mensagem que enviei ao companheiro Celso Lungaretti eoutros!

Meu caro Lunga!

Acabei de assistir hoje, domingo, dia 21 de junho de 2009, no Canal Brasil da SKY e repetido por outros canais de assinatura, o documentario,"Tempo de Resistencia", onde inumeros revolucionarios dão seu depoimento sobre a resistencia dos combatentes brasileiros à Ditadura. Entre os depoimentos sinceros e emocionantes de Denise Crispim,que foi mulher e tem uma filha do "Bacuri", um dos mártires da luta armada, Aloisio Nunes Ferreira e até do inefavel Zé Dirceu, há tambem o de Darci Rodrigues.Este ultimo me chocou ao repetir a cantilena mentirosa e falsa, de que o campo de treinamento da guerrilha da VPR, no Vale do Ribeira no inicio dos anos 70, no interior de São Paulo, foi entregue pelo quem ele chama de traidor, Celso Lungaretti.

È mais que a hora, de exigir dos produtores e diretores do documentario que façam, em nome da verdade histórica, o esclarecimento que historiadores como Jacob Gorender e a própria vida ja fizeram: Celso Lungaretti não foi o delator que entregou o local do treinamento para a repressão. Como esta informação se tornou publica e abrange, atraves do documentario exibido no "Canal Brasil" e outros veiculos, fórum de seriedade histórica, é necessário mais uma vez isentar o Lungaretti desta perfidia e se for o caso, até entrevistarem o Celso e outros companheiros da época, para apontar o verdadeiro delator daquele fato.

As toruras barbaras e humilhantes que nós revolucionarios fomos submetidos nos porões da Ditadura, devem ser denunciadas sempre, assim como a verdade dos fatos que elas originaram. Se alguns e não foram poucos, fraquejaram e abriram companheiros e ações, os fatos devem ser esclarecidos. Mas uma mentira não pode destruir a reputação, a honra, a vida e a coragem de quem teve a audacia e o desprendimento humano de enfrentar, armados ou não, o aparato selvagem da ditadura.

Dou meu depoimento publico da honestidade e coragem histórica de Celso Lungaretti, que assumiu suas fraquezas e teve a ousadia de dedicar até hoje a vida no sentido de superá-las.Vamos então cobrar de Darci Rodrigues, ex-militante da VPR que corrija seu erro e retire as acusações falsas contra o c0mpanheiro Lungaretti, Os produtorese diretores do documentario, teem tambem o dever civico, humano e histórico de esclarecer esta questão.

Luiz Aparecido

ex-preso politico e até hoje militante do glorioso PCdoB

terça-feira, junho 02, 2009

Homem de sorte!!!1

SOU UM HOMEM DE SORTE!!!!
(primeira parte)


Esta fazendo um ano e meio agora em maio, que comecei a sentir os primeiros sintomas da cruel e rara doença “Meliopatia cervical”, causada pela compressão das vértebras sobre a medula, causando paralisia generalizada e podendo ocasionar a morte se não for interrompida cirurgicamente a tempo e não for depois, tratada com fisioterapia e medicamentos. Passei mais de um ano internado, primeiro no Hospital de Base de Brasília e depois no Sara Kubstcheck, onde a equipe do Dr. Hudson realizou exitosamente a cirurgia que abriu as vértebras comprimidas e liberou a medula. Agora é ter tempo para que a melhoria surja vagarosamente com a fisioterapia, remédios e paciência.

Nestes tempos terríveis em que tive que parar de trabalhar e ficar imobilizado muito tempo, contei fundamentalmente com o apoio, amor, carinho e dedicação de minha esposa Polyana Demoner, sem a qual teria possivelmente ficado totalmente aleijado ou morrido. Ela foi atrás de médicos, hospitais, cuidou de nossos filhos e de negócios pendentes, o que faz até hoje. Mas não posso esquecer-me do apoio e solidariedade do meu irmão Fernando Lopes da Silva, que varias vezes se deslocou de Cuiabá onde mora para ir a Brasília, me dar assistência junto com sua mulher Meire e dos amigos/irmãos Caio Carneiro Campos e sua mulher Andréia Barbosa, do Marcos Tenório, do Renato Rabelo e da direção nacional do PCdoB, principalmente do deputado Aldo Rebello e Rita Polli, Lucia Ana e Assis Soares, do senador Inácio Arruda, do também deputado Edmilson Valentin, dos companheiros dos gabinetes deles, do Jairo Jose Junior e do ex- deputado e companheiro Sergio Miranda e outros camaradas e amigos.

Quem mais esteve comigo

Foram solidários e me ajudaram muito até na minha sobrevivência, o Dr. Pedro Ynterian e a Assibral e Interlab de São Paulo, o Marcio Pinheiro, do Grupo Arara Azul, os irmãos Nilton e Luiz Wagner Chieppe, do Grupo Águia Branca, assim como o coronel Klinger Sobreira de Almeida, do mesmo grupo na Bahia. Também na Bahia, o Celso Mathias esteve sempre solidário e presente, assim como meu camarada e amigo deputado Javier Alfaya, o Calucho e o Fernando Coelho. Outro amigo que não me faltou foi o Aramis Moraes da Receita Federal em São Paulo, o Luiz Augusto de Araujo, nosso querido “Lula” e a minha amigona Cynira Maturama. Outro sempre presente é o historiador, amigo e meu biógrafo Pablo Emmanuel Moura. E ainda o velho amigo Rubens Gatto, que saia de suas dolorosas sessões de hemodiálise para ir me visitar no Sara. Outro sempre presente tem sido meu companheiro e governador moral de Brasília, o Orlando Cariello e o combativo Carlos Pompe.

Um homem nunca esta só quando tem amigos verdadeiros. E disso não posso me queixar. O ex-governador Max Mauro acompanhou de longe o drama que vivi, o José Salvador e Max Filho que na época prefeito de Vila Velha, foi a Brasília com o Arnaldo Borgo me visitar. Muitos não puderam ir a Brasília me ver, mas telefonaram e acompanharam de longe minha agonia, sempre me apoiando e sendo solidários. O Carlos Fernando Lima, com uma doença parecida e mais grave que a minha, luta para superá-la e ainda tem tempo de ser solidário. Rogério Siqueira foi um bálsamo enquanto estive no Sara e até hoje acompanha de longe minha lenta e sofrida recuperação. Tem o Carlos Umberto Martins,o amigo de infância Ruy Palhares, presente na minha vida até hoje,o Altamiro Borges, o Chico Martins que aqui no Espírito Santo tem sido muito solidário e parceiro. Assim tem sido também o amigo jornalista capixaba sediado em Brasília, Sylvio Costa. Outro amigo sempre presente e solidário tem sido o combatente Celso Lungaretti. E ainda o iluminado Tom Zé e dona Neusa.

Aqui no exílio convalescente, tem o Gildo Ribeiro, Nilo Walter dos Santos, o blogueiro Dino Graccio, Wanda Gasparini e Ronaldo Montalvão, Luiz Palauro, Osmario Cavalcante, o “jovem” Rubens Pontes, Tião Fonseca, Anderson Falcão, Marcos Monjardim e outros companheiros de PCdoB e amigos como Fernando Herkenholf que estão sempre presentes. E ainda os parentes da minha esposa Polyana, sua mãe dona Cleusa, que mesmo abalada com a morte trágica do marido, tem me dado mito apoio e atenção, assim como seu filho e meu cunhado Wellisson. Tem ainda minhas mais antigas amigas, Denise Pini e toda sua família, a Márcia Xavier, querida Madame X, a batalhadora Fernanda Tardin e as inesquecíveis Maria Luiza de Araujo e Luciane Moreira de Oliveira, de Campinas. E ainda tem o Luiz Carlos Antero, que lá do Ceará, onde também esta o Inácio Carvalho, meu quase genro, me ajuda na minha luta pela anistia, o João Ferreira, Virgilio Alencar e o José Eduardo Faro Freire, o “Zezão”. Enfim é muita gente que tem sido solidaria comigo, o que renova minhas forças para enfrentar as adversidades da doença.

Estou me preparando agora, para mesmo com algumas limitações voltar a ativa. Tanto na militância partidária como ao trabalho, como assessor e consultor institucional, que venho desempenhando há muito tempo. Força de vontade, experiência e garra não tem me faltado. Os problemas causados pelas seqüelas da doença não irão me impedir de trabalhar e lutar.

* A segunda parte desta mensagem escreverei quando puder colocar todos os pingos nos is.

sexta-feira, maio 29, 2009

"CHE", sempre lembrado

“Che”, sempre atual e imprescindível!!!!!


Esta me foi enviada pelo Luiz Carlos Antero, sobre o filme “Che”-o Argentino

Quem ainda não foi ver esse filme porque sabe que vai chorar muito, sabe também que a honra, a dignidade e a solidariedade, entre outras virtudes que não se esgarçaram de modo generalizado nesses tempos, não são negociáveis. Nesses tempos em que a compulsão de roubar e enriquecer dominou uma certa parcela de “esquerda”, aquela que acha um abuso essa estória de algemar o Daniel Dantas e seus congêneres, disseminada em todas as esferas do poder (ou melhor, de governo, pois a esquerda ainda não chegou lá). Resgatar Che é resgatar a energia humana e revolucionária que engrandece a América libertária e repõe no grande patamar os grandes sentimentos.
Boa leitura e, com todo o afeto, um bom filme!

Fonte: www.evaldolima.blogspot.com.br
“Che – O Argentino”
por Remo M. Brito Bastos
Amigos,

Assisti ontem, IMPERDÍVEL, muito bom mesmo! O filme é “épico” de mais de quatro horas e os realizadores optaram por dividi-lo em duas partes. Acabo de assistir à primeira, intitulada “Che – O Argentino”. O diretor é Steven Soderbergh, um cineasta que não cansa de surpreender ao buscar novas e diferentes fontes de inspiração para suas obras, ao invés de render-se a fórmulas de sucesso fácil. Não causou surpresa, portanto, o anúncio de que iria dirigir uma biografia de Che Guevara, um dos controversos líderes da revolução cubana que se transformou num verdadeiro ícone e é até hoje odiado pela direita (que o enxerga como a encarnação de Belzebu na Terra) e celebrado pela esquerda (que o considera um dos maiores exemplos de coragem e dedicação na luta contra a opressão das elites).

Começo dizendo que se trata de um filme difícil de classificar. Apesar de trazer Che no nome, não se trata de uma tentativa de biografá-lo. Apesar de ele aparecer em quase todas as cenas, o diretor não se preocupa em aprofundar a personalidade de Guevara, optando por uma narrativa não-linear, onde alterna ações da guerrilha na Sierra Maestra com uma viagem de Che aos EUA já como Ministro de Cuba, onde faz pronunciamentos na ONU, dá entrevistas e participa de festas – numa delas ironiza o infame senador McCarthy, agradecendo-o em nome da causa revolucionária pela fracassada tentativa de invadir Cuba pela Baia dos Porcos. A primeira parte termina com a vitória dos guerrilheiros e sua partida para Havana.

Assim, o filme pula de um evento para outro sem muita preocupação em situar a ação dentro da cronologia ou explicar o que está acontecendo. Mesmo a figura de Che é tratada com reverência e distanciamento, o que é reforçado pela atuação contida e metódica de Benício Del Toro, que literalmente encarna o personagem fisicamente!

Para quem conhece mais a fundo a história da revolução cubana, “Che” vai agradar porque traz uma recriação precisa de vários acontecimentos e diálogos descritos em muitos livros sobre o assunto. Não por acaso, o jornalista estadunidense John Lee Anderson, autor da biografia de Guevara, serviu como consultor especial ao projeto. Anderson é aquele sujeito que humilhou os autores da ridícula “reportagem” sobre Che, publicada em 2008 no panfleto de extrema-direita da editora Abril, a famigerada revista Veja.

Por outro lado, essa aproximação distanciada e nem um pouco didática confundirá a cabeça do espectador comum que, acostumado a se “informar” pela mídia grande, pode ter dificuldade em conseguir entender direito o que se passa na tela e, por causa disso, poderá perder o interesse. O que é sempre uma pena.

O que mais gostei no filme foi que quase toda intervenção do Che é fundamentada em seus princípios éticos, como homem de sólida formação moral que foi. Destaca-se por quase todo o filme a preocupação daquele grande revolucionário em EDUCAR os companheiros, pois o homem educado sabe e entende PORQUE ESTÁ LUTANDO, e chegou a alfabetizar até mesmo as pessoas comuns da comunidade. Outro exemplo desse espírito formador do Che aparece exatamente na última cena do filme, quando estão todos, de jipe, já vitoriosos, se dirigindo à Havana, e estranhamente passa um carro de luxo lotado de guerrilheiros. Che manda entao alcançar o carro e fazê-lo parar. Dirige-se ao motorista e pergunta por que ele está com aquele carro, que nao lhe pertence. O rapaz responde: "Tomei-o, comandante, ora, era de um latifundiário que oprimia, explorava e até matava seus trabalhadores...". Che retrucou: Pois volte agora mesmo para a cidade de onde está vindo e devolva este carro, que não lhe pertence. Nós fizemos esta revolução para denunciar exatamente este tipo de comportamento, e eu preferiria ir à Havana a pé do que num carro roubado"

Che foi o maior homem que já existiu nas três Américas. Honras máximas a ele que, hoje mito, inspira milhões de inconformados com a crueldade e a indiferença do capitalismo.

PENSAMENTO DO CHE:

"Não nego a necessidade objetiva do estímulo material, mas sou contrário a utilizá-lo como alavanca impulsora fundamental, porque ela termina por impor sua própria força às relações entre os homens."

"Acima de tudo procurem sentir no mais profundo de vocês qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. É a mais bela qualidade de um Revolucionário."

"Os poderosos podem matar uma, duas até três rosas, mas nunca deterão a primavera."

"Não há fronteiras nesta luta de morte, nem vamos permanecer indiferentes perante o que aconteça em qualquer parte do mundo. A vitória nossa ou a derrota de qualquer nação do mundo, é a derrota de todos."

"Nossos filhos devem possuir as mesmas coisas que as outras crianças, mas eles devem também devem ser privados daquilo que falta às outras."

"Vale milhões de vezes mais a vida de um único ser humano do que todas as propriedades do homem mais rico da terra".

"O verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de generosidade; é impossível imaginar um revolucionário autêntico sem esta qualidade".

"É muito fácil agir com frieza quando se está no poder, mas um líder precisa de força moral tambem pela compaixão."

"No momento em que for necessário, estarei disposto a entregar a minha vida pela liberdade de qualquer um dos países da América Latina, sem pedir nada em troca."

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No trajeto do aeroporto de Havana ao centro da cidade há um outdoor com o retrato de uma criança sorrindo e a frase: "Esta noite 200 milhões de crianças dormirão nas ruas do mundo. Nenhuma delas é cubana." Algum outro país do Continente merece semelhante cartaz à porta de entrada?

O regime sócio-político econômico cubano também tem, como os outros regimes, seus defeitos, muito embora a maioria deles causados pelo covarde embargo econômico estadunidense que já dura mais de 50 anos. Todavia, esses defeitos precisam ser analisados com honestidade, parcimônia e isenção sob a perspectiva histórica que os originou, pois a evolução dos processos sócio-econômicos pelos quais passou a sociedade cubana e das decisões a que foi obrigado a tomar o governo revolucionário para manter a soberania, a independência de sua nação e a dignidade de seu povo, até hoje, pode explicar com bastante consistência a natureza heterodoxa do regime político que ainda tem sido necessário viger em Cuba.

Por Remo Brito Bastos
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GRUPO DA SOCIEDADE CIVIL
A FORÇA DO POVO!
Fortaleza-Ceará

segunda-feira, maio 25, 2009

Guerrilha colombiana mosdtra que esta ativa!!!

Guerrilha colombiana reivindica seu movimento armado


Escrito por Camila Carduz
domingo, 24 de mayo de 2009
24 de mayo de 2009, 11:56Imagen activaBogotá, 24 mai (Prensa Latina) Ao comemorar 45 anos de fundada, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) reiteram que a paz é sua estratégia e o agir do movimento armado a táctica para chegar a ela.

Em um comunicado datado em maio desde as Montanhas da Colômbia, as FARC assinalam que a dignidade da Colômbia e o resgate do sentimento de pátria reclamam uma nova liderança que privilegie a unidade e o socialismo ao avançar para o horizonte futuro.

"Um novo grito de independência convoca-nos mostrando-nos o campo de batalha de Ayacucho do século XXI onde flama a certeza do triunfo da revolução continental, a de Bolívar e nossos próceres", agrega.

O grupo insurgente também expressa que é hora de superar a "vergonha nacional que significa um governo ilegítimo e ilegal, gerador de morte e de pobreza. Um governo que apoiado pelo de Washington, só atua para perpetuar a guerra e a discórdia enquanto garante a sangue e fogo a segurança de investimentos às transnacionais que saqueiam nossos recursos".

"Um regime apátrida, que apesar do alto número de tropas norte-americanas que intervêm no conflito interno da Colômbia, permite que nosso solo sagrado seja pisado por mais tropas estrangeiras, as expulsadas de Manta (Equador), permitindo aos Estados Unidos operar nesta terra uma base de agressão para o assalto aos povos irmãos do continente", expressa.

As FARC qualificam no comunicado ao atual governo de narco-paramilitar, que -segundo indicam- já não se altera diante das confissões de capas paramilitares que asseguram ter financiado as campanhas presidenciais de Álvaro Uribe.

Por sua vez, a guerrilha também revela que a guerra que o governo nega para não reconhecer o caráter político da insurgência em sua luta pelo poder, só no mês de março passado deixou 297 militares mortos e 340 feridos. Igualmente, fazem um chamado aos soldados a "não se deixar utilizar mais como bucha de canhão defendendo interesses que não são os seus senão os de uma oligarquia podre e criminosa, não solidária, que muito pouco faz por eles se caem prisioneiros ou ficam mutilados".

A Colômbia de hoje, enuncia o documento, não quer o guerrerismo ultramontano do governo. Quer soluções ao crescente desemprego e a pobreza. Reclama o investimento social sacrificada em aras da guerra.

"Pede - agrega educação, moradia, saúde, água potável, direitos trabalhistas, terra, estradas, eletricidade, telefonia e comunicações, mercado de produtos, renacionalização das empresas que foram privatizadas, castigo à corrupção, soberania do povo, proteção do meio ambiente, democracia verdadeira, liberdade de opinião, libertação de presos políticos".

As FARC recordam que há 45 anos surgiu nas alturas de Marquetalia (Caldas), "buscando paz para Colômbia, justiça e dignidade. Desde então, diz, somos a resposta armada dos que nada têm e os justos às múltiplas violências do Estado".

O outro caminho das Indias que a Globo não mostra!

Guerrilha de Partido Comunista Maoísta se expande na Índia







Escrito por Camila Carduz

domingo, 24 de mayo de 2009



24 de mayo de 2009, 12:13Nova Delhi, 24 mai (Prensa Latina) A insurgência camponesa do Partido Comunista Maoísta da Índia (CPI-Maoísta) começou a expandir sua base para novas áreas arborizadas do estado de Chhattisgarh, informa hoje o Serviço Indo-Asiático de Notícias (IANS).

Essa agência de notícias toma a informação do que descreve como "preocupantes relatórios da inteligência policial".

Os grupos rebeldes do proscrito CPI-Maoísta que compõem aproximadamente uns 50 mil quadros apenas nesse estado, incluídas 15 mil mulheres membros, dominam desde finais da década de 1980 os interiores da região de Bastar, uma zona rica em minerais de cerca de 40 mil quilômetros quadrados.

A princípio, a guerrilha maoísta, também chamada naxalita, estava restrita a cinco distritos dessa comarca, Dantewada, Bijapur, Narayanpur, Kanker e Bastar, além dos distritos ocidentais de Rajnandgaon próximo de Gadchiroli, no estado de Maharashtra.

Mas agora, segundo o novo informe de inteligência policial citado por IANS, têm desenvolvido novas bases em Dhamatari e inclusive no importante distrito de Raipur.

A insurgência naxalita estalou em Naxal Bari, estado de Bengala, em 1967 durante a cisma que fracionou ao movimento comunista indiano.

A partir daí, várias facções optaram pela luta guerrilheira para conquistar suas reivindicações, entre estas o então Partido Maoísta da Índia, e outras se integraram como novos partidos de esquerda na vida política do país.

O CPI-Maoísta se reconstituiu em 2004 ao que se uniram outros dois agrupamentos naxalitas, e hoje seus grupos armados operam em 14 dos 24 estados da União, e executam suas ações principalmente contra objetivos militares e policiais.

Em meados de semana, um de seus comandos emboscou um comboio policial em Maharashtra e no intercâmbio morreram os 16 agentes que viajavam no mesmo, entre eles quatro mulheres policiais.

IANS recorda que o premiê indiano, Manmohan Singh, tem descrito a insurgência naxalita como o mais grave perigo para a segurança interna da Índia.

Ultima mensagem do Amaral!

Luiz:
Pode contar comigo para o que você precisar, não só com relação ao seu Livro mas com relação a qualquer demanda que vc. precisar aqui no DF.Estou ansioso para ver o seu livro na praça, pois o mesmo fará parte do acervo da história dos combatentes da ditadura.
Com relação a sua passagem pelo Governo Cristovam, principalmente pela Administração do Gama, tinha lá um companheiro de partido que era da CEB, o Mauro Pinheiro, que é cunhado ou primo do Pedro Celso, que foi deputado distrital e federal.
Tem também o Rubem Fonseca, que foi presidente da CEB, e fez uma excelente administração por lá.
Quanto ao Hélio Doyle, foi meu colega no Colégio Dom Bosco. Hoje pelegou e está prestando serviços à direita. Aliás precisamos fazer um estudo (compêndio) psicológico para entender a mente desse pessoal, que tendo radicalizado na esquerda, serve hoje ao lado oposto.Talvez a lógica seja financeira, nada de ideológico.
O Hélio foi casado com a Maria da Conceição -Maninha que é médica, ex deputada distrital, ex-presa política ( sofreu agruras na prisão) e hoje está no PSOL( o que na minha avaliação foi um erro político).
Aliás penso que na vida tudo se pode consertar, menos o erro político.Veja o preço que estamos pagando por ter esse "mala" do Roberto Jefferson como aliado político, ele e o seu partido de aluguel , o PTB.Lembra do episódio dos Correios?. Aqui na Eletronorte eles também andaram aprontando.
Espero que vc. resolva rápidamente essa pendência com o INSS. Sou aposentado pela CEB e passei poucas e boas, com o INSS.
Um forte abraço. Amaral.

sexta-feira, maio 22, 2009

Reencontros!!

REENCONTRO E CONVERSA DE CONTERRANEOS VELHOS DE GUERRA!!!!

Através do inefável guerreiro Celso Lungaretti, reencontrei um conterrâneo de Penapolis/SP o Antonio Rodrigues do Amaral. e iniciamos um diálogo virtual que este BLOG passa a reproduzir a partir de hoje. São lembranças e inicio de um contato que pode ainda render muitos frutos. Segue abaixo as correspondências:

1- Do Amaral para mim!
Companheiro Luiz:
Ao acessar o blog do Lungaretti, li a "mensagem de um companheiro querido, veterano de muitas lutas pela liberdade e justiça social - Luiz Aparecido", no qual você conta um pedaço de sua vida, sua história de lutas, seu enfrentamento com a ditadura militar, seus projetos futuros de lançamento de um documentário relatando tudo isso, do lançamento de um livro, da sua infância, etc.. Fiquei muito feliz e ao mesmo tempo surpreso por saber que um companheiro tão aguerrido, tem tanta identidade comigo (nas lutas, nos sonhos, nos projetos futuros), inclusive por ser meu conterrâneo de PENÁPOLIS -SP. Nasci em Penápolis em 04/03/1950 e lá morei até 12/08/1961, quando me mudei com a família para Brasília, seguindo os passos de papai, que por sua vez estava seguindo os passos de Jânio Quadros, eleito Presidente da República com uma votação estrondosa para a época. Papai era janista roxo a ponto de apostar até a casa em que morávamos, na vitória do homem da vassoura, e fez campanha para ele em Penápolis. Nossa casa foi transformada em comitê de campanha e todos os dias papai acordava a vizinhança com a música símbolo da campanha: "O homem vem aí". Concorrendo com Adhemar de Barros e com o General Henrique Teixeira Lott, Jânio esteve em nossa casa, de passagem por Penápolis, tendo desembarcado de trem na Estação Ferroviária, para mais um comício pela região Noroeste. Papai conheceu Jânio nas suas andanças por Mato Grosso, como motorista da caminhão de carga (Jânio era vereador em Campo Grande) e acabaram se encontrando em um bar (Jânio gostava de uma marvada pinga como papai). Mas o Presidente viria decepcionar e deixar papai doente de cama, com a renúncia no dia 25 de agosto de 1961, exatamente no dia em que se comemora o Dia do Soldado. Alegando pressões de forças ocultas, que até hoje ninguém conseguiu decifrar que forças eram essas, Jânio deixaria milhões de viúvas pelo país, e um ciclo de desestabilização da democracia. Continuo na 2a parte. A história é longa.. Um grande abraço. Amaral

2-Minha reposta
Meu caro Antonio!
Não recebi a primeira parte do seu relato. Se puder me mandar de novo agradeço. Veja um pouco de minha história nos meus blogs
www.luiz-aparecido.zip.net
www.luizap.blogspot.com
Sou da geração do Celso Lacava, Eninho, Floriano Pastore, Paulo Sergio Mucoucah e outros. Conheci os Valente e o pessoal do Teatro e do cineclube de lá. Fiz política estudantil e comecei a militar na política lá, com o Dr. Francisco Ramalho e outros, conheci o Nagib e outros políticos da época, mas logo fui para São Paulo, junto com o Joel Pereira Gomes, e os irmãos Palhares, Walter Pini, Ruy e Jose Eduardo. Agora tem um amigo de Brasília que esta escrevendo um livro sobre minha vida política e estamos gravando um vídeo documentário sobre a época e minha trajetória. Depois de anos em São Paulo como estudante, jornalista, trabalhei nos Diários Associados, MetroNews, Folha de São Paulo e Diário Popular. Fui preso político da ditadura durante uns cinco anos e até hoje sou militante do PCdoB.
Mas estou agora em Fundão no Espirito Santo me recuperando de uma terrível doença que me deixou quase totalmente paralisado, mas fui salvo pelo hospital Sara de Brasília. Morei depois que sai da prisão no Espírito Santo, depois voltei a São Paulo e depois fui para Brasília onde fiquei muito tempo, trabalhando no Congresso, no Jornal de Brasília e no governo do Cristovan Buarque.
Mande-me a primeira parte e o terceiro de seu relato e se me autorizar vou colocar esta nossa correspondência nos meus Blogs.
Um forte abraço.
Luiz Aparecido

3-Do Amaral para mim
Companheiro Luiz:
Como te falei, sou de Penápolis e morava na esquina da Avenida Santa Casa com a Rua Siqueira Campos, que desemboca no Estádio Municipal Tenente Carriço. Nos mudamos para Brasília também porque papai, na época, era desafeto do então Prefeito de Penápolis Nagib Sabino, irmão do vereador Mário Sabino. Papai pertencia ao grupo político do ex-prefeito Joaquim Araújo, Dr. Ramalho Franco etc...O Nagib Sabino estava sendo investigado por uma CPI na Câmara Municipal, acusado de desviar dinheiro público e material de obra da construção da Escola Técnica (os caminhões de material entravam na construção, eram apontados e saiam com a mesma carga para despejar na obra que o Nagib estava construindo - um prédio de dois andares que existe até hoje lá - no centro da cidade perto da igreja matriz.O clima ficou tão tenso entre os dois que já não podiam se encontrar na cidade, era briga na certa.Assim, aproveitando a eleição do Jânio, a briga com o Prefeito Nagib Sabino e o fato de que o chefe de gabinete do Prefeito de Brasília (naquela época não havia ainda a figura do Governador do DF) era meu padrinho de crisma, portanto compadre de papai, e nos convidou para vir morar por aqui,viemos para Brasília.O Prefeito de Brasília era o embaixador Paulo de Tarso Flexa de Lima, amigo do meu padrinho José Xavier de Oliveira - Juquinha, também de Penápolis.Voltando um pouco no tempo, talvez você conheça, ou já ouviu falar no companheiro Walter Nei Valente, filho do Antonio Valente, é também nosso conterrâneo de Penápolis, é médico e foi dirigente do Sindicato dos Professores do DF, militante e fundador do PT, é meu amigo de infância e morou um pouco abaixo da minha casa na Rua Siqueira Campos, em Penápolis. O Walter hoje pelegou e está no PSDB, desiludido com o PT - mas bem que podia ter escolhido um partido mais a esquerda. Tinha também o Airton Marçal - de Penápolis - que era dirigente do Sindicato dos telefônicos do Rio de Janeiro. Êta cidade para parir celebridades ! Além da Sabrina Satto, do Pânico na TV.Chegando em Brasília, em 1961, fui estudar na Escola Classe 504, onde concluí a 5a Série - Admissão ao curso ginasial, hoje conhecido como ensino fundamental.O ensino fundamental concluí no Colégio Dom Bosco.No dia 01/04/1964, ao chegar ao Colégio Dom Bosco, me deparei com a Av. W/3 infestada por tanques do exército. Era o início do golpe militar que infelicitou o país por mais de 20 anos e deixou atrás de si um país totalmente aniquilado sob todos os aspectos. Segue depois a 3a etapa. Abraços. Amaral
4-Do Amaral para mim
Companheiro Luiz:
Fico feliz por ter recebido minhas mensagens. Pode me chamar de Amaral que é como sou conhecido no movimento sindical e político em Brasília. Quanto a colocar minhas mensagens no seu blog está plenamente autorizado. Pois bem, continuando: Após ter as aulas suspensas no Colégio Dom Bosco, me dirigi à Rodoviária com o objetivo de voltar para casa - morava na Asa Norte Quadra 403, bem no início - entretanto ao chegar lá percebi uma intensa movimentação no Teatro Nacional, à época ainda em construção. Quando entrei no Teatro, o mesmo estava lotado, lá estavam deputados, senadores, populares, estudantes. Logo na entrada estava o pessoal da UNE com pranchetas colhendo o nome do pessoal que se dispunha a resistir ao golpe militar, atendendo ao chamado de Leonel Brizola que estava no Rio Grande do Sul organizando a resistência. O pessoal estava pedindo que aguardássemos a chegada do armamento para a resistência (o armamento mais moderno na época era a metralhadora INA, de fabricação Nacional, e era a promessa do pessoal da UNE). Dei meu nome e fiquei aguardando a chegada do armamento, escutando os discursos que se revezavam na tribuna em apoio a João Goulart e a Brizola. Brasília não possuia um efetivo militar capaz de segurar uma rebelião. Assim, o exército solicitou a vinda de um contingente de Minas Gerais, aerotransportado, que chegou rapidamente à Capital. Sei que por volta das 15 horas, resolvi respirar um pouco fora do teatro por conta do calor intenso, quando avistei a chegada de dezenas de caminhões do exército lotados de soldados que imediatamente se puseram a construir casamatas nas imediações da Rodoviária. Entrei correndo no teatro e o pessoal da UNE também já tinha avistado a movimentação das tropas e foi aquele sufoco. Saímos correndo pelos fundos do teatro, tendo arrombado as portas, e nos metemos a correr cerrado adentro. Depois ficamos sabendo que Jango estava voltando do Rio de Janeiro para Brasília e tinha decidido, por aconselhamento do general chefe da casa militar a se render. Partindo de Brasília, Jango voou para Porto Alegre e imediatamente após, para o Uruguai, lá se exilando. Esse episódio (fuga de Jango e medo de resistir) resultou na briga entre Jango e Brizola, cunhados que eram, por muitos anos. Hoje penso que Brizola estava certo pois os golpistas não estavam ainda estruturados para vencer uma possível resistência, mas com a atitude de Jango o golpe se consolidou. Jango, como ele mesmo relatou, teve receio de que a resistência pudesse levar ao derramamento de um banho de sangue entre irmãos.Tinha muita admiração por Jango e o conheci à porta do Colégio Dom Bosco onde seus filhos também estudavam (faziam o pré-escolar). Era muito simpático, comunicativo, nos cumprimentou sem formalidades. Não possuía aparato de segurança, andava pelas ruas normalmente. Maria Thereza, sua bela mulher também era muito simples, muito elegante, discreta como convinha ao posto que ocupava. Vestia-se muito bem, com roupas da grife Denner, o costureiro da onda. Ia buscar pessoalmente as crianças no Colégio, encontrávamos com ela todos os dias. Jango, com seu programa de reforma de base certamente revolucionaria o país, era um nacionalista, amava o seu país e seu povo e morreu de forma solitária porque mesmo doente, os militares o impediram de voltar ao país, tendo morrido na sua fazenda no Uruguai. Voltando um pouco na história, esse episódio da resistência no Teatro Nacional é contado muito rapidamente no Livro do udenista/golpista Carlos Lacerda intitulado Depoimento, que é uma coletânea de entrevistas que o dito cujo concedeu, se não me engano, ao Jornal Correio da Manhã. Em agosto de 1967(sou muito ruim para guardar datas) resolvi abandonar os estudos e atender ao chamamento do CHE, que estava organizando a revolução nas matas da Bolívia e requisitava combatentes. Saí de Brasília, sem um tostão no bolso, viajando de carona, com uma pequena mochila de roupas nas costas e consegui chegar a Três Lagoas no Mato Grosso. Lá fiquei perambulando pelas ruas por dois meses, dormindo em praça pública, comendo de favor pelos transeuntes e residências que me ofereciam. Desesperado, sem chances de evoluir para o meu objetivo, decidi retornar para casa em Brasília. Você não pode adivinhar o desespero de meus pais, sem notícias, sem contato comigo. Quando cheguei em casa, era um mu lambo em pessoa. Penso que a morte de papai, em 1968 se deveu um pouco pelos meus arroubos revolucionários. Com minha irmã casada, tive que tomar conta de mamãe. Assim tratei de arrumar um emprego e mergulhei de corpo no trabalho porque minha cabeça estava constantemente ligada na ação dos companheiros que nas organizações de esquerda estavam trocando chumbo com a ditadura. A cada notícia de vitória dos companheiros contra a ditadura eu vibrava como se estivesse lá ajudando. Sonhei várias noites com os companheiros que via nos cartazes espalhados pela cidade: Lamarca, Joaquim Câmara Ferreira -Toledo (o velho), Carlos Marighela, Eduardo Leite - o Bacuri, Yara Iavelberg, Vera Sílvia Magalhães, etc...Aliás estive quase com o pé na luta porque pertencia, quando estudante aos quadros da UBES. Na escola seguíamos a orientação do pessoal da UNE, cujo Presidente era o Honestino Guimarães, primo do Sebastião Lopes (Tião) que era meu colega no colégio e vizinho de apartamento na SQN 4l3. A mãe do Tião (Hermione) era professora e colega de minha irmã no mesmo colégio que lecionavam. O Tião seguiu na luta enquanto eu me voltei para o trabalho para sustentar mamãe, recém viúva. O Tião esteve preso no PIC da Polícia do Exército no Setor Militar Urbano durante muitos anos.Hoje está em São Paulo, fazendo movimento sindical em Osasco.A última vez que o encontrei foi num ônibus na L2 Sul. Estava voltando do trabalho para casa (4l3 Sul) quando uma pessoa bateu no meu ombro. Era o Tião. Ficamos visivelmente emocionados com o reencontro. Descemos e ficamos conversando numa parada de ônibus até o limite das horas que o Tião possuía para ficar na rua. Estava com liberdade condicional. Nunca mais o ví, só tenho notícias através do pessoal do movimento sindical. Para encurtar a história, em 1984 entrei para o PT onde estou até hoje. Pertenço à corrente Democracia Socialista. Fui Presidente do Sindicato da minha categoria: urbanitários (CEB,FURNAS, ELETRONORTE e ELETROBRÁS) por três mandatos: (1985/1988), (1989/1991) e (1991/1995). Fui dirigente da CUT e hoje sou dirigente da zonal do PT do Núcleo Bandeirante. No Governo Cristovam, trabalhava na CEB e fui assessor da Presidência. O Presidente era o Luiz Carlos Vidal, ex-preso político, pertencia aos quadros da ALN. Sou socialista e luto pela construção de uma nova sociedade. Não desistirei da luta e nem me afastarei dela um só segundo. Me inspiro muito na figura de João Amazonas, exemplo de luta, dignidade e honradez. Atualmente estou trabalhando na ELETRONORTE, na área de meio ambiente.Estou tentando escrever um Livro, contando também minhas histórias. O título provisório é: Política não se Discute, mostrando, de forma irônica, que a política, mesmo que se queira negar, está impregnada em nossas vidas, desde o nascimento, e quem ignora isso, acaba sendo manipulado pelos espertalhões de plantão. Vamos continuar a nos falar. Precisamos nos unir. Mandei um email para o Lungaretti parabenizando pela iniciativa de criar uma espécie de Centro da Memória Revolucionária. Citei inclusive o caso da Vera Sílvia, que morreu de forma solitária, revoltada por ter passado pelo que passou, demonstrando ter vivido uma vida solitária, longe das pessoas e companheiros a quem amava e com quem lutou. Ousar lutar, ousar vencer. Abraços. Amaral.
5- Minha resposta ao Amaral
Amaral!!!!
Foi uma feliz surpresa você ter me achado agora, apesar de termos nos roçado por estes anos todos. E noto que você é um baita memorialista que vai acabar me ajudando no livro e no documentário que estamos as duras penas produzindo.
No governo Cristovan devemos ter nos cruzado porque fui subsecretario de Comunicação junto com o Moa e o Hélio Doyle e no seu ultimo ano fui para a administração do Gama que era dirigida pelo meu partido. Estou vendo aqui como coloco este nosso diálogo nos meus Blogs e continuarmos a nos falar.
Agora estou as voltas com meu pedido de anistia e auxilio doença que o INSS não me paga neste um ano e meio que estou doente. Mas a vida continua. E como digo sempre aos amigos que vacilam, "a revolução triunfara, apesar de nós".
Forte abraço
Luiz Aparecido

quinta-feira, maio 21, 2009

Reflexões sobre a Guerrilha!

DE CONFRONTOS E EXTREMOS



En Passant: Pablo Emmanuel



Há uma passagem no “Mini-Manual do Guerrilheiro Urbano”, escrito por Marighella, que certamente tenha tido sua base nas observações de Che, em seu livro “A Guerra de Guerrilhas”, que, aliás, é interessante do ponto de vista estratégico, segundo as experiências de Guevara na revolução cubana.


Discorre sobre como provocar uma ditadura até que ela monte um extenso aparato de repressão sobre a sociedade, a fim de que esta se volte contra o governo por se sentir alijada de garantias fundamentais. Assim, como afirma Che, a ditadura se desmascara, mostra-se como ela é. O que vem a gerar um descontentamento popular que poderia auxiliar as operações da guerrilha.

O general Médici, que, conforme muge o cabo Anselmo, era um “bonachão”, teve a perspicácia de manter a violência e, ao mesmo tempo, acelerar o desenvolvimento dependente e antinacionalista da economia, baseado na oferta de bens de consumo duráveis. Com a copa de 70, estava tudo perfeito. A anestesia para o povo foi daquela de deixá-lo praticamente em coma.


Durante a guerrilha urbana, ninguém da favela se levantou, preferindo a malandragem do samba na esquina, onde até uma caixinha de fósforos servia de percussão. O proletário estava com sono.

A classe média queria dirigir um Maverick e ver TV a cores.


E pronto.

Com a mídia amarrada, o governo lançou uma campanha terrível e eficiente de aniquilação moral da esquerda armada. Enquanto isto, braços paramilitares do Poder Executivo cometiam crimes tão brutais quanto as SS nazistas.


Não vivi aquele tempo, embora tenha nascido durante os eventos mais dramáticos, mas me arrisco a um palpite.

Talvez se, a partir de 1970, toda a guerrilha urbana se desmobilizasse das cidades para se infiltrar nas selvas do país, poderia formar um corpo muito maior e mais coeso do que o composto dentro das cidades, onde a luta era mais difícil e compartimentada.


Por outro lado, a guerrilha não dispunha de armamento de longo alcance. Para combate em selva, o fuzil é imprescindível. Um bom fuzil. Onde estava a Mãe Rússia que não mandou para os guerrilheiros do Brasil seus maravilhosos Kalashnikovs? Que conspiração comunista era essa afinal, em que os supostos principais interessados na posse do Brasil, que seriam os soviéticos, segundo a acusação de muitos na época, não se moviam um centímetro?

Dentro da cidade, eu concordo com o que disse Marighella sobre o uso de pistolas, revólveres e pequenas metralhadoras, enfim, armas curtas para ações rápidas.


Seria preciso assaltar pelo menos uns 20 quartéis no país para levar a fuzilaria toda, granadas, morteiros etc. Isso estava fora de cogitação, ainda mais depois que Lamarca deu um chão no arsenal de um regimento em Osasco. A vigilância se tornou implacável.

O pessoal da rede urbana talvez não tivesse condições para empreender longas marchas dentro das selvas, movimentar-se com rapidez. Talvez não tivéssemos a astúcia dos vietnamitas, por exemplo, que colocavam a resistência total como o princípio básico da sobrevivência dentro das matas, numa desenvoltura impressionante que tornou lendária a tática de guerras daquele povo.


Sei lá. Provavelmente, as Forças Armadas utilizariam bombas de fragmentação e NAPALM à larga se todas as guerrilhas fossem concentradas na Amazônia, sobretudo se Lamarca estivesse por lá, treinando militantes e camponeses que quisessem engajamento.

Segundo a tática maoísta, as cidades deveriam ser esmagadas por um cinturão formado pela guerrilha popular, sufocando, estrangulando, atacando os meios de comunicação. No Brasil não tinha gente o bastante para isto. Como arrebanhar da noite para o dia um jeca-tatu que está lá nos rincões fumando a palhinha dele, com as unhas pretas de terra e as mãos grossas como lixas?


A teimosia e a lamentável mania que a esquerda tinha de acusar outros grupos disto ou daquilo, fazendo juízos entre certos e errados, de modo dogmático, atomizavam seu aparato ideológico e militar. Havia vários raciocínios para um só objetivo, que nunca é alcançado quando um raciocínio se ocupa da destruição de um outro.

Imagino outra hipótese: a da participação armada dos trotskistas, se estivessem a fim mesmo. Na verdade, eles se abstiveram. Como seria a relação entre a linha de frente treinada em Cuba e o pessoal de Trotsky?


Eu quase tenho certeza de que, no final, os trotskistas seriam acusados pela derrota da esquerda e terminariam mortos como fizeram os comunistas contra os anarquistas na guerra contra Franco. Um banho de sangue entre as Brigadas Internacionais em uma das mais belas páginas da história da humanidade. Que desgraça!

Ramon Mercader, bandido stalinista que rachou a cabeça do velho judeu no México, por ordem do crapuloso Big Brother, terminou seus dias na ilha, sob a égide de Fidel. Provavelmente, trotskista não seria gente bem-vinda para o combate, de tal forma que esta facção se limitou a lutar através de jornais clandestinos, até criticando quem estava no combate aberto.


Alguns acusavam a ALN, por exemplo, de cair num tipo de terrorismo vulgar, de desvinculação das massas trabalhadoras, de lutar sem elas etc.

[Por falar na ALN, recordo-me da entrevista do infame cabo Anselmo que defende a tese segundo a qual o grupo de Marighella nada mais era do que o braço armado do PCB; que o Partidão não tinha ficado “neutro” na luta e que o rompimento de Marighella com o partido através daquela famosa carta era tudo farsa para que o PCB ficasse intacto e a ALN pudesse descer a madeira...]


Não há como intuir sobre o passado.

Ninguém sabe que rumo tomaria a luta armada se ela fosse essencialmente rural, sem braços nas cidades, onde ninguém quis se levantar para aderir.


De minha parte, eu não sei como procederia se vivo fosse naquelas condições. Acredito que não teria a energia [nervosa] necessária para enfrentar aquele aparato todo. Tenho respeito por aqueles que tiveram essa energia e morreram.

Reflito sobre a possibilidade de revolução, que acho ser remota aqui no Brasil, quase impossível, mesmo via eleições. Não sei até que ponto um companheiro meu não estaria disposto a me matar somente porque discordei de alguns questionamentos que foram lançados. Não sei até que ponto estaria seguro ao lado de alguém que só seria meu amigo enquanto pensasse politicamente como eu.


Eu sou comunista, não cultivo valores absolutos do stalinismo nem do trotskismo, e entendo ser melhor morrer ao lado de homens que são justos do que tomar um chão pela injustiça de um camarada de armas.

É uma honra aceitar esse tipo de morte. Porque, a rigor, a luta só é justa enquanto der combate às injustiças.


Os danos psicológicos do passado permanecem até hoje, para nossa desgraça.

segunda-feira, abril 20, 2009

Vida, trajetória & Revolução

Minha gente amiga!!!

Neste último sábado dia 18 de abril, filmamos na casa do Chico Martins, em Santa Cruz, aprazível balneário perto de Aracruz no Espírito Santo, a primeira parte de um filme documentário sobre minha trajetória de vida e militância política, desde 1962 até agora, passando pelos anos de chumbo da ditadura militar. Este documentário que esta sendo dirigido pelo cineasta/artista plástico Tião Fonseca, com a colaboração do publicitário Osmario Cavalcante, faz parte de um projeto que inclui ainda um livro(já sendo escrito) pelo historiador brasiliense Pablo Emanuel Moura.

O projeto nasceu de uma idéia de um “Centro de Memória Revolucionário”, da Nanda Tardin, do Celso Lungaretti e outros camaradas das “antigas”, do PCdoB, pessoal que sobreviveu à ALN (Aliança Libertadora Nacional) que era dirigida por Carlos Marighela e Joaquim Câmara Ferreira e amigos do peito. Esperamos que até novembro próximo, consigamos terminar o vídeo-documentario e o livro esteja no prelo.

Até lá temos ainda um longo percurso, como batalhar patrocínio e ajuda para editar e finalizarmos o vídeo, encontrar uma editora arrojada pra editar o livro e preparar depois o lançamento das duas peças, que espero contribuam para enriquecer a história recente do Brasil e lançar luzes polemicas sobre os caminhos e perspectivas da revolução brasileira.

História de vida

No meu depoimento no vídeo-documentario e no livro, narro minha trajetória desde quando ainda em Penápolis, no interior paulista. entre os 13/14 anos, por volta de 1962,
tive contato com as idéias socialistas e revolucionarias. Comecei a militar numa base incipiente dirigida pelo velho PCB, chamada Organização Operária, Estudantil Camponesa, naquela pequena cidade do interior paulista onde fui criado. Depois do golpe militar e decepcionados com PCB, ajudamos a organizar a Dissidência Comunista de São Paulo, que acabou fornecendo os quadros que fundaram a ALN e outras organizações revolucionarias que optaram pela luta armada e guerrilha urbana para enfrentar a ditadura.

Militei na ALN até compreender que aquela forma de luta estava equivocada e esgotada e caminhávamos celeremente para o aniquilamento e extinção, como acabou ocorrendo. Falo dos meus dois encontros com Toledo, o lendário dirigente Joaquim Câmara Ferreira, o segundo depois de Marighela no comando da ALN. Um dos encontros foi logo depois de entrar na organização e o segundo quando pedi meu desligamento, explicitando o porque dele.

Fui depois para a APML, que nesta época, por volta de 1972, já discutia e formulava a adesão ao PCdoB, considerado pela maioria como o único partido com condições de dirigir a luta revolucionaria conseqüente no Brasil. Falo também dos períodos de clandestinidade forçada e das inúmeras (4) prisões que sofri, das barbáries das torturas sendo a pior delas em setembro de 1973. Depois, por volta de 1976 saio da prisão já integrado à Estrutura 1 do PCdoB, engajado na luta política da época pela anistia, constituinte e democracia plena.

No Espírito Santo

Em janeiro de 1979 a Estrutura 1 do PCdoB me manda para o Espírito Santo, com a missão de reorganizar o partido que tinha sido praticamente dizimado e desestruturado pela ação da repressão da Ditadura. Aqui encontro Gildo Ribeiro, Dines Brozeghini , Paulo Mossoró, Nilo Walter e uns poucos outros espalhados pelo Estado. Iniciamos então a batalha para reorganizar e ampliar o numero de quadros e militantes do partido e integrarmos a vida política do Estado, sob o manto dissimulado do MDB, hoje PMDB.

Em 1985 volto para São Paulo para integrar a Comissão de Propaganda do Comitê Central e militar no Comitê regional de São Paulo. Depois vou para Brasília militar no partido e trabalhar, mas mantendo sempre um vinculo muito forte com o Espírito Santo e os camaradas e amigos que lá deixei.

O vídeo narra esta época e o livro vai mais fundo, detalhando estas fases e períodos, chegando até os dias atuais, quando vitima de uma doença que praticamente me paralisou o corpo todo, passo por um ano praticamente de tratamento e operação para estancar o processo de paralisia do meu organismo e volto ao Espírito Santo para estar com minha família, minha esposa Polyana, minha filha Elza Maria e meu filho Paulo Roberto e concluir o tratamento fisioterápico e me preparar para novas lutas e embates que a vida, a revolução e o socialismo exige ainda de nós.

segunda-feira, abril 13, 2009

Vale a pena ler. MESMO!

Continuo convalescendo, aqui em Fundão dos Indios, no interior do Espírito Santo da terrivel doença que me atingiu a medula. Superei a pior parte, mas a recuperação é lentísima e os movimentos de minhas mãos continuam semiparaliza.dos Por isto, e também porque vale a pena, tenho reproduzido aqui artigos e trechos de materias escritas por amigos e companheiros. As que estão ai embaixo valem a pena ser lidos. MESMO!!!

O DIA A DIA DE QUEM RESISTIA A DITADURA!





Reproduzo aqui trecho de um magnífico artigo de meu amigo e companheiro de lutas contra a Ditadura fascista que assolou o Brasil durante 22 anos,Celso Lungaretti, onde ele responde as acusações e baboseiras que a direita e os mal informados, dizem sobre os militantes da esquerda, armada ou não, nos tempos da Ditadura. Eu mesmo vivi durante vários períodos esta situação que ele descreve aqui. Luiz Aparecido



“OS "BENEFÍCIOS" DOS ASSALTOS - Além de agradecer ao jornal por dar aos brasileiros “a noção exata de quem podem colocar para dirigir um país”, ele repetiu a cantinela habitual dos sites fascistas: “Quem se beneficiou do produto dos assaltos, sequestros, guerrilhas e assassinatos cometidos em nome da ideologia? Apenas eles, os ilegais, que hoje estão no poder...”.

Fiquemos por aqui, pois não quero provocar náuseas nos meus leitores.

Eu militei na VPR entre abril/1969 e abril/1970, quando fui preso pelo DOI-Codi/RJ, sofri torturas que me deixaram à beira de um enfarte aos 19 anos de idade e me causaram uma lesão permanente.

Nesse ano em que me beneficiei do produto dos assaltos praticados pelas organizações de resistência à tirania implantada pelos usurpadores do poder, como foi minha vida de nababo?

Na verdade, recebia o estritamente necessário para subsistir e manter a minha fachada de vendedor autônomo.

No início, fui obrigado a me abrigar em locais precaríssimos, como o porão de um cortiço na rua Tupi, próximo da atual estação do metrô Marechal Deodoro, na capital paulistana. Era só o que eu conseguia pagar com o produto dos assaltos.

Cada quarto era um cubículo mal ventilado. Enxames de pernilongos me atacavam durante o sono. Afastava-os com espirais que mantinha acesos durante a noite inteira... e me faziam sufocar.

O que mudou quando minha organização fez o maior assalto da esquerda brasileira em todos os tempos, apossando-se dos dólares da corrupção política guardados no cofre da ex-amante do governador Adhemar de Barros? Quase nada.

Era dinheiro para a revolução, não para gastos pessoais. Apesar de integrar o comando estadual de São Paulo e depois exercer papel semelhante no Rio de Janeiro, continuei levando existência das mais austeras.

Meu último abrigo foi o quarto alugado no amplo apartamento de uma velha senhora do Rio Comprido. Fazia tanto calor que eu era obrigado a dormir despido sobre o chão de ladrilhos, que amanhecia ensopado de suor.

Quando tinha de abandonar às pressas um desses abrigos, todos os meus bens cabiam numa mala de médio porte. Vinham-me à lembrança os versos de Brecht, “íamos pela luta de classes, desesperados/ trocando mais de países que de sapatos”.

Havia, sim, um dinheiro extra, que equivaleria a uns R$ 10 mil atuais. Mas, tratava-se do fundo a que recorreríamos caso ficássemos descontatados e tivéssemos de sobreviver ou deixar o país por nossos próprios meios, sem ajuda dos companheiros que já estariam presos ou mortos.

Nenhum de nós gastava essa grana, era ponto de honra. Os fundos de reserva acabaram chegando, intactos, às garras dos rapinantes que nos prendiam e matavam. Nunca prestaram conta disso, nem dos carros, das armas e até das peças de vestuário que nos tomaram.

E, mesmo que tivéssemos dinheiro para esbanjar, como o gastaríamos? Éramos procurados no país inteiro, com nossos nomes e fotos expostos em cartazes falaciosos.

Eu, que nunca fizera mal a uma mosca, aparecia nesses cartazes como “terrorista assassino, foragido depois de roubar e assassinar vários pais de família”. O Estado usava o dinheiro do contribuinte para me fazer acusações mentirosas e difamatórias!

Para manter as aparências, éramos obrigados a sair cedo e voltar no fim do dia. Os contatos com companheiros eram restritos ao tempo estritamente necessário para discutirmos os encaminhamentos em pauta; dificilmente chegavam a uma hora.

Sobravam longos intervalos, com nada para fazermos e a obrigação de ficarmos longe de situações perigosas. Tínhamos de procurar locais discretos, tentando passar despercebidos... por horas a fio. Sujeitos a, em qualquer momento, sermos surpreendidos por uma batida policial.

Vida amorosa? Dificílima. Cada momento que passássemos com uma companheira era um momento em que a estávamos colocando em perigo. Ninguém corria o risco de ir transar em hotéis, sempre visados (e nossa documentação era das mais precárias, passei uns oito meses tendo apenas um título eleitoral falsificado). E as facilidades atuais, como motéis, quase inexistiam.

Aos 18/19 anos, senti imensa atração por duas aliadas, uma em São Paulo e outra, meses mais tarde, no Rio de Janeiro. Com ambas, o sentimento era recíproco. E nos dois casos mal passamos dos beijos apaixonados com que nos cumprimentávamos e despedíamos. Qualquer coisa além disso seria perigosa demais.

Enfim, esta é a vida que levávamos, acordando a cada manhã sem sabermos se estaríamos vivos à noite, passando por freqüentes sustos e perigos, recebendo amiúde a notícia da perda de companheiros queridos (eu até relutava em abrir os jornais, tantas eram as vezes que só me traziam tristeza).

Sobreviver alguns meses já era digno de admiração. Ao completar um ano nessa vida, eu já me considerava (e era considerado pelos companheiros) um veterano. Caí logo em seguida.

Dos tolos que saem repetindo essas ignomínias marteladas dia e noite pela propaganda enganosa da direita, nem um milésimo seria capaz de encarar a barra que encaramos, não pelas motivações ridículas que nos atribuem, mas por não agüentarmos viver, e ver nosso povo vivendo, debaixo das botas dos tiranos!”



* Jornalista, escritor e ex-preso político, mantém os blogs

http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/

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domingo, abril 05, 2009

Verdade seja dita!

Não poderia deixar de fora o artigo abaixo, enviado pelo meu amigo baiano Celso Mathias, blogueiro dea revista eletronica VidaBrasil.

VEJA, MST, DASLU e luta de classes Por: Galindoluma (*)
“Assim como ser pobre não é qualidade, ser rico não é um crime, ao contrário do que esperneiam os demagogos de credo esquerdista” (Veja, 1º de Abril)
Não é novidade pra ninguém que a Veja é porta-voz da direita brasileira - a direita mais empedernida. O deputado federal Aldo Rebelo do PC do B em São Paulo chegou a dizer que a publicação é a única revista americana escrita em português. Uma das últimas capas estampou o presidente americano como o “camarada Barack Obama”, uma cópia mal feita das matrizes nos Estados Unidos que também exploraram esse gancho.
A receita deles é velha conhecida e aplicada semanalmente: esculhambar com Chaves, achincalhar a “ditadura” cubana, desmoralizar qualquer manifestação do povo organizado em luta; atacar o governo Lula e enaltecer o deus mercado, o capitalismo, o liberalismo, e tudo que represente os interesses da elite avarenta e corrupta que domina o mundo.
Na edição dessa semana, a Veja traz na capa o caso da prisão de Eliana Tranchesi, dona da Daslu, loja de luxo onde milionários/perdulários torram grana sem limites em produtos importados fraudulentamente. Para se ter uma idéia, uma bolsa adquirida no exterior por R$4 mil era contabilizada pelo insignificante valor de 12 reais, o que gerou uma sonegação de R$600 milhões, podendo chegar a R$1 bilhão.
A proprietária foi condenada a 94 anos por uma série de crimes e provocou reações diversas, entre as quais a do jurista Luís Flávio Gomes, ouvido por veja:: Não é porque a justiça é injusta para alguns que deve ser assim para todos”. Tanto a frase que abre esse texto como a desse jurista, são manifestações de solidariedade da nata da burguesia desse país a um de seus pares. A Veja acha que ser rico não é crime, mas é bom saber que não existe riqueza acumulada que não tenha origem na exploração de trabalhadores, uma espécie de crime não previsto no código penal. Quem é verdadeiramente demagogo nessa história? São eles próprios, que consideram crime o fato de pobres se organizarem e lutarem por uma vida melhor.
E sobre a perplexidade do jurista diante da “elástica” pena de Eliana, deve-se ao fato de nos acostumarmos nesse país a à prisão e condenação de pessoas pobres e negras. Fôssemos mais rigorosos, um cidadão que subtrai do erário R$ 600 milhões mereceria o que mesmo? Na China, bandidos assim são fuzilados e a família ainda arca com o custo da bala. Quantas casas populares poderiam ter sido construídas com esses recursos surrupiados? Quantos sem-terra poderiam ser assentados?
Agora nos lembremos de uma outra matéria, estampada em capa, onde os trabalhadores rurais sem-terra são rotulados de delinqüentes, bandidos, fora-da-lei e outros termos depreciativos. Alguns ingênuos e/ou mal intencionados rejeitam a tese marxista da existência da luta de classes na sociedade. Para estes, eis aí como funciona essa batalha encarniçada! A família Civita fica consternada com a prisão de um de seus e ataca ferozmente os pobres coitados que estão na miséria, vivendo em condições desumanas e que tentam conquistar um pequeno pedaço de terra para plantar e sobreviver. Luta de classes é assim. Cada qual no seu campo de batalha. Eu estou do lado do MST. E você?
(*) Galindoluma escreve quando bebe e bebe quando escreve